sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Fumar ou não fumar, beber ou não beber!? Eis a questão


Pra muitas pessoas, devido a um puritanismo exacerbado, que muitas vezes não é nem culpa individual delas, mas está inerente à educação protestantizada que andamos tendo dentro de nossas casas, pela TV, dentro dos colégio católicos e as vezes dentro da própria catequese ou igrejas, por diversas vezes as pessoas não conseguem fazer a diferença entre beber, fumar e pecar. Definitivamente não são a mesma coisa.

Por várias vezes, debatendo com algumas pessoas, elas nos esfregam na cara, como que dizendo, olha ai, ta vendo? Não lê porque não quer! A seguinte passagem: I Coríntios 8, 13.

“Pelo que, se a comida serve de ocasião de queda a meu irmão, jamais comerei carne, a fim de que eu não me torne ocasião de queda para o meu irmão.”

Se qualquer um de nós levar como absoluta essa passagem, coisa que a Igreja, única a poder interpretar a Bíblia corretamente, não o faz, não poderemos, por exemplo, comer nada que seja frito, porque faz mau pra saúde. Não pode tomar refrigerante porque também faz mau pra saúde e tantas outras coisas. Quem é que dá o grau da quantidade de mau que isso ou aquilo faz? Essa é a questão.

Essa passagem por esse e por vários outros motivos, não é absoluta. Essa é uma discussão que se estende por muito tempo ainda, principalmente por que muitos grupos e pessoas estão protestantizados a tal ponto que não conseguem enxergar o quão clara e justa é a doutrina católica e acabam se bandeando para o puritanismo.

A passagem de I Cor 8,13, como toda a Bíblia, precisa ser lida por inteiro e dentro do seu contexto. Ficar extirpando pequenos versículos e dar interpretação ampla a eles fora de contexto, também é atitude protestante. Esse versículo simplesmente não diz o que as pessoas que o inserem nesse contextos querem que ele diga. É preciso ler o capitulo todo pra entender. Nesse capítulo, o 8 de I Coríntios, Paulo está falando de carne oferecida aos ídolos e da sua atitude perante esse tipo de coisa. Não se pode aderir a esse tipo de sacrifício, e ai passamos ao amplo, só porque a sociedade o quer.

Em versículo anterior, em I Cor 8,8, menciona algo que pode ficar em contradição com o versículo 13 se forem lidos separadamente, vejamos:

"Não é, entretanto, a comida que nos torna agradáveis a Deus: comendo, não ganhamos nada; e não comendo, nada perdemos."

Como comida entenda-se bebida também, porque é ingestão de alimento do mesmo jeito. E ai? Como fica? Por isso é preciso ler todo o capítulo para entender o todo.

Voltando à bebida alcoólica e a comidas que podem fazer mau, assim como o fumo, o catecismo é muito claro ao não colocar como absolutas essas práticas, vejamos:

"A vida e a saúde física são bens preciosos, confiados por Deus. Temos a obrigação de cuidar razoavelmente desses dons, tendo em conta as necessidades alheias e o bem comum.

O cuidado da saúde dos cidadãos requer a ajuda da sociedade para se conseguirem condições de vida que permitam crescer e atingir a maturidade: alimentação e vestuário, casa, cuidados de saúde, ensino básico, emprego, assistência social." (Catecismo da Igreja Católica 2288)

Bom, vamos por partes, que a vida e a saúde física são bens preciosos confiados por Deus, disso ninguém discorda. O que estamos falando desde o início aqui é que não se pode ficar só nesse pensamento, ele evolui muito após isso. O Catecismo continua, na mesma frase, dizendo que "Temos a obrigação de cuidar razoavelmente desses dons (...)", porque será que o Catecismo resolveu colocar a palavra razoavelmente? Justamente porque esse cuidado não é absoluto e nem pode ser. Não precisaremos interpretar ou explicar porque não pode ser absoluto pelo simples fato de que o próprio Catecismo continua e explica muito melhor do que eu poderia um dia explicar, vejamos novamente:

"Se a moral apela para o respeito da vida corporal, não é que faça dela um valor absoluto. Pelo contrário, insurge-se contra uma concepção neo-pagã, tendente a promover o culto do corpo, sacrificando-lhe tudo, e a idolatrar a perfeição física e o êxito desportivo. Pela escolha seletiva que faz entre os fortes e os fracos, tal concepção pode conduzir à perversão das relações humanas." (Catecismo da Igreja Católica 2289)

Acho que ficou claro que quando não usamos a palavra razoavelmente para cuidado com o corpo e a saúde do nº 2288 do catecismo, caímos no culto ao corpo que é a regra nos dias atuais. Precisamos trabalhar bem esses conceitos e ter muito claro em mente esse equilíbrio.

Apenas para finalizar, vamos pensar em outra analogia: se eu levar em consideração os versículos que apresentados de forma absoluta e entender que o corpo é templo de Deus e deve ser cuidado da forma como colocada, impedindo o indivíduo e tornando pecado o simples ato de fumar ou beber, como ficam os jejuns e penitências que Madre Tereza de Calcutá fazia a ponto de atingir seu corpo? E os de São Vicente de Paula? E tantos outros por ai? Penso que é uma reflexão muito boa de se fazer. Como ficariam, por exemplo, as mortificações que tantos fazem e que são um bem para a alma?

O fumo e a bebida não são nem nunca foram pecado. O pecado está no excesso desses atos, assim como está no excesso de qualquer ato. Fumar é um ato neutro, não se trata nem de virtude, nem de ao maléfico, é simplesmente neutro. Algo neutro terá que ser manuseado de forma maléfica para depois se tornar pecado. Isso tira o pecado da coisa e a coloca em quem manuseia de forma maléfica, ou seja, no ato da pessoa.

É preciso entender que o pecado só acontece por pensamentos, palavras, atos e omissões, nunca por coisas. Coisas são instrumentos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Fumar cigarro nao faz mal mau a saude? Pelo o que eu sei e todo mundo sabe cigarro faz mto mal a saude! Agora em relação a comida nao podemos exagerar nao!

Emanuel Jr. disse...

Como é triste discutir com anônimos. Onde eu disse que fumar não faz isso ou faz aquilo? Eu disse que não é pecado, ponto.

Mas se vc quiser olhar do ponto de vista teológico, nem vício é porque é neutro.