sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A predestinação na doutrina católica.

Interessante pensar que a predestinação tem uma face também católica. Não se trata daquela predestinação tão difundida pelos espíritas de todas as classes desde kardecistas, passando por budistas até hindus e seguidores do candomblé. Trata-se de outro tipo de predestinação que mais se assemelha  com uma vontade divina.

A partir do momento em que Deus tem a vontade de que todas as almas se salvem (1Tm 2,4), sendo Deus perfeito e acima o tempo, Ele está predestinando todas as almas à salvação. O destino querido por Deus é a salvação, e poderia Ele obrigar que todas as almas cumprissem com essa vontade soberana. Não seria anormal sabendo que Deus tudo pode. Contudo, Deus cria uma lei: o livre-arbítrio. Ao criar essa lei Ele, sendo perfeito e, portanto, plenamente coerente, não obriga as criaturas, mas as submete ao seu próprio livre-arbítrio, ou seja, às suas próprias escolhas. Tal fato não muda a vontade divina de querer que todos sema salvos, ou seja, não muda sua predestinação, mas entrega a decisão dessa sua salvação à própria criatura através do exercício do livre-arbítrio.

Funciona como quando a dona da casa compra uma peça de carne para ser cortada em bifes para ser feito no almoço. A destinação daquela peça era ser cortada em bifes e feita pela empregada da casa. A peça estava predestinada àquele fim. Ao chegar a dona da casa entrega a peça de carne para a empregada e dá as instruções, contudo a empregada, desobedecendo o caminho traçado pela dona da casa, assa a peça inteira no forno.

Poderíamos nos alongar aqui usando essa metáfora em cada detalhe. A dona de casa é a dona da peça de carne assim como Deus é dono de nossas vidas. A dona de casa destina a peça de carne para o caminho que melhor lhe parece, contudo a empregada, que aqui somos nós, temos a liberdade de desobedecer, mesmo que consequências venham em seguida. Outras explicações podem ser usadas com essa metáfora, contudo, deixamos para a reflexão do leitor.

A vontade da dona da casa era de a peça de carne ser feita em bifes, assim como a vontade do dono de nossas vidas é que caminhemos para a salvação. Através da liberdade de fazer ou não, embora sua obrigação fosse obedecer, a empregada faz diferente do que foi designado assim como nós usamos nossa liberdade (livre-arbítrio) para obedecer ou não, consequentemente sermos salvos ou não.


É nesse sentido que devemos entender a predestinação dentro da visão cristã-católica. Estamos predestinados para o bem, já que Deus quer nossa salvação e nos criou para isso (1Tm 2,4). Não estamos predestinados para o mal já que não fomos feitos para isso, mas o livre-arbítrio que é expressão da bondade divina e que tem o intuito de nos dar liberdade de amar a Deus sem amarras, esse livre-arbítrio pode nos levar à condenação (não-salvação) por livre escolha individual.

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