segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Brasília. Mensalinho. Arruda. Armadura. PT. Porque?

Estive vendo e lendo os jornais desse final de semana e como não posso colocar tramela nos ouvidos e olhos, acabei por ouvir, incessantemente, sobre o assunto da corrupção no governo distrital de Brasília.

Acabei sabendo todos os detalhes sórdidos e todas as nuances. Claro que a imprensa se esqueceu de informar que se trata de possibilidade e que as imagens não foram gravadas ontem mas em 2005. Mas isso não importa.

O que me deixa extasiado é que trata-se de uma espécie de crime já bastante conhecido do povo brasileiro e que foi "tipificado" como mensalão. Existe a forma diminutiva chamada mensalinho, mas que não parece ser atenuante mas apenas está em um outro grau da administração que não o legislativo federal. Bom, pelo menos foi isso que entendi. Para os que procuram um tema para escrever um livro eis minha sugestão: escrevam um dicionário do que a imprensa queria dizer com essa ou aquela expressão.

Mas voltando ao assunto, alguém se lembra quem inaugurou esse tipo de crime? Pois é, eu me lembro! E me lembro também que o presidente da República na época não respondeu por nada, simplesmente porque não sabia de nada. Será que Arruda também não sabia? Bom, ele tem um agravante que é a filmagem. Mas e daí? Onde está a armadura em volta de Arruda? Será que só o PT tem direito?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Formação. Ligação coma Igreja. Distância. Morte através da política.

Alguns anos trabalhando com formação católica, cheguei a uma conclusão: aprendi que não posso e não tenho que divulgar minhas verdades e que essas certezas que tenho vão se rachando a cada linha ensinada pela Igreja.


De anos pra cá muito precisou ser reformado e até demolido em meu pensamento, que entendi ser revolucionário, ou seja, um pensamento cheio de certezas e que justificava os meios pelos fins.


Vivemos em um mundo em que, sem querer (ou não), temos certezas cercadas por uma carapaça de justiça e de busca da verdade mas que, na verdade, não passa de arrogância e orgulho de parar e pensar que não sou dono da verdade nem nunca serei. A única verdade emana de um único lugar, e sabemos qual é esse lugar e de quem se trata.


Faço formação católica porque sou bonzinho e tenho um ideal vazio de um mundo melhor? Não. Faço porque sou interesseiro. Explico porque.


Meu objetivo é e sempre foi minha salvação. A questão é que, seguindo os passos da Igreja acabo usando bons meios para um ótimo fim.


Deus nunca me revelou que deveria fazer isso ou aquilo, afinal me considero um tanto quanto mínimo para ter um relacionamento tão íntimo assim com Deus. Outras pessoas conversam, ou dizem que conversam, com Deus quase que diariamente, não é o meu caso. Eu tento. Mas daí a ouvi-lo com tanta nitidez já é outra questão.


Ouço Deus através da Igreja. A Igreja que Ele mesmo fundou e disse que é indestrutível, apesar dos percalços que deveria passar. Deus revelou à Igreja através de seus apóstolos: “eis que vos enviarei como cordeiros em meio a lobos”. Essa a cada dia que passa eu sinto na pele. Descobri que quanto mais próximo se chega da Igreja, portanto de Deus, mais atacado você passa a ser. Não ser trata de ataque unilateral, se trata de ataque de todos os lados, inclusive de dentro. A esquerda, a direita, os cristãos mais distantes, os não cristãos e os ateus, o comunismo e o capitalismo selvagem, as roupas e as atitudes, os amigos e inimigos. Realmente são lobos, assim mesmo, no plural.


Contudo, a gratificação de sentir essa perseguição na pele é de uma enormidade tão grande que se torna paradoxal para alguns. A questão é entender que a gratificação vem de fazer a vontade de Deus através de Sua Igreja. Não interessa se vai ser bom ou mau para o que eu considero bom ou mau, interessa que seja bom para Deus, e Esse eu não vou entender em Sua plenitude. Então literalmente entrego pra Deus.


“Ai de mim se não evangelizar”. Essa é outra revelação que vem de Deus através de São Paulo e foi confirmada pela Igreja. Então, se ela, a Igreja, determina que devo evangelizar assim devo proceder. Ela, a Igreja, não manda por vontade própria mas porque Deus determina, será que conseguimos entender isso? É uma instituição Divina.


Acho que até ai está fácil. O problema é quando começamos a evangelizar de nossa própria cabeça. Que pensamento esquizofrênico é esse que começa com uma determinação da Igreja e termina em ir contra ela? Não posso, não devo evangelizar da minha cabeça. A Igreja nos revela a forma com que isso deve ser feito e o que dizer e porque dizer. Ela nos revela exatamente o que e como fazer. Ai eu resolvo ir contra a lógica e evangelizar da minha cabeça porque Deus me disse...


Essas revelações bíblicas que citei acima não são as únicas. Existem diversas outras que não estão na Bíblia, que são igualmente revelações de Deus e que, igualmente, tenho que seguir com o mesmo estímulo e mesmo impulso.


Verdades de fé e moral ensinadas infalivelmente pelos 266 Papas até aqui, são também verdades que devem ser ensinadas.


Qual a loucura de um pensamento que entende que o ensinamento de Deus deve emanar da cabeça de cada um? A cabeça de cada um já fez absurdos com a humanidade, veja-se Stalin, Mao-Tsé Tung e Hitler. Esse último, diga-se de passagem, foi uma criança com estilingue na mão perto dos outros dois. Foi esse pensamento humano e distante da Igreja que criou mais de cem milhões de mortos. Estaríamos nós voltando a esse pensamento ao aderir a uma política tão afastada de Deus quanto a que vemos surgir há algumas décadas no Brasil? Um caso a pensar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

12 razões para o crucifixo na escola e para a liberdade.

Lendo meus e-mails ontem, vi que tinha no informativo do ZENIT com o mesmo título e ali algo que me interessava. Todos sabem que no Tribunal Europeu para os Direitos Humanos a luta tem sido dura com relação entendimentos do vem a ser liberdade religiosa e a conseqüente retirada dos crucifixos das salas de aula das escolas italianas.


Bem, um grande historiador chamado Martin Kugler, afirma que: “A verdadeira liberdade religiosa não é a liberdade da religião”, em resposta à decisão daquela Tribunal.


Kugler, que é diretor da rede de defesa dos direitos humanos Christianophobia.eu, com sede em Viena, ofereceu nada menos que 12 teses que mostram o pensamento absolutamente equivocado do dito Tribunal que decidiu a favor de uma mãe ateia que protestou pelos crucifixos pendurados na escola dos seus filhos.


“O direito à liberdade religiosa pode significar somente seu exercício, não a liberdade de confrontar; o significado de ‘liberdade de religião’ não tem nada a ver com a criação de uma sociedade ‘livre da religião’”


“Eliminar à força o símbolo da cruz é uma violação, como seria obrigar os ateus a pendurarem este símbolo.”


“A parede branca também é uma declaração ideológica, especialmente se nos primeiros séculos não podia estar vazia”.


“Um Estado neutro com relação aos valores é uma ficção frequentemente utilizada com um objetivo de propaganda.”


Para Kugler, decisões como a do Tribunal europeu atacam realmente a religião, ao invés de lutar contra a intolerância religiosa que é um mau que assola as sociedades como um todo, não só a européia. No lugar de lutar contra esse mau o Tribunal simplesmente joga metanol nas chamas já acesas. Alfineta e ferida aberta.


“Não se pode combater os problemas políticos lutando contra a religião. O fundamentalismo antirreligioso se torna cúmplice do fundamentalismo religioso quando provoca com a intolerância.”


“A maior parte das pessoas afetadas gostaria de manter a cruz – declara. É também um problema de política democrática, dando descaradamente prioridade aos interesses individuais.”


Retomando os argumentos propostos pelo governo italiano em defesa dos crucifixos nas salas de aula, Kugler indica que “a cruz é o Logos da Europa; é um símbolo religioso, mas também muito mais que isso”.


Interessante como pais ateus podem se sentir violados e entender que a educação de seus filhos vem sendo vilipendiada devido a uma cruz na parede de uma sala de aula, mas eu não posso me sentir extremamente insatisfeito e ferido por ter a foto de um presidente a meu ver incompetente e corrupto, o qual eu não votei, na parede de uma repartição pública ou dos Correios (uma empresa de economia mista).


Tudo se trata de questão de democracia, se assim querem ver. Prefiro olhar para outros lados. Da minha parte o religioso, claro, e também o histórico. A cruz faz parte da história da humanidade ocidental. Ela contém um teor histórico de uma enormidade sem tamanho. Será que isso não é educação? Parece que não. Esquecem o que contém no símbolo e só levam em consideração a primeira impressão, que, decididamente não deve ser a que fica.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Liberdade religiosa retrocede no Ocidente

Entrevista com o editor do site e-libertadreligiosa.net

Por Inma Álvarez

BUENOS AIRES, terça-feira, 3 de novembro de 2009 (ZENIT.org).- A liberdade religiosa retrocede no mundo, especialmente no Ocidente, segundo o presbítero Pedro María Reyes Vizcaíno, autor de e-libertadreligiosa.net, um site que recolhe notícias e reflexões do mundo inteiro sobre esta questão.

Reyes Vizcaíno é licenciado em Direito pela Universidade Autônoma de Madri e doutor em Direito Canônico pela Universidade de Navarra. Ordenado sacerdote em 1992, atualmente reside na Argentina. É também autor de Ius Canonicum, um site de consulta sobre questões de Direito Canônico.

Além de sua atividade como canonista, ele se dedica a pesquisar sobre a liberdade religiosa “por interesse pessoal”, um campo que, em sua opinião, requer maior atenção por parte da opinião pública. Assim explica ele nesta entrevista concedida à Zenit.

-Em termos gerais, você diria que a liberdade religiosa está retrocedendo no mundo? Que fatores estariam levando a isso?

Pedro Reyes: Parece claro que nas últimas décadas estamos assistindo a um retrocesso da liberdade religiosa no mundo. Como exemplo, estão as perseguições contra os cristãos, que às vezes são violentíssimas, com mortes e expulsões de territórios.

O século XX foi chamado de século dos mártires. Por ocasião do grande jubileu do ano 2000, a Santa Sé reuniu em um livro testemunhos de pessoas que padeceram a morte por causa da sua fé. Recolheu-se o testemunho de 12.692 pessoas dos cinco continentes.

Desde 2000, não parece que as perseguições diminuíram. Em outubro de 2008, a organização evangélica Release International advertiu que em 2009 haveria 300 milhões de cristãos que sofreriam perseguição no mundo por causa da sua fé. O observador da Santa Sé nas Nações Unidas, Dom Celestino Migliore, no último dia 21 de outubro, falou de 200 milhões.

No entanto, existem outros atentados à liberdade religiosa, mais solapados, ainda que não sejam violentos, e ocorrem na Europa Ocidental. Nesta região do mundo, está sendo difundida uma doutrina laicista radical que pretende desterrar a fé cristã – ou qualquer outra crença religiosa – da vida pública. Em nome do laicismo, tenta-se proibir qualquer manifestação pública da fé. Expulsam-se os crucifixos de lugares públicos, proíbem-se celebrações religiosas nas ruas, ou o que é pior: censura-se a opinião dos bispos com o único argumento de que é um bispo.

Chegou-se a limites que parecem ridículos, como a denúncia na FIFA contra a seleção brasileira, em julho deste ano, porque, depois de ganhar o troféu, os jogadores fizeram uma oração de ação de graças a Deus. Ou a tentativa, na Catalunha, de trocar o nome das férias de Natal ou de Semana Santa por férias de inverno ou outono, neste curso acadêmico.

-Após a queda do Muro de Berlim e a liberdade recobrada nos países do Leste, especialmente a liberdade religiosa, parecia que o sistema de liberdades do Ocidente estava se consolidando. Não é assim?

Pedro Reyes: Efetivamente, em 1989, o mundo inteiro – e a Europa em particular – parecia acordar de um pesadelo e amanhecia para uma nova era de liberdade e de paz. Tive a sorte de morar em Roma naquele ano e lembro com emoção da passagem de Gorbatchov pela Via della Conciliazione rumo ao Vaticano, para ter uma entrevista com João Paulo II pela primeira vez. Lá estávamos nós, centenas de pessoas, leigos, sacerdotes, frades e freiras aplaudindo o líder da União Soviética como um libertador. Quem teria pensado nisso um ou dois anos antes?

O que ocorreu na Europa Oriental é um exemplo de que nem tudo foi negativo nas últimas décadas. Naqueles países havia milhões de cristãos que viviam na Igreja das catacumbas e agora podem praticar sua fé à luz do dia. Mas ainda há um desafio pela frente, que consiste em conjugar a liberdade religiosa com o desenvolvimento completo da pessoa, sem cair, por exemplo, no laicismo, como está acontecendo nos demais países da cultura ocidental.

-De onde surge politicamente o laicismo atual? O que ele pretende? Por que uma das suas exigências fundamentais, em todos os lugares onde triunfa, são os chamados “direitos sexuais e reprodutivos”?

Pedro Reyes: O laicismo positivo realmente tem raízes cristãs. Em uma época tão antiga, como no ano de 494, o Papa Gelásio I dizia na carta ao imperador Atanásio I que existem “dois poderes pelos quais este mundo é particularmente governado: a sagrada autoridade dos papas e o poder real”. E lhe recordava que, assim como o imperador deve obedecer os sacerdotes em questões espirituais, “em assuntos que se referem à administração da disciplina pública, os bispos da Igreja, sabendo que o império lhe foi outorgado pela disposição divina, obedecem as suas leis, para que não pareça que há opiniões contrárias em questões puramente materiais”.

Outro assunto é a origem do laicismo radical que agora se estende pelo mundo. Suas raízes devem se encontrar na Ilustração e na Revolução francesa, que considerou o catolicismo como um inimigo e pretendeu reorganizar a Igreja Católica e inclusive exigiu dos sacerdotes um juramento de fidelidade à nova organização.

Desde então, de uma forma ou de outra, os poderes públicos tiveram muitas vezes a tentação de intervir nos assuntos da Igreja Católica. Parece que um dos grandes desejos dos laicistas radicais é dizer à Igreja o que se deve pregar nos sermões, como se as homilias ou as doutrinas religiosas devessem ser aprovadas antes nos parlamentos. É interessante que aqueles que se escandalizam por um bispo que critica uma lei o fazem em nome da plena autonomia do Estado e da Igreja. Não suportam que uma confissão considere certas condutas como pecado.

A insistência nos chamados direitos reprodutivos e sexuais procede das correntes que saíram à luz na revolução de maio de 1968, o Maio Francês. Desde então, pretende-se introduzir estes conceitos no tráfico jurídico. Para esse momento, estava completo o quadro de declarações internacionais de direitos humanos, com a Declaração Universal aprovada pelas Nações Unidas em 1948. Os promotores destes supostos direitos estão tentando redefinir o conteúdo dos direitos humanos de acordo com seu preconceito.

Do ponto de vista da liberdade religiosa, parece claro que é uma falácia que se tente limitar a liberdade dos crentes de expressar suas convicções em assuntos de moral (que é um direito reconhecido pelo artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e por todos os tratados internacionais na matéria) para tutelar um direito que nem sequer está reconhecido.

-Que peso teve na Igreja o decreto conciliar da liberdade religiosa? Será que ele preparou a Igreja para os tempos atuais?

Pedro Reyes: Acho que a melhor resposta foi a dada por Joseph Ratzinger em 1965. Naquele ano, ele afirmou: “Tempos virão em que o debate sobre a liberdade religiosa será contado entre os acontecimentos mais relevantes do Concílio (...). Neste debate, estava presente na basílica de São Pedro o que chamamos de o fim da Idade Média, e mais ainda, da era constantiniana. Poucas coisas dos últimos 150 anos inferiram à Igreja tão ingente dano como a persistência em posições próprias de uma Igreja estatal, deixada atrás pelo curso da história” (Joseph Ratzinger, Resultados e perspectivas na Igreja conciliar, Buenos Aires 1965).

Ainda não há perspectiva histórica para advertir a importância do decreto Dignitatis humanae sobre a liberdade religiosa. Mas desejamos que tenha tanta transcendência como se augura. Se as expectativas forem cumpridas, poderemos dizer que com este decreto se inaugurou uma nova etapa nas relações entre a Igreja e o Estado, baseadas no respeito mútuo e na autonomia de ambas as realidades.

Penso que a Dignitatis Humanae contém, na verdade, um desafio para os católicos. De fato, este documento conciliar, além de declarar a imunidade de coação em matéria de liberdade religiosa, também proclama a obrigatoriedade de cada homem de seguir os ditados da sua consciência.

Desde o momento em que os cristãos têm o dever de transformar as estruturas da sociedade de forma cristã – tarefa peculiar dos fiéis leigos –, estaria fora de lugar delegar esta tarefa a uma instituição política, seja o Estado ou qualquer outra. Os Estados devem respeitar a lei natural, mas são os fiéis cristãos que devem conseguir que a sociedade seja cada dia mais cristã.

-Quais são as agressões mais frequentes à liberdade religiosa?

Pedro Reyes: Em um primeiro momento, devem ser citados os atentados violentos à liberdade religiosa. Nos países de tradição muçulmana, a liberdade religiosa está ausente em muitos âmbitos. A Arábia Saudita é o exemplo mais lacerante, porque está proibindo o culto não-muçulmano, inclusive em privado e na intimidade do lar. Quem tiver uma cruz em sua casa, arrisca-se a graves penas. Não é um problema pequeno: algumas fontes calculam que há cerca de 1 milhão de cristãos residentes naquele país, sobretudo filipinos e outros imigrantes asiáticos e da Europa Oriental.

Em quase todos os demais países muçulmanos, por pressão de grupos islâmicos radicais, estão sendo aprovadas leis muito restritivas da liberdade religiosa. No Paquistão, existem leis antiblasfêmia que deixam os cristãos indefesos diante de qualquer acusação; na Argélia e no Egito, existem leis anticonversão; no Iraque, estão sendo expulsos do país; em Marrocos, expulsaram um grupo de cristãos evangélicos pelo delito de “proselitismo religioso” etc.

Na Índia, os não-hindus cada vez têm mais dificuldade de desenvolver-se. Vários Estados aprovaram leis anticonversão e – o que é mais grave –, no verão de 2008, grupos hindus radicais lançaram uma violenta perseguição contra os cristãos no Estado de Orissa, que deixou mais de 500 mortos, segundo algumas fontes. É chamativo que estes fatos quase não sejam divulgados na mídia ocidental.

Na China, existe atualmente uma Igreja das catacumbas, que é a Igreja Católica fiel a Roma, que não aceita os bispos impostos pelo regime. Além disso, é conhecido que nesse país os budistas do Tibet têm a liberdade de culto muito restrita.

Há outro âmbito em que se assistiu a um retrocesso na liberdade religiosa e é nos países ocidentais. Como já foi indicado, neles está se difundindo certa mentalidade laicista que é contrária à liberdade religiosa.

Não me refiro ao laicismo sadio que propugna a separação da Igreja e do Estado sem mútuas ingerências e com relação às suas respectivas funções na sociedade, o que me parece elogiável. Como disse Bento XVI, “é fundamental, por um lado, insistir sobre a distinção entre o âmbito político e o religioso, para tutelar quer a liberdade religiosa dos cidadãos quer a responsabilidade do Estado em relação a eles, e, por outro, conscientizar-se mais claramente da função insubstituível da religião na formação das consciências e da contribuição que a mesma pode dar, juntamente com outras instâncias, para a criação de um consenso ético fundamental na sociedade” (Bento XVI, Discurso diante das autoridades do Estado no Palácio Eliseu em Paris, 14 de setembro de 2008).

O laicismo radical, que é contrário à liberdade religiosa, pretende reduzir a fé religiosa ao âmbito privado, como se a fé não tivesse manifestações externas. Nos países ocidentais, vemos exemplos desse laicismo todos os dias; por exemplo, quando se critica os bispos porque dão orientações aos católicos sobre leis do aborto ou de casamentos homossexuais (como se houvesse leis que proibissem os bispos, e somente eles, de opinar sobre as leis), ou quando se pede aos cidadãos ou aos deputados que votem com independência de suas crenças.

Segundo o Papa, “não se pode limitar a plena garantia da liberdade religiosa ao livre exercício do culto, mas é preciso levar em consideração a dimensão pública da religião e, portanto, a possibilidade de que os crentes contribuam para a construção da ordem social” (Bento XVI, Discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, 18 de abril de 2008).

-Falando concretamente sobre a nova lei de liberdade religiosa na Espanha, que os católicos olham em geral com receio, em que vai mudar as coisas?

Pedro Reyes: Realmente, é difícil julgar a intenção do governo ao anunciar esta nova lei, pois ele o fez há mais de um ano e ainda não se conhece o projeto. Unicamente conhecemos certas declarações vagas da vice-presidente do governo, María Teresa Fernández de la Vega, afirmando que garantirá melhor o exercício deste direito ou que promoverá a sã laicidade do Estado. Estas declarações são o suficientemente ambíguas como para que não seja possível emitir um juízo.

Só revelou um ponto concreto, e é que a nova lei pretende retirar todos os símbolos religiosos que existam nos colégios e institutos públicos, com exceção daqueles que tenham valor histórico ou artístico. Considero esta medida uma discriminação contra os cristãos, mas não é uma grande mudança. Suponho que o projeto de lei que o governo está preparando terá reformas mais importantes.

A reforma prevista da Lei Orgânica de Liberdade Religiosa de 1980 deverá ter em conta em todo caso a Constituição Espanhola de 1978, que em seu artigo 16 “garante a liberdade ideológica, religiosa e de culto dos indivíduos e das comunidades sem mais limitação, em suas manifestações” e ordena aos poderes públicos ter em conta as crenças religiosas da sociedade espanhola e manter as conseguintes relações de cooperação com a Igreja Católica e as demais confissões.

Se o Governo, com a nova lei, realmente pretendesse desenvolver a Constituição de acordo com as exigências atuais e à luz da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promoveria o laicismo sadio e limitaria o laicismo radical. Desejo que seja assim, mas teremos de esperar a que se apresente o projeto para emitir uma opinião.

-Parece que na América Latina avança um laicismo cada vez mais agressivo, especialmente na Venezuela, Colômbia... Quais as causas?

Pedro Reyes: Na América Latina se desenvolvem tendências intelectuais procedentes de outros continentes, sobretudo da Europa Ocidental. Em termos gerais, o laicismo da América Latina pretende expulsar a Igreja Católica do âmbito público, como no resto do mundo. No entanto, em cada país tem seus matizes, consequência da peculiar história de cada nação. Não é o mesmo laicismo do Uruguai –que funde raízes na fundação da República– o da Costa Rica, que proclama a religião católica como oficial no artigo 75 da Constituição.

O laicismo da América Latina também tem fontes próprias derivadas do indigenismo. Cada vez se aprecia mais o legado cultural dos povos originários da América, e por isso se tende a rechaçar qualquer intervenção cultural vinda de culturas exteriores, particularmente das nações colonizadoras. Os indigenistas mais radicais incluem entre elas o legado da evangelização.

Surpreende que os mesmos grupos que rechaçam a Igreja Católica por não pertencer ao legado dos povos históricos aceitem sem nenhum espírito crítico os valores que agora se difundem desde a Europa como a anticoncepção, o aborto, etc., apesar de que com estas doutrinas está-se produzindo uma autêntica colonização cultural.

-De onde partiu sua ideia de fazer um site sobre liberdade religiosa?

Pedro Reyes: Comecei esta página web em primeiro lugar como uma contribuição para lutar contra o laicismo radical, posto que cada vez é mais agressivo. Também pensei que seria uma oportunidade de ajudar tantos irmãos na fé que atualmente estão sofrendo violência por sua fé e o suportam com grande fidelidade a Cristo. Pensei que uma boa ajuda era difundir na opinião pública estes ataques violentos.

Depois destes anos me dei conta de que esta motivação, que a tinha em segundo lugar, é cada vez mais urgente. Deus quer que em breve o site se faça desnecessário, pelo fato de se terem cessado as violências por causa da fé.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A DIGNIDADE DO SACERDOTE

Santo Afonso de Ligório dizia:

I. Idéia da dignidade sacerdotal

Diz Santo Inácio, mártir, que a dignidade sacerdotal tem a supremacia entre todas as dignidades criadas. Santo Efrém exclama: “É um prodígio espantoso a dignidade do sacerdócio, é grande, imensa, infinita". Segundo São João Crisóstomo, o sacerdócio, embora se exerça na terra, deve ser contado no número das coisas celestes. Citando Santo Agostinho, diz Bartolomeu Chassing que o sacerdote, alevantado acima de todos os poderes da terra e de todas as grandezas do Céu, só é inferior a Deus. E Inocêncio III assegura que o sacerdote está colocado entre Deus e o homem; é inferior a Deus, mas maior que o homem.
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Segundo São Dionísio, o sacerdócio é uma dignidade angélica, ou antes divina; por isso chama ao padre um homem divino. Numa palavra, concluí Sto. Efrém, a dignidade sacerdotal sobreleva a tudo quanto se pode conceber.
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Basta saber-se que, no dizer do próprio Jesus Cristo, os padres devem ser tratados como a sua pessoa: “ Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos despreza, a mim despreza” . Foi o que fez dizer ao autor da Obra imperfeita: "Honrar o sacerdote de Cristo, é honrar o Cristo; e fazer injúria ao sacerdote de Cristo, é fazê-la a Cristo”. Considerando a dignidade dos sacerdotes, Maria D’oignies beijava a terra em que eles punham os pés...

Muito interessante e importante porque diversas vezes não é bem isso o que vemos. Frequentemente pessoas da nossa Igreja apenas sabem criticar e denegrir a dignadade do sacerdote e até mesmo nós, de vez em quando fazemos isso, quando só deveríamos orar muito por eles.

No Livro: O Diálogo, de Santa Catarina de Sena, Deus Pai, diz a ela durante seus êxtases: "Se os ministros meditassem sobre a própria dignidade, não viveriam em pecado mortal, não manchariam sua alma. Se eles não me ofendessem, se não pecassem contra a própria dignidade, se entregassem até o corpo para ser queimado, mesmo assim não me agradeceriam suficientemente pelo dom que receberam. Neste mundo é impossível uma dignidade maior. São ungidos meus, meus cristos...Nem os anjos possuem dignidade igual a esta concedida aos homens na pessoa dos sacerdotes..." (Ed. Paulus, 8ª edição, 2004, pp. 235 e 236)

Ainda na mesma obra: "A respeito deles diz a Escritura: 'Não toqueis nos meus cristos' (Sl 105,15). Quem os punir cairá na maior infelicidade. Se me perguntares por que a culpa dos perseguidores da santa Igreja é a maior de todas e, ainda, por que não se deve ter menor respeito pelos meus ministros por causa de seus defeitos, respondo-te: porque em virtude do sangue por eles ministrados, toda reverência feita a eles, na realidade não atinge a eles, mas a mim...Quem vos obriga a respeitá-los é o ministério do sangue...” p. 239

"Quando desejais receber os sacramentos, procurais meus ministros; não por eles mesmos, mas pelo poder que lhes dei. Se recusais fazê-lo em caso de possibilidade, estais em perigo de condenação. A reverência é dada a mim e a meu Filho encarnado, que somos uma só coisa pela união da natureza divina com a humana. Mas também o desrespeito. Afirmo-te que devem ser respeitados pela autoridade que lhes dei, e por isso não podem ser ofendidos. Quem os ofende, a mim ofende. Disto a proibição: 'Não quero que mãos humanas toquem nos meus cristos!'
Nem poderá alguém escusar-se, dizendo: 'Eu não ofendo a santa Igreja, nem me revolto contra ela; apenas sou contra os defeitos dos maus pastores'! Tal pessoa mente sobre a própria cabeça...injúria ou ato de reverência dirigem-se a mim. Qualquer injúria: caçoadas, traições, afrontas. Já disse e repito: não quero que meus cristos sejam ofendidos. Somente eu devo puni-los, não outros." p. 239

E prossegue o assunto, explicando a Catarina de Sena o por quê de ser tão grave perseguir os sacerdotes. Mesmo que eles estejam errados, como por exemplo os envolvidos nas questões de pedofilia, que é público e notório, nosso dever é rezar por eles para que se convertam e nada mais.

Não se trata aqui de por panos quentes sobre os erros dos sacerdotes. Nada disso. Trata-se de entender que a dignidade dos sacerdotes está acima da nossa por sua própria situação. Eles não deixaram de serem homens, humanos. Possuem erros e muitos erros e devem saber que a quem muito é dado, muito será cobrado. Se a eles foi concedido serem sacerdotes é porque esse era o meio mais próximo da salvação para eles. Deus não concede nada a ninguém sabendo que essa concessão pode levar à perdição, ou seja, Deus não lhe permitiria ser sacerdote se não soubesse de sua capacidade e possibilidade de dignificar essa dignidade.

Os erros deles serão respondidos por eles perante Deus. Seus erros terrenos, se assim a lei determinar e for uma lei que segue, ou pelo menos tenta seguir os preceitos divinos, esses erros devem ser pagos conforme a sociedade assim determina, nada mais nada menos. Sua dignidade não é menor por isso.

A nós cabe mostrar seus erros, contudo com o devido respeito e reverência. Mostrar os erros não se trata de desrespeito. A forma de mostrar o erro é que pode fazer toda a diferença. Apontar o dedo e dizer “você está errado” não é a forma correta de corrigir um erro de quem quer que seja, quanto mais de um sacerdote. Corrigir um erro com uma correção fraterna é o que podemos fazer, além, claro, de rezar muito por eles.

O ano sacerdotal vem nos lembrar isso. Que os sacerdotes são dignos e deles muito é cobrado, tanto pelos homens quanto por Deus, mas que são humanos e erram e precisam muito de oração e ajuda nos momentos difíceis. Sua dignidade é intocável, mas seus erros existem. Não é fácil para nós fazer essa divisão entre a correção e o ataque puro e simples. Mas quem disse que ser católico é fácil? Quem disse que a porta é larga?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Anglicanos de volta ao Catolicismo.

VATICANO, 20 Out. 09 / 11:57 am (ACI).- Autoridades vaticanas anunciaram esta manhã a próxima publicação de uma Constituição Apostólica para responder aos “numerosos” pedidos de clérigos e fiéis anglicanos que desejam ingressar na Igreja Católica em comunhão plena.


Embora as autoridades não anteciparam cifras, sabe-se que um dos grupos que pediu dar este passo é a Comunhão Anglicana Tradicional, que conta com ao menos 400 mil pessoas, constituindo o maior grupo de anglicanos da história a ingressar na Igreja Católica.


Em uma conferência de imprensa celebrada esta manhã, o Cardeal Joseph Llevada, Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, explicou que a constituição “representa uma resposta necessária a um fenômeno mundial” e oferecerá um “modelo canônico único para a Igreja universal regulável a diversas situações locais, e em sua aplicação universal, eqüitativa para os ex-anglicanos”.


O modelo prevê a possibilidade da ordenação de clérigos casados ex-anglicanos, como sacerdotes católicos e esclarece que estes não poderiam ser ordenados bispos.


O Cardeal Llevada explicou que no documento “o Santo Padre introduziu uma estrutura canônica que provê a uma reunião corporativa através da instituição de Ordinariatos Pessoais, que permitirão aos fiéis ex-anglicanos entrar na plena comunhão com a Igreja católica, conservando ao mesmo tempo elementos do especifico patrimônio espiritual e litúrgico anglicano”.


A atenção e a guia pastoral para estes grupos de fiéis ex-anglicanos será assegurada por um Ordinariato Pessoal, do qual o Ordinário será habitualmente nomeado pelo clero ex-anglicano”, indicou o Cardeal, quem assinalou que ao menos uma vintena de bispos anglicanos solicitaram ingressar na Igreja Católica.


Do mesmo modo, explicou que a nova estrutura “está em consonância com o compromisso no diálogo ecumênico” e reiterou que “a iniciativa provém de vários grupos de anglicanos que declararam que compartilham a fé católica comum, como expressa o Catecismo da Igreja Católica, e que aceitam o ministério petrino como um elemento querido por Cristo para a Igreja. Para eles chegou o tempo de expressar esta união implícita em uma forma visível de plena comunhão”.


O Cardeal Llevada sublinhou que “Bento XVI espera que o clero e os fiéis anglicanos desejosos da união com a Igreja Católica encontrem nesta estrutura canônica a oportunidade de preservar aquelas tradições anglicanas que são preciosas para eles e de acordo com a fé católica”.


Assim que expressam em um modo distinto a fé professada usualmente, estas tradições são um dom que deverá ser compartilhado na Igreja universal. A união com a Igreja não exige a uniformidade que ignora as diversidades culturais, como demonstra a história do cristianismo. Além disso, as numerosas e diversas tradições hoje presentes na Igreja Católica estão todas enraizadas no princípio formulado por São Paulo em sua carta aos Efésios: ‘Um só Senhor, uma só fé, um só batismo’”, adicionou.

Finalmente, recordou que “nossa comunhão se reforçou por diversidades legítimas como estas, e estamos contentes de que estes homens e mulheres ofereçam suas contribuições particulares a nossa vida de fé comum”.


Em uma declaração conjunta, os arcebispos de Westminster e Canterbury, respectivamente Vincent Gerard Nichols e Rowan Williams, afirmam que o anúncio da Constituição Apostólica “acaba com um período de incerteza para os grupos que nutriam esperanças de novas formas para alcançar a unidade com a Igreja Católica”.


Agora é a vez dos que cursaram petições desse tipo à Santa Sé responderem à Constituição Apostólica”, que é “conseqüência do diálogo ecumênico entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana”, indicaram.


Dom Augustine DiNoia, que colaborou na redação da nova estrutura, recordou que “estivemos durante 40 anos a favor da unidade. As orações encontraram respostas que não antecipamos”.


Para o Arcebispo, ocorreu um “giro tremendo” no movimento ecumênico e rechaçou as acusações de quem chama de “dissidentes” a estes anglicanos. “Eles estão assentindo ao obrar do Espírito Santo para estar em união com Pedro, com a Igreja Católica”, precisou.


Dom DiNoia explicou que ainda se trabalha nos detalhes técnicos e estes Ordinariatos Pessoais poderiam sofrer variações em sua forma final. Os detalhes completos da Constituição Apostólica serão publicados em algumas semanas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Buscar a santificação é coisa diária.

Engraçado como as pessoas entendem a santidade. Esses dias falávamos aqui mesmo sobre quem é o típico religioso. Discorremos que a Igreja não é para os santos, esses estão prontos, a Igreja é para os pecadores. Não é para os bonzinhos, mas especificamente para os mauzinhos, pois assim se redimiriam dos seus erros.


A visão que a sociedade tem, constatadamente é equívoca e equívoca também é a visão que temos sobre o caminho da santidade.


Esquecemos, frequentemente, que a santidade por aqui é sempre um caminho para a santidade, um caminho de santificação. Ninguém está pronto, ninguém atinge a santidade e a partir dali é santo. Isso não existe. Quem alcançou a santidade e estagnou nessa situação já morreu fisicamente. Esses não deixarão de ser santos nunca mais. Nós temos uma longa caminhada pela frente. A luta é diária, pois a tentação é diária.


Porque pensamos que os grandes santos que estão em nossos altares não passaram por dificuldades? Será que atingiram um patamar de santidade e ali de acomodaram aguardando o arrebatamento? Claro que não. Se santificaram dia após dia, tentação após tentação.


É certo que souberam lhe dar melhor com essas tentações do que nós, mas só souberam por que buscaram o caminho da santidade. Porque teimamos em não buscar a santificação e achar que é algo impossível (?) ou que podemos deixar essa ou aquela atitude para quando eu atingir minha santidade? Entendamos que esse momento não chegará. Pelo menos não para você ir realizar qualquer outra coisa. A santidade se conquista diariamente. Não se atinge a santidade e pronto!!! Sou santo. Agora vamos viver essa santidade dentre a humanidade podre e pecadora.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"E vós, quem dizeis que Eu sou" Monsenhor João S. Clá Dias

"E vós, quem dizeis que Eu sou". Reconhecer a Jesus Cristo como filho de Deus significa aceitar não somente suas glórias, mas todo o seu sofrimento em favor da humanidade. Como diz Mons. João S. Clá Dias, nesta homilia, “A fé se prova pela aceitação resignada dos dramas da vida”.

Não há nada como ouvir uma homilia dentro da ortoxia em meio a tanta coisa estranha que se é obrigado a ouvir e ver por ai. Recomendo vivamente essa pequena homilia que parece algo muito próximo de todos nós, mas ao mesmo tempo tão distante.


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Epidemiologista francês respalda Papa sobre preservativo.

Recorda que inclusive ONUSIDA lhe dá razão

PARIS, terça-feira, 15 de setembro de 2009 (ZENIT.org).- Para René Ecochard, professor de medicina, epidemiologista, chefe do serviço de bioestatística do Centro Hospitalar Universitário de Lyon, "as palavras de Bento XVI sobre o preservativo são simplesmente realistas".

Este é, de fato, o título de um documento que assinou em abril passado, após a viagem pontifícia à África (de 17 a 23 de março) e a polêmica lançada por meios de comunicação ocidentais sobre as declarações do Papa sobre o preservativo.

Entrevistado pelo jornal francês La Manche Libre, o professor Ecochard lamentou "a falta de realismo" que se dá "nesta questão que é prisioneira da ideologia". Parece algo como "se a opinião perdesse seus pontos de referência quando enfrenta as questões da sexualidade e da família".

René Ecochard considera que "se deu um erro de compreensão na opinião pública". "As pessoas acreditaram que o Papa falava da eficácia do plástico, do preservativo, quando na realidade falava das campanhas de difusão do preservativo. Isto é muito diferente".

"Da mesma forma que todo objeto tecnológico de prevenção, o preservativo tem uma eficácia quantificada", afirma. Mas, "o problema não está aí: todos os epidemiologistas concordam hoje em afirmar que as campanhas de difusão, nos países em que a proporção das pessoas afetadas é muito elevada, não funcionam".

"Se o preservativo funciona quatro de cada cinco vezes", isto pode ser suficiente "quando a Aids não está estendida". "Mas em um país em que 25% dos jovens de 25 anos estão afetados (Quênia, Malaui, Uganda, Zâmbia), isto não é suficiente". "O fracasso desta forma de prevenção é uma realidade epidemiológica".

"Rodeado de especialistas, bem informado pela Academia de Ciências de Roma, o Papa dominava perfeitamente esta questão antes de ir para a África", acrescenta.

Na entrevista, René Ecochard se detém em particular sobre o caso de Uganda, o único país "em que o número dos enfermos foi dividido por três na idade de 25 anos". "Além da campanha sobre o preservativo, este país realizou uma ampla campanha baseada no tríptico ABC (abstinência, fidelidade, castidade ou preservativo)".

"O casal presidencial, os grupos religiosos, as escolas, as empresas... todo mundo apoiou esta campanha, freando a Aids, que será combatida se cada um buscar ter atitudes sexuais conformes às tradições familiares", explicou.

"Pode ser que não seja fácil reproduzir isto de um país ao outro, mas hoje, é a única esperança", acrescenta o epidemiologista francês.

Hoje, "mais de 60% dos cientistas estão a favor das campanhas ABC", declarou, recordando que é a política adotada por ONUSIDA.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O que é ser religioso?

Esse dias, lendo alguma coisa sobre o assunto, me vi em uma encruzilhada. Como toda encruzilhada foi preciso tomar uma decisão. Direita ou esquerda, frente ou verso, certo ou errado! Essas decisões nos colocam em situação difícil, porque difícil é ter que decidir, ter que tomar partido e, às vezes, magoar alguém.


O religioso é aquele que toma partido pela verdade. Não importa se a verdade está em cima ou embaixo. Se está contra tudo e contra todos. Não busca uma verdade relativa, isto é, uma verdade que muda a cada minuto e a cada mente. A verdade não é uma metamorfose ambulante. A verdade é a verdade, simplesmente. A verdade é a mesma desde sempre e sempre continuará sendo, independente do que pensa a sociedade ou do grau de evolução em que ela se encontra.


O religioso é isso. Alguém que busca a verdade e sabe que ela existe. Não é, ao contrário do que a maioria pensa, coisa de santos e bonzinhos. Não importa se você é bonzinho ou mauzinho. O que importa é a sua busca por essa verdade. Aliás, a religião é o contrário de coisa de bonzinho. Devia ser vista como coisa de mauzinho.


Vamos a explicações. Nossa vida de cristão católico não é um contínuo conflitar de erros e acertos? Não se trata de viver reconhecendo nossa mediocridade humana frente a Deus, arrependendo-se e pedindo perdão por nossas falhas? Quem falha, quem erra, quem peca não é o bonzinho da história. Pelo contrário! Não foi a toa que Jesus afirma que veio para os doentes e não para os sãos.


Se você já se considera santo e com seu lugar reservado ao lado de Deus, então não precisa mais estar aqui, não precisa mais da religião, não precisa mais da Igreja. Qual o objetivo principal da Igreja? Nada mais que salvar as almas. Não se trata de fazer desse mundo o paraíso divino, muito menos eliminar com as cruzes de todos para que o paraíso se antecipe por aqui mesmo. A Igreja não tem essa obrigação. Não foi instituída por Cristo para isso.


Os doentes, ou seja, os antagonistas da história, é que são o alvo da Igreja. Eles, nós, precisamos da Igreja para a salvação.


Esse é o espírito do religioso. A busca pela verdade, verdade que só pode estar em uma instituição bimilenar, criada pelo próprio Jesus Cristo, que tem em seu “chefe” maior o poder de ligar e desligar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Reconhecido cientista assegura: Papa tinha razão sobre a AIDS.

A seguinte informação saiu no ZENIT essa semana:

"Declaração de Edward Green, diretor do Aids Prevention Research Project de Harvard

RÍMINI, quarta-feira, 26 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O diretor do Aids Prevention Research Project da Harvard School of Public Health, Edward Green, assegurou que na polêmica sobre a Aids e o preservativo Bento XVI tinha razão.

Ao intervir no “Meeting pela amizade entre os povos” de Rímini o cientista, considerado como um dos máximos especialistas na matéria, confessou que “lhe chamou a atenção como cientista a proximidade entre o que o Papa disse no mês de março passado no Camarões e os resultados das descobertas científicas mais recentes”.

“O preservativo não detém a Aids. Só um comportamento sexual responsável pode fazer frente à pandemia”, destacou.

“Quando Bento XVI afirmou que na África se deviam adotar comportamentos sexuais diferentes porque confiar só nos preservativos não serve para lutar contra a Aids, a imprensa internacional se escandalizou”, continuou constatando.

Na realidade o Papa disse a verdade, insistiu: “o preservativo pode funcionar para indivíduos particulares, mas não servirá para fazer frente à situação de um continente”.

“Propor como prevenção o uso regular do preservativo na África pode ter o efeito contrário – acrescentou Green. Chama-se ‘risco de compensação’, sente-se protegido e se expõe mais”.

“Por que não se tentou mudar os costumes das pessoas? – perguntou o cientista norte-americano. A indústria mundial tardou muitos anos em compreender que as medidas de caráter técnico e médico não servem para resolver o problema”.

Green destacou o êxito que tiveram as políticas de luta contra a Aids que se aplicaram em Uganda, baseadas na estratégia sintetizada nas iniciais “ABC” por seu significado em inglês: “abstinência”, “fidelidade”, e como último recurso, o “preservativo”.

“No caso da Uganda – informou – se obteve um resultado impressionante na luta contra a Aids. O presidente soube dizer a verdade a seu povo, aos jovens que em certas ocasiões é necessário um pouco de sacrifício, abstinência e fidelidade. O resultado foi formidável”. "


Certo, agora será que alguém pode me responder o porque de essa declaração não ter causado um milésimo do furor que a do PAPA causou?

Penso que o mínimo de honestidade é pedir de mais mas eu não canso de pedir. Pelo menos estou tentando fazer minha parte. O projeto de Uganda nunca foi sequer mencionado em lugar nenhum. A mensagem desse cientista menos. A ideia de abstinência e fidelidade nem pensar, melhor estimular a prática dita "segura" do que cortar o mau pela raiz.

Melhor fazer aborto do que estimular a pratica sexual responsável e limitada. Afinal podemos ser limitados até de ir em Estádios de Futebol por conta da gripe suína mas não podemos ter uma vida sexual responsável e limitada por conta de uma ou várias epidemias que já assolam o mundo por décadas. Vai entender...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Edir Macedo e mais nove são denunciados

"SÃO PAULO - O juiz da 9ª Vara Criminal de São Paulo, Glaucio Roberto Brittes de Araújo, aceitou nesta segunda-feira denúncia do Ministério Público Estadual contra o bispo Edir Macedo e outras nove pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). Eles são acusados de lavagem de dinheiro desviado da Universal, de maneira reincidente e com organização criminosa, e formação de quadrilha. O dinheiro dos fiéis era repassado a empresas de fachada ligadas à Universal, que mandavam os recursos para paraísos fiscais no exterior. O dinheiro voltava ao país para a compra de empresas de comunicação e outros bens. É o que mostra reportagem de Adauri Antunes Barbosa, Flavio Freire, Ricardo Galhardo e Soraya Aggege na edição desta terça em O Globo.

Segundo a denúncia, Macedo seria o chefe de uma quadrilha que usava empresas de fachada para desviar recursos provenientes de doações dos fiéis da Universal e praticar uma série de fraudes.

Apenas em 2004 e 2005, as empresas Unimetro Empreendimentos e Cremo Empreendimentos teriam recebido R$ 71 milhões da Igreja Universal. O dinheiro seria usado em benefício da quadrilha denunciada, o que, em tese, desvirtuaria a finalidade das doações à Universal, que tem isenção de impostos.

Edir Macedo não aparece nominalmente como sócio das empresas, mas depoimentos e outras provas colhidas ao longo das investigações apontam o fundador e líder da Universal como verdadeiro dono das empresas montadas para lavar o dinheiro recolhido de fiéis.

Os integrantes da quadrilha são acusados tanto por obrigar fiéis a fazer doações como por dar aparência legal às transações financeiras do grupo. Um desses fiéis, que sofre de doença mental, chegou a doar a totalidade de seu salário, fazer empréstimo bancário e vender um terreno por preço irrisório para doar todo o dinheiro à Universal. Em troca, recebeu uma "chave do céu" e um "diploma de dizimista" no qual assina como "abençoador" ninguém menos do que Jesus Cristo.

Macedo também é acusado de usar o nome de laranjas para comprar emissoras de rádio e TV que hoje compõem a Rede Record. Em alguns casos, Macedo teria fraudado procurações assinadas por estes laranjas para, posteriormente, transferir as ações das emissoras para seu próprio nome ou de pessoas acusadas de participar da quadrilha.

Além de Macedo foram denunciados Alba Maria da Costa, Edilson da Conceição Gonzales, Honorilton Gonçalves da Costa, Jerônimo Alves Ferreira, João Batista Ramos da Silva, João Luis Dutra Leite, Mauricio Albuquerque e Silva, Osvaldo Sciorilli e Veríssimo de Jesus. Aceita a denúncia, todos foram transformados em réus.

O juiz determinou que os réus respondam à acusação, por escrito, num prazo de dez dias. Procurado, o juiz não se pronunciou sobre o caso. O promotor do Gaeco Roberto Porto se recusou a comentar o caso, alegando que corre em segredo de justiça.

Ninguém foi encontrado nesta segunda na Universal para responder às denúncias. Nos locais onde funcionariam a Unimetro e a Cremo não havia quem falasse sobre o caso. A TV Record não quis comentar."

Fonte: Jornal "O Globo": http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/08/10/edir-macedo-mais-nove-sao-denunciados-por-lavar-dinheiro-757350041.asp

Não sei se é preciso fazer algum comentário em cima de uma notícia dessas. No final das contas eu sei que nenhum de nós estamos lá muito surpresos com isso. Mas que dá uma tristeza profunda... ah isso dá.

Dúvidas de onde sai o dinheiro para eles se manterem com toda a pompa e circunstância?


segunda-feira, 3 de agosto de 2009

DIVÓRCIO INSTANTÂNEO NA PAUTA DE 4 DE AGOSTO DO SENADO.

Sexta-feira (31/07/09) ficamos sabendo que a entidade que luta pelo pró-homossexualismo (IBDFAM) havia enviado um ofício ao Senado apoiando a matéria referência à apelidada PEC do divórcio instantâneo.


Claro que isso não me surpreende. Essas entidades pró-aborto, pró-homossexualismo... normalmente também são pró-destruição-familiar, consequentemente, pró-divórcio instantâneo.


Pra que mantermos uma família unida? Que utilidade isso tem? E a liberdade de termos quantos parceiros quisermos? Cansou? Divorcia ali na esquina! E os filhos? Ah, eles superam!!!


Esses são os argumentos mais inteligentes que já ouvi sobre assunto. Daí dá pra tirar uma base do tipo de coisa que somos obrigados a ouvir por ai.


Mas vamos às informações. No dia 31/07/2009, o Senado Federal, aquele mesmo do Sarney, incluiu na Ordem do Dia da sessão deliberativa ordinária de 4 de agosto de 2009 (terça-feira), segunda sessão da discussão, em 1º turno, a Proposta de Emenda Constitucional 28/2009, que “dá nova redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe sobre a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de prévia separação judicial por mais de 1 (um) ano ou de comprovada separação de fato por mais de 2 (dois) anos”.


Vamos aos fatos de hoje.Separação judicial é uma coisa divórcio é outra. Pra quem é leigo em Direito as vezes isso fica meio confuso ou no ar. Separação judicial seria como um tempo antes do divórcio para que o casal pense melhor sobre o assunto e mantenha a família. Separação judicial ainda é vínculo, mas constata-se separação de corpos e outros detalhes legais. Divórcio elimina vínculo. Separação judicial não permite novo casamento. Divórcio permite.


Separa-se judicialmente e é preciso um período de 1 ano para se converter em divórcio. Ou então entra direto com o divórcio se se comprovar que já há separação de fato há mais de dois anos.


A PEC 28/2009 pretende acabar com esses períodos e já instituir o divórcio direto sem prévia separação judicial. Em poucas palavras é isso.


O Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) (que milita em favor do “casamento” pessoas do mesmo sexo, negrite-se isso) enviou ao Senado o Ofício n.º 51/2009, manifestando seu apoio à aprovação da PEC 28/2009. (Ver apoio do IBDFAM em http://www.ibdfam.org.br, que considera a PEC uma "revolução paradigmática")


Essa PEC 28/2009 nasceu Câmara Federal e é de autoria do deputado Antonio Carlos Biscaia, adivinha de que partido? Esse mesmo, PT. A PEC recebeu no Senado parecer favorável do relator Senador Demóstenes Torres (DEM/GO), que foi aprovado em 24/06/2009 na Comissão de Justiça e Cidadania.


Hoje, a Constituição Federal acerca do divórcio está assim:


Art. 226, §6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.


A PEC 28/2009 pretende simplesmente suprimir o texto acima sublinhado, dando ao dispositivo a seguinte redação:


Art. 226, §6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.


A conseqüência disso é que o legislador ordinário poderá, caso queira, instituir o divórcio sem quaisquer condições: sem prévia separação judicial, sem prazo de convivência, sem prévia separação de fato, sem nada.


Se essa proposta de emenda for aprovada, o que deve acontecer em breve, não haverá mais nenhum obstáculo constitucional ao divórcio instantâneo, que tanto estrago fez e está fazendo à família espanhola. Casa-se hoje. Divorcia-se amanhã. Recasa-se depois de amanhã e por vai sem limites e sem regras.


Destrói-se a família em uma canetada e constrói-se uma sociedade sem rumo, sem base, se sentimento, sem educação, sem relação afetiva consistente, sem Deus.


Só fica a pergunta de onde é que vai parar a proteção à família que a Constituição promete no caput do mesmo artigo 226? "A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado".


Distorcer é fácil. Voltar ao original leva muito, muito tempo!


Segundo o PE. Lodi, na Espanha, onde já existe essa regra do divórcio instantâneo, ocorreu o seguinte fato:


Em 17 de novembro de 2007, o jornal italiano Avvenire noticiava que a Espanha estava sendo devastada pela lei do “divórcio express”, introduzida em 2005 pelo Partido Socialista Operário Espanhol. Essa lei permite o fim da união matrimonial por decisão de uma das partes, sem necessidade de separação prévia ou de explicar as razões. O Instituto Nacional de Estatística registrou em 2006 um aumento de 330% de divórcios entre casais casados a menos de um ano. A Espanha tornou-se o país da Europa com maior índice de divórcios.


Em 8 de julho de 2009, a ACI Digital noticiava “Mais de 500 mil separações demonstram efeito nefasto da lei do divórcio express”. Esse foi o número de divórcios na Espanha depois de quatro anos em vigor da lei, com prejuízo incalculável para os cônjuges, para os filhos e para a sociedade em geral.


Vamos a alguns pontos:


a) qual sociedade quer instabilidade nas relações sociais?

b) perceberam o nome do partido espanhol que institui a tal lei na Espanha?

c) qual é a finalidade em destruir as relações familiares?

d) quem se interessa tanto em uma sociedade permissiva e sem limites?


Muitas outras perguntas podem ser feitas mas essas já nos trazem uma pequena noção. Muita coisa pode ser dita e podemos aprofundar por dezenas de parágrafos, tópicos e textos sobre o assunto, mas o mais importante é: o que estamos fazendo pra que as pessoas entendam o erro de projetos como esse e como estamos agindo para impedir?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

No Vietnã polícia ataca e prende católicos que restauravam sua paróquia.

A Igreja local condena a violenta ação policial

DONG HOI, Vietnã, quarta-feira, 22 de julho de 2009 (ZENIT.org).- A polícia do Vietnã impediu pela força e deteve um grupo de católicos que construíam uma estrutura provisória no recinto da igreja em ruínas da paróquia de Tam Toa, na cidade vietnamita de Dong Hoy, nesta segunda-feira, 20 de julho.

“Mais de vinte católicos foram agredidos fortemente, introduzidos em veículos militares e presos”, declarou o secretário da diocese de Vinh, Pe. Antoine Pham Dinh Phung.

Na segunda-feira pela manhã, 150 católicos da paróquia de Tam Toa estavam construindo uma estrutura temporária para o culto e para atender as necessidades religiosas. Haviam colocado uma cruz e um altar no interior do recinto da igreja em ruínas.

Mais de cem policiais e agentes de segurança chegaram ao local, os impediram de continuar com suas tarefas e os que resistiram receberam golpes de fuzis e cacetetes, além das bombas de gás lacrimogênio.

Os funcionários derrubaram a cruz de madeira e atacaram algumas mulheres que tentavam evitar que fosse levada, segundo informa a agência UCANews.

Também foram levadas lâminas de ferro e outros materiais de construção, assim como dois geradores.

O responsável pelas atividades pastorais da paróquia afetada, Pe. Pierre Le Thanh Hong, pediu a todos os católicos do lugar que rezem pelos fieis dessa paróquia, “especialmente pelos que foram feridos e detidos no incidente”.

O sacerdote acrescentou que muitas câmeras de católicos também foram confiscadas.

A igreja de Tam Toa tem um significado especial para os católicos do Vietnã. Sua presença está documentada desde o ano 1631 e no século XVII era a maior da região, com 1.200 fieis.

O atual edifício, de estilo português, foi inaugurado em 1887 e era considerado como uma das igrejas mais belas do país, segundo a agência AsiaNews.

Foi danificada por um bombardeio norte-americano em 1968, durante a Guerra do Vietnã. Só sua torre e suas paredes permanecem de pé.

Desde o final da guerra, os católicos locais celebram Missa no interior do terreno da igreja ao ar livre ou em seus lares.

A paróquia não teve nenhum sacerdote residente entre os anos 1964 e 2006, até que o padre Hong foi destinado a servir nessa área, que atualmente conta com cerca de mil fieis.

Em 1997, o Governo declarou o lugar como local histórico, sem a aprovação da Igreja local, como mostra dos crimes de guerra realizados pelos Estados Unidos.

Isso implicava que o recinto se converteria em propriedade pública, mas os fieis insistem em que pertence à Igreja.

O Padre Hong enviou um informe sobre o incidente ao bispo de Vinh, Dom Paul Marie Cao Dinh Thuyen.

O secretário da diocese também enviou, nesta terça-feira, uma carta ao Comitê Popular da província de Quang Binh, da qual Dong Hoy é capital.

Nela, Pe. Phung afirma que a Igreja local se opõe com força e condena a violenta ação policial, as prisões e as confiscações dos pertences da Igreja.

Também urge para que as autoridades provinciais libertem imediatamente os presos, destacando que as pessoas feridas requerem de cuidados médicos, e pede que sejam devolvidos à Igreja todos os bens confiscados.

“Se nossos requerimentos não forem atendidos, o governo provincial deverá responsabilizar-se completamente ante a lei”, acrescenta o texto.

O superior provincial dos redentoristas, Pe. Vincent Pham Trung Thanh, também enviou uma mensagem aos oficiais diocesanos e aos católicos.

Recentemente, o bispo Thuyen conversou com autoridades provinciais sobre as propriedades da Igreja, ainda que os detalhes dessas conversas não se tornaram público.

Em janeiro, o prelado decidiu estabelecer uma paróquia e restabelecer cinco sub paróquias cujos edifícios se encontravam em ruínas.

Em 2 de fevereiro, o bispo, 14 sacerdotes e cerca de mil católicos celebraram a Eucaristia na igreja de Tam Toa apesar das ameaças das autoridades.

Os rumores sobre um projeto para transformar esta igreja em um complexo turístico contribuíram para aumentar as tensões.