segunda-feira, 14 de março de 2011

Mao Hengfeng, “lei do filho único” e China.


Acho interessante o grau de democracia que os comunistas/socialistas estão acostumados. Não falo o grau de democracia aos que os comunistas/socialistas se dizem a favor quando querem mascarar o desejo de uma futura revolução, digo o grau de democracia depois que o golpe comunista é dado.

Todos sabemos, ou pelo menos já ouvimos dizer, que na China existe a lei do filho único. Essa lei é aplicada em todo o país desde o fim da década de 1970 e proíbe, com algumas exceções, que as famílias chinesas tenham mais de um filho. Uma maravilhosa forma de expressar a liberdade que o comunismo pretende trazer.

Aquele país já tem, desde sempre, uma forte tradição da política de filhos homens e descarte das mulheres. Quando digo descarte estou dizendo descarte mesmo. O governo comunista chinês ainda consegue piorar a situação abrindo algumas exceções para pais que têm o primeiro filho do sexo feminino.

Bom, mas esses absurdos já sabemos e caminhamos pra isso também, a questão maior é que no último dia 24/02 uma das pessoas que mais combatem esse tipo de aberração da China foi presa.

Mao Hengfeng se dedica desde 1998 à luta contra a controversa e rígida "lei do filho único".

Mao Hengfeng tem hoje 50 anos, mora com o marido Wu Xuewuei, em Xangai e havia sido posta em liberdade antecipadamente, apenas dois dias antes, na terça-feira, 22 de fevereiro, por motivos de saúde. A mulher estava cumprindo, na província centro-oriental de Anhui, uma pena de 18 meses de "reeducação através do trabalho". Havia sido considerada culpada de "perturbar a ordem pública", por participar, em 25 de dezembro de 2009, em Pequim, de uma manifestação em favor de outro defensor dos direitos humanos, Liu Xiaobo, honrado no ano passado com o Prêmio Nobel da Paz. Esse do prêmio Nobel todos nós ficamos sabendo.

Essa nova prisão, que foi efetuada por pelo menos trinta policiais (tudo isso para prender uma mulher, mais ridículo impossível), se deu devido a informação de que Hengfeng teria realizado "atividades ilegais" - algo que, de acordo com seu marido, é uma acusação absurda. "Durante 24 horas, o tempo todo, desde que ela voltou, a polícia nos controlava da porta de casa. Ela não pôde nem mesmo ir ao médico. Que chances teria de infringir a lei? - disse Wu, que não escondia sua preocupação. Não sabemos onde ela está agora" (Reuters, 24 de fevereiro).

Enquanto isso, continua o crescimento da população chinesa. "A população da China está crescendo agora unicamente porque as pessoas estão vivendo mais, não porque tenham muitos filhos", disse Cai Yong, demógrafo da Universidade da Carolina do Norte (EUA), especialista na China (Shanghai Daily, 1º de março). Juntamente com um preocupante desequilíbrio dos sexos - resultado do aborto seletivo e da tradicional preferência por filhos do sexo masculino -, o envelhecimento da população é atualmente um dos maiores quebra-cabeças para os demógrafos e políticos chineses, como não poderia deixar de ser, é claro.

O ministro dos Assuntos Civis, Li Liguo, durante uma Conferência disse, que a população acima de sessenta anos da China, em 2015 chegará a 216 milhões de pessoas, com um aumento anual de mais de 8 milhões (Xinhua, 25 de fevereiro). Ainda em 2015, o número de pessoas acima de 80 anos será, na China, de 24 milhões, continuou o ministro, que também é vice-diretor da Comissão Nacional sobre o Envelhecimento. Para evitar uma quebradeira total do sistema de aposentadorias, o ministério chinês de Recursos Humanos e Segurança Social anunciou o início de uma revisão "exaustiva" da idade da aposentadoria para as mulheres (Xinhua, 27 de fevereiro).

Por esse motivo, especialistas chineses não excluem um relaxamento parcial na normativa sobre o "filho único". Falando na última segunda-feira com o jornal China Daily, um dos expoentes da Comissão Nacional de População e Planejamento Familiar (NPFPC), professor Yuan Xin, mostrou-se favorável a uma "atualização" da lei. O demógrafo da Universidade Nankai, em Tianjin (ou Tientsin, no Mar da China Oriental), sugeriu autorizar os cônjuges que moram na cidade e são ambos filhos únicos a ter um segundo filho.

E ainda tem gente que defende esse tipo de postura ferrenhamente como se fosse a única solução do mundo.

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