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Gostaria de voltar a insistir no início do
documento conciliar Sacrosanctum Concilium, mais especificamente em seu número 7.
A riqueza de conteúdo de um simples parágrafo que
trata da presença de Cristo na liturgia é imensa, senão vejamos;
7.
(...) Em tão grande obra, que permite que Deus seja perfeitamente glorificado e
que os homens se santifiquem, Cristo associa sempre a si a Igreja, sua esposa
muito amada, a qual invoca o seu Senhor e por meio dele rende culto ao Eterno
Pai.
A grande obra mencionada, sem dúvida é a missa que
o parágrafo anterior e todo o documento discorrem, entretanto, logo na primeira
frase desse parágrafo algo significante é revelado:
“(...) permite que Deus seja perfeitamente
glorificado e que os homens se santifiquem, (...)”
Ora, a Santa Missa permite que Deus seja
perfeitamente glorificado, então porque modificá-la ao bel prazer de quem
assiste ou pretende prepará-la? A perfeição mencionada não é figurativa, é
conceitual. Perfeição é perfeição. Algo perfeito não precisa ser modificado.
Tudo se modifica porque busca a perfeição, penso que não há dificuldades em
entender isso. Se a missa “permite que
Deus seja perfeitamente glorificado”, não é a mudança inserida por um sacerdote
desobediente ou mal-formado ou mesmo uma equipe de liturgia mal-conduzida e
muito garantidora de si que poderá modificar a liturgia ao seu bel prazer.
A perfeição inserida na liturgia por todos os
motivos imaginados e ainda o caráter sacrifical e de culto que a Santa Missa
traz consigo, garante a ela o direito de não ser modificada a não ser por quem
de direito, por quem tem o poder de ligar e desligar concedido pelo Cristo (Mt.
16, 18 ss) e porque quem tem o poder de pastorear (Jo 21, 15-17). Sim, a Igreja
pode modificar a liturgia, mas obviamente não como um todo, o cerne da Santa
Missa nunca poderá ser modificado, nem mesmo pela Igreja de Cristo.
Em outro momento, dentro da mesma frase, temos o
seguinte:
“(...)
e que os homens se santifiquem.”
Ora, se a Santa Missa permite que Deus seja
perfeitamente glorificado, por obviedade que a consequência disso é a
santificação dos homens, que não são alvos da Santa Missa, já que é culto
agradável a Deus (Rm 12,1-2) instituído pelo próprio Cristo, mas os homens ali
presentes se santificam pelo Espirito Santo de Deus que é amor (1Jo 4,8 e 1Jo
4,16) e transborda esse amor gerando cada um de nós e o mundo a nossa volta com
o poder santificador que só através de Deus pode vir.
Esse ponto é o que os protestantes não conseguem
compreender, alguns por absoluta ignorância (que é o que os salva) e outros por
total má-fé (que é o que os condena). Só Deus salva e o único mediador é Cristo
(1Tm 2, 5), contudo essa salvação santificante vem através da missa quando há a
consagração do corpo e sangue de Cristo (Eucaristia) conforme prescrito por Ele
próprio. Cristo morreu para nos salvar, Ele não ressuscitou para nos salvar. Por
esse motivo a Santa Missa é a celebração da cruz, da morte e não da
ressurreição que só é memorial nesse milagre que todos os dias acontece sobre a
Terra e nos passa desapercebido.
Para se chegar a estar plenamente preparado para
ter Cristo dentro de si é preciso seguir um sério caminho santificador que não
é fácil de ser percorrido e que não se percorre sozinho. Nesse ponto entram os
santos e a maior de todas, Maria, aquela que é o ser humano mais perfeito
criado por Deus; além da Igreja, claro (Hb 5,1). É Deus que salva e é Cristo o
mediador, o que não impede que outros mediadores nos levem a Cristo. Levando-nos
a Cristo levam-nos, infalivelmente, à Santa Missa que, por sua vez, tem esse
poder santificante sobre os homens.
Terminando esse ínfimo parágrafo que muito diz em
pouquíssimas palavras, temos o seguinte:
“(...) Cristo associa sempre a si a Igreja,
sua esposa muito amada, a qual invoca o seu Senhor e por meio dele rende culto
ao Eterno Pai.”
Cristo sempre se associa a Sua Igreja pelo fato de
que é Sua esposa amada. Assim como o homem se associa permanentemente à sua
esposa quando enlaçados pelo matrimônio, Cristo se associa inseparavelmente à
Sua esposa que é a Igreja e por meio dela presta culto ao Pai, assim como deve
ser prestado culto ao Pai pelos esposos em seu matrimônio.
Cristo quis unir-se à Igreja por meio de uma
aliança indissolúvel e, mesmo que não esteja presente fisicamente no meio de
nós, Ele está de forma sacramental e esponsal no seu corpo místico: a Igreja,
sua esposa, afinal os esposos se tornam uma só carne (Gn 2, 24; Mt 19,5; Mt 19,6;
Mc 10, 8 e Ef 5,31). Tornando-se uma só carne com Cristo, a Igreja é Cristo no
meio de nós. Uma breve leitura de Os 2,21-22 e mais especificamente do capitulo
segundo inteiro, pode nos abrir a mente quanto ao caráter esponsal havido entre
Cristo e Sua Igreja.
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