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Sacrosanctum Conclium. Parte doze. A Santa Missa: o alvo e a flecha, o princípio e o objetivo.
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Sacrosanctum Conclium. Parte doze. A Santa Missa: o alvo e a flecha, o princípio e o objetivo.
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O número 10 do
documento Conciliar do Concílio Vaticano II. Sacrosanctum Concilium, em sua segunda oração traz um tema
sensível, não só porque vários se ofendem com um texto que exclui, mas por sua
mentalidade tacanha de um politicamente correto que mais destrói do que constrói.
“10. (...) Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se
a conseguir que todos os que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Batismo
se reúnam em assembleia para louvar a Deus no meio da Igreja, participem no
Sacrifício e comam a Ceia do Senhor.”
Temos como trabalho
apostólico, obviamente o trabalho de toda a Igreja através do serviço dos
Bispos unidos a Roma, ou seja, ao Papa. Que não nos venha entendimentos
diferentes desse, caso contrário todo o motivo conciliar e toda a estrutura
esclesial estará sendo manipulada ao bel prazer do interlocutor.
Pois bem, no dia
22/05/2013 o Papa Francisco resolveu, em uma homilia na Casa Santa Marta,
transmitida pela Rádio Vaticano e concelebrada com o cardeal Béchara Boutros
Raï, patriarca de Antioquia dos Maronitas, mencionar algo que milenarmente já é
pacífico dentro da doutrina católica, contudo a falta de um mínimo de conhecimento
da fé aliada a uma total falta de poder interpretativo, tão comum atualmente, e
com uma pitada desproporcional de má-fé, fez com que uma simples homilia que
deixava clara a diferença entre remição e salvação se tornasse um grande motivo
de lutas argumentativas e manchetes.
Suas palavras
naquela data foram as seguintes:
"O Senhor remiu a todos, redimiu todos nós com o
sangue de Cristo: todos, não só os católicos. Todos! 'Padre, e os ateus?’. Os
ateus também. Todos!”
(Papa Francismo. Homilia na Casa Santa Marta.
22/05/2013)
Cristo veio para
remir a todos. Isso independe da sua vontade ou da minha. Independe até da sua
crença. Nosso livre arbítrio não influi nessa parte. A encarnação de Cristo
aconteceu e aconteceu para remir toda a humanidade, fim de conversa. Já a
salvação depende de nossa vontade e de nossa fé, está intimamente ligada a
nosso livre-arbítrio. A salvação de cada um de nós está ligada a nossa fé em
Cristo e a nossas obras. Portanto, ficou fácil: Cristo veio para remir a todos,
mas só será salvo aquele que nele crer e tiver boas obras. Nem é tão difícil
assim de entender.
Não entraremos aqui
em aspectos de estar ou não fisicamente dentro da Igreja, como também não
entraremos em discussões sobre a motivação dessas boas obras, isso porque
teríamos que entrar em discussão sobre ignorância invencível e não é essa a
questão aqui.
Voltando ao número
10 do Sacrosacntum Concilium, temos
que os batizados tornam-se filhos adotivos de Deus pela fé, ou seja, os que não
são batizados, por pura lógica interpretativa, não são filhos de Deus. Isso
pode ser um escândalo para o que lê de forma mal intencionada, mas a verdade é
que não pode ser filho de Deus aquele que com Ele não tem nenhuma ligação. O
batismo é essa ligação que vai se estreitando a medida que crescemos em tamanho
(para os que são batizados ainda pequenos) e na fé (para todos). Para não
sermos por demais opinativos, vejamos o que o Catecismo de João Paulo II nos
fala:
1265 O Batismo não somente purifica de todos os
pecados, como faz também do neófito «uma nova criatura», um filho adotivo de
Deus, tornado «participante da natureza divina», membro de Cristo e co-herdeiro
com Ele, templo do Espírito Santo.
(Catecismo de João Paulo II)
E ainda continua na
sequência desse parágrafo:
1270. Os batizados, «regenerados [pelo Batismo] para
serem filhos de Deus, devem confessar diante dos homens a fé que de Deus
receberam por meio da Igreja» e participar na atividade apostólica e
missionária do povo de Deus.
(Catecismo de João Paulo II)
Por fim temos o
mesmo catecismo manifestando o seguinte:
1279. O fruto do Batismo ou graça baptismal é uma
realidade rica que inclui: a remissão do pecado original e de todos os pecados
pessoais; o renascimento para uma vida nova, pela qual o homem se torna filho
adotivo do Pai, membro de Cristo, templo do Espírito Santo. Por esse facto, o
batizado é incorporado na Igreja, corpo de Cristo, e tornado participante do
sacerdócio de Cristo.
É óbvio que a Igreja
não tirou do nada a afirmação de que somos filhos adotivos de Deus através do
batismo. Tal afirmação é bíblica e antes da Bíblia a Igreja a atesta como
verdadeira usando o poder de ligar e desligar, interpretando as atitudes e
palavras de Cristo e usando de seu magistério para ensinar. Assim, a Bíblia nos
sobre nossa adoção após o batismo:
“4.Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou
seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei,
5. a fim de remir os que estavam sob a lei, para que
recebêssemos a sua adoção.
6. A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos
vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
7. Portanto já não és escravo, mas filho. E, se és
filho, então também herdeiro por Deus.”
(Gálatas. 4,4-7)
Vejam bem que não se
falou aqui em livre-arbítrio. O batismo não tem condição sine qua non do livre-arbítrio, por esse motivo não há porque não
batizar crianças. A medida que as pessoas vão crescendo e se tornando
conscientes, sim, o livre-arbítrio se torna necessário para um batismo, assim
como se torna necessário para seguir ou não os preceitos cristãos entre eles a
Santa Missa, a confissão e a comunhão (nessa ordem).
Esse batismo é o que
nos torna tão aptos a crescer na fé e podermos estar no meio da assembleia que
louva a Deus na Santa Missa participando do sacrifício de Cristo e comendo Sua
carne e bebendo do Seu sangue, como Ele assim determinou, para que aqui
pudéssemos ter Cristo dentro de nós e, fazendo parte de nós, mesmo antes de
nossa almejada salvação para que possamos dessa vez nós fazermos parte de Deus.
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