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O nº 10 da
Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium é relativamente grande uma vez que engloba dois parágrafos.
Grande em assuntos abordados, como não poderia deixar de ser e o é em
praticamente todos os parágrafos do documento, como também é grande em tamanho
físico. Vejamos o primeiro parágrafo do nº 10 para poder destrinchá-lo e analisá-lo
coerentemente:
10. Contudo, a Liturgia é simultaneamente a meta para
a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua
força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os que
se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo Batismo se reúnam em assembleia para
louvar a Deus no meio da Igreja, participem no Sacrifício e comam a Ceia do
Senhor.
O parágrafo menciona
desde a meta para a qual a Igreja se dirige, passando pelo motor de onde a
Igreja retira suas forças para desempenhar seu papel e atividade, até chegar ao
esforço que a Igreja precisa empreender para alcançar a uma perfeita
participação em seus objetivos.
Pois bem, é como
entender cada uma dessas encruzilhadas para que não se tornem confusas a ponto
de nos perdermos em meio a tantos caminhos.
O texto do parágrafo
afirma que “a Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação
da Igreja (...)”. O texto é claríssimo a demonstrar, não só aqui nessa frase, mas
em toda e qualquer manifestação da Igreja sobe a liturgia da Santa Missa que
esse é o fim principal da Igreja, afinal ali, na Santa Missa, é que se faz o
sacrifício, conforme ordenado pelo próprio Cristo e onde se conserva Cristo
crucificado e vivo, onde se conserva a comunhão e nosso compromisso renovado
com esse projeto salvífico.
A encíclica de nosso
saudoso João Paulo II é clara ao deixar, em todo o seu texto, desde o título,
que aqui se trata da Igreja da Eucaristia, a Igreja que vive na e da Eucaristia.
Suas palavras são implacavelmente diretas ao colocar a Eucaristia, portanto o
sacrifício da Missa, em primeiríssimo lugar:
1. A Igreja vive da Eucaristia. Esta verdade não
exprime apenas uma experiência diária de fé, mas contém em síntese o próprio
núcleo do mistério da Igreja.
(Encíclica Ecclesiade Eucharistia, Papa João Paulo II)
Na mesma encíclica o
Papa João Paulo II ainda menciona:
“Por isso mesmo a Eucaristia, que é o sacramento por
excelência do mistério pascal, está
colocada no centro da vida eclesial.”
(Encíclica Ecclesiade Eucharistia, Papa João Paulo II, ponto 3, itálico no original)
Quando a Sacrosanctum Concilium afirma que “a
Liturgia é a meta a qual se encaminha a ação da Igreja” é justamente desse
caminho, o da Eucaristia, que ela quer falar. Sem a Eucaristia não existe
Igreja, sem Santa Missa não existe Eucaristia. A conclusão fica clara como o
sol: sem Santa Missa não há Igreja.
O próprio Concílio
Vaticano II tratou de deixar nítida tal afirmação em outro de seus documentos, a
Lumen Gentium, demonstrando a total
coerência que não podia deixar de acontecer em um Concílio que, apesar das
más-línguas, apenas propagou a continuidade dos mais de vinte que o
antecederam, sem falha e sem ruptura, para desespero de muitos. Vejamos:
“(...)Pela participação no sacrifício eucarístico de
Cristo, fonte e centro de toda a vida cristã (...)”
(Constituição Dogmática Lumen Gentium, nº 11)
Não
há como negar, portanto, que a Liturgia é o centro da vida eclesial. Todos os
demais pontos de conversão em que a Igreja se encontra são secundários, por
mais que o mundo assim não veja.
Parece
insensível fazer esse tipo de afirmação quando colocamos, por exemplo, as
questões assistenciais. Entretanto, antes de pormenorizar, afirmamos: a Santa
Missa é mais importante.
Em
vários lugares pelo mundo já que não é exclusividade de nossa América Latina, a
questão assistencial da Igreja é muito latente. Dificilmente deixamos de
encontrar as chamadas Pastorais Sociais nas paróquias. Ninguém nunca disse que
esse tipo de trabalho é proibido ou inconveniente, pelo contrário, contudo não
pode, nunca, ser colocado acima da Santa Missa.
Sacerdotes
que são verdadeiros líderes comunitários e desenvolvem um trabalho social
invejável são de extrema importância e muito bem vistos, contudo sua
preocupação deve igualmente girar em torna da dignidade litúrgica e mais ainda
em torno da importância do sacrifício de Cristo na Santa Missa.
É
preciso sempre lembrar que a função da Igreja é salvar almas. Distribuição de
cestas básicas pode ser um dos caminhos, contudo não é o único, caso contrário,
parafraseando nosso Papa Francisco: não seremos mais que uma gigantesca ONG.
É
nesse sentido que devemos identificar todos os trabalhos que envolvem a Igreja,
fora o trabalho litúrgico. Grupos de Oração, trabalhos pastorais do mais
diversos e a trazer a dignidade a quem não tem, são temas e serviços muito
caros à Igreja e muito bem vistos aos olhos de Deus. Trazem uma dignidade à
alma que sem dúvida ajudará em nossa salvação e ajudará na salvação de tantos
outros, contudo não é o principal, repito. A Santa Missa sim, o é.
Não
a toa que a primeira oração do primeiro parágrafo do nº 10 da Sacrosanctum Concilium conclui que:
“(...) a Liturgia é
simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de
onde promana toda a sua força.”
Não só a Liturgia é a meta, o alvo e o
objetivo maior, mas também é o princípio, o início de tudo quanto há, afinal
quem mesmo é o alfa e o ômega (Ap 1,8; 21,6; 22,13)?
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