quinta-feira, 28 de julho de 2011

Livro de minha autoria: Dúvidas Litúrgicas


Livro de minha autoria sobre liturgia em forma de perguntas e respostas (mais de 200) com imprimatur e apresentação de D. Washington Cruz e apresentação na contra-capa do Pe. Marcos Valério.

Uma maneira simples e totalmente fundamentada nos documentos da Igreja de explicar cada passo da missa e seus objetos e paramentos.

Aos interessados, entrar em contato comigo por:

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2) Mensagem no twitter: @emanuelocjr

3) Comentário nessa postagem desse blog.

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O lucro está sendo revertido para a formação e capacitação de acólitos, coroinhas e cerimoniários da Paróquia do Imaculado Coração de Maria em Goiânia – GO.

João Paulo II em discurso nas Nações Unidas para o desarmamento das nações.


MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II À II SESSÃO ESPECIAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESARMAMENTO

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores representantes dos Estados membros

1. Em Junho de 1978, quando se reuniu a primeira Sessão extraordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o desarmamento, o meu Predecessor o Papa Paulo VI enviou-lhe uma Mensagem pessoal, em que exprimia as suas esperanças nos resultados que a humanidade estava no direito de esperar de um tal esforço de boa vontade e de sabedoria política, por parte da comunidade internacional.

Quatro anos mais tarde, eis-vos de novo reunidos para vos perguntardes se estas expectativas foram — pelo menos parcialmente — realizadas.

A resposta a esta questão parece não ser nem muito tranquilizadora nem muito encorajante. Comparar a situação de há quatro anos com a de hoje, em matéria de desarmamento, faz aparecer muito poucos melhoramentos. Alguns pensam mesmo que houve deterioração, ao menos no sentido de que as esperanças nascidas nessa época poderiam agora apresentar-se como simples ilusões. Esta verificação poderia facilmente levar ao desânimo e impedir os responsáveis pela sorte do mundo a procurarem noutro lugar a solução dos problemas — particulares ou gerais — que não cessam de perturbar a vida dos povos.

Muitos apreendem assim a realidade atual. Os algarismos que provêm das fontes diversas indicam sério aumento das despesas militares, que se traduz por uma produção mais acentuada dos diferentes tipos de armamento, à qual, segundo institutos especializados, corresponde novo incitamento para o comércio das armas. Os meios de informação concentraram ultimamente grande parte da sua atenção na busca, e no uso a grande escala, das armas químicas. Por outro lado, apareceram novas armas nucleares.

Diante de uma Assembleia tão competente como a vossa, não é necessário dispor os algarismos que a vossa própria organização publicou a este respeito. Baste-me, a titulo de indicação, citar o estudo segundo o qual o conjunto das despesas militares do planeta corresponde a uma média de 110 dólares por pessoa e por ano, o que, para muitos habitantes deste mesmo planeta, representa o rendimento de que eles dispõem, durante o mesmo período.

Diante deste estado de coisas, é muito de boa vontade que exprimo a minha satisfação por as Nações Unidas se terem proposto de novo enfrentar o problema do desarmamento, e estou reconhecido com a possibilidade que me é gentilmente oferecida de vos dirigir a palavra nesta ocasião.

Ainda que não seja membro da vossa Organização, a Santa Sé tem junto dela, de há tempos, a sua própria Missão permanente da observação que lhe permite seguir dia após dia as atividades da mesma. Ninguém ignora quanto os meus Predecessores apreciavam os vossos trabalhos. Eu próprio tive ocasião, em particular quando da minha visita à sede da ONU, de tornar minhas as palavras de estima por eles pronunciadas a respeito da vossa Organização. Como os meus Predecessores compreendo eu as dificuldades dela e, ao mesmo tempo que exprimo o voto de que os seus esforços sejam recompensados com resultados mais importantes e melhores, reconheço o seu papel precioso e insubstituível para assegurar ao mundo um futuro mais sereno e mais pacifico.

É a voz de alguém que não tem interesse nem poderes políticos, e menos ainda força militar, aquela que a vossa cortesia me permite fazer de novo ressoar nesta Sala. Aqui, onde convergem praticamente todas as nações, grandes e pequenas, a minha palavra leva em si o eco da consciência moral da humanidade no estado puro, se me permitis a expressão. Ela não é acompanhada de preocupações ou interesses de outra natureza, que poderiam velar-lhe o testemunho e torná-lo menos crível.

Uma consciência esclarecida e guiada pela fé cristã, sem dúvida, mas que não é, por isso, menos profundamente humana, muito pelo contrário. É portanto uma consciência comum a todos os homens de boa e sincera vontade.

A minha voz torna-se o eco das angústias, das aspirações, das esperanças e dos temores de milhares de homens e de mulheres que, de todas as latitudes, olham para a vossa Assembleia perguntando se dela surgirá, como esperam, alguma luz tranquilizadora, ou então uma nova e preocupante decepção. Sem para isso ter recebido de todos o mandato, creio poder fazer-me o intérprete fiel junto de vós destes sentimentos que são os seus.

Não quero nem posso entrar nos aspectos políticos e técnicos do problema do desarmamento como ele se apresenta hoje, mas permitir-me-eí atrair a vossa atenção para alguns princípios éticos que estão na base de toda a discussão e de toda a decisão desejável neste campo.

2. O meu ponto de partida enraiza-se numa verificação unanimemente admitida não só pelos vossos povos, mas também pelos governos que vós presidis ou representais: o mundo deseja a paz, o mundo precisa da paz.

Nos nossos dias, recusar a paz não significa somente provocar os sofrimentos e as perdas que — hoje mais do que no passado — comporta uma guerra, mesmo limitada; isto poderia trazer igualmente a total destruição de regiões inteiras, com a ameaça possível ou provável de catástrofes de proporções mais vastas ainda, mesmo universais.

Os responsáveis pela vida dos povos parecem sobretudo empenhados numa busca febril dos caminhos políticos e das soluções técnicas que permitem "conter" os efeitos de possíveis conflitos. Devendo embora reconhecer os limites dos seus esforços neste sentido, persistem nestes caminhos, tão espalhada está a convicção de que a longo termo as guerras são inevitáveis, e tanto também, e sobretudo, o espectro de uma possível confrontação militar entre os grandes campos, que dividem o mundo hoje, continua a acompanhar o destino da humanidade.

Certamente, nenhuma potência, nenhum homem de Estado admitirá que deseja projetar uma guerra ou tomar a iniciativa dela. Todavia, a desconfiança mútua faz crer ou temer que outros alimentem desígnios ou uma vontade deste gênero, de maneira que pareça cada um não encarar outra solução possível, se não mesmo necessária, do que a de preparar uma força de defesa suficiente para responder a um eventual ataque.

3. Muitos julgam mesmo que tal preparação constitui um caminho para salvaguardar a paz, ou ao menos para impedir o mais possível, e da maneira mais eficaz, o desencadeamento dos conflitos, sobretudo dos grandes conflitos que chegariam a comportar o holocausto supremo da humanidade e a destruição da civilização que o homem conquistou laboriosamente no decorrer dos séculos.

Isto é ainda, como se vê, a "filosofia da paz" enunciada no velho princípio romano: "Se queres a paz, prepara a guerra".

Traduzida em termos modernos, esta "filosofia" tomou o nome de "dissuasão", e revestiu as formas de um "equilíbrio das forças" que, por vezes, foi chamado, não sem razão, "equilíbrio do terror". Como fez notar o meu Predecessor Paulo VI: "A lógica imanente à busca dos equilíbrios de forças leva cada um dos adversários a tentar assegurar-se certa margem de superioridade, com medo de se encontrar em situação de desvantagem" (Mensagem à Assembleia Geral da ONU, 24 de Maio de 1978: Insegnamenti di Paolo VI, XVI, 1978, p. 452).

Assim, praticamente, a tentação é fácil — e o perigo sempre presente — de ver a busca de um equilíbrio transformar-se em busca de uma superioridade capaz de lançar de novo, de maneira ainda mais perigosa, a corrida aos armamentos.

Eis, na realidade, a tendência que parece continuar a prevalecer hoje, e talvez mesmo de maneira ainda mais acentuada que antes. E vós propusestes-vos, como fim especifico desta Assembleia, procurar como seria possível derrubar esta tendência.

Este fim pode parecer ainda, por assim dizer, "minimalista", mas é de importância fundamental, porque só semelhante mudança completa pode fazer esperar que a humanidade se entranhe no caminho que leva ao fim tão desejado por todos, mesmo se muitos o consideram sempre como utopia: um desarmamento total, mútuo e rodeado das garantias de uma fiscalização efetiva, que elas dão a todos a confiança e a segurança necessárias.

Assim, esta Sessão extraordinária reflete ainda outra verificação. Do mesmo modo que a paz, o mundo deseja também o desarmamento. O mundo precisa do desarmamento.

Por outro lado, todo o trabalho realizado dentro do Comitê do desarmamento, em diferentes comissões ou subcomissões e dentro dos Governos, do mesmo modo que a atenção prestada pelo público, testemunha a importância que se dá nos nossos dias à difícil questão do desarmamento.

A convocação mesma desta reunião leva em si própria um julgamento: as nações do mundo estão já superarmadas e demasiado comprometidas nas políticas que reforçam esta tendência. Implicitamente tal juízo inclui a convicção de que esta tendência é errônea e de que as nações do mundo comprometidas neste caminho têm necessidade de retomar o seu lugar.

Mas a situação é complexa e numerosos valores — dos quais alguns do mais alto nível — entram em jogo. Pontos de vista divergentes podem ser expressos. É preciso portanto enfrentar os problemas com realismo e honestidade.

Por isso, primeiro peço a Deus que vos conceda a fortaleza do espírito e a boa vontade, que se requerem para desempenhardes a vossa tarefa e fazerdes avançar quanto é possível a causa da paz, fim último de todos os vossos esforços durante esta Sessão extraordinária. Assim portanto a minha palavra é palavra de encorajamento e de esperança. Encorajamento para não deixar que as vossas energias se enfraqueçam pela complexidade das questões ou pelos reveses do passado e do presente. Palavra de esperança porque sabemos que só os homens de esperança são capazes de avançar paciente e tenazmente para finalidades dignas dos melhores esforços e para o bem de todos.

4. Talvez nos nossos dias, nenhuma questão toque tantos aspectos da condição humana como a dos armamentos e do desarmamento. Comporta aspectos científicos e técnicos, aspectos sociais e econômicos. Inclui também graves problemas de natureza política que atingem as relações entre Estados e entre povos. Os nossos sistemas mundiais de armamentos influenciam, além disso, em grande medida, os desenvolvimentos culturais. Coroando tudo, intervêm as questões espirituais que dizem respeito à identidade mesma do homem e das suas opções para o futuro e para as gerações que hão-de vir.

Oferecendo-vos as minhas reflexões, tenho presentes ao espírito todas estas dimensões técnicas, científicas, sociais, econômicas e sobretudo éticas, culturais e espirituais.

5. Desde o fim da segunda guerra mundial e o principio da idade atômica, a Santa Sé e a Igreja católica tiveram uma atitude muito clara. A Igreja procurou continuamente contribuir para a paz e para construir um mundo que não tenha de recorrer à guerra para regulamentar as desavenças. Animou a que se mantenha um clima internacional de confiança mútua e de cooperação. Apoiou as estruturas susceptíveis de assegurar a paz. Recordou os efeitos desastrosos da guerra. A medida que aumentavam os meios de destruição mortífera, ela fez notar os perigos assim incorridos e, para além dos perigos imediatos, ela indicou os valores que se haviam de cultivar para desenvolver a cooperação, a confiança mútua, a fraternidade e a paz.

Já em 1946, o meu Predecessor o Papa Pio XII se referiu à "potência dos novos instrumentos de destruição" que reconduziam o problema do desarmamento ao centro das discussões internacionais com aspectos completamente novos" (Mensagem ao Colégio dos Cardeais, 24 de dezembro de1946).

Os Papas sucessivos e o Concílio Vaticano II continuaram a reflexão adaptando-a ao contexto dos novos armamentos e da fiscalização dos armamentos. Se os homens se debruçassem sobre esta tarefa com boa vontade e se tivessem no seu coração e nos seus planos a paz como objetivo, as medidas adequadas poderiam encontrar-se, as estruturas apropriadas elaborar-se para assegurar a legítima segurança de cada povo no respeito mútuo e na paz; então os arsenais do temor e da ameaça de morte tornar-se-iam supérfluos.

O ensinamento da Igreja católica é portanto claro e coerente. Deplora a corrida aos armamentos, pede pelo menos uma progressiva redução mútua e verdadeira assim como as maiores precauções contra os possíveis erros no uso das armas nucleares. Ao mesmo tempo, a Igreja reclama para cada nação o respeito da independência, da liberdade e da legítima segurança.

Desejo assegurar-vos da preocupação constante da Igreja católica e dos esforços que ela não deixará de realizar enquanto os armamentos não forem inteiramente dominados, a segurança de todas as nações garantida, e enquanto os corações de todos os homens não forem ganhos para as opções éticas que hão-de garantir uma paz duradoura.

6. Chego agora ao debate que vos ocupa, a propósito do qual é preciso reconhecer, em primeiro lugar, que nenhuma componente das questões internacionais pode ser considerada isolada e separadamente dos múltiplos interesses das nações. Todavia, uma coisa é reconhecer a interdependência das questões, e outra explorá-las para delas tirar proveito noutro plano. Os armamentos, as armas nucleares e o desarmamento são coisas demasiado importantes em si mesmas e para o mundo, de maneira que se tornem simplesmente parte de uma estratégia que lhes exploraria a importância intrínseca em favor de uma política ou doutros interesses.

7. É pois importante considerar devidamente, com a prudência e a objetividade que merecem, cada uma das proposições sérias que tendem a contribuir para o desarmamento real e para criar um clima melhor. Mesmo países pequenos têm valor que vai além do aspecto material e técnico dos mesmos. Qualquer que seja o domínio encarado, temos necessidade hoje de perspectivas novas e de disponibilidade de escuta respeitosa e de acolhimento atento às sugestões honestas de todos os que se ocupam com responsabilidade de negócios tão controversos.

A este propósito, surge o que eu chamaria o fenômeno da retórica. Um campo tão tenso e cheio de tantos perigos inevitáveis não pode deixar lugar a nenhuma espécie de discursos forçados ou de opiniões provocadoras. A complacência na retórica, no vocabulário inflamado e apaixonado, nas ameaças veladas e nas contra-ameaças e nas manobras desleais, não pode senão acerbar a acuidade de um problema que requer exame sóbrio e atento. Por outro lado, os Governos e os seus responsáveis não podem orientar as questões dos Estados independentemente dos votos dos seus povos. A história das civilizações oferece-nos exemplos temíveis do que se passa quando esta experiência é tentada. Ora, os temores e as preocupações de numerosos grupos em diferentes partes do mundo revelam que as pessoas estão cada vez mais apavoradas com o pensamento do que aconteceria se irresponsáveis desencadeassem uma guerra nuclear.

Assim, mais ou menos em toda a parte, desenvolveram-se movimentos em favor da paz. Em vários países, estes movimentos, tornados extremamente populares, são sustentados por uma parte crescente de cidadãos de camadas sociais diferentes, de todas as idades e de formações diversas, especialmente de jovens. Os fundamentos ideológicos destes movimentos são múltiplos. Os seus projetos, as suas proposições e as suas políticas variam grandemente e podem muitas vezes oferecer o flanco a instrumentalizações partidárias, mas, para além destas divergências de formas, há um desejo de paz profundo e sincero.

Assim não posso deixar de me associar ao vosso projeto de apelo à opinião para que nasça uma verdadeira consciência universal dos riscos terríveis da guerra, consciência que trará por sua vez um espírito de paz generalizado.

8. Nas condições atuais, uma dissuasão baseada no equilíbrio, não certamente como um fim em si mas como uma etapa no caminho de um desarmamento progressivo, pode ainda ser julgada como moralmente aceitável.

Contudo, para assegurar a paz é indispensável não nos contentarmos com o mínimo, sempre agravado por um real perigo de explosão.

Que fazer então? Na falta de uma autoridade supranacional, tal como foi desejada pelo Papa João XXIII na sua Encíclica Pacem in Terris e se espera encontrar na Organização das Nações Unidas, a única solução realista diante da ameaça de guerra continua a ser ainda a negociação. Aqui, gosto de vos recordar uma palavra de Santo Agostinho que citei outras vezes: "Matai a guerra pelas palavras das negociações, mas não mateis os homens pela espada". Hoje ainda, reafirmo diante de vós a minha confiança na força das negociações leais para chegar a soluções justas e equitativas. Estas negociações exigem paciência e constância e devem em particular visar a uma redução dos armamentos equilibrada, simultânea e internacionalmente fiscalizada.

Mais precisamente ainda, a evolução em curso parece levar a uma interdependência crescente dos tipos de armamentos. Como nestas condições ter em vista uma redução equilibrada, se as negociações não atingem o conjunto das armas? A este propósito, a continuação do estudo do "programa global do desarmamento", que a vossa Organização já empreendeu, poderia facilitar a necessária coordenação dos diferentes "forums" e trazer aos resultados mais verdade, equidade e eficácia.

9. De facto, as armas nucleares não são os meios únicos de guerra e destruição. A produção e a venda de armas convencionais através do mundo são fenômeno realmente alarmante e, parece, em pleno desenvolvimento. Negociações sobre o desarmamento não poderiam ser completas se ignorassem o fato de 80% das despesas no armamento ser consagrado às armas convencionais. Por outro lado, o tráfico delas parece desenvolver-se a um ritmo crescente e orientar-se de preferência para os países em vias de desenvolvimento. Cada passo dado e qualquer negociação empreendida para limitar esta produção e este tráfico e submetê-los a uma verificação cada vez mais efetiva é significativa contribuição para a causa da paz.

Recentes acontecimentos confirmaram o poder destrutivo das armas convencionais e as lastimosas condições a que se condenam os Estados tentados a recorrer a elas para solucionar as suas desavenças.

10. Mas a consideração dos aspectos quantitativos dos armamentos, tanto nucleares como convencionais, não é suficiente. Atenção especialíssima deve dedicar-se ao aperfeiçoamento deles, continuado graças a tecnologias novas, das mais avançadas, porque está precisamente nisto uma das dimensões essenciais da corrida aos armamentos. Ignorá-lo levaria a um engodamento e a não oferecer aos homens, desejosos de paz, senão uma aparência enganosa.

A busca e a tecnologia devem ser colocadas ao serviço do homem. Nos nossos dias, usa-se e abusa-se delas com demasiada frequência para outros fins. Dirigindo-me a 2 de Junho de 1980, aos homens de ciência e cultura, da Assembleia da UNESCO, eu tinha desenvolvido abundantemente este tema. Hoje, ainda, seja-me permitido sugerir pelo menos que uma percentagem não indiferente dos fundos atribuídos à tecnologia e à ciência dos armamentos seja reservada para o desenvolvimento de mecanismos e de dispositivos que assegurem a vida e o bem-estar dos homens.

11. No seu discurso à Organização das Nações Unidas, a 4 de Outubro de 1965, o Papa Paulo VI enunciou uma profunda verdade, quando declarou: "A Paz não se constrói somente por meio da política e do equilíbrio das forças e dos interesses. Constroem-se com o Espírito, as ideias e as obras da Paz". Os produtos do Espírito, as ideias, os produtos da cultura e das forças criadoras dos povos, são destinados a ser repartidos. As estratégias de paz, que ficam no nível técnico e cientifico que determinam equilíbrios e verificam fiscalizações, não assegurarão uma verdadeira paz senão quando se forjarem e se reforçarem laços entre os povos. Estabelecei laços que unam os povos entre si. Dai-vos meios que levem os povos à repartição das suas culturas e dos seus valores. Abandonai todos os interesses mesquinhos que entregam uma nação à mercê de outra no plano econômico, social ou político.

Neste mesmo espírito, os trabalhos de peritos qualificados, elevando a relação entre desarmamento e desenvolvimento, merecem ser estudados e seguidos por acções. Não é novo encarar a transferência de recursos financeiros consagrados ao desenvolvimento das armas, para o desenvolvimento dos povos, mas a ideia não perde por isso a sua atualidade e a Santa Sé fê-la sua já de há muito. Toda a resolução da Assembleia geral neste sentido receberia em toda a parte a aprovação e o apoio dos homens e das mulheres de boa vontade.

O estabelecimento de laços entre os povos significa o redescobrimento e a reafirmação de todos os valores que reforçam a paz e unem os povos na harmonia. E significa igualmente a renovação do melhor existente no coração do homem, que anda à procura do bem dos outros na fraternidade e no amor.

12. Desejaria acrescentar um último considerando: a produção e a posse de armamentos são a consequência de uma crise ética que rói a sociedade em todas as suas dimensões — política, social e econômica. A paz, repeti-o várias vezes, é o resultado do respeito dos princípios éticos. O verdadeiro desarmamento, o que há-de garantir a paz entre os povos, não se conseguirá senão com a resolução desta crise ética. De maneira que se os esforços de redução dos armamentos, depois de desarmamento total, não forem acompanhados paralelamente por um ajustamento ético, estão votados antecipadamente ao malogro.

Procurar tornar a pôr o nosso mundo no seu lugar, eliminar dele a confusão dos espíritos gerada pela busca pura dos interesses e dos privilégios ou pela defesa das pretensões ideológicas, tal é a tarefa absolutamente prioritária se queremos chegar a progredir na luta pelo desarmamento. Sem isso, ficar-se-á apenas em falsas aparências.

Porque a verdadeira causa da nossa insegurança encontra-se numa crise profunda da humanidade. Vale a pena, graças à sensibilização das consciências diante do absurdo que é a guerra, criar as condições materiais e espirituais que diminuirão as desigualdades clamorosas e restituirão a todos o mínimo de espaço para a liberdade do espírito.

A co-habitação dos bem assegurados na vida e dos desprovidos já não pode ser suportada no mundo em que a comunicação é tão rápida como generalizada, sem que nasça o ressentimento e o mundo regresse à violência. Por outro lado, o espírito tem também os seus direitos primordiais e inalienáveis; é a justo título que ele os reclama nos países em que o espaço lhe falta para viver serenamente segundo as próprias convicções. Convido todos os combatentes pela paz a comprometerem-se nesta luta para a eliminação das verdadeiras causas da insegurança dos homens, de que a terrível corrida aos armamentos é um dos efeitos.

13. Derrubar a tendência atual para a corrida aos armamentos compreende portanto uma luta paralela em duas frentes: por um lado, uma luta imediata e urgente dos governos para reduzir progressiva e equitativamente os armamentos; por outro lado, uma luta mais paciente, mas não menos necessária, no nível da consciência dos povos para atacar a causa ética da insegurança geradora de violência, quer dizer, as desigualdades materiais e espirituais do nosso mundo.

Sem preconceitos de qualquer espécie, unamos todas as nossas forças racionais e espirituais de homens de Estado, de cidadãos, de responsáveis religiosos, para matar a violência e o ódio, e procurar de novo os caminhos da paz.

A paz é o fim supremo da atividade das Nações Unidas. Ela deve ser o de todos os homens de boa vontade. Infelizmente, ainda nos nossos dias, tristes realidades ensombram o horizonte da vida internacional e causam tantos sofrimentos, destruições e preocupações que poderiam fazer perder à humanidade toda a esperança de ser capaz de dominar o seu próprio futuro na concórdia e na colaboração dos povos. Apesar da dor que invade a minha alma, sinto-me autorizado, mesmo obrigado, a reafirmar solenemente, diante de vós como diante do mundo, o que os meus predecessores e eu próprio repetimos diversas vezes em nome da consciência, em nome da moral, em nome da humanidade e em nome de Deus:

A paz não é utopia, nem ideal inacessível, nem sonho irrealizável.

A guerra não é calamidade inevitável.

A paz é possível.

E porque é possível, a paz é dever. Dever muito grave. Responsabilidade suprema.

A paz é difícil, sem dúvida, e exige boa vontade, muita sabedoria e tenacidade. Mas o homem pode e deve fazer prevalecer a força da razão às razões da força.

A minha última palavra é portanto ainda uma palavra de encorajamento e de exortação. E como a paz, confiada à responsabilidade, fica sendo, apesar de tudo, um dom de Deus, ela traduz-se também em oração Aquele que tem nas mãos os destinos dos povos.

Agradeço-vos a actividade que desenvolveis para fazer progredir a causa do desarmamento: desarmamento dos utensílios de morte e desarmamento dos espíritos.

Deus abençoe os vossos esforços.

E oxalá que esta Assembleia fique na história como um sinal de reconforto e de esperança.

Do Vaticano, 7 de Junho de 1982

JOÃO PAULO PP. II

quarta-feira, 27 de julho de 2011

STF está prestes a decidir sobre a possibilidade de abortos de anencéfalos. Parte 01.


ADPF 54 que trata sobre o aborto de fetos anencéfalos foi protocolada com o intuito de, em caso de ocorrência de gestação de feto com anencefalia, nem os médicos e nem a gestante que decidir optar pela antecipação terapêutica de parto, no caso de feto portador de anencefalia, sejam, nos termos dos artigos penais referentes ao aborto, pelos crimes apenados.

Essa ADPF está pronta para ser julgada.

Na petição inicial, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), através do seu advogado Luis Roberto Barroso, em nota prévia, esclarece que, antecipação terapêutica de parto não é aborto, mas não explica os motivos que diferenciam a antecipação terapêutica de parto do crime de aborto. Faz ao final, o discurso da importância do pronunciamento do STF sobre a matéria:

“que tem profundo alcance humanitário, para libertá-la de visões idiossincráticas causadoras de dramático sofrimento às gestantes e de ameaças e obstá-los à atuação dos profissionais da saúde”.

No mérito, o advogado procurou ponderar sobre os direitos da gestante e do nascituro, quando este tem potencialidade de vida, o que não figura no caso em examine, e por este dado busca o reconhecimento dos direitos fundamentais da gestante, “cujo interesse se possa eficazmente proteger”.

A CNTS discorre longamente sobre princípios, mas esquece que os mesmos princípios da dignidade da pessoa humana e tantos outros não se adéquam única e exclusivamente à mulher, mas também ao nascituro, ou seja, à criança que é vida e que tem vida.

Concluindo, usou uma tese que tentou se esquivar do crime de aborto dizendo que aborto não é aborto e que anencéfalo não é vida. Basicamente isso. É óbvio que se perguntar para ele a explicação não vai ser tão direta assim.

Uma vez que essa ação está pronta para julgamento e o Relator é o Sr. Ministro marco Aurélio, é bom lembrarmos do que se trata e como foi a audiência pública que aconteceu no final de agosto e início de setembro de 2008.

Pois bem, no dia 26/08/2008 o Pe. Luiz Antônio Bento falou na audiência pública representando a CNBB, tudo nos seguintes termos:

1. Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB
Representante: Padre Luiz Antônio Bento
Currículo: Doutor em Bioética pela Universidade Lateranense e Academia Alfonsiana de Roma, Assessor Nacional da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, e autor do livro Bioética. Desafios éticos no debate contemporâneo. São Paulo, Paulinas, 2008.

Bom-dia a todos.

Gostaria de pedir licença ao Senhor Ministro Marco Aurélio, Relator da ADPF, para saudar a todos, cumprimentar os presentes, a todas as autoridades, as pessoas que compõem esta mesa e esta assembléia.

Vamos hoje aqui, representando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, colaborar nesta matéria importante e tão fundamental para a comunidade, para a sociedade brasileira.

Queremos fazer a nossa consideração também a partir daquela perspectiva cristã. É óbvio que nós viemos representando esta entidade religiosa e que partiremos também de alguns princípios, elementos cristãos.

Hoje, além de falar do aborto, queremos falar especificamente desta matéria tão delicada e tão importante de ser debatida aqui e com toda a comunidade brasileira, o caso do aborto do feto com anencefalia. Queremos, desta forma, apresentar as razões pelas quais defendemos a humanidade deste ser humano que está em gestação, ainda que esteja com malformação.

Uma realidade da qual não se é possível fugir é que o aborto é a morte deliberada direta, independentemente da forma como é realizada, de um ser humano na fase inicial de sua existência, que vai até o parto.

João Paulo II, cremos ter sido um dos grandes, um dos maiores defensores da vida nos últimos tempos, assim define o aborto que era a favor dessa cultura da vida, portanto, hostil a uma cultura de morte. Assim, nada e ninguém pode autorizar que se dê a a tod morte a um ser humano inocente, seja ele embrião, feto, ou criança sem ou com malformação, adulto, velho, doente incurável ou agonizante. Essa doutrina do magistério da Igreja Católica é assim defendida no evangelium vitae, o evangelho da vida.
Cremos que quando a vida não é respeitada no seu inicio, dificilmente o será em suas outras etapas. Não importando como essa vida se encontra, todos os outros direitos da pessoa humana serão desprezados. Ademais, uma sociedade que quer se desenvolver não pode fazê-lo livremente, não pode crescer à custa do sangue de pessoas inocentes. Não se constrói uma sociedade com violência, uma violência contra os doentes, contra os fetos indefesos e inocentes. As pretensões de desqualificação da pessoa humana ferem a dignidade intrínseca e inviolável da pessoa. Só pelo fato de pertencer à espécie humana, esse indivíduo tem uma dignidade; e é essa dignidade que queremos reafirmar, que precisa ser tutelada, que precisa ser respeitada.

Assim, o feto anencefálico é um ser humano vivente e sua reduzida expectativa de vida não nega os seus direitos, a sua identidade. O fato de ter mais ou menos tempo de existência não faz com que ele deixe de ser sempre um ser humano, que precisa de
cuidado, sobretudo neste caso.

A vida de cada indivíduo não é apenas um bem pessoal inalienável, mas também um bem social. Portanto, é um bem social que pertence a todos, e a sociedade tem a obrigação de promover e de defender esses direitos da pessoa humana, do feto que está com uma anomalia.

Uma vida atingida por limites psicofísicos - ou, como se diz, portadores de anomalia - é certamente limitada na sua liberdade exterior, porém em nada diminui a sua dignidade. O fato de uma deficiência, de uma anomalia, não diminui ou nega a dignidade de uma pessoa; portanto, o indivíduo humano vale pelo seu ser, não pelo seu modo de ser, muito menos pelo reconhecimento que pode vir de outros em ordem às qualidades físicas ou psíquicas, quer as possua ou não. Essa dignidade é intrínseca à pessoa.

Segundo a professora de Direito Maria Helena Diniz, o aborto eugênico é uma barbárie, um sintoma de desumanização, aliás, uma escalada para a instalação de câmara de extermínio de recémnascidos defeituosos, para a eutanásia de deficientes físicos e mentais e para a eliminação de idosos não produtivos.

Que tipo de motivos caridosos os filhos não poderiam alegar para justificar a boa ação de eliminar seus pais idosos e doentes? Hoje, amparar, proteger e respeitar a vida intra ou extrauterina. Assim, nós queremos lembrar que o feto com anencefalia não é relativo a nada, a ninguém, não depende de outra ou outras pessoas para poder ter a sua dignidade; a sua dignidade é inerente, assim como é inerente a todos e a cada indivíduo da espécie humana.

A ninguém é lícito, portanto, muito menos à sociedade e ao Estado, julgar o valor intrínseco de uma vida por suas deficiências. Nem mesmo a eutanásia pré-natal, por consciência dos pais, deveria ser admitida, porque, se ninguém tem o direito do controle sobre a própria vida, como poderia querer ter o controle sobre a vida de outra pessoa?

Então, procura-se, na verdade, eliminar o feto com a anencefalia, porque essa pessoa não corresponde aos padrões da nossa sociedade hodierna. É importante, podemos dizer, que esses padrões são arbitrários, porque nós não podemos exigir um determinado tipo de perfeição da pessoa. Quem somos nós para dizer que tipo de homem, que tipo de pessoa é o ideal para a sociedade? Nós corremos risco exatamente de entrar no eugenismo, que já passamos pela experiência na história da humanidade e que, infelizmente, vivemos ainda com marcas profundas, senão por toda a história serão lembradas.

Quanto ao sofrimento da gestante e da família, este sofrimento a todos sensibiliza. Não podemos ser indiferentes a essa dor e angústia. Não significa que nós somos insensíveis ao sofrimento da mãe, ao sofrimento do pai, ao sofrimento de toda a família, daqueles que convivem com essa realidade. Mas esse sofrimento não justifica nem autoriza o sacrifício da vida do filho que se carrega no ventre. Mas esse sofrimento, portanto, precisa ser acolhido por todos, porque, quando a Medicina não pode curar, ela ainda pode fazer muita coisa, pode aliviar o sofrimento, pode confortar, pode estar presente na vida desses pacientes. E, neste caso, são dois os pacientes: a mãe e o filho que precisam dos cuidados.

O aborto seletivo é filho desta cultura que vê uma vida que não responde aos seus parâmetros, obstáculo e uma ameaça. O aborto eugênico é uma ação discriminatória - digamos também -, racista, com a intenção de se suprimir uma vida que não está em conformidade com a que se espera, porque vem marcada por uma anomalia; essa se configura, verdadeiramente, como uma eutanásia pré-natal.

Quando, portanto, não é possível esta cura aos cuidados paliativos, este pálio, este manto, aquele que protege é a figura, dentro da visão cristã, do bom samaritano, aquele que coloca óleo, azeite nas feridas para cuidar do paciente. Eu diria que nós devemos ser claros, bons profissionais, bons técnicos, mas não basta a técnica, é preciso também a humanidade; e diria que técnica em uma mão e humanidade na outra. Uma ciência que mata não é mais uma ciência, é puramente uma tecnologia.

Um provérbio francês, portanto: “curar às vezes, aliviar frequentemente, conformar sempre”. Com relação à consciência, nós podíamos perguntar sobre a morte encefálica deste paciente que não tem a formação dos hemisférios superiores. Hoje, há um grupo de cientistas, de médicos que defende a possibilidade de uma consciência primitiva nesses pacientes, nesses indivíduos.

E, assim, concluindo, devido ao tempo que já está se encerrando, gostaria de trazer, aqui, as palavras do Doutor Rodolfo Acatauassú, mestre e doutor em cirurgia geral pela UERJ:

Se o feto fosse uma malformação não humana, se o feto nunca pudesse nascer vivo, se a criança tivesse em morte encefálica, a premissa da ADPF poderia ter algum embasamento; mas, como o feto tem o genoma humano, todos os dados genéticos estão presentes na vida desse indivíduo, mas, como o feto pode nascer vivo, mas, como a criança não está em morte encefálica, a premissa da ADPF não tem embasamento.

E gostaria, assim, de terminar, nós temos, aqui, esta criança que não é anencefálica, mas que passou por uma cirurgia ainda no útero materno que, quem sabe, a Medicina ainda pode encontrar uma cura também para a questão da anencefalia ou, pelo menos, dar grandes passos, e a Marcela – que todos conhecemos – é um exemplo de que a Medicina ainda tem muito para aprender com a anencefalia.

Enfim, não podemos esquecer que o respeito à vida, também aquele destinado a uma morte breve deve constituir um princípio inevitável não somente para os médicos, mas, também, para os pais e para toda a comunidade humana.

Terminando com as palavras do professor Jerome Lejeune, descobridor da origem cromossômica da síndrome de Down: penso pessoalmente que, diante de um feto que corre um risco, não há outra solução senão deixá-lo correr esse risco, porque, caso se mate, transforma-se o risco de cinqüenta em cem por cento e não se poderá salvar em caso nenhum. Um feto é um paciente, e a Medicina é feita para curar, não para matar. Toda discussão técnica, moral e jurídica é supérflua. É preciso simplesmente escolher entre a Medicina que cura e a Medicina que mata.

Ainda Jérôme Lejeune: se a natureza condena, não cabe à Medicina executar a sentença, mas, sim, transformar a pena.

E, assim, deixo como essa nossa reflexão, neste período breve, pedindo para que aqueles que podem, têm o poder de votar, de decidir sobre as nossas vidas e das crianças com anencefalia escolhem, pois, a vida.

Muito obrigado.

Corte Constitucional da Colômbia diz não à união homossexual.


BOGOTÁ, 27 Jul. 11 / (ACI/EWTN Noticias)

A Corte Constitucional da Colômbia negou-se no dia 26 de julho a equiparar as uniões homossexuais ao matrimônio, ratificando a definição vigente desde 1887 que estabelece que esta instituição é a união entre um homem e uma mulher, mas deixou aberta a possibilidade de que o Congresso legisle sobre o tema em um prazo de dois anos.

Entretanto a decisão unânime da Corte também estabelece que os casais homossexuais têm "direito" a formar uma família.

Há poucos dias a Igreja Católica na Colômbia junto de 300 denominações cristãs solicitaram à Corte Constitucional que não equiparasse as uniões de pessoas do mesmo sexo ao matrimônio nem lhes desse a potestade de adotar menores, pois isso "afetaria as famílias colombianas e os valores éticos da pátria".

Conforme assinala o jornal colombiano El Tiempo, o Tribunal pediu ao Congresso que legisle sobre o reconhecimento ou não das uniões homossexuais em um prazo de dois anos, após o qual "os casais homossexuais poderão ir a um escrivão para legalizar sua união", disse o juiz Juan Carlos Henao, presidente do tribunal.

"Se em 20 de junho de 2013 o Congresso não tiver legislado, os casais homossexuais podem ir a um cartório e com a mesma solenidade do matrimônio heterossexual estabelecer um vínculo, com conseqüências similares ao de um casal heterossexual", acrescentou.

Desta forma as uniões de pessoas do mesmo sexo teriam em 2013 a possibilidade de unir-se em uma figura similar à do matrimônio civil, com os mesmos deveres e direitos.

Atualmente os homossexuais declaram suas uniões livres perante escrivães para ter acesso à segurança social, a aposentadoria e a herança, faculdades que a Corte Constitucional reconhece desde ano 2007.

Na opinião do presidente do Partido Conservador, José Darío Salazar, “enviar ao Congresso uma mensagem para que legisle sobre o tema é uma maneira muito fácil de lavar as mãos. A impressão que eu tenho é que lá há magistrados que, como não podem modificar a Constituição, pressionam o Congresso para que se modifique o que eles devem guardar".

Conforme informa a agência Efe, sobre a sentença da Corte Constitucional, o Secretário Geral da Conferência Episcopal da Colômbia, Dom Juan Vicente Córdoba, assinalou que existe uma "uma discreta satisfação".

Do mesmo modo, recalcou que a Igreja Católica sempre defendeu que os homossexuais devem gozar de todos os direitos e jamais serem discriminados. "Nós não estamos contra eles, séria contraditório com o Evangelho", precisou.

O Prelado também explicou que é falso o rumor que circulou sobre uma suposta ameaça da Igreja de excomungar os magistrados que se manifestassem a favor do mal chamado "matrimônio" homossexual. "Isso não é verdade. Nunca dissemos essa frase", assinalou.

A doutrina católica não aprova o mal chamado "matrimônio" gay porque atenta contra a natureza, sentido e significado do verdadeiro matrimônio, constituído pela união entre um homem e uma mulher, sobre a qual se forma a família.

O Vaticano e os bispos em diversos países do mundo denunciaram que as legislações que pretendem apresentar "modelos alternativos" de vida familiar e conjugal atentam contra a célula básica da sociedade.

FONTE: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=22304

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Grã-Bretanha. Eugenia de bebês com deficiências.


Por Pe. John Flynn, L.C.

ROMA, domingo, 24 de julho de 2011 (ZENIT.org) – O governo britânico acaba de tornar pública uma inquietante série de informações sobre abortos tardios e eliminação de bebês com deficiências: na Inglaterra e em Gales, são abortados até bebês com palato fendido, pé torto e síndrome de Down.

Segundo a BBC (4 de julho), conseguir essas estatísticas não foi fácil. Em 2003, o Departamento de Saúde decidiu suspender a publicação de informação sobre abortos tardios, depois de protestos generalizados contra os abortos de bebês com palato fendido.

Com base na legislação sobre a liberdade de informação, a ProLife Alliance solicitou detalhes sobre esse tipo de aborto. O Departamento de Saúde negou-se a dar informações, e só com ordem do Tribunal Supremo tornou os dados finalmente públicos.

O site do Departamento de Saúde revela abortos realizados por causa de defeitos genéticos ou deficiências e abortos feitos em meninas com menos de 16 anos.

Em nota à imprensa (4 de julho), a ProLife Alliance se disse satisfeita com a publicação dos dados, que havia solicitado em fevereiro de 2005.

A satisfação não é compartilhada por Ann Furedi, diretora executiva do British Pregnancy Advisory Service, que faz os abortos. “A publicação dessas estatísticas depois de uma campanha do lobby anti-aborto é mais um passo no desejo deles de vingança”, afirmou à BBC.

Discriminação dos deficientes

Em 2010, 482 bebês com síndrome de Down foram abortados. Dez com mais de 24 semanas. Outros 181 foram abortados devido ao histórico familiar de doenças hereditárias. Em total, houve 2.290 abortos em 2010 por problemas genéticos ou deficiências. Destes, 147 depois da 24ª semana de gestação.

Em declaração pública, a Sociedade para a Proteção das Crianças Não Nascidas (SPUC) manifestou preocupação com os dados sobre os abortos.

Anthony Ozimic, diretor de comunicação do SPUC, comenta: “Entre 2001 e 2010, o número de abortos por deficiências aumentou um terço, 10 vezes mais que os abortos em geral. É claro que o aborto legal é um sistema que discrimina, de modo fatal, os deficientes”.

A Inglaterra e Gales não são os únicos lugares em que ocorre a eliminação seletiva. Cerca de 6.000 crianças com síndrome de Down nascem por ano nos Estados Unidos. O número se reduziu desde a generalização do diagnóstico pré-natal.

Houve uma queda de 11% entre 1989 e 2006, período em que se esperava aumento, segundo reportagem da Associated Press (12 de junho) sobre o diagnóstico pré-natal.

Houve ainda um importante número de abortos em meninas menores de idade na Inglaterra e em Gales. Em 2010, foram 3.718 abortos em menores de 16 anos. Os números mostram 2.676 abortos em idades de 14 a 15 anos, 906 de 13 a 14 anos, 134 de 12 a 13 anos, e dois em menores de 12 anos. No período 2002-2010 houve em total 35.262 abortos em menores de 16 anos.

As últimas informações não são a única causa de preocupação sobre o aborto na Inglaterra e em Gales. O número de abortos aumentou 8% na última década. Em comunicado no dia 24 de maio, o Departamento de Saúde afirmou que o número total de abortos em 2010 foi de 189.574, 8% a mais que em 2000 (175.542).

O índice de abortos ficou acima de 33 por 1.000 mulheres entre 19 e 20 anos. As mulheres solteiras representam 81% de todos os abortos. Em geral, 91% dos abortos foram feitos antes da 13ª semana de gestação, com 77% antes da 10ª semana.

Os abortos médicos, ou seja, feitos com o uso de medicamentos, somam 43% do total, notável aumento em comparação com 2000, quando eram 12%.

Micaela Aston, da organização Life, expressa preocupação com a tendência das mulheres a fazer a abortos tão cedo: “É vital dar tempo às mulheres para pensar nas opções. Dados de outros países sugerem que períodos de ‘esfriamento’ antes do aborto podem reduzir essa prática, já que as mulheres e as famílias têm mais tempo para considerar as opções” (Telegraph, 24 de maio).

Reincidências
O relatório do Departamento de Saúde aponta aumento na quantidade de mulheres que reincidem no aborto. Em 2010, 34% das mulheres que abortaram já tinham abortado antes. É uma porcentagem 30% maior que a de 2000.

Estudo recente sublinha os perigos de um alto número de abortos em idade jovem, ou de ter abortos múltiplos. Pesquisas com um milhão de gravidezes na Escócia durante 26 anos mostraram que as mulheres que abortaram têm mais probabilidades de um parto prematuro e outras complicações.

Segundo reportagem do Times (5 de julho) sobre estas pesquisas, as mulheres que abortaram têm 34% a mais de probabilidades de um filho com nascimento prematuro do que as grávidas pela primeira vez.

O número sobe para 73% nas mulheres que têm o segundo filho, quando normalmente elas deveriam ter risco menor de parto prematuro.

Sohinee Bhattacharya, da Universidade de Aberdeen, dirigiu a pesquisa, ainda em etapa preliminar e não publicada.

O risco de dar à luz antes do tempo aumenta notavelmente se uma mulher tiver tido mais de dois abortos. Uma em cada cinco mulheres que tiveram quatro abortos dará à luz antes das 37 semanas, em comparação com menos de uma em cada 10 mulheres que tiveram um só.

Bhattacharya explica que o risco de um nascimento prematuro é de cerca de 6%, enquanto que em mulheres que tiveram um aborto eleva-se a 10%.

Apesar de que o número de mulheres que se verão afetadas por isso é relativamente pequeno, Josephine Quintavalle, da ProLife Alliance, declarou ao Times que isso traz evidências sólidas do impacto do aborto na saúde.

“Independentemente da postura de alguém quanto à moralidade do aborto, é mais que evidente que deveria ser uma parte essencial dos protocolos de consentimento informado alertar as pacientes sobre os riscos muito reais de sofrer abortos não desejados no futuro”, assinala.

Consciência moral

No dia 26 de fevereiro, Bento XVI se dirigiu aos membros da Pontifícia Academia para a Vida, que tinham se reunido para seu encontro anual. Um dos temas tratados foi o trauma sofrido pelas mulheres que tiveram um aborto.

O Papa assinalou que a dor psicológica vivida pelas mulheres que abortaram “revela a voz insuprimível da consciência moral e a ferida gravíssima que ela padece cada vez que a ação humana atraiçoa a vocação inata ao bem do ser humano, que ela testemunha”.

Ele também criticou os pais que deixam sós as mulheres grávidas. Segundo Bento XVI, estamos em um momento cultural em que houve um eclipse do sentido da vida, que debilitou a percepção da gravidade do aborto. Não há melhores evidências disso que os últimos dados da Grã-Bretanha.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Jornal argentino chama de herança maldita o legado de Lula.


A saída do segundo ministro de Dilma Rousseff por denúncias de corrupção em menos de um mês representa, segundo um artigo publicado no dia 07/07/11 pelo jornal argentino La Nación, uma "herança maldita" deixada à presidente pelo seu antecessor e padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva.

Herança maldita é uma expressão infeliz criada por Lula, mas que só quem não tem o mínimo de informação, ou mesmo aqueles que pretendem continuar de olhos fechados, como é o caso de nossos esquerdopatas brasileiros, pra não saber que não tinha outro caminho a ser percorrido pela presidente Dilma;

Em uma analogia à "herança maldita" que Lula dizia ter recebido na economia do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o jornal aponta que os dois ministros derrubados por escândalos - Antonio Palocci, da Casa Civil, no mês passado, e Alfredo Nascimento, dos Transportes, na quarta-feira - eram ligados a Lula, de quem também haviam sido ministros.

"Já ao final de seu bem-sucedido governo, quando se preparava para deixar o poder nas mãos de sua afilhada política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alardeava ter superado a 'herança maldita' que, em termos econômicos - com dívida e recessão - tinha lhe deixado seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso", diz o jornal.

"Agora, sua sucessora, Dilma Rousseff, enfrenta o desafio de se sobrepor à 'herança maldita' que, na política, parece ter lhe deixado seu padrinho", complementa o texto.

Defesa

O jornal comenta que, ao contrário da defesa que fez de Palocci, que havia sido seu coordenador de campanha e é membro do seu Partido dos Trabalhadores, com o ministro dos Transportes Dilma viu a tarefa de se livrar dele "pessoalmente mais fácil".

O artigo observa que Nascimento não está ligado aos dois partidos majoritários da coalizão governista, o PT e o PMDB, e afirma que sua agremiação, o Partido da República, "tem um peso menor e não poderá fazer balançar o governo com suas exigências, apesar de gozar de bastante influência entre os evangélicos".

Em outro texto, o jornal observa que o PR tem "uma mancha de nascimento", por ter sido criado a partir do antigo Partido Liberal, que teve vários dirigentes acusados de envolvimento no então escândalo do "mensalão", em 2005.

O diário comenta que a situação do ministro se tornou insustentável com a avalanche de denúncias de corrupção publicadas pela imprensa brasileira desde o fim de semana.

"Já bastante debilitado com a renúncia de Palocci no mês passado, o governo tentou ontem se mostrar forte e decidido, ao enfatizar que Dilma já havia retirado o apoio político a Nascimento no fim de semana", diz o texto.

Para o jornal, o grande problema agora para a presidente é que "a imagem da jovem administração de Dilma fica agora muito manchada, sobretudo se for levado em conta que em plena campanha também estourou um escândalo de tráfico de influências que envolveu quem era sua mão direita quando ela era ministra da Casa Civil e foi sua sucessora no cargo, Erenice Guerra".

Portanto, sem comentários quanto a herança maldita. Não tem essa. Ela, a presidente que não quer ser chamada de presidente e violenta a gramática, já sabia muito bem como andava o governo Lula, afinal era ministra dele e não só era ministra como era a principal ministra.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Arinze critica eufemismos no debate sobre o aborto



Cardeal afirma que os animais são mais protegidos que as pessoas.

Infelizmente é a verdade. Mais infelizmente ainda: é uma verdade que poucos têm coragem de manifestar. E mais infelizmente que isso é ser uma verdade que muitos têm os olhos e mentes fechados para ouvir, ver e entender. Praticar nem se fala.

A Igreja já vem se manifestando e afirmando que a natureza (fauna e flora) são mais protegidos que os seres humanos. É inegável que isso acontece.

Ninguém aqui está dizendo que a fauna e a flora devem ser destruídas. Normalmente as pessoas vêm um mundo dual, ou seja, se você não é favor de um estremo ecologismo chato e arrogante, isso significa que você pretende que o mundo se exploda em poluição e que você caça pandas, mico-leão-dourado e tubarões só para ver o tombo do bicho. Afirmam que você é um sarcástico destruidor de árvores, sendo que eu sequer já peguei em uma moto-serra. As coisas não são assim. O ser humano em primeiro lugar.

Obviamente que para o ser humano estar em primeiro lugar é preciso que ele esteja em um ambiente saudável. Mas de que adianta um ambiente saudável se não temos seres humanos para habitá-lo? É isso que a Igreja vem dizendo há décadas, desde que surgiram os eco-chatos.

A declaração abaixo é muito clara e foi feita pelo Cardeal Arinze, muito conhecido por suas declarações diretas. Ele é presidente emérito da Congregação para o Culto Divino. Na declaração ele faz um paralelo interessante entre as lutas para a proteção da natureza e as lutas para a destruição do feto humano (aborto). Vale a pena a leitura.

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FRONT ROYAL, sexta-feira, 15 de julho de 2011 (ZENIT.org) – O presidente emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sustenta que é preciso “falar claramente” no debate sobre o aborto.

O cardeal Francis Arinze fez esta reflexão no sábado passado, durante uma conferência sobre bioética, realizada no Christendom College de Front Royal, da qual participaram também Dom Robert Morlino de Madison (Wisconsin), a autora Janet Smith o Pe. Tadeusz Pacholczyk.

O cardeal Arinze observou que os direitos humanos são invioláveis porque são recebidos de Deus e inerentes a toda pessoa humana.

“Se uma pessoa é assassinada, de que lhe servem todos os demais direitos? – perguntou-se. Alguns dizem: 'Pessoalmente, sou contra o aborto, mas não imponho minha opinião aos outros'. É como dizer: 'Alguém quer atirar no Senado e na Câmara dos Deputados, mas eu não imporei a ninguém meu ponto de vista'.”

“Não é altamente ilógico para algumas pessoas falar de baleias, chimpanzés e árvores como 'espécies em perigo' que devem ser preservadas – e quando se tortura um cachorro em alguns países, se é levado aos tribunais por tortura contra os animais –, enquanto o assassinato de não-nascidos é definido 'pro choice' antes do que realmente é, um homicídio? É preciso 'dar nome aos bois'.”

A autora Janet Smith tratou, por sua vez, da questão da contracepção. Usando a filosofia do personalismo contida na Teologia do Corpo do Beato João Paulo II, explicou os efeitos prejudiciais da contracepção na relação esponsal.

“Ter relações conjugais com uma pessoa e não estar aberto a ter um filho com essa pessoa nega a realidade pela qual a relação sexual leva a relações que duram a vida inteira – disse. Deveria ser um motivo de alegria, não algo visto como um castigo pelo fato de ter relações sexuais.”

O Pe. Tadeusz Pacholczyk, do National Catholic Bioethics Center, falou sobre a pesquisa com células-tronco.

A publicidade de Hollywood, a curiosidade científica e a busca de lucro são as causas pelas quais a destruição de embriões para obter células-tronco é financiada e ativa, segundo o especialista.

O sacerdote destacou a ironia de uma lei americana de 1940 que defende não somente a águia-de-cabeça-branca, mas também seus ovos.

“Se consideramos que destruir um ovo de águia é um mal igual à destruição de uma águia, por que não conseguimos pensar o mesmo quando se trata de uma vida humana?”, perguntou-se.

Dom Morlino prosseguiu depois com o debate, falando sobre o direito natural e o fim da vida. “Cada caso de doença terminal ou de uma pessoa moribunda é único”, afirmou.

“O difícil não são as avaliações, mas a comunicação pastoral. Se a pessoa não se sente um peso para os outros e não o é, o enfoque pastoral da comunicação da verdade é muito mais simples.”

Lorna Cvetkovich, do Tepeyac Family Center, falou do desafios que os médicos católicos devem enfrentar.

“Na nossa sociedade, 80% das mulheres usam pílulas anticoncepcionais. Se têm mais de 35 anos e um filho, há uma possibilidade entre 50-60% de que já tenham se tornado estéreis, e a porcentagem de gravidezes com fecundação in vitro aumenta cada ano – destacou. Devemos enfrentar muitas questões.”

Os profissionais médicos católicos, segundo ela, devem se preocupar não somente com as questões relativas à saúde reprodutiva, mas também às práticas de pesquisa. Um desafio para a profissão médica é entender e reconhecer o quanto a ideologia influenciou no ideal científico.

“Muitos dados e várias pesquisas mostraram que o aborto aumenta o risco de câncer de mama – comentou. Por que se esconde esta informação? No passado, podíamos confiar em que as pessoas tinham vontade de realizar pesquisas positivas.”

Concluindo, Cvetkovich confessou temer pelo futuro da medicina católica: “Deveremos escolher entre praticar a medicina anti-hipocrática e pro-choice e praticar uma hipocrática, católica, pró-vida e perder nosso trabalho”.