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Um título perfeito foi o encontrado pelos padres
conciliares ao dar cabeçalho ao número 8 do documento Sacrosanctum Concilium de “A Liturgia terrena, antecipação da
Liturgia celeste”.
Poucos católicos sabem o que é
realmente a Santa Missa, quanto aos demais, sejam protestantes, não cristãos ou
até mesmo os que tentam admitir que não creem em nada, apesar de terem em suas
teorias um pressuposto de infalibilidade dogmática incontestável, quanto a
esses todos, obviamente, que não têm a mínima noção do que seja uma celebração
litúrgica, uma vez que sequer conhecem, em sua maioria, a palavra liturgia.
Pois bem, de qualquer forma o
católico, ou o que se diz católico, normalmente não tem nem um vislumbre do que
vem a ser liturgia, muito menos de que a Santa Missa que é celebrada em
diversas igrejas e que pode ser acompanhada por qualquer um de nós, é uma
antecipação do que acontecerá após a nossa morte, caso esse seja o nosso destino
após essa vida, claro.
O número 8 do documento assim é
redigido:
8.
Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste
celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual, como peregrinos nos
dirigimos e onde Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e
do verdadeiro tabernáculo (22); por meio dela cantamos ao Senhor um hino de
glória com toda a milícia do exército celestial, esperamos ter parte e comunhão
com os Santos cuja memória veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor
Jesus Cristo, até Ele aparecer como nossa vida e nós aparecermos com Ele na
glória (23).
O parágrafo é relativamente longo visualmente, mas
extremamente estreito para a quantidade de detalhes, conceitos e afirmações
importantes que faz. Por esse motivo vamos ter que destrincha-lo deixando para
outra oportunidade o estudo de suas demais partes. Vejamos seu início:
“Pela
Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada
na cidade santa de Jerusalém (...)”
Esse pequeno excerto foi feito para que entendamos
uma coisa básica: a Santa Missa não é reunião de pessoas; não é encontro
social; não é culto para agradar sentidos humanos manchados pelo pecado
original. A Santa Missa é culto agradável a Deus e só a Ele dirigido. A Santa
Missa é a antecipação do paraíso.
Para entendermos isso é bom sabermos que existem
três partes ou estados da Igreja, todas católicas, claro: Igreja militante,
Igreja padecente e Igreja triunfante.
A Igreja militante é a que fazemos parte e que
milita aqui nesse mundo buscando a purificação e a aproximação da glória final
junto a Deus. A Igreja padecente é aquela que está no purgatório e padece,
sofre e purga seus pecados para também, um dia, estar na glória de Deus. Por
fim, a Igreja triunfante que é aquele cujos membros já foram salvos e estão
junto a Deus no paraíso formando uma grande torcida que silenciosamente
intercede por todos nós conforme os preceitos divinos.
São Pio X em seu Catecismo Maior certamente é mais
conciso e feliz ao explicar:
146.
Onde se encontram os membros da Igreja?
Os
membros da Igreja encontram-se parte no Céu, formando a Igreja triunfante;
parte no Purgatório, formando a Igreja padecente e parte na terra, formando a
Igreja militante.
Por favor, ninguém me acuse de afirmar que a Igreja
é divida em três partes independentes, não disse isso em momento algum. Disse
que a Igreja é dividida em três partes que melhor podem ser compreendidas como
três estados. Essas três partes ou estados compõem, por óbvio uma só Igreja
cuja cabeça é única: Cristo. São Pio X também não me deixa solitário nessa
explicação e certamente explica com mais clareza em seu Catecismo Maior:
147.
Estas diversas partes da Igreja constituem uma só Igreja?
Sim,
estas diversas partes da Igreja constituem uma só Igreja e um só corpo, porque
têm a mesma cabeça que é Jesus Cristo; o mesmo espírito que as anima e as une e
o mesmo fim, que é a felicidade eterna, que uns já estão gozando e que outros
esperam.
Justamente por ser militante a Igreja aqui na Terra
é também gloriosa, não no mesmo sentido da Igreja que já está no paraíso, a
triunfante, mas no sentido de que milita e também tem sua glória. Lembre-se que
falamos da Igreja que é gloriosa mesmo aqui sendo militante e não dos seus
membros que não são gloriosos, afinal a glória maior ainda está por vir mesmo
para a Igreja dos Santos, ou seja, mesmo para a Igreja triunfante, uma vez que
ela só atingirá a plenitude da glória quando vier o juízo final e todos aqueles
que foram salvos e que Deus chama pelo nome (Is 49,1) farão parte de Seu corpo.
Nesse dia a Igreja militante se “unirá” definitivamente à Igreja triunfante e
padecente. É pensando assim que temos a Santa Missa como ato de total entrega
de Cristo por aquela parcela da humanidade que O aceita e O quer. A Santa Missa
passa a ser a antecipação da liturgia celeste quando nos eleva a Deus de tal
forma que os anjos aclamam conosco, a uma só voz, o canto do Santo.
É nesse estrito sentido que nos unimos à Igreja
triunfante todas as vezes que celebramos a Santa Missa já que, assim, tocamos o
céu nesse milagre diário que nos passa desapercebido que é a Santa Missa
antecipando o que no futuro esperamos conseguir encontrar nos céus.
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