Cada
um dos pequenos ou grandes parágrafos do documento Sacrosanctum Concilium tem uma profundidade imensurável de
reflexão. Cada parte pode levar a buscas incessantes levadas pelos “porquês” “quando”
e “como”.
O
número 8 do documento foi redigido em parte assim:
8. Pela Liturgia da terra
participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de
Jerusalém (...) por meio dela cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a
milícia do exército celestial, esperamos ter parte e comunhão com os Santos
cuja memória veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até
Ele aparecer como nossa vida e nós aparecermos com Ele na glória
Entender a Liturgia sem entender a comunhão dos santos
e como fazemos parte dela, é entender apenas frações de um todo. A comunhão dos
santos e a unidade da Igreja militante, purgante (padecente) e triunfante é uma
essencialidade da Liturgia que, por sua vez, é o ápice da unidade.
“(...) devo estar convencido de
que, quando como cristão tomo parte numa cerimônia litúrgica, eu estou unido a
toda a Igreja não só pela Comunhão dos Santos, senão também em virtude de uma
cooperação real e ativa num ato de religião que a Igreja, Corpo Místico de
Jesus Cristo, oferece a Deus como Sociedade. E, mediante esta união, a Igreja
maternalmente facilita a formação da minha alma nas virtudes cristãs.”
(Dom Jean-Baptiste Chautard in A Alma de todo apostolado, Serviço de
Animação Eucarística Mariana, traduzido em 2003, Anápolis – GO)
Com relação à Igreja ser o Corpo Místico de Cristo,
esse é um ponto em que católicos do mundo inteiro têm dificuldade de entender,
contudo com um pequeno esforço rapidamente conseguem chegar a essa conclusão.
Quando não querem entender, aí sim o problema está feito. O ateísmo ou protestantismo
estarão sendo gerados, mas esse é outro ponto. A questão é: A Igreja é Corpo
Místico de Cristo que é a sua cabeça. Assim como Eva nasce do lado de Adão, a
Igreja nasce do lado aberto de Cristo na cruz. A Igreja é a esposa de Cristo, e
Cristo é sua cabeça assim como o homem o é no casamento (Mt 22, 1-14; Mt.
25,10; Jo 3, 28-29; Ef. 5, 22-32; Ap. 19,7; Ap. 21,2-9; Ap. 22,17-20). Não
entraremos nesse momento para discutirmos sobre questões ligadas ao sexismo devido
a essa ou essas passagens.
A Igreja sendo o Corpo de Cristo e sendo a Igreja
formada por todos nós que somos batizados, somos nós os formadores desse Corpo.
Esse Corpo está sendo formado pelos Santos (Igreja triunfante), que estão em
plena comunhão como Cristo, ou seja, contribuem fielmente para que esse Corpo
funcione com perfeita unidade, cada um dentro das suas funções e cada um com a
dignidade própria.
Nós, igualmente, fazemos parte desse Corpo, uma vez
que fazemos parte da Igreja militante. É essencial compreender, portanto, que a
Igreja triunfante, formada pelos Santos, está em plena comunhão com Cristo e
forma Seu Corpo. A comunhão dos Santos é, portanto, irrefutável para
compreender a Liturgia que toca essa comunhão frontalmente por ser, além da
união da Igreja triunfante, purgante e militante, uma cerimônia da redenção de
tudo o que há pela morte de Cristo.
Pois bem, mas não só isso.
A Liturgia é mais que essa comunhão. Quando
participamos da Liturgia da Santa Missa estamos nos unindo irrefutavelmente ao
Corpo Místico de Cristo para fazer uma oração oficial gerada por esse próprio
Corpo Místico, ou seja, pelo próprio Cristo. Em outras palavras, nos unimos a
Cristo para agir exatamente como Ele decidiu que agíssemos e na forma como Ele
decidiu, já que fazemos conforme a Igreja determina e, consequente, conforme
Cristo determina.
Trata-se de uma série lógica. A fé cabe apenas no
momento do princípio, o restante estará se desenvolvendo racionalmente e
logicamente dentro do que entendemos como racionalidade e lógica.
Dentro da Liturgia da Santa Missa não se trata apenas
do individualismo de uma oração solitária, que tem o seu valor obviamente, mas
sim é uma preparação para a unidade querida por Cristo e instituída por meio da
Igreja. Tanto assim que Cristo não apenas instituiu a Igreja como instituição
ligada a Ele, mas sim a instituiu como sendo Ele mesmo e guiada por Ele mesmo.
A oração através da Litrugia, é, então, eficaz por si mesma
(per si) uma vez que é a Cristo,
razão da nossa fé, que nos dirigimos. É a Ele, por Ele e com Ele que falamos e
falamos na forma como Ele deseja.
Não fica tão impossível entender porque a Liturgia da
Santa Missa é mais que a Comunhão dos Santos, o que já seria muita coisa. A
Liturgia da Santa Missa é o estreitamento dos que estão unidos a Cristo e estão
destinados (entendendo destino da forma mais católica possível) a constituir
uma sociedade perfeita e santa, pois formadora do Corpo de Cristo em plena
união com Ele: a comunidade dos Eleitos.
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