quarta-feira, 20 de julho de 2011

Arinze critica eufemismos no debate sobre o aborto



Cardeal afirma que os animais são mais protegidos que as pessoas.

Infelizmente é a verdade. Mais infelizmente ainda: é uma verdade que poucos têm coragem de manifestar. E mais infelizmente que isso é ser uma verdade que muitos têm os olhos e mentes fechados para ouvir, ver e entender. Praticar nem se fala.

A Igreja já vem se manifestando e afirmando que a natureza (fauna e flora) são mais protegidos que os seres humanos. É inegável que isso acontece.

Ninguém aqui está dizendo que a fauna e a flora devem ser destruídas. Normalmente as pessoas vêm um mundo dual, ou seja, se você não é favor de um estremo ecologismo chato e arrogante, isso significa que você pretende que o mundo se exploda em poluição e que você caça pandas, mico-leão-dourado e tubarões só para ver o tombo do bicho. Afirmam que você é um sarcástico destruidor de árvores, sendo que eu sequer já peguei em uma moto-serra. As coisas não são assim. O ser humano em primeiro lugar.

Obviamente que para o ser humano estar em primeiro lugar é preciso que ele esteja em um ambiente saudável. Mas de que adianta um ambiente saudável se não temos seres humanos para habitá-lo? É isso que a Igreja vem dizendo há décadas, desde que surgiram os eco-chatos.

A declaração abaixo é muito clara e foi feita pelo Cardeal Arinze, muito conhecido por suas declarações diretas. Ele é presidente emérito da Congregação para o Culto Divino. Na declaração ele faz um paralelo interessante entre as lutas para a proteção da natureza e as lutas para a destruição do feto humano (aborto). Vale a pena a leitura.

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FRONT ROYAL, sexta-feira, 15 de julho de 2011 (ZENIT.org) – O presidente emérito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos sustenta que é preciso “falar claramente” no debate sobre o aborto.

O cardeal Francis Arinze fez esta reflexão no sábado passado, durante uma conferência sobre bioética, realizada no Christendom College de Front Royal, da qual participaram também Dom Robert Morlino de Madison (Wisconsin), a autora Janet Smith o Pe. Tadeusz Pacholczyk.

O cardeal Arinze observou que os direitos humanos são invioláveis porque são recebidos de Deus e inerentes a toda pessoa humana.

“Se uma pessoa é assassinada, de que lhe servem todos os demais direitos? – perguntou-se. Alguns dizem: 'Pessoalmente, sou contra o aborto, mas não imponho minha opinião aos outros'. É como dizer: 'Alguém quer atirar no Senado e na Câmara dos Deputados, mas eu não imporei a ninguém meu ponto de vista'.”

“Não é altamente ilógico para algumas pessoas falar de baleias, chimpanzés e árvores como 'espécies em perigo' que devem ser preservadas – e quando se tortura um cachorro em alguns países, se é levado aos tribunais por tortura contra os animais –, enquanto o assassinato de não-nascidos é definido 'pro choice' antes do que realmente é, um homicídio? É preciso 'dar nome aos bois'.”

A autora Janet Smith tratou, por sua vez, da questão da contracepção. Usando a filosofia do personalismo contida na Teologia do Corpo do Beato João Paulo II, explicou os efeitos prejudiciais da contracepção na relação esponsal.

“Ter relações conjugais com uma pessoa e não estar aberto a ter um filho com essa pessoa nega a realidade pela qual a relação sexual leva a relações que duram a vida inteira – disse. Deveria ser um motivo de alegria, não algo visto como um castigo pelo fato de ter relações sexuais.”

O Pe. Tadeusz Pacholczyk, do National Catholic Bioethics Center, falou sobre a pesquisa com células-tronco.

A publicidade de Hollywood, a curiosidade científica e a busca de lucro são as causas pelas quais a destruição de embriões para obter células-tronco é financiada e ativa, segundo o especialista.

O sacerdote destacou a ironia de uma lei americana de 1940 que defende não somente a águia-de-cabeça-branca, mas também seus ovos.

“Se consideramos que destruir um ovo de águia é um mal igual à destruição de uma águia, por que não conseguimos pensar o mesmo quando se trata de uma vida humana?”, perguntou-se.

Dom Morlino prosseguiu depois com o debate, falando sobre o direito natural e o fim da vida. “Cada caso de doença terminal ou de uma pessoa moribunda é único”, afirmou.

“O difícil não são as avaliações, mas a comunicação pastoral. Se a pessoa não se sente um peso para os outros e não o é, o enfoque pastoral da comunicação da verdade é muito mais simples.”

Lorna Cvetkovich, do Tepeyac Family Center, falou do desafios que os médicos católicos devem enfrentar.

“Na nossa sociedade, 80% das mulheres usam pílulas anticoncepcionais. Se têm mais de 35 anos e um filho, há uma possibilidade entre 50-60% de que já tenham se tornado estéreis, e a porcentagem de gravidezes com fecundação in vitro aumenta cada ano – destacou. Devemos enfrentar muitas questões.”

Os profissionais médicos católicos, segundo ela, devem se preocupar não somente com as questões relativas à saúde reprodutiva, mas também às práticas de pesquisa. Um desafio para a profissão médica é entender e reconhecer o quanto a ideologia influenciou no ideal científico.

“Muitos dados e várias pesquisas mostraram que o aborto aumenta o risco de câncer de mama – comentou. Por que se esconde esta informação? No passado, podíamos confiar em que as pessoas tinham vontade de realizar pesquisas positivas.”

Concluindo, Cvetkovich confessou temer pelo futuro da medicina católica: “Deveremos escolher entre praticar a medicina anti-hipocrática e pro-choice e praticar uma hipocrática, católica, pró-vida e perder nosso trabalho”.

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