quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Da temperança.


Dentre as quatro virtudes morais, temos a temperança como uma das mais presentes quando se pretende levar uma vida de mortificações a caminho da santidade e perfeição.

O objetivo principal da temperança é moderar todo o prazer sensível, ou seja, equilibrar racionalmente funções orgânicas e aquelas ligadas à propagação da espécie, nesse caso mais diretamente, relações sexuais e tudo o que as envolve. Equilibrar prazeres sensíveis advindos do tato e do gosto tem o objetivo de temperar todo esse conjunto para um fim honesto e sobrenatural.

A moderação desses prazeres sensíveis nos levam a conhecer melhor e a impor limites à nossa própria vontade e nossos impulsos. Ter equilíbrio não por imposição social de alguma pena, seja estatal ou não, mas sim conseguir controlar-se e ser senhor de si. Quando não agimos dessa ou daquela forma por simples medo ou receio de uma punição social e não por consciência de que o ato nos traz prejuízos pessoais e sociais, não somos senhores de nossas ações, mas sim agimos por simples impulsos e não por razão e consciência. Se não roubamos, matamos ou nos corrompemos por medo da prisão pura e simplesmente, significa que apenas damos vazão a nossos impulsos e algo externo precisa freá-los, isto é, você não tem controle. Algo de fora precisa controlar esses impulsos para reprimi-los, mesmo que por meio do medo de uma punição severa.

Nossa vida cotidiana já nos impele a fugir de coisas como matar, roubar ou se corromper, contudo esse é o ápice de algo que começa pequeno dentro de cada um de nós e que é regado, adubado e cuidado com toda devoção para que cresça e se fortaleça com o intuito de um dia chegar nesses absurdos maiores. Quem cai nessa armadilha não consegue perceber quando caiu. Os poucos que conseguem perceber ou percebem que não querem voltar atrás e se conformam com o erro ou mesmo se comprazem e aproveitam dele o máximo que podem; ou decidem voltar atrás e aí estará o grande mérito. O caminho será longo e cheio de pedras. O aprendizado para percorrer o caminho de volta e entrar no caminho correto é doloroso, cheio de perigos, encruzilhadas e mensageiros que te enganam. Melhor arrancar o mal pela raiz e não deixar crescer impulsos que só te levam ao erro.

Temos que começar com a moderação desses impulsos desde os mais pequenos e que parecem mais inofensivos para que com o tempo aprendamos a controlar todos eles, desde o mais simples ao mais complexo e sedutor. Daí a importância de agir com temperança, equilíbrio ao comer, beber e escolher os momentos e limites do prazer, qualquer que seja ele.

Limitar esses prazeres é um meio irrefutável de mortificação. A questão é saber fazer essa mortificação. Moderar esses prazeres mantendo o afastamento de Deus é moderar por vaidade. A consequência será o sentir-se melhor que outros que conseguem limitar menos esses prazeres ou mesmo nunca abandoná-los totalmente. Deus fica excluído do processo e não há objetivo sobre, não há crescimento espiritual, não há nenhum ganho que não seja orgulho através da vaidade.

A falta de temperança total, por outro lado remonta uma absoluta falta de objetivos uma vez que tenderá a achar que nada mais há que essa vida terrena e, portanto, vida cheia de prazeres que devem ser experimentados ao limite. “Comamos e bebamos, porque amanhã morreremos” (Isaias 22.13). Essa não pode ser uma atitude cristã!

Ainda quanto à mortificação que a moderação desses prazeres impõe, muitas vezes é bom e agradável a Deus e ou até a si próprio que se faça uma moderação inclusive de coisas que são lícitas, desde que corretamente elevadas a Deus para uma perfeita mortificação oferecida em reparação. Trata-se de assegurar com maior firmeza possível o império da razão sobre a emoção.

Concluindo, a gula (comer e beber) deve ser devidamente regrada para que consigamos moderar esse prazer e não nos tornemos reféns e escravos dela. Da mesma forma, a temperança inclui a castidade, que regula o prazer sexual ligado a continuidade da espécie. Por fim, temos a humildade e a mansidão que são atitudes que elevam a alma a um estado de perfeição e santidade e que devem ser lentamente estimuladas a fim de tornar a pessoa uma fiel cópia de Cristo que se autodesignou manso e humilde de coração (Mateus 11, 29)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Quando Bergoglio derrotou os teólogos da libertação, recorda Dom Filippo Santoro.

ROMA, 03 Out. 13 / 11:01 am (ACI/EWTN Noticias).- O Arcebispo de Taranto (Itália) que serviu como sacerdote e Bispo no Brasil durante mais de 25 anos, Dom Filippo Santoro, recordou em um artigo publicado no jornal da Conferência Episcopal Italiana "Avvenire" o papel desempenhado pelo então Cardeal Jorge Mario Bergoglio –hoje Papa Francisco– quando derrotou os postulados marxistas da teologia da libertação na Conferência do Episcopado Latino-americano em Aparecida no ano de 2007.

Dom Filippo, antes de ser nomeado Arcebispo de Taranto por Bento XVI em 2011, foi Bispo de Petrópolis, cidade no interior do Estado do Rio de Janeiro, e antes disso Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro no Brasil, país ao que chegou como sacerdote em 1984.

No seu artigo titulado "A libertação que vem do Evangelho", o Prelado italiano assinalou que "o presidente da comissão para a redação do documento final de Aparecida era o Arcebispo de Buenos Aires, o Cardeal Bergoglio. Com um estilo sapiencial, afirma na introdução do documento de Aparecida: ‘O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devem empreender, mas acima de tudo o amor recebido do Pai graças a Jesus Cristo pela unção do Espírito Santo’".

Dom Santoro assegurou que a ambiguidade no discurso da teologia da libertação "está superada na conferência de Aparecida, tanto na estrutura geral do documento, como na presença viva da fé em cada momento de seu desenvolvimento; desde olhar a dura realidade até o julgamento sobre ela e a praxe conseguinte".

"Trata-se, entretanto, de uma ambiguidade que continua presente, porque o Papa Francisco, em sua recente viagem ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, no encontro com a presidência do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano)" apresentou "algumas tentações contra o discipulado missionário, falava da ‘ideologização da mensagem evangélica’".

Nesse encontro, o Papa advertiu aos Bispos latino-americanos contra a tentação do "reducionismo socializante", o qual disse "é a ideologização mais fácil de descobrir. Em alguns momentos foi muito forte. Trata-se de uma pretensão interpretativa em base a uma hermenêutica segundo as ciências sociais. Abrange os campos mais variados, do liberalismo de mercado até a categorização marxista".

Dom Filippo recordou que algumas pessoas criticaram o documento final de Aparecida por começar com um hino de louvor a Deus, o que tinha sido expressamente desejado pelo Cardeal Bergoglio.

O Arcebispo italiano assinalou que ao ordenar-se assim, "o esquema do documento valoriza a tradição da teologia e da pastoral latino-americana, mas, ao mesmo tempo, ressalta a perspectiva da fé".

"Esta, claramente, não estava ausente, mas em certos desenvolvimentos se dava por descontada, ao ter que preocupar-se, sobretudo pela gravidade de uma situação social cheia de conflitos e, sobretudo pelo ‘clamor dos pobres’", indicou.

Em 24 de julho deste ano, no marco da JMJ do Rio, o Papa Francisco visitou o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida no estado de São Paulo. Ali, ante 200 mil almas, o Santo Padre pronunciou um discurso no qual recordou quão importante é para ele este santuário dedicado à Padroeira do Brasil. Ao despedir-se da multidão, o Santo Padre prometeu voltar em 2017, quando se comemora os 300 anos do encontro da Virgem e 10 anos da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e o Caribe.