(Texto inspirado nos primeiros parágrafos do livro "Hereges" de Chesterton).
É absolutamente incrível pensar como hoje as pessoas tem um prazer quase transcendental de se dizerem heterodoxas, revolucionárias e até mesmo heréticas.
Em toda história das heresias, e não precisa ser um gênio para estudar e perceber isso, os hereges eram hereges, mas queriam ser ortodoxos. Muitas das vezes queriam ser ortodoxos até o limite do insuportável, o que os fazia ser hereges, ou dentro daquela linha tênue da semântica. Mas é fato que sempre quiseram ser ortodoxos e não heréticos.
Esses heréticos do passado queriam tanto ser ortodoxos que às vezes chegavam a se embrenhar em meio à loucura de achar que são uma ilha de ortodoxia. Achavam que sozinhos contra todo o mundo podiam guardar a ortodoxia e acabavam caindo naquela mais baixa heresia. Faziam isso especialmente contra aquela que é a guardiã da ortodoxia. Quaisquer semelhanças com aqueles que hoje se consideram mais católicos que o próprio Papa não é mera coincidência.
Hoje entretanto as pessoas se gabam de ser heréticas, revolucionárias, heterodoxas e fora de qualquer padrão ou qualquer linha de lógica, arrebentando aquela linha que já era tênue da semântica.
A grande dúvida que fica é o porquê de hoje as pessoas terem a intenção e fazerem tanta questão de se mostrar revoltadas, diferentes e heréticas. A impressão que dá é que a humanidade resolveu caminhar para trás e está dando passos largos em marcha ré. No lugar de melhorar e entender que cada pessoa é diferente da outra e por esse motivo cada pessoa tem necessidades diferentes das outras, ou seja, essa igualdade que tanto prezam e lutam é impossível, distante e até utópica. Esse pessoal prefere continuar insistindo na tese impossível de que precisamos de sociedades mais igualitárias. Não conseguem entender o mínimo que um gráfico pode explicar. Não conseguem entender que basta fazer a parte de baixo subir para melhorar a vida material das pessoas. No lugar preferem fazer a ponta de cima baixar, ou seja, preferem empobrecer o rico do que enriquecer o pobre.
Todo problema parece ser que o problema é o todo. Todo mundo sabe muito de pouca coisa. Há especialistas até para unha encravada do dedão esquerdo, mas você é criticado e chamado de lunático-fanático-religioso quando resolve juntar todas essas especialidades divididas de forma infinitesimal e perceber que a universalidade é perfeita e por isso só pode ser divina. Isso é a ortodoxia.
Seja como for, esse revolucionário que descrevemos acima é o nosso afamado herético moderno que levou a sua heresia chamada revolução ao patamar de sistema. O herético moderno nada mais é do que aquele que o é e faz questão de dizer que o é. É aquele que gosta de ser e faz questão de dizer que é herético e detesta a ortodoxia. É aquele que faz questão de ir contra a lógica e o bom senso e se acha acima da média por isso.
Enquanto você lia esse texto você pensou em alguém? Pois é, a intenção era essa mesmo. Adote o seu herege eu leve-o à ortodoxia. Caso não consiga entregue a Deus as raivas que vai passar como mortificação. De qualquer forma você ganha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário