quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Um novo humanismo além do secularismo e do integrismo

O ministro Ornaghi e a escritora Kristeva dialogam no Festival Bíblico de Veneza

VENEZA, segunda-feira, 28 de novembro de 2011 (ZENIT.org) - Um diálogo de alto nível intelectual aconteceu entre o novo ministro italiano da cultura, Lorenzo Ornaghi, e a escritora Julia Kristeva, no encontro "Sobre religião e laicidade na Europa", promovido pelo Festival Bíblico no Salão da Cultura Europeia, em Veneza, neste sábado (26), por iniciativa do Corriere della Sera e da Nordesteuropa.it.

"Sem o humanismo não podemos enfrentar os desafios futuros", afirmou Ornaghi, em sua primeira fala pública após a nomeação para o Ministério do Patrimônio Cultural.

"A presença da religião no âmbito público me parece hoje essencial para reforçar as características constitutivas da vida social, a qualidade do sistema democrático, o seu funcionamento normal, em vez de ser entendida como uma ameaça ao espaço secular da coisa pública. É possível conceber a participação dos crentes no debate público e a manifestação pública da sua fé como articulações diferentes de racionalidade, como expressões - para usar a fórmula de Habermas – de um ‘desacordo razoavelmente previsível’”.

Segundo o ministro, "o papel público da religião numa sociedade" pós-secular "não consiste na substituição da cada vez menos eficaz transcendência política. Pelo contrário, ela tem um papel "corretivo", um papel que se mostra ainda mais interessante quanto mais a fé e a razão estiverem num diálogo constante".

Por sua vez, Julia Kristeva falou em "ousar o humanismo " num novo diálogo entre a tradição secular e a religiosa: "O nosso encontro de hoje acontece depois de um evento de importância histórica considerável: o convite do papa Bento XVI a uma delegação de não-crentes, à qual eu pertencia, para o encontro ecumênico de Assis. Muito mais do que a nossa presença, foi o discurso do Papa na conclusão do encontro o que eu acho que foi um evento importante".

A escritora destacou a harmonia incomum entre crentes e não crentes que pode caracterizar a época atual “sem estigmatizar no humanismo secularizado um motivo de niilismo, ou uma ameaça para a civilização, como facilmente é feito por algumas correntes religiosas. Este papa filósofo convida os crentes a apreciar ‘o caminho para a verdade’ que é trilhado por essas ‘pessoas à procura’, que são os humanistas, em vez de considerar a verdade como uma ‘propriedade que lhes pertence’. Essa verdade como ‘luta interna’ e como ‘interrogação’, evocada por Bento XVI, é precisamente o que o humanismo cristão nos transmite, esse humanismo do Renascimento e do Iluminismo. Um humanismo produzido na Europa, interrompendo o fio da tradição religiosa (nas palavras de Tocqueville e Arendt). Um humanismo cuja refundação devemos constantemente empreender: não esquecendo os abusos do obscurantismo, mas esclarecendo a complexidade e a profundidade do legado que nos precede".

"Estamos conscientes de que não é possível uma economia sem uma robusta inventividade cultural e moral”, sublinhou, no discurso de abertura, Dom Roberto Tommasi, presidente do Festival Bíblico. “A experiência do nosso festival, na sua redescoberta da mensagem das Escrituras judaico-cristãs para a humanidade, é uma variação feliz no diálogo entre o humanismo cristão e secular".

Roberto Righetto, editor de cultura do periódico Avvenire, destacou, por sua vez, que o diálogo Kristeva-Ornaghi é um passo no caminho para "delinear um novo humanismo para hoje. Os totalitarismos revelaram que o progresso humano não se desenvolve num caminho linear, mas diante desta situação não se deve ceder à paixão de anulação. Lembrem-se de Albert Camus, definido por alguns como ‘um santo sem Deus’, que incitou os fiéis a não ceder ao mal, às pragas antigas e novas, sempre à procura de um renovado ‘exercício de piedade’".

O encontro entre o novo ministro e a pensadora francesa foi frutífero e útil na estratégia de "reestabelecimento do espírito europeu, duramente testado nesses tempos difíceis em que nos encontramos", concluiu Zovic Filiberto, editor da Nordesteuropa.it e promotor do Salão da Cultura Europeia.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Espanha: haverá uma reviravolta legislativa a favor dos valores cristãos?


Fala o especialista Rafael Navarro-Valls, professor da Universidade Complutense de Madrid
por Nieves San Martín

MADRID, quarta-feira 23 de novembro de 2011 (ZENIT.org) – Entrevistado pelo Zenit o professor Rafael Navarro-Valls ofereceu uma visão geral sobre o atual panorama moral da Espanha e sobre uma possível mudança legislativa sobre questões relativas aos valores cristãos.

Rafael Navarro-Valls, professor na Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madrid e secretário-geral da Real Academia Espanhola de Jurisprudência e Legislação, colabora regularmente com ZENIT no que diz respeito à questões de direitos humanos e da relação com a "Antropologia e a fé cristã, de acordo com a Doutrina Social da Igreja.

Nesta entrevista o advogado enfrenta concretamente as novas perspectivas jurídicas em matéria de tutela dos nascituros, o assim chamado "matrimônio entre pessoas do mesmo sexo," a queda de governos no mundo por causa da crise econômica sem recorrer às urnas, o possível déficit da democracia, e a questão de como remediar a erosão do sistema ecológico moral de um país.

O senhor acredita que temos que lidar com uma reforma da Constituição para questões como a defesa do nascituro? Ou seria suficiente uma reforma das leis em questão?
- Rafael Navarro-Valls: Em termos de tutela da vida humana há um movimento constitucional orientado a acolhê-la de um modo ou de outro. Assim, 18 estados mexicanos em um período relativamente curto de tempo mudaram suas constituições para proteger a vida desde a concepção até a morte natural. Algo semelhante aconteceu na Europa com a constituição da Hungria, que define o matrimônio como "união entre um homem e uma mulher," protege a vida do nascituro desde a concepção até a morte natural, e proíbe a eugenética. Na Espanha, a mudança da Constituição exige uma mudança no processo legislativo tão complexa, que parece mais apropriado reformar a legislação ordinária, começando de uma visão sobre os direitos humanos muito mais rigorosa, que impeça que o aborto seja concebido como um direito. Deve-se evitar que devam ser financiadas pelos contribuintes e também que seja acessível à qualquer menor sem o consentimento dos parentes.

Embora seja uma realidade muito pequena no nosso país, como se poderia resolver a questão do assim chamado "matrimônio entre pessoas do mesmo sexo"?
- Rafael Navarro-Valls: "É minoritário, não apenas no sentido sugerido pela pergunta (um número relativamente pequeno de matrimônios entre pessoas do mesmo sexo), mas também no cenário mundial. Atualmente, existem exatamente 193 países membros da ONU. Destes, somente 10 o contemplam. É natural que seja assim, porque a própria noção jurídica de matrimônio (união destinada, entre os outros, à procriação) o exige. Na Espanha, os órgãos jurídicos mais qualificados (Conselho do Estado, Conselho do poder Judicial, Real academia de jurisprudência, etc.) Rejeitaram por unanimidade o conceito de matrimônio da união entre pessoas do mesmo sexo. Até mesmo um conhecido homossexual espanhol (grande escritor e político), no debate antes das eleições recentes, disse que compartilhava esta idéia. Por esta razão, a maioria das legislações se orientaram à uma união civil de escopo amplo, que inclui a convivência entre pessoas do mesmo sexo. Provavelmente o modelo francês é o mais adequado e eu acho que é transferível no contexto espanhol. A lei francesa prevê um "pacto civil de solidariedade", ou seja, um contrato realizado entre duas pessoas maiores de idade, de sexo oposto ou do mesmo sexo, com o objetivo de organizar sua vida comum.

O senhor acha que os recentes desenvolvimentos, com poderes econômicos que fazem cair governos, são na realidade uma redução da soberania dos povos e pressupõem uma democracia deficitária, sujeita aos ditames do mercado supranacional?
Rafael Navarro-Valls: A criação da União Europeia tornou muito mais estreito os laços entre as Nações e ampliou o conceito de "mercado comum". Isso cria uma série de benefícios econômicos para os países membros e, portanto, uma ênfase da globalidade entre eles. Mas o "mercado" não sendo a panacéia de todos os bens, organiza de tal modo que as consequências negativas da crise sejam transmitidas com maior intensidade no interior do "mercado". Este déficit democrático não é uma necessidade, mas é uma das possíveis regras do jogo. Desde que seja transitória, deve ser considerada como uma “emergência”, não como um deficit. Algo similar às medidas tomadas por Roosevelt nos Estados Unidos para limitar o desastre do 'crack' de 1929.

O senhor acredita que as medidas legislativas para solucionar a erosão do sistema ecológico moral de um país sejam suficientes?
- Rafael Navarro-Valls - Os advogados sabem que, em matéria de valores sociais, o Direito tem uma influência maior por meio daquilo que poderíamos chamar de sua atividade negativa. Isto é, por exemplo, podem ajudar a corroer o ecossistema familiar de forma mais eficaz do que restaurá-lo. Em outras palavras, as legislações têm sido muitas vezes mais eficazes contribuindo na consolidação das tendências desintegrantes da família do que em integrá-la. Às vezes, essas leis se consolidam em uma espécie de "experiências de não retorno", uma vez que tenham penetrado no tecido social. É uma tarefa difícil restaurar o tecido social corroído por Estados intervencionistas com uma conceituação da lei como um instrumento concebido para impor do alto uma moral ou uma "filosofia de vida." Sem uma atividade legal mais ou menos positiva. É necessária a ação conjunta de todos aqueles que estão implicados na ordem social (Igreja, sociedade civil, partidos políticos, indivíduos, etc.) para restaurar o equilíbrio perdido. Neste sentido, Dante Alighieri tinha razão quando disse que: "os lugares mais quentes do inferno estão reservados para aqueles que em tempos de grandes crises morais mantêm a sua neutralidade."

[Tradução TS]

Haddad confronta Dilma com proposta de novo kit gay. Será que confronta?


Seis meses após o veto da presidente Dilma Rousseff ao chamado "kit gay", proposto pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, o político volta à carga com proposta de uma nova versão do material, que seria distribuído a estudantes do ensino público.

A nova versão incluiria, segundo o deputado Jair Bolsonaro, cota de professores gays no ensino público na tentativa de combater o preconceito contra homossexuais nas escolas. Além disso, seriam distribuídos cartilhas, cartazes e vídeos para 6.000 escolas do ensino médio, sem que a Câmara dos Deputados fosse chamada ao debate sobre a pertinência do material.

E vai contra mais uma vez à posição da presidente quando da proposta do primeiro kit.

À ocasião do veto da primeira versão do kit, o secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, apontou que "a presidente Dilma não gostou dos vídeos, achou o material inadequado, e determinou que não circule oficialmente. Estão suspensas todas as produções de materiais que falem dessas questões".

A proposta vem em meio à maior crise atravessada pelo Ministério da Educação e igualmente junto ao anúncio da candidatura de Haddad à Prefeitura de São Paulo. Polêmicas não faltam na trajetória do político.

No mais recente Enem, foi descoberto que 14 questões do exame, que mobilizou os estudantes do país nos dias 22 e 23 de outubro, já haviam sido aplicadas num simulado realizado pelo colégio Christus de Fortaleza duas semanas antes. Depois de muitos protestos e discussões, as questões foram canceladas para os alunos do colégio cearense.

O episódio lembrou outro, ainda mais grave, quando em 2009, a prova foi anulada depois de ter sido roubada. As questões foram roubadas de uma gráfica e os ladrões tentaram vendê-las para a imprensa antes da realização da prova.

A descoberta da fraude levou ao cancelamento do Enem. A prova foi totalmente refeita e remarcada, o que teria causado um prejuízo de R$ 46 milhões aos cofres públicos.

Na ocasião, o então presidente do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais), Reynaldo Fernandes, deixou o cargo. A marcação da segunda prova levou os estudantes a protestarem nas ruas contra a confusão - as novas datas coincidiam com alguns vestibulares - e a abstenção chegou a 1,5 milhão de inscritos.

Ainda este ano, o ministro se viu mais uma vez no centro da polêmica como alvo por causa de um livro didático distribuído pelo governo em mais de 4.000 escolas com erros intencionais de concordância, para aproximar os alunos da língua popular.

Entre os erros gramaticais e incorreções, frases como “nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe”. O ministro defendeu a publicação e reagiu contra seus críticos.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Catequese do Papa. Salmo 119 (118)


PAPA BENTO XVI
AUDIÊNCIA GERAL

Praça de São Pedro
Quarta-feira, 9 de Novembro de 2011

Salmo 119 (118)

Prezados irmãos e irmãs

Nas últimas catequeses reflectimos sobre alguns Salmos que são exemplos dos géneros típicos da oração: lamentação, confiança e louvor. Na catequese de hoje, gostaria de meditar sobre o Salmo 119 segundo a tradição judaica, e 118 segundo a tradição greco-latina: um Salmo muito particular, único do seu género. Antes de tudo, pelo seu comprimento: com efeito, é composto por 176 versículos, divididos em 22 estrofes de oito versículos cada uma. Além disso, tem a peculiaridade de ser um «acróstico alfabético»: ou seja, é construído segundo o alfabeto hebraico, que é composto por 22 letras. Cada estrofe corresponde a uma letra daquele alfabeto, e com tal letra começa a primeira palavra dos oito versículos da estrofe. Trata-se de uma construção literária original e muito difícil, em que o autor do Salmo teve de demonstrar toda a sua habilidade.

Mas aquilo que para nós é mais importante é a temática central deste Salmo: com efeito, trata-se de um imponente e solene canto sobre a Torah do Senhor, ou seja sobre a sua Lei, um termo que na sua acepção mais ampla e completa, deve ser compreendido como ensinamento, instrução, directriz de vida; a Torah é revelação, é Palavra de Deus que interpela o homem e suscita a sua resposta de obediência confiante e de amor generoso. E este salmo está inteiramente impregnado de amor pela Palavra de Deus, o qual celebra a sua beleza, a sua força salvífica, a sua capacidade de doar alegria e vida. Porque a Lei divina não é um jugo pesado de escravidão, mas um dom de graça que nos torna livres e nos leva para a felicidade. «Delicio-me com as vossas leis, jamais esquecerei as vossas palavras», afirma o Salmista (v. 16); e depois: «Dirigi-me pela senda dos vossos preceitos, porque neles me deleito» (v. 35); e ainda: «Quanto amo a vossa lei! Nela medito todos os dias» (v. 97). A Lei do Senhor, a sua Palavra, é o centro da vida do orante; aí encontra consolação, dela faz objecto de meditação e conserva-a no seu coração: «Guardo no meu coração as vossas promessas, para não pecar contra Vós» (v. 11): este é o segredo da felicidade do Salmista; e depois ainda: «Os soberbos forjam mentiras contra mim, mas com toda a alma quero guardar os vossos mandamentos» (v. 69).

A fidelidade do Salmista nasce da escuta da Palavra, a conservar no íntimo, meditando-a e amando-a, precisamente como Maria, que «conservava, poderando-as no seu coração», as palavras que lhe tinham sido dirigidas e os acontecimentos maravilhosos em que Deus se revelava, pedindo o seu consentimento de fé (cf. Lc 2, 19.51). E se o nosso Salmo começa nos primeiros versículos, proclamando «feliz» «os que conduzem os seus passos na Lei do Senhor» (v. 1b) e «quantos observam os seus preceitos» (v. 2a), é ainda a Virgem Maria que completa a figura perfeita do crente, descrito pelo Salmista. Com efeito, Ela é a verdadeira «bem-aventurada», assim proclamada por Isabel, porque «acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor» (Lc 1, 45), e é dela e da sua fé que o próprio Jesus dá testemunho quando, à mulher que tinha bradado: «Felizes as entranhas que te trouxeram», responde: «Felizes aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática!» (Lc 11, 27-28). Sem dúvida, Maria é feliz porque o seu ventre trouxe o Salvador, mas principalmente porque acolheu o anúncio de Deus e foi guardiã atenta e amorosa da sua Palavra.

Por conseguinte, o Salmo 119 desenvolve-se inteiramente ao redor desta Palavra de vida e de bem-aventurança. Embora o seu tema central sejam a «Palavra» e a «Lei» do Senhor, ao lado destes termos recorrem em quase todos os versículos sinónimos como «preceitos», «decretos», «ordens», «ensinamentos», «promessa», «juízos»; e além disso muitos verbos a eles correlativos, como observar, guardar, compreender, conhecer, amar, meditar e viver. Todo o alfabeto se desenvolve através das 22 estrofes deste Salmo, e também todo o vocabulário da relação confiante do crente com Deus; aqui encontramos o louvor, a acção de graças, a confiança, mas inclusive a súplica e a lamentação, porém sempre imbuídos da certeza da graça divina e do poder da Palavra de Deus. Também os versículos mais marcados pela dor e pelo sentido de obscuridade permanecem abertos à esperança e são permeados de fé. «A minha alma está colada ao pó; dai-me a vida, segundo a vossa palavra» (v. 25), reza confiante o Salmista; «Sou como odre exposto ao fumo, mas não esqueço os vossos preceitos» (v. 83), é o seu clamor de crente. Mesmo sendo posta à prova, a sua fidelidade encontra força na Palavra do Senhor: «Assim, darei resposta àquele que me insulta, porque confio na vossa palavra» (v. 42), diz ele com firmeza; e inclusive diante da perspectiva angustiante da morte, os decretos do Senhor constituem o seu ponto de referência e a esperança de vitória: «Por pouco não me eliminaram desta terra, mas eu nunca renego os vossos preceitos» (v. 87).

A lei divina, objecto do amor apaixonado do Salmista e de cada crente, é fonte de vida. O desejo de a compreender, de a observar e de orientar para ela todo o seu ser é a característica do homem justo e fiel ao Senhor, que a «medita dia e noite», como recita o Salmo 1 (v. 2); trata-se de uma lei, a de Deus, que devemos conservar «no coração», como reza o famoso texto do Shema no Deuteronómio:

Escuta, ó Israel... Estes mandamentos que hoje te imponho serão gravados no teu coração. Ensiná-los-ás aos teus filhos, e meditá-los-ás quer em tua casa, quer em viagem, quer ao deitar-te, ou ao levantar-te (6, 4.6-7).

Centro da existência, a Lei de Deus exige a escuta do coração, uma escuta feita de obediência não servil, mas filial, confiante e consciente. A escuta da Palavra é encontro pessoal com o Senhor da vida, um encontro que deve traduzir-se em escolhas concretas e tornar-se caminho e seguimento. Quando se lhe pergunta o que é necessário fazer para alcançar a vida eterna, Jesus aponta o caminho da observância da Lei, mas indicando o modo de o fazer para lhe dar cumprimento: «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me!» (Mc 10, 21 e par.). O cumprimento da Lei consiste em seguir Jesus, percorrer o caminho de Jesus, em companhia de Jesus.

Portanto, o Salmo 119 leva-nos ao encontro com o Senhor e orienta-nos para o Evangelho. Ele contém um versículo sobre o qual agora gostaria de meditar: é o v. 57: «Eu declarei, Senhor, ser meu quinhão guardar os vossos mandamentos». Também noutros Salmos o orante afirma que o Senhor é o seu «quinhão», a sua herança: «Senhor, Vós sois a parte da minha herança e da minha taça», recita o Salmo 16 (v. 5a), «O Senhor é para sempre a rocha do meu coração e a minha herança» é a proclamação do fiel no Salmo 73 (v. 26 b), e ainda, no Salmo 142, o Salmista clama ao Senhor: «Vós sois o meu refúgio, Vós sois o meu quinhão na terra dos vivos» (v. 6b).

Este termo, «quinhão», evoca o acontecimento da repartição da terra prometida entre as tribos de Israel, quando não foi atribuída aos levitas porção alguma de território, porque o seu «quinhão» era o próprio Senhor. Dois textos do Pentateuco são explícitos a este propósito, utilizando o termo em questão: «O Senhor disse a Aarão: “Nada possuirás na terra deles, e não terás parte alguma entre eles. Eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos israelitas”», assim declara o Livro dos Números (18, 20), e o Deuteronómio reitera: «Por isso, Levi não teve parte nem herança entre os seus irmãos: Deus é a sua herança, como lhe prometeu o Senhor, teu Deus» (Dt 10, 9; cf. 18, 2; Gn 13, 33; Ez 44, 28).

Os sacerdotes, pertencentes à tribo de Levi, não podem ser proprietários de terras no país que Deus oferecia em herança ao seu povo, cumprindo a promessa feita a Abraão (cf. Gn 12, 1-7). A posse da terra, elemento fundamental de estabilidade e de possibilidade de sobrevivência, era um sinal de bênção, porque implicava a possibilidade de construir uma casa, de aí crescer os próprios filhos, de cultivar os campos e de viver dos frutos da terra. Pois bem os levitas, mediadores do sagrado e da bênção divina, não podem ter, como os outros israelitas, este sinal exterior da bênção e esta fonte de subsistência. Inteiramente consagrados ao Senhor, devem viver apenas dele, abandonados ao seu amor providencial e à generosidade dos seus irmãos, sem dispor de uma herança porque Deus é o seu quinhão de herança, Deus é a sua terra, que os faz viver em plenitude.

E agora, o orante do Salmo 119 aplica a si mesmo esta realidade: «O Senhor é o meu quinhão». O seu amor a Deus e à sua Palavra leva-o à escolha radical de possuir o Senhor como único bem e também de conservar as suas palavras com um dom inestimável, mais precioso que toda a herança e toda a posse terrena. Com efeito, o nosso versículo tem a possibilidade de uma dupla tradução e poderia ser apresentado também do seguinte modo: «Eu declarei, Senhor, ser meu quinhão guardar as vossas palavras». As duas traduções não se contradizem mas, ao contrário, completam-se reciprocamente: o Salmista afirma que a sua parte é o Senhor, mas que também conservar as palavras divinas é a sua herança, como depois dirá no v. 111: «A minha herança serão sempre as vossas ordens, elas são a alegria da minha alma». Esta é a felicidade do Salmista: a ele, assim como aos levitas, foi confiada como porção de herança a Palavra de Deus.

Caríssimos irmãos e irmãs, estes versículos são de grande importância também hoje, para todos nós. Em primeiro lugar para os sacerdotes, chamados a viver unicamente do Senhor e da sua Palavra, sem outras seguranças, possuindo-O como único bem e única fonte de vida verdadeira. É nesta luz que se compreende a livre escolha do celibato pelo Reino dos céus, a ser redescoberto na sua beleza e força. Mas estes versículos são importantes também para todos os fiéis, povo de Deus pertencente unicamente a Ele, «reino de sacerdotes» pelo Senhor (cf. 1 Pt 2, 9; Ap 1, 6; 5, 10), chamados à radicalidade do Evangelho, testemunhas da vida trazida por Cristo, novo e definitivo «Sumo Sacerdote», que se ofereceu em sacrifício pela salvação do mundo (cf. Hb 2, 17; 4, 14-16; 5, 5-10; 9, 11 ss.). O Senhor e a sua Palavra: eis a nossa «terra», na qual viver na comunhão e alegria.

Portanto, deixemos que o Senhor grave no nosso coração este amor pela sua Palavra, e que nos conceda de O ter, bem como a sua santa vontade, sempre no centro da nossa existência. Peçamos que a nossa prece e toda a nossa vida sejam iluminadas pela Palavra de Deus, lâmpada para os nossos passos e luz para o nosso caminho, como diz o Salmo 119 (cf. v. 105), de tal modo que o nosso caminhar seja seguro, na terra dos homens. E Maria, que acolheu e gerou a Palavra, seja a nossa guia e o nosso conforto, estrela polar que indica o caminho da felicidade.

Então, também nós poderemos alegrar-nos na nossa oração, como o orante do Salmo 16, pelos dons inesperados do Senhor e a herança imerecida que nos coube como sorte:

«Senhor, Vós sois a parte da minha herança e da minha taça...
As medidas caíram-me em lugares aprazíveis,
e agrada-me a minha herança» (Sl 16, 5.6).

Saudação

Com cordial afecto, saúdo todos os peregrinos de língua portuguesa, em especial os brasileiros da paróquia de Nossa Senhora da Glória. Que o Senhor vos encha o coração de um grande amor pela sua Palavra, para poderdes colocar a sua vontade no centro da vossa vida, como a Virgem Maria. Ela que acolheu e gerou a Palavra divina, seja a vossa guia e conforto, o astro luminoso que aponta o caminho da felicidade. Em penhor do muito bem que vos quero, dou-vos a minha Bênção Apostólica.

Estrasburgo diz não à Contracepção forçada.


De acordo com a Corte Européia de Direitos Humanos é contra a liberdade e a dignidade humana

ESTRASBURGO, sexta-feira, 11 de novembro de 2011 (ZENIT.org) - A Corte Européia de Direitos Humanos (CEDH) pronunciou na terça-feira a sentença sobre as esterilizações forçadas de mulheres Rom na Eslováquia (VC c.Eslováquia, n. 18968/07).

Segundo o relato do Centro Europeu para lei e justiça (ECLJ), o tribunal europeu encontrou entre outros uma violação dos artigos 3 e 8 da Convenção européia, que diz respeito à proibição de tratamentos desumanos e degradantes e o direito ao respeito pela vida privada e familiar.

Segundo a Corte, "a esterilização consiste em uma interferência significativa no estado da saúde reprodutiva de uma pessoa. Uma vez que se refere a uma das funções essenciais do corpo do ser humano, recaem sobre muitos aspectos da integridade pessoal do indivíduo, inclusive o bem-estar físico e mental dele ou dela e a vida emotiva, espiritual e familiar".

"A Corte revela - prossegue o texto da sentença - que o procedimento de esterilização interferiu pesadamente na integridade física da recorrente enquanto esta é privada, em determinado modo, de sua função reprodutiva. No momento da esterilização a recorrente havia vinte anos, portanto na fase inicial de sua vida reprodutiva".

Como recorda o ECLJ, se trata do primeiro de uma série de recursos apresentados junto à Corte Européia por diversas mulheres de origem étnica romanichéis que foram esterilizadas em hospitais públicos desde 1999 na Eslováquia, ou seja, depois da queda do regime comunista.

Uma mulher esterilizada em 2000 durante o parto de seu segundo filho no Hospital Público de Prešov, afirmava ter assinado um documento de autorização sem entender do que se tratava e ignorando ainda a natureza e as consequências da intervenção. Segunda a denúncia, a pertença da mulher à etnia Rom teria sido um fator decisivo na proposta de uma esterilização.

Mesmo a ECLJ acolhendo a proposta em favor à sentença, contudo não compartilha a fundamentação da Corte, porque apresenta algumas falhas e abre as portas para possíveis desvios.

Como explica a ONG, os juízes europeus erram quando consideram a esterilização contraceptiva um procedimento médico. "Existe uma diferença enorme entre a esterilização como método contraceptivo e a esterilização com fins terapêuticos", destaca o Centro dirigido por Grégor Puppinick. A sentença sugere de fato que é possível “prejudicar a integridade física sem nenhum propósito médico ou terapêutico".

É também equivocada a opinião da Corte, de que o prévio consentimento informado é suficiente para eliminar o caráter desumano ou degradante de determinadas ações. “É um erro avaliar a legitimidade de uma ação do ponto de vista subjetivo, ou seja, o simples consentimento da pessoa pela ação” observou o ECLJ.

Além disso, para a ECLJ a sentença de Estrasburgo sugere erroneamente que a liberdade humana prevalece sobre a dignidade humana. Ainda que a Corte considere o princípio da dignidade humana equivalente ao princípio da liberdade humana, de fato não é assim. Para os juízes, o mero consentimento elimina a proibição absoluta dos tratamentos desumanos e degradantes sancionado pelo artigo 3 da Convenção européia.

Na sua reação, a ECLJ expressou também pesar pelo fato dos juízes não terem solicitado examinar separadamente os recursos nos termos do artigo 12 da Convenção, o qual garante o direito de contrair matrimônio e formar família. Como recorda a ONG, os mesmo juízes que reconheceram que a interevenção interferiu "fortemente" na capacidade da jovem mulher de procriar.

Para a ONG, com a respectiva sentença, a Corte "perdeu" uma oportunidade de condenar, de uma vez por todas, explicitamente as práticas eugênicas, que depois da Segunda Guerra Mundial sucederam nos programas de controle de natalidade.

Entretanto  - conclui a ECLJ - os juízes de Estrasburgo podem ainda remediar, quando em breve se pronunciarem em casos semelhantes.

Os cristãos não devem usar a violência para defender seus valores


Disseram os bispos franceses durante a sua última Assembléia Plenária

ROMA, quinta-feira, 10 de novembro, 2011 (ZENIT.org) - "Os cristãos não devem usar a violência para defender seus valores", assim disse a Rádio Vaticano, mas estão desorientados, e até mesmo irritados por causa dos ataques que sofrem.

A emissora Vaticana tem chamado a atenção sobre o argumento, discutido pelos bispos da França durante a sua última sessão plenária, realizada em Lourdes dos dias 4 a 9 novembro, e também pelo Cardeal Arcebispo de Paris, Andre Vingt-Trois, presidente da Conferência Episcopal francêsa (CEF), no seu discurso de encerramento. A CEF, além do mais, criou um novo grupo de trabalho sobre esse assunto.

Banalização dos ataques

Em Lourdes, os bispos da França têm-se centrado sobre as reacções surgidas por uma peça de teatro do diretor e cinematógrafo italiano Romeo Castellucci e sobre o recente ataque contra a sede parisina do famoso semanário satírico Charlie Hebdo.

"Sem aceitar a banalização dos ataques contra a figura de Cristo," os bispos "têm advertido contra a "resposta agressiva "por parte de alguns cristãos, que se sentiram denegridos", disse a Rádio Vaticana.

Na verdade, os bispos da França, tomam "muito seriamente" os ataques contra o cristianismo. Deploram portanto "comportamentos excessivos de grupos fanáticos" durante as manifestações contra a peça intitulada Sobre o Conceito do rosto do Filho de Deus. E rejeitam decididamente os excessos que ameaçam a criação de amálgamas na opinião pública por causa de outras respostas violentas em nome da religião.

Os bispos mencionaram em particular o ataque ao satírico semanal Charlie Hebdo. Por mútuo acordo e de acordo com seu presidente, os bispos condenaram o uso da violência para defender os valores cristãos.

Silêncio ou resposta?

"Na presença de numerosos ataques, os bispos reconhecem que muitas vezes não agüentam mais. Aos ataques anti-clericais respondem com atitudes de defesa ou, pelo contrário, de silêncio, muitas vezes reprovadas aos líderes da Igreja ", continua a mesma fonte.

Para o arcebispo de Dijon, monsenhor Roland Minnerath, é da responsabilidade do bispo, como pastor, assumir a responsabilidade pela perturbação do povo católico, "chocado pela violência de alguns ataques contra símbolos do cristianismo." Segundo Minnerath, artistas criativos deveriam estar cientes da própria responsabilidade social.

O arcebispo de Dijon admitiu que ele recebeu muitas mensagens de pessoas que criticam o "silêncio ensurdecedor" da Igreja. Atenção - reiterou – com o banalizar  críticas contra a figura de Cristo”. Se eles se irritam com a Igreja, não há problemas, é o risco de toda instituição. Mas aqui se trata de Cristo ", continuou Minnerath. Para não falar de um outro risco subjacente, aquele do monopólio da defesa da honra de Cristo para os cristãos extremistas.

A constatação dos bispos é a mesma: o círculo dos católicos exasperados excede o dos minúsculos grupos ativistas. Para monsenhor Eric de Moulins de Beaufort, bispo auxiliar de Paris, muitas vezes se trata de "católicos muito simples, perdidos, porque se divertem à custa do que eles acreditam firmemente."

Para preocupar também o arcebispo de Bordeaux, o cardeal Jean-Pierre Ricard, há uma novidade: "Houve sempre uma política de direita católica estrema. Mas hoje, as suas ações são legitimadas e justificadas por católicos perplexos pela secularização e que têm a sensação de ser ridicularizados."

Nada de "estratégia da minoria"

Por sua parte, o Cardeal Vingt-Trois, alertou contra uma "estratégia da minoria": a evolução do catolicismo no modelo das minorias religiosas, que iria responder apenas para defender-se, seria contrário à tradição do cristianismo, que reivindica um papel mais amplo no debate social e político.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Canção Nova e TV Aparecida podem perder a concessão via PT.


O Ministério Público Federal em Guaratinguetá (SP) entrou com duas ações civis públicas pedindo a anulação das concessões das TVs Canção Nova e Aparecida, realizadas em 1997 e 2001, respectivamente.

Para a Procuradoria, as concessões outorgadas pelo Ministério das Comunicações à Fundação Nossa Senhora de Aparecida, mantenedora da TV Aparecida (canal 59-E), e à Fundação João Paulo 2º, mantenedora da Canção Nova (canal 35-E), ocorreram "sem a observância de processo de licitação obrigatório para concessão de serviço público", previsto pela Constituição de 1988.

As emissoras transmitem nacionalmente programação evangelizadora de diferentes correntes da Igreja Católica e seus sinais estão disponíveis para antena parabólica e nos sinais das TVs abertas que integram a programação da maioria das operadoras de TV a cabo.

Para o procurador da República Adjame Alexandre Gonçalves Oliveira, somente a licitação dos canais educativos permitiria à administração pública selecionar a entidade mais capacitada tecnicamente e que apresente o melhor projeto educacional.

Gonçalves afirma que o pedido de cassação das concessões não tem nenhum vínculo com o tipo de conteúdo transmitido pelas emissoras, "mas com o fato de terem sido outorgadas sem licitação, o que põe em xeque a utilização democrática e transparente desse meio de comunicação, que é eminentemente público".

Segundo as ações, a ausência de licitação anula todos os atos posteriores, principalmente, o contrato de concessão firmado entre a União e a entidade interessada.

As TVs têm sede em Cachoeira Paulista (SP). A reportagem já entrou em contato com as assessorias das emissoras e do Ministério das Comunicações para comentar o assunto e aguarda um retorno.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Bula de Canonização de São Francisco de Assis.


Bula “Mira circa nos”

Gregório bispo... aos veneráveis irmãos Arcebispos, Bispos, etc. 

1). É maravilhoso como Deus se digna ter piedade de nós e inestimável é o amor de sua caridade, pela qual entregou-nos o filho à morte para remir o escravo! 

Sem renunciar aos dons de sua misericórdia e conservando com proteção contínua a vinha que foi plantada por sua destra, continua a mandar operários para ela mesmo na décima primeira hora para que a cultivem bem arrancando com a enxada e o arado com o qual Samgar abateu seiscentos Filisteus (Jz 6,31) os espinhos e as ervas más, para que, podados os ramos supérfluos e os brotos espúrios que não levam às raizes, e estirpados os espinheiros, ela possa amadurecer frutos suaves e saborosos. 

Aqueles frutos que, purificados na prensa da paciência, poderão ser levados para a adega da eternidade, depois de ter queimado de uma vez, como com o fogo, a impiedade junto com a caridade esfriada de muitos, destinada a ser destruída na mesma ruina, como foram precipitados os filisteus caindo por causa do veneno da volubilidade terrena. 

2). Eis o Senhor que, enquanto destruia a terra com a água do dilúvio, guiou o justo em uma desprezível arca de madeira (Sb 10,4), não permitindo que a vara dos pecadores prevalecesse sobre a sorte dos justos (Sl 124,3), na hora undécima suscitou seu servo o bem-aventurado Francisco, homem verdadeiramente segundo o seu coração (Cfr. 1Sm 13,14), lâmpada desprezada no pensamento dos ricos mas preparada para o tempo estabelecido, mandando-o para a sua vinha para que arrancasse os seus espinhos e espinheiros, depois de ter aniquilado os filisteus que a estavam assaltando, iluminando a pátria, e para que a reconciliasse com Deus admoestando com assídua exortação Cfr. Jz 15.15). 

3). O qual, quando ouviu interiormente a voz do amigo que o convidava, levantou-se sem demora, despedaçou os laços do mundo cheio de bajulações, como um outro Sansão prevenido pela graça divina e, cheio de Espírito de fervor, pegou uma queixada de asno (Jz 11,15), com uma pregação feita de simplicidade, não enfeitada com as cores de uma persuasiva sabedoria humana (1Cor 1,17), mas com a força poderosa de Deus, que escolhe as coisas fracas do mundo para confundir os fortes, prostrou não só mil mas muitos milhares de filisteus, com o favor daquele que toca os montes e os faz fumegar (Sl 103,32), e reduziu à servidão do espírito os que antes serviam às impurezas da carne. 

Quando eles ficaram mortos para os vícios e vivos para Deus e não mais para si mesmos, pois a parte pior tinha perecido, saiu da mesma queixada água abundante (cfr. Jz 15,10), que restaurava, lavava e fecundava todos os que tinham caído, sórdidos e ressecados, aquela água que, brotando para a vida eterna, pode ser comprada sem dinheiro e sem nenhuma outra despesa (Is 55,1) . Expandindo-se por toda parte, seus regatos irrigam a vinha, estendendo até o mar seus ramos, até o rio os seus rebentos (Sl 79,12). 

4). Afinal, imitou os exemplos de nosso pai Abraão, saindo espiritualmente de sua terra, de sua parentela e da casa de seu pai, para ir para a terra que o Senhor lhe havia mostrado com sua divina inspiração (Gn 12,1). Para correr mais expeditamente, para o prêmio da vocação celeste (Fl 3,34), e poder entrar mais facilmente pela porta estreita (Mt 7,15), deixou a bagagem das riquezas terrenas, conformando-se com Aquele que, de rico que era fez-se pobre por nós, distribuiu-as, deu-as aos pobres (2Cor, 8,9), para que assim, sua justiça perdurasse para sempre (Sl 111,9). 

E quando chegou perto da terra da visão, na montanha que lhe tinha sido mostrada (Gn 22,3), isto é, sobre a excelência da fé, ofereceu ao Senhor em holocausto sua carne, que antes o havia enganado, como filha unigênita, à semelhança da Jefté (Cfr. Jz 11), colocando-se no fogo da caridade, macerando sua carne pela fome, sede, frio, nudez, vigílias sem conta e jejuns. Quando a tinha, assim, crucificado com os vícios e as concupiscências (Gl 5,24), podia dizer com o Apóstolo: Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim (Rm 4,25). E, de fato, não vivia já não vivia para si mesmo mas para Cristo, que morreu por nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação, para que já não servíssemos o pecado de maneira alguma. 

Suplantando também os vícios, travou uma viril batalha contra o mundo, a carne e os poderes celestes. E, renunciando à mulher, à casa de campo e aos bois, que afastaram os convidados da grande ceia (Lc 14,15-22), levantou-se com Jacó (Cfr. Gn 35,1-11) ao comando do Senhor e, recebendo a graça septiforme do Espírito Santo, assistido pelas oito bem-aventuranças evangélicas, subiu através dos quinze degraus das virtudes, indicadas misticamente nos Salmos, para Betel, a casa do Senhor, que a tinha preparado para ele. 

E lá, construindo o altar de seu coração para o Senhor, ofereceu sobre ele os aromas de suas devotas orações, que os anjos haveriam de levar à presença do Senhor com suas mãos, agora que já estava prestes a tornar-se um concidadão dos anjos. 

5). Mas, para não ajudar somente a si mesmo lá na montanha, unido apenas no abraço de Raquel, bela mas estéril, isto é, na contemplação, desceu para o quarto proibido de Lia (Cfr. Gn 29), para conduzir o rebanho fecundo de filhos gêmeos através do deserto, procurando para eles as pastagens de vida, a fim de que, lá, onde o alimento é o maná celeste para os que se apartaram do estrépito do mundo, enterrando suas sementes com abundância de lágrimas (Sl 125, 5-6), pudesse colher exultando, os feixes para o celeiro da eternidade, ele destinado a ser colocado entre os príncipes de seu povo, coroado com a coroa de justiça. 

É certo que ele não buscou seus próprios interesses mas antes o de Cristo (Fl 3,21), e o serviu como abelha industriosa; e, como estrela da manhã que aparece no meio das nuvens e como lua nos dias de seu pleno esplendor (Sl 50,6), e como sol resplandecente na Igreja de Deus, tomou em suas mãos a lâmpada e a trombeta para chamar para a graça os humildes com as provas de suas obras luminosas, e retirar os calejados no mal de suas graves culpas aterrando-os com uma dura reprovação. 

Assim, inspirado pela virtude da caridade, irrompeu intrepidamente no acampamento dos madianitas, isto é, daqueles que evitam o juízo da Igreja por desprezo, com a ajuda daquele que, enquanto estava fechado dentro do seio da Virgem, atingia o mundo inteiro com o seu domínio; e arrebatou as armas em que punha sua confiança o forte armado que guardava sua casa (Lc 11,21-22), e distribuiu os despojos que ele mantinha, levando como escrava a escravidão (Ef 4,8) dele em homenagem a Jesus Cristo. 

6). Por isso, tendo superado enquanto estava na terra o tríplice inimigo, fez violência ao Reino dos Céus e com a violência arrebatou-o (Mt 11,12). E depois das numerosas e gloriosas batalhas desta vida, triunfando sobre o mundo, voltou ao Senhor, precedendo muitos dotados de ciência, ele que deliberadamente era sem ciência e sabiamente ignorante. 

7). Na verdade, ainda que sua vida, tão santa, operosa e luminosa, tenha sido suficiente para que conquistasse a companhia da Igreja triunfante, a Igreja militante, que só vê a face exterior, não tem a presunção de julgar por sua própria autoridade aqueles que não são de sua alçada, para apresentá-los à veneração baseando-se só sobre a sua vida, principalmente porque algumas vezes o anjo de satanás transforma-se em anjo de luz (2Cor 11,14); o Onipotente e misericordioso Deus, por cuja graça o referido servo de Cristo serviu-o digamente e com louvor, não permitindo que uma lâmpada tão maravilhosa ficasse escondida embaixo do alqueire, mas querendo colocá-la sobre o candelabro para oferecer a restauração de sua luz a todos aqueles que estão na casa (Lc 11,33), declarou com múltiplos e grandiosos milagres que a vida dele era agradável para ela e que sua memória devia ser venerada na Igreja militante.

8). Portanto, como já nos eram plenamente conhecidos os traços mais singulares de sua vida gloriosa, pela familiaridade que teve conosco quando estávamos constituídos em um cargo menor, e fosse feita fé plena a respeito do esplendor de seus múltiplos milagres, através de testemunhas idôneas de que nós e o rebanho a nós confiado seríamos ajudados por sua intercessão e teríamos como patrono no céu aquele que foi nosso amigo na terra, reunindo o consistório de nossos irmãos [os cardeais], e tendo obtido o consentimento deles, decretamos que o inscrevíamos no catálogo dos santos para a devida veneração. 

9). Estabelecemos que a Igreja universal celebre devotamente e com solenidade o seu nascimento para o céu no dia 4 de outubro, o dia em que, livre do cárcere da carne, subiu ao Reino celeste. 

10). Por isso pedimos, admoestamos e exortamos no Senhor a todos vós, e comunicando-o através deste escrito apostólico que, nesse dia, vos apliqueis intensa e alegremente aos divinos louvores na sua comemoração e imploreis humildemente que por sua intercessão e méritos possamos chegar à sua companhia. Que isso vos conceda Aquele que é bendito nos séculos dos séculos. Amém. 

Dado em Perusa, no dia 19 de julho de 1228, no segundo ano de nosso pontificado.

Os mártires do comunismo são proclamados santos pela Igreja Ortodoxa Russa.


A Igreja Ortodoxa Russa proclamou santos a mais de 1500 mártires

Por Antonio Gaspari

MILÃO, sábado, 19 de novembro, 2011 (ZENIT.org) - "Os mais de 1500 mártires e confessores elevados aos altares da Igreja Russa são apenas uma migalha do exército de santos ortodoxos que têm permitido o triunfo histórico espiritual da Igreja no meio das perseguições comunistas sem precedentes, por crueldade e sacrilégio".

O afirmou Georgij Mitrofanov professor de história na Academia Teológica Ortodoxa de Petersburgo, falando no congresso internacional realizado pela Fundação Russa Cristã, intitulado "Crises do humano e desejo de felicidade. O que a Igreja hoje há de dizer? ".

No congresso realizado em Milão e Seriate (BG), do 28 ao 30 de outubro 2011 Georgij Mitrofanov, autor do livro "A Rússia e o Século XX", publicado pela editora Agat de Petersburg narrou sobre a perseguição do regime comunista contra a Igreja Ortodoxa.

O professor russo que é também sacerdote ortodoxo explicou que de 1918 a 1921, o regime bolchevique, com vista à eliminação física da Igreja e dos seus membros ativos, geralmente não buscava envolver o clero nas ações nas ações anti-religiosas e nos seus órgãos repressivos ou de propaganda.

As perseguições deste primeiro período quase não deixaram rastro nas fontes escritas, porque naqueles anos praticamente não se fazia nenhuma investigação, e os únicos testemunhos escritos sobre as repressões são os mandados de prisão (aqueles que foram conservados), e acima de tudo as sentenças de fuzilamento.

Com relação aos períodos posteriores e mais intensos  das repressões, de 1922 a 1923, de 1928 a 1934 e de 1937 a 1941, a Comissão sinodal da Igreja Ortodoxa Russa tem à sua disposição uma grande quantidade de fontes escritas, que permitem precisar nos detalhes as circunstâncias da morte de milhares de vítimas do terror seja entre o clero que entre os leigos comprometidos.

Isso porque os órgãos de investigação da polícia secreta "GPU" ou "NKVD", gravavam detalhadamente o desempenho de cada atividade operacional até à emissão da sentença.

Segundo o professor Mitrofanov, "Se compararmos as perseguições sofridas pela Igreja Ortodoxa Russa no período soviético com aquelas dos cristãos dos primeiros séculos, as primeiras não só são maiores, mas também mais cruéis e refinadas nos métodos”.

"No entanto - acrescentou - não seria justificado considerar todas as vítimas daquele período, leigos e também os sacerdotes, como mártires pelo simples fato de terem morrido durante as perseguições anti-religiosas."

O professor russo explicou que os sacerdotes e leigos presos nos anos 20 e 30 eram geralmente acusados ​​de crimes políticos, e era muito raro que durante o inquérito fosse exigido deles negar a Cristo ou o seu próprio ministério sacerdotal.

O principal objetivo dos investigadores era o de forçar suas próprias vítimas, também com torturas físicas e morais ferozes, a reconhecer-se culpadas das acusações recebidas, envolvendo ao mesmo tempo tantas pessoas quanto possível como cúmplices.

Para o prof. Mitrofanov, "o primeiro dever moral ante Cristo neste período de perseguição não era tanto a capacidade do cristão preso de professar a Cristo por palavras durante a investigação, mas a capacidade de resistir, sob tortura, e não reconhecer os falsos crimes dos quais eram acusados e nem a cumplicidade de pessoas inocentes".

E é precisamente baseando-se neste critério que a Comissão sinodal para as canonizações considerou possível apresentar como material alguns documentos que diziam respeito a sacerdotes e leigos mortos e perseguidos.

A conclusão o professor Mitrofanov sublinhou: "Se o povo russo, que sofreu incalculáveis perdas humanas e histórica cultural no caminho que o levou a superar a pretensão de construir o paraíso na terra, revelou diante de todo o mundo o caráter utópístico e estéril do comunismo, a Igreja ortodoxa russa, que opôs aos perseguidores do cristianismo, a multidão dos seus novos mártires e confessores, mostrou ao mundo a invencibilidade da Igreja na sua luta espiritual com uma das concepções mais terríveis da história da humanidade".

[Tradução TS]

Como anda o retorno dos Anglicanos dos EUA para A verdadeira Igreja.


Anglicanos dos EUA: Um passo avante no retorno à Igreja de Roma

Vamos lá às notícias que ninguém vê em jornal nenhum por que não interessa a ninguém informar que os protestantes mais conscientes voltam para  a Igreja, isso da mesma forma como o filho que esbanja tudo, mas consegue perceber isso e volta para casa.

No próximo dia 1° de janeiro receberão o ordinariato

BALTIMORE, sexta-feira 18 novembro, 2011 (ZENIT.org) – Os anglicanos residentes nos Estados Unidos que desejam voltar à plena comunhão com a Igreja Católica, receberão um ordinariato no próximo dia 1° de janeiro.

O anúncio foi feito terça-feira, 15 de novembro, pelo cardeal Donald Wuerl, arcebispo de Washington, DC, durante a reunião plenária de outono da Conferência Episcopal dos EUA, realizada em Baltimore.

O cardeal Wuerl é o delegado para a implementação do Anglicanibus Coetibus nos Estados Unidos. Se trata da Constituição Apostólica do Papa Bento XVI do 2009, indicando às comunidades anglicanas as modalidades para entrar na Igreja Católica, através do estabelecimento de ordinariatos pessoais, um novo tipo de estrutura canônica.

Tais ordinariatos correspondem a regiões geográficas semelhantes às dioceses, mas tipicamente nacionais no objetivo. O ordinariato foi criado na Inglaterra, o segundo surgirá nos Estados Unidos.

As paróquias dos ordinariatos são católicas, ainda que mantendo elementos da herança anglicana, especialmente nas práticas litúrgicas. Não serão aceitas, no entanto, exceções sobre o celibato sacerdotal, que permanecerá a norma também para os futuros candidatos ao sacerdócio deste grupo.
Os ordinariatos serão guiados por um "ordinário" que terá um papel semelhante ao do bispo, mas poderá ser um sacerdote ou um bispo. O ordinário para os Estados Unidos será nomeado sempre no dia 1° de janeiro.

"Estou convencido de que o Ordináriato - disse o Cardeal Wuerl - será uma verdadeira expressão da Igreja Católica."

O arcebispo de Washington disse que diferentes comunidades episcopais decidiram pegar a estrada antes de entrar em plena comunhão com a Igreja de Roma, enquanto que as comunidades pertencentes à Diocese de Fort Worth e à arquidiocese de Washington já concluíram o percurso de acolhida.

Segundo as estimativas do cardeal, 2.000 fiéis ex-anglicanos poderiam ser os primeiros membros acolhidos no Ordinariato, que será eregido no modelo existente de Nossa Senhora de Walsingham, na Inglaterra e País de Gales.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O Pacto de São José da Costa Rica e as células-tronco embrionárias.


Esse artigo foi publicado em vários sites jurídicos da internet mais ou menos em maio de 2008 quando houve um frisson com relação ao julgamento pelo STF para o uso ou não das células-tronco embrionárias. O artigo, apesar de ter sido escrito antes da decisão do STF, continua atual porque a decisão do STF foi totalmente arbitrária, portanto, mesmo não fazendo referência à votação, continuam os argumentos.
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No longínquo ano de 1969, porém recente em se falando de tratados internacionais, foi firmado na Costa Rica o mais significativo dos Tratados Internacionais de Direitos Humanos. Esse Tratado foi ratificado pelo Brasil em 1992 (Decreto Legislativo nº 27), tendo o Governo brasileiro determinado sua integral observância em 6 de novembro seguinte (Decreto n. 678), ou seja, o Brasil aceitou tais cláusulas e aderiu a elas, fazendo com que o tratado se tornasse lei aqui dentro. Este tratado diz:
"Os Estados Americanos signatários da presente Convenção, reafirmando seu propósito de consolidar neste Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos humanos essenciais. Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa humana não derivam do fato de ser ela nacional de determinado Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atributos da pessoa humana, razão por que justificam uma proteção internacional, de natureza convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece o direito interno dos Estados Americanos (...)”
Inicialmente, antes de entrar no cerne da questão, resolvemos grifar a parte do texto acima para deixar claro que o Brasil é signatário de um Tratado que manifesta e legisla em favor da pessoa humana e seus direitos essenciais. É bom lembrar, também, que o voto do Sr. Ministro Carlos Brito sequer citou o referido tratado, relegando-o a nada.
Obviamente que a vida é direito essencial, caso contrário os outros direitos sequer viriam a existir, pois quase tudo advém dela.
Portanto parece claro que o texto trata de pessoa humana. Fiquemos por hora com essa conclusão.
Continuando dentro do texto do referido tratado:
“(...) Convieram o seguinte:
(...) Artigo 4º
Direito à vida
§1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção.”
Pois bem, “desde momento da concepção" parece estar bem claro. Não muito o que discutir. O que discutem com relação a esse tratado, e que foi, inclusive alvo de ataque de um dos advogados que sustentaram oralmente a favor do uso das células-tronco embrionárias, é justamente, o entre-vírgulas, “em geral”.
Afinal de contas o que vem a ser esse "em geral"?
Muito simples a resposta. Não sei se todos tem consciência disso mas nossa Constituição tem a pena de morte em seu texto legal, assim como quase todas. A questão é que a pena de morte aqui só acontece em casos excepcionalíssimos. Aqui, no Brasil, esse caso excepcionalíssimo é a guerra declarada.
É claro que o tratado não poderia engessar os Estados signatários dessa forma. Em alguns casos, e cada país define esse caso excepcional, o país tem o direito de utilizar-se da pena de morte.
Acontece que no Brasil essa pena é extremamente excepcional, está inclusa em um rol limitadíssimo, a ponto de a maioria da população se assustar quando afirmamos que existe pena de morte no Brasil.
O “em geral” diz respeito justamente a isso, as situações excepcionais. A pergunta que fica é: pesquisas com embriões (vidas) que podem ser feitas de outras formas sem o assassínio desses pequenos seres humanos, são casos excepcionais?
Desafio qualquer pseudo-interpretador a rasgar tal cláusula.
Mas, para que não nos esbarremos apenas no argumento do agora profícuo “em geral”, podemos trazer a lume o que o legislador internacional quis com o Tratado, colacionando outras partes:
"§1. Os Estados Membros nesta Convenção comprometem-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de qualquer natureza, origem nacional ou social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição social."
A parte do parágrafo primeiro foi grifado, justamente no texto em que os países signatários, entre eles o Brasil, aceitaram respeitar as liberdades e direitos, garantindo seu livre exercício a toda pessoa humana.
O que se entende por pessoa humana? Com a palavra o próprio Ministro Carlos Brito em seu voto.
“Por este visual das coisas, não se nega que o início da vida humana só pode coincidir com o preciso instante da fecundação de um óvulo feminino por um espermatozóide masculino.” (Grifos Originais) (Parágrafo 30 do Voto do Ministro Carlos Brito na ADIN 3510 do STF. Documento encontrado em: http://www.stf.gov.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/adi3510relator.pdf)
Ora, a frase é completa, sem recortes e sem interpretações dúbias. Foi exatamente isso que o Ministro disse em seu voto. É necessário lembrar que o que o STF manifesta em seus votos tem efeito erga omnes, ou seja, atinge a todos.
Pois bem, se a vida humana “coincide com o preciso instante da fecundação”, então ali começa a vida, ali tem origem a pessoa humana.
O Tratado do qual o Brasil é signatário define pessoa humana da seguinte forma:
"§2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser humano."
Consideramos bem óbvio que vida humana, pessoa humana e ser humano, são afinal, a mesma coisa? Ou vão querer me convencer do contrário?
A interpretação não é das mais complicadas, o Pacto de São José da Costa Rica diz expressamente que “pessoa é todo ser humano”, sem fazer qualquer distinção entre o ser humano em sua vida intra e extra-uterina e, sem mesmo fazer qualquer rodeio ou abrir espaço para interpretações diversas A expressão “desde o momento da concepção” nos obriga a perceber que a palavra “pessoa” se aplica também ao nascituro, pois ser humano.
Há o argumento, de alguns, dentro do que chamamos no direito de jus sperniandi,de que os efeitos desse termo e dessa interpretação que acabamos de fazer servem apenas “para os efeitos desta Convenção”. Não percebem, porém, que é justamente isso. Quais são os efeitos dessa Convenção? Logicamente que são vários, mas um dos principais e primordiais é justamente o da obrigatoriedade dos Estados-partes ou signatários de obedecerem a suas regras.
A partir de 6 de novembro de 1992, data em que a Convenção se fez direito interno brasileiro, toda “pessoa” (que, para os efeitos da Convenção, é todo ser humano), passou a ter direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica conforme alude o artigo 3º da referida Convenção.
Artigo 3º - Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica.
Dessa feita, a primeira parte do artigo 4°, CC/1916, vigente a época e que não reconhecia personalidade jurídica ao nascituro, foi revogada por força de uma lei posterior.
Com relação a entrada em vigor do Código Civil de 2002, poderia o interlocutor afirmar que trata-se do mesmo argumento, já que esse Código é posterior à Convenção e, por isso, a revogou conforme o que consta no artigo 2º do mesmo Código:
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Acontece que, na Convenção em seu artigo 2º foi firmado pelo Brasil o seguinte compromisso:
“... adotar, de acordo com suas normas constitucionais e com as disposições desta Convenção, as medidas legislativas ou de outra natureza que forem necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.”(art. 2º da Convenção).
O Brasil está, portanto, desobedecendo a uma norma de que é signatário, atingindo os direitos humanos ali pactuados e, desobedecendo, ainda, normas internas de hierarquia de leis.
Todos sabemos que os Tratados Internacionais são, hierarquicamente superiores à leis federais. Diferente não poderia ser, caso contrário não precisaríamos assinar Tratados Internacionais, mas sim, apenas aprovar leis Ordinárias ou Complementares que atinjam os grau de vontade política dos Estados Nacionais ao assinarem Tratados.
Sem olvidar ou desmerecer das decisões do STF, se continuarmos a atacar os Tratados Internacionais da forma como fazemos, não respeitando e dando interpretações diversas a eles, melhor será que o Brasil não mais assine qualquer Tratado, uma vez que lei sem obrigatoriedade de cumprimento não passa de papel de rascunho.
Houve, entretanto, infelizmente, uma grande negligência dos doutrinadores e outros juristas no tocante ao alcance do Pacto de São José da Costa Rica. Depois da vigência do Pacto, nenhum doutrinador poderia dizer (mas muitos continuaram dizendo) que o nascituro é mera “expectativa de pessoa” (spes personae), gozando apenas de “expectativas de direitos”. Negligência ou imperícia?
Por fim, nos recorremos à Constituição Federal, chamada cidadã em seu artigo 5º, caput que traz a inviolabilidade do direito à vida.
Ora, o guardião da Constituição, por meio de um dos seus Ministros, manifestou claramente que a vida humana “coincide com o preciso instante da fecundação”. Como é que pode haver autorização para que essa vida humana seja eliminada se a própria Constituição afirma que é inviolável?
Se o STF considerar constitucional o Artigo 5º da Lei 11.105, o que será que deveremos rasgar primeiro, a cláusula "pétrea" que estabelece em nossa Constituição a "Inviolabilidade do Direito à vida" ou o "Tratado Internacional de Direitos Humanos" que o país ratificou em 1992?
Por fim, ad argumentandum, temos que o direito que se pretende proteger que é o direito a dignidade humana das pessoas portadoras de algum mal, o qual existe uma possibilidade, de essas pesquisas suprirem, tal direito é menor do que o que se pretende atacar, que é a vida.
Topificando, temos o seguinte:
1-O Brasil tem uma Constituição que há quase 20 anos estabelece o direito à vida inclusive para os embriões;
2-É signatário de um Tratado Internacional que também reconhece o direito à vida "DESDE O MOMENTO DA CONCEPÇÃO" ipsis literis;
3- A LEI 11.105 em seu Artigo 5º (Lei de Biossegurança) está em total contradição com a Constituição e o Tratado Internacional o qual o Brasil assinou;
4 – O Ministro relator, Carlos Brito, foi incoerente ao afirmar que a vida humana começa na concepção e permite sua destruição;
5 – O bem atacado, a vida, é infinitamente maior do que o bem a ser protegido, o bem estar de alguns, mesmo que esses alguns sejam muitos;
6- Se os senhores ministros do STF julgarem que é legítimo manipular e destruir vidas humanas embrionárias para fins de pesquisas científicas estarão indo contra o que está em nossa Constituição e também no Tratado.
Isso abrirá precedentes sérios, hoje serão embriões utilizados em laboratórios, amanhã (???) quiçá os anencéfalos, afinal utilizarão os idosos e os doentes em coma como cobaias?

Brasil concede residência permanente a marido gay.


Tenho comigo que junto com uma anomalia sempre aparecem dezenas de outras em consequência. É aquela coisa de que cultura e sobriedade tem limite, burrice e má-fé não. Vejam ai o que o Judiciário brasileiro vem fazendo devido as consequencias daquela porcaria de interpretação do STF sobre união estável homossexual.


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Pela primeira vez, foi concedida residência permanente a um estrangeiro no Brasil, com base em casamento entre parceiros do mesmo sexo. O casal — um brasileiro e um cubano, naturalizado espanhol — mora em Araçatuba, interior de São Paulo. O pedido do casal foi atendido pela Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, por meio do seu Departamento de Estrangeiros.

A partir de agora, outras decisões como essa serão adotadas pelo Ministério da Justiça com finalidade de reunião familiar. “Somos pioneiros no Mercosul nessa decisão e isso pode servir de exemplo para outros países do Bloco (Mercosul)”, explica a diretora do Departamento de Estrangeiros, Izaura Miranda.

Até agora, a residência permanente só era concedida para fins de reunião familiar, cônjuge, filhos, ascendentes ou irmãos dependentes, transformação de residência provisória, de  temporária, de  refúgio ou de asilo político ou quando atende a interesse nacional (caso de investidores, empresários, pesquisadores).

O estrangeiro com união homoafetiva estável que deseja ficar no país precisa se encaixar em alguns critérios. Dentre eles, não ter antecedentes criminais e comprovar a união estável ou o casamento. “O Estado é laico e tem o dever de dar proteção jurídica a todos e todas, sem qualquer discriminação”, afirma o secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão.

Com a residência permanente em mãos, o estrangeiro pode viver no Brasil por tempo indeterminado. Tem direito a trabalhar, acesso a serviços de saúde e a benefícios previdenciários. Depois de quatro anos no Brasil, pode pedir a naturalização, que lhe dá o direito a votar, prestar concurso público e obter um passaporte brasileiro.

A decisão do Ministério da Justiça seguiu entendimento recente do Supremo Tribunal Federal, que, em maio, permitiu a união estável entre homossexuais. Com ela, eles têm direitos como herança, comunhão parcial de bens, pensão alimentícia e previdenciária, licença médica, inclusão do companheiro como dependente em planos de saúde, entre outros benefícios.

Quando o pedido de residência permanente é com base em união estável, lavrada em Cartório, o processo tramita pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg). O inglês David Harrad possui residência permanente com base em união estável com o paranaense Toni Reis. Desde 1992 eles estão juntos, mas em todo esse tempo ele ficou parte do período irregular no Brasil e chegou até a ser preso pela Polícia Federal. Em 2005, David conseguiu a residência permanente.

Para Toni Reis, que também é presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), a decisão do Ministério da Justiça é um avanço. “Essa é uma longa caminhada para a conquista da cidadania plena da nossa comunidade. Num prazo de 10 anos acredito que teremos a igualdade de direitos. Fico feliz pelo reconhecimento das autoridades”, afirmou. Segundo Toni, hoje 10 países reconhecem o casamento gay e 24, a união estável entre parceiros do mesmo sexo.

O cubano Yoan Rodriguez também conseguiu a residência permanente com base na união estável com o médico Julio Leite, carioca e morador de Brasília. Os dois se conheceram há dois anos na Venezuela e em setembro de 2010 registraram a união estável. Em março de 2011, Rodriguez foi contemplado com a residência permanente concedida pelo Conselho Nacional de Imigração. Agora, o próximo desafio será a revalidação do diploma de Yoan, que também é médico. Com informações da Assessoria de Imprensa do Ministério da Justiça.

Revista Consultor Jurídico, 18 de novembro de 2011

A mulher de ontem e a de hoje. O mundo de ontem e o de hoje.


Aproveitando um pouco do afã que ainda estamos devido o dia 15 de novembro temos algumas considerações, principalmente referentes à mulher e que considero que devem ser repensadas, especialmente por elas.

Temos um pequeno grande problema: todas as vezes que falamos sobre o tema mulher, os ânimos ficam aflorados, os dedos em riste e os cabelos em pé. Digo isso, inclusive com relação às mulheres que consideramos católicas, conservadoras e coerentes. Óbvio que não refiro a todas porque não conheço todas, mas a maioria esmagadora sim!

Vamos começar com um período anterior à República, aliás, vamos começar com um período anterior ao império brasileiro e até ao português. Vamos nos remeter ao paganismo anterior e contemporâneo a Cristo. Nesse período a mulher era considerada coisa e meio de procriação sem outra função social qualquer que fosse. Era considerada inferior com algumas exceções, mas estava no meio pagão um pouco acima dos escravos. Não havia fidelidade conjugal e nem ideia do que poderia ser isso. Os senhores copulavam com suas escravas na frente das esposas e promoviam orgias sem fim. Havia uma venda do corpo feminino de forma aviltante e inescrupulosa, isso pelo simples fato de que não tinham a mínima consciência do valor do corpo e do motivo de não se ver o outro como coisa.

Havia, sim, uma pequena nação que valorizava e entendia a fidelidade conjugal de ambos os cônjuges como divina e necessária para uma boa formação individual e social. Vários outros grupos de nações tinham, com certeza, a fidelidade conjugal com regra, mas a maioria absoluta tinha essa fidelidade como exigência apenas por um lado, o feminino. Ao homem tudo era possível!

Bom, voltando àquele pequeno grupo, temos que eles começaram a crescer aos olhos de muitos devido justamente a sua teia social que o mantinha. Enquanto isso o paganismo se alastrava como deve sempre acontecer, afinal o homem e a mulher sempre preferem o prazer individual ao sofrimento de frear seus impulsos.

Aquele pequeno grupo acabou por dar ao mundo um homem que dividiu as eras em antes e depois Dele. Bom, essa história já é conhecida da maioria e não vamos nos ater a ela. Lembre-se que ser conhecida é uma coisa, entender é outra, mas vamos pra frente!

Passado o tempo, o catolicismo, fundado por aquele homem de que falamos lá atrás começou a estabelecer as regras e é ai que a situação da mulher e do escravo mudam.

A partir do momento em que a Igreja toma conta da vida social, que estava simplesmente um caos, sem regras, moral ou sistemática estatal, a coisa começa a mudar. Na visão de alguns historiadores esquerdopatas a Igreja oprimiu o mundo nesse período que foi caluniosamente chamado de Idade Média.

Nos primeiros 500 anos do primeiro milênio as orgias continuaram, a mulher continuava a ser vista como coisa e objeto de prazer e era vendida facilmente por qualquer coisa que pudesse render ou não. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Mas onde estávamos mesmo? Ah sim, na Igreja oprimindo o mundo! Pois bem, ela oprimiu o mundo com a organização da política, com a formação de leis e com o ensino da população para que seguissem essas leis (desde que não se chocassem com as leis de Deus, nada mais justo). Criou escolas às milhares, formou bibliotecas, criou as faculdades, manteve o acervo literário e cultural da antiguidade, já que sem a Igreja nem conheceríamos Aristóteles, Platão e a grande maioria dos filósofos gregos. Estimulou as ciências dentro das faculdades, criou a economia moderna, criou o que se chama hoje de sistema financeiro e bancos. Inventou um novo sistema penal que trazia uma amplitude de direitos aos acusados, inclusive o inédito direito de ser ouvido, olha que absurdo! Inventou os presídios com o mínimo de direitos humanos, inventou os hospitais e fez florescer o próprio conceito de direitos humanos.

Mas o mais importante de tudo ficou pra trás na cabeça de nossos historiadores e feministas que não informam todas essas opressões da Igreja Católica. Foi ela que acabou com a ideia de escravidão!

“Mas que absurdo dizer isso”, diria uns. Pense comigo então, ó sábio vestibulando ou universitário que invade reitorias: A escravidão era a regra antes do catolicismo tomar conta. Era o tempo do paganismo na antiguidade. Na época da chamada Idade Média, não haviam escravos, haviam servos. A diferença, ó sapiência secundarista, é que o escravo era coisa, seu senhor tinha direito inclusive sobre sua vida. O servo era aquele que se colocava a disposição voluntariamente para trabalhar. Ninguém tinha direito sobre sua vida e ele não era conquistado. Mas vamos seguir com o raciocínio. Na Idade Média, quando as pessoas viviam, grande parte delas pelo menos, sob a égide do catolicismo, a mulher não era vista como objeto, mas como mãe, como formadora de consciências e professora. Um horror para as feministas de hoje em dia.

A mulher, querendo ou não, forma um nação, quando elas seguem esse feminismo escandaloso que hoje reina, não formam nem suas próprias consciências. Querem me dizer que hoje a mulher é mais valorizada?

Bom, seguindo, temos que houve o renascimento. Renascimento de que? Os inimigos da Igreja Católica são tão sem criatividade que quiseram fazer uma analogia com a ressurreição de Cristo e apenas procuraram um sinônimo mais próximo. Chegaram à conclusão que renascimento era bom. Mas o que devia renascer? Cristo é que não era, pois eles o negavam e negam até hoje. O renascimento que tanto pregam como se fosse a salvação do mundo nas escolas, foi nada menos que o renascimento do paganismo. O paganismo renascia depois de ter sido sepultado pela Igreja na Idade Média. Com o nome quiseram dar ao renascimento a mesma importância da Ressurreição de Cristo.

Pois bem, com o Renascimento do paganismo ressurge, também, a escravidão. Era óbvio! Só existe escravidão antes e depois da Idade Média, durante ela não se houve falar de escravos.

Junto com o Renascimento voltam também o culto ao corpo, e ai as roupas passam a ser mais vistosas e feitas para delinear esse corpo, especialmente o feminino, para que seja mais sensual. A venda do corpo feminino volta com toda a força e as mulheres acham isso uma beleza. Consideram que estão sendo mais valorizadas porque estão sendo mais desejadas pelos homens. São vários erros em um só pensamento: primeiro porque não estão sendo mais valorizadas porque são mais desejadas, são mais desejadas porque se mostram mais e vendem seu corpo, mesmo que só a imagem dele. O homem não está valorizando ninguém, mas apenas está querendo mais prazer. Segundo porque a mulher se pauta pela vontade do homem e não dela mesma. Isso é liberdade onde? Isso é valorização de que forma? Terceiro porque o que é valorizado é o corpo e não o que a pessoa é ou pode fazer. Enfim, vira uma coisa, um objeto de prazer que se usa e joga fora. Assim é até hoje e cada dia fica pior.

Voltando ao império brasileiro, ele era descendente de uma família com tradição religiosa o que gerou pessoas com um mínimo de escrúpulos a culminar com a Princesa Isabel, que foi quem aboliu a escravidão no país e não tem um arranhão em sua vida pública, a não ser o erro de ser uma princesa. Erro na visão dos republicanos.

A última mulher a estar a frente do império era tão íntegra em suas atitudes e transparente e suas palavras e atos, que está com processo de beatificação correndo no Vaticano. Por outro lado, temos agora, na presidência da República, a primeira mulher. Acho que teremos mesmo que falar dela. Uma terrorista, que matou algumas pessoas, seqüestrou outras, assaltou bancos, falsificou documentos e sequer tem o nome que assumiu como seu para tomar posse da presidência.

A mulher de um século pra cá passou a ser a mulher das propagandas de cerveja, a mulher das propagandas de carro e tudo o mais que for vendável. A mulher passa a figurar nua em qualquer coisa. Essa é a mulher livre que temos hoje!

A mulher atual está tão atarefada para seus compromissos profissionais que esquece-se que nasceu para ser mãe, nasceu para gerar a vida e que precisa dar prioridade para isso. Ninguém quer que a mulher seja uma pessoa que aceita tudo, oprimida e submissa, que vive grávida. Alguém falou isso aqui? Então não coloquem palavras em minha boca! Apenas estou dizendo que a prioridade é a família e não a carreira profissional. A mulher não quer ter filhos porque é escrava de uma moda que define o tipo de corpo que precisa ter. Se tiver filhos esse corpo sai do padrão de moda a qual é escrava. Isso é liberdade? Onde?

A mulher é escrava de um pensamento de liberdade sem sal que apenas a afasta de homens e filhos. Homens não são mais capazes de pensar em mulheres como um ser humano, mas apenas como objeto de seu prazer. E não passa disso também, “pensar”. As máquinas sexuais que são vendidas na TV não estão ao alcance dos homens normais, o que eles podem fazer é imaginar que conseguem ter essas máquinas sexuais e provocam o prazer em si mesmos, nada mais que isso. Afinal, a miudeza que os homens se vêem perante essas monstruosidades de beleza photoshopadas é algo inatingível nas brochas calças sociais que temos que usar para ganhar mais e mais dinheiro, a fim de entregar mais e mais ao Estado ou a prazeres individuais, que fazem do homem e da mulher seres cada vez mais escravos e dependentes do alucinógeno que se tornou o prazer sexual. Esse alucinógeno faz do homem e da mulher, especialmente da mulher, nada amais que um pedaço de carne a ser vendida em qualquer esquina ou outdoor.

Se você chegou a ler até aqui, de duas uma: ou concorda com o que eu digo ou está esperando os contatos para me esculhambar. Nesse último caso, aos que me cobrarem referências do que foi aqui escrito, afirmo que se trata de uma crônica, sendo assim, se quiserem colocar a prova o que escrevi que procurem os dados. Só afirmou que eles existe. Quem sabe é uma forma de aprenderem um pouco mais com muita gente boa que tem por ai?!

Por outro lado, minha conclusão é que uma sociedade que demoniza o cigarro, mas pede a legalização da maconha, não pode estar normal. Uma sociedade que incentiva o sexo livre com preservativos, mas não consegue controlar os exorbitantes níveis de DST’s, só pode estar fora do controle. Uma sociedade que incentiva a venda do sexo como algo comum, mas que não consegue conter os psicóticos sexuais que surgem de um pensamento desses, não pode dizer que o louco aqui sou eu.