Com os diversos acontecimentos que se seguem rápido e sorrateiramente nos EUA, tive a curiosidade de procurar um pouquinho de história da Igreja naquele lugar. Inicialmente estava esperando uma Igreja que por muito tempo tentou se estabelecer mas nunca conseguiu e acabou se sucumbindo contra a ortodoxia. Ledo engano.
Eu sinceramente não sabia o que os EUA nos reservava.
Tive a grata satisfação de descobrir que o clero dos EUA, mais especificamente no período que vai do final do século XIX até o Vaticano II, tinha um apostolado bem aguerrido e agressivo (no melhor sentido da palavra). De universidades a jornais de circulação paroquiais as iniciativas eram pulsantes. Isso impressionava a já "morta" Europa que se acomodou em sua posição cristã e não procurou continuar o seu fervor de outrora. Esse clero, que tinha um alto padrão intelectual, nos idos da década de 1950, era alvo de grande respeito até dos ministros protestantes.
Concomitantemente também no Brasil, com o início da república, começava-se a ter um clero e um laicato de elite (Jackson de Figueiredo, Carlos de Laet, Tristão de Athayde na primeira fase, Gustavo Corção, Plinio Corrêa de Oliveira, Pe. Penido, Pe. Leonel Franca, o então Pe. Antonio de Castro Mayer, o então Pe. Sigaud etc). Depois dos anos 60 sobraram poucos. Claro, tínhamos algo no Império, mas o regalismo acabava por impor-se à Igreja.
Atualmente temos alguns Bispos e padres valorosos, mas são poucos os intelectualmente “agressivos”. Por outro o laicato parece despertar e estamos formando bons líderes para o futuro.
Voltando ao apostolado nos EUA, a figura de D. Fulton Sheen nos parece simbólica desse período e desse método positivamente agressivo.
De certa forma, para muitos está claro que os EUA e o Brasil, cada qual por um motivo distinto, indicam serem nações importantíssimas para o futuro da Cristandade (além da África, claro). O Brasil e os EUA mostram todos os indícios de que ocuparão postos-chave para uma evangelização e uma cristianização das estruturas temporais que seja eficazes em um período não muito distante. Que Deus assim nos permita.
Talvez por isso Satanás nos ataque tanto! São países que vem sendo atingidos profundamente em sua fé e isso faz, como sempre fez, com que os Católicos (os de verdade e não os da boca-pra-fora) procurem sua ortodoxia. Não é tempo de ficar em cima do muro.
A história da Igreja do Brasil entre o final do Império e o começo dos anos 60 é instigante. Quantos homens valorosos, quantas iniciativas interessantes. Eles se preparavam para trilhar o caminho que a Providência quer para o país desde seu nascimento com um Missa. O mal, certamente, atuou para atrapalhar esse desenvolvimento e continua atuando.
No caso dos EUA, num outro contexto, havia um ambiente semelhante quanto a qualidade.
Só uma causa sobrenatural pode explicar a desgringolada que levou de uma imagem de padres fortes e espertos, como a que temos em Boys Town com Spencer Tracy ou Going My Way com Bing Crosby, para a de enrolões com desvios sexuais.
Entretanto, a força da Igreja nos EUA continua e continua forte.
Certa vez fiquei admirado com um texto de Bento XVI, onde ele dizia que os EUA eram uma das bases para o futuro da Igreja. Como poderia? Mas depois de conhecer a realidade de lá com mais concretude, viu que a impressão do então cardeal era plausível. Os bons seminários estão cheios, há mais espaço para o rito tradicional e, nos últimos anos, leigos e sacerdotes se juntaram para fundar novas instituições de ensino (que já são conhecidas pelo alto nível e por serem um celeiro de vocações sacerdotais ou de formação de jovens famílias), purificadas do liberalismo que atingiu as antigas universidades católicas como Notre Dame, alvo dos noticiários de dias atrás.
A FSSPX também tem uma instituição de ensino superior nos EUA (e em torno dela surgiu espontaneamente uma cidade): http://www.smac.edu/
A força do catolicismo nos EUA, na verdade, é impressionante. As vocações dos Legionários de Cristo só aumentam. As equipes de leigos do Regnum Christi também. A FSSPX (e também o ICR, embora esse tenha suas bases de recrutamento mais na Alemanha e na Áustria) cresce violentamente também naquelas terras.
É impressionante também como outros grupos tradicionalistas ligados à Santa Sé são fundados lá, como os Cônegos Regulares de São João Câncio, paróquias inteiras de rito tradicional (em quase toda diocese tem uma ou mais de uma).
Também é muito fácil achar Missas no rito romano moderno que sejam respeitosas: muitas em latim e versus Deum! Que coisa, não?
A TFP de lá tem apoio de muitos Bispos, que usam batina. O Opus Dei também é forte. Dan Brown que o diga!
Por conta da tradição comunitária protestante, as paróquias católicas acabam por ser verdadeiras comunidades onde se partilha as coisas, a fé, se nutre amizade, e se desempenha normalmente o apostolado ordinário (e nisso devíamos nos espelhar neles, mas com as paróquias que aqui temos...)
Podemos citar também as seguidas conversões de protestantes, incluindo bispos anglicanos e paróquias inteiras deles. Disso tem-se notícias toda semana. Claro que não pela grande mídia, não ouso pensar em ver uma notícia dessa no JN, mas em outros meios ficamos sabendo de detalhes.
Deus nos guarde e nos dê o fervor e a agressividade (positiva) de tantos missionários de poucos séculos atrás.
Nossas paróquias e comunidades só serão vivas se estiverem juntas do Santo Padre e em plena obediência à doutrina da Igreja e em conformidade com as leis litúrgicas.
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