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É interessante pensar no que significam esses 50
anos de Concílio Vaticano II.
O que são 50 anos no âmbito bimilenar da Igreja de
Cristo? É possível dizer, como alguns dizem, que o Concílio foi um fracasso
total ou um sucesso absoluto? Ou mesmo é possível avaliar que é hora de um novo
Concílio?
O Concílio Vaticano II parece ter inaugurado um
novo estilo de Concílio. A linguagem utilizada é inédita e mostra que os padres
conciliares não tinham nenhuma motivação pela necessidade de passar um
julgamento sobre novas questões eclesiásticas e teológicas polêmicas, como foi
o caso claro de Trento, Nicéia e outros, mas sim pelo desejo de voltar a
atenção à opinião pública dentro da Igreja e todo o mundo, no espírito do
anúncio.
Um Concílio com um novo tipo de linguagem, uma
linguagem que não foi, definitivamente como a de Trento, pode ser avaliada em
50 anos de decurso?
Retrocedendo-se o pensamento ao Concílio de Nicéia
no ano de 325, as disputas em torno do dogma deste Concílio – sobre a natureza
do Filho, ou seja, se Ele é da mesma substância do Pai ou não – continuaram por
mais de cem anos. Cem anos é dobro do que já vivemos até aqui e o as linhas do
Concílio era expressas, não interpretativas.
Santo Ambrósio foi ordenado Bispo de Milão por
ocasião do cinquentenário do Concílio de Nicéia e teve que lutar duro contra os
arianos que se recusavam a aceitar as disposições nicenas. Podemos tirar disso
que os Concílio sempre trazem conflitos, justamente por tomarem posições certas
ou fazerem mudanças.
Pouco tempo mais tarde veio um novo Concílio: o
Primeiro Concílio de Constantinopla de 381, que foi considerado necessário a
fim de concluir a profissão de fé de Nicéia. Durante este Concílio, Santo
Agostinho recebeu a tarefa de tratar de solicitações e refutar hereges até a
sua morte, em 430. É possível avaliar que mesmo o Concílio de Trento não foi
muito frutuoso até o Jubileu de Ouro de 1596. Foi necessária uma nova geração
de Bispos e prelados para amadurecer no “espírito do Concílio” antes que seu
efeito pudesse efetivamente ser sentido.
Obviamente que não estamos ignorando que nos dias
atuais as coisas acontecem mais rapidamente e as informações são praticamente
instantâneas, embora pouco confiáveis. A velocidade das informações poderia ser
um acelerador para que um Concílio pudesse ser entendido mais rapidamente. Não
é o que acontece! Mais gente é trazida para o debate, mais argumentos passam a
existir e mais palpites errados são dados. Isso só piora a situação. No final,
cinquenta anos, são sempre cinquenta anos.
Precisamos nos conceder um pouco mais de espaço
para respirarmos e mais tempo para fielmente estarmos no espírito do Concílio
Vaticano II, junto com a Igreja, afinal, sem ela nunca estaremos no espírito de
nada.
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