Pra muitas pessoas, devido a um
puritanismo exacerbado, que muitas vezes não é nem culpa individual delas, mas
está inerente à educação protestantizada que andamos tendo dentro de nossas
casas, pela TV, dentro dos colégio católicos e as vezes dentro da própria
catequese ou igrejas, por diversas vezes as pessoas não conseguem fazer a diferença
entre beber, fumar e pecar. Definitivamente não são a mesma coisa.
Por várias vezes, debatendo com
algumas pessoas, elas nos esfregam na cara, como que dizendo, olha ai, ta vendo?
Não lê porque não quer! A seguinte passagem: I Coríntios 8, 13.
“Pelo que, se a comida serve de ocasião de queda a meu irmão, jamais
comerei carne, a fim de que eu não me torne ocasião de queda para o meu irmão.”
Se qualquer um de nós levar como
absoluta essa passagem, coisa que a Igreja, única a poder interpretar a Bíblia
corretamente, não o faz, não poderemos, por exemplo, comer nada que seja frito,
porque faz mau pra saúde. Não pode tomar refrigerante porque também faz mau pra
saúde e tantas outras coisas. Quem é que dá o grau da quantidade de mau que
isso ou aquilo faz? Essa é a questão.
Essa passagem por esse e por vários
outros motivos, não é absoluta. Essa é uma discussão que se estende por muito
tempo ainda, principalmente por que muitos grupos e pessoas estão
protestantizados a tal ponto que não conseguem enxergar o quão clara e justa é
a doutrina católica e acabam se bandeando para o puritanismo.
A passagem de I Cor 8,13, como
toda a Bíblia, precisa ser lida por inteiro e dentro do seu contexto. Ficar
extirpando pequenos versículos e dar interpretação ampla a eles fora de
contexto, também é atitude protestante. Esse versículo simplesmente não diz o
que as pessoas que o inserem nesse contextos querem que ele diga. É preciso ler
o capitulo todo pra entender. Nesse capítulo, o 8 de I Coríntios, Paulo está
falando de carne oferecida aos ídolos e da sua atitude perante esse tipo de
coisa. Não se pode aderir a esse tipo de sacrifício, e ai passamos ao amplo, só
porque a sociedade o quer.
Em versículo anterior, em I Cor
8,8, menciona algo que pode ficar em contradição com o versículo 13 se forem
lidos separadamente, vejamos:
"Não é, entretanto, a comida que nos torna agradáveis a Deus:
comendo, não ganhamos nada; e não comendo, nada perdemos."
Como comida entenda-se bebida
também, porque é ingestão de alimento do mesmo jeito. E ai? Como fica? Por isso
é preciso ler todo o capítulo para entender o todo.
Voltando à bebida alcoólica e a
comidas que podem fazer mau, assim como o fumo, o catecismo é muito claro ao
não colocar como absolutas essas práticas, vejamos:
"A vida e a saúde física são bens preciosos, confiados por Deus.
Temos a obrigação de cuidar razoavelmente desses dons, tendo em conta as
necessidades alheias e o bem comum.
O cuidado da saúde dos cidadãos requer a ajuda da sociedade para se
conseguirem condições de vida que permitam crescer e atingir a maturidade:
alimentação e vestuário, casa, cuidados de saúde, ensino básico, emprego,
assistência social." (Catecismo da Igreja Católica 2288)
Bom, vamos por partes, que a vida
e a saúde física são bens preciosos confiados por Deus, disso ninguém discorda.
O que estamos falando desde o início aqui é que não se pode ficar só nesse
pensamento, ele evolui muito após isso. O Catecismo continua, na mesma frase,
dizendo que "Temos a obrigação de
cuidar razoavelmente desses dons (...)", porque será que o Catecismo
resolveu colocar a palavra razoavelmente? Justamente porque esse cuidado não é
absoluto e nem pode ser. Não precisaremos interpretar ou explicar porque não
pode ser absoluto pelo simples fato de que o próprio Catecismo continua e
explica muito melhor do que eu poderia um dia explicar, vejamos novamente:
"Se a moral apela para o respeito da vida corporal, não é que faça
dela um valor absoluto. Pelo contrário, insurge-se contra uma concepção
neo-pagã, tendente a promover o culto do corpo, sacrificando-lhe tudo, e a
idolatrar a perfeição física e o êxito desportivo. Pela escolha seletiva que
faz entre os fortes e os fracos, tal concepção pode conduzir à perversão das
relações humanas." (Catecismo da Igreja Católica 2289)
Acho que ficou claro que quando
não usamos a palavra razoavelmente para cuidado com o corpo e a saúde do nº
2288 do catecismo, caímos no culto ao corpo que é a regra nos dias atuais.
Precisamos trabalhar bem esses conceitos e ter muito claro em mente esse
equilíbrio.
Apenas para finalizar, vamos
pensar em outra analogia: se eu levar em consideração os versículos que apresentados
de forma absoluta e entender que o corpo é templo de Deus e deve ser cuidado da
forma como colocada, impedindo o indivíduo e tornando pecado o simples ato de
fumar ou beber, como ficam os jejuns e penitências que Madre Tereza de Calcutá
fazia a ponto de atingir seu corpo? E os de São Vicente de Paula? E tantos
outros por ai? Penso que é uma reflexão muito boa de se fazer. Como ficariam,
por exemplo, as mortificações que tantos fazem e que são um bem para a alma?
O fumo e a bebida não são nem
nunca foram pecado. O pecado está no excesso desses atos, assim como está no
excesso de qualquer ato. Fumar é um ato neutro, não se trata nem de virtude,
nem de ao maléfico, é simplesmente neutro. Algo neutro terá que ser manuseado
de forma maléfica para depois se tornar pecado. Isso tira o pecado da coisa e a
coloca em quem manuseia de forma maléfica, ou seja, no ato da pessoa.
É preciso entender que o pecado só
acontece por pensamentos, palavras, atos e omissões, nunca por coisas. Coisas são
instrumentos.
2 comentários:
Fumar cigarro nao faz mal mau a saude? Pelo o que eu sei e todo mundo sabe cigarro faz mto mal a saude! Agora em relação a comida nao podemos exagerar nao!
Como é triste discutir com anônimos. Onde eu disse que fumar não faz isso ou faz aquilo? Eu disse que não é pecado, ponto.
Mas se vc quiser olhar do ponto de vista teológico, nem vício é porque é neutro.
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