Os
idealistas modernos tem em mente que se algo foi derrotado, foi refutado. Esse
é um dos centros do quinto tópico, da primeira parte do livro “O que há de
errado com o mundo”. O Autor Chesterton menciona essa linha de pensamento em
vários momentos durante o livro e o demonstra perante várias perspectivas,
entretanto ele o coloca como algo que deve ser pensado de forma totalmente contrária, ou seja, justamente porque foi derrotado é porque muito provavelmente não foi refutado.
O
que Chesterton coloca é que se algo foi derrotado, justamente é porque não foi
ou não deve ter sido necessariamente refutado. A história é contada pelos
vencedores, os que sobreviveram. Se é assim não há como, nem porque os vencedores
falarem bem ou divulgarem a ideologia e pensamentos dos derrotados. Eles
simplesmente lançam uma pá de cal sobre o assunto ou tentam demonstrar que as
mais profundas e belas filosofias são de perversidade monstruosa e desumana a ponto de não poderem sequer serem analisadas.
Nossa
realidade é exatamente essa. Apesar de o livro ter sido escrito na primeira
década do século XX, nada mais atual do que esse pensamento e nada será cada
vez mais atual com o decorrer do tempo se continuarmos no toada que estamos.
Boa
parte das ideias religiosas, tomando essa parte como exemplo, sequer pretendem
ser discutidas e são colocadas como erradas (refutadas) pelo simples fato de
existirem. São retrógradas por que são antigas. São ultrapassadas porque vem de
instituições milenares. São refutadas porque as tem como derrotadas. Nada mais
insano! O argumento se torna ad hominem,
ou seja, se você pensa assim, não importam os argumentos que você tenha: você
está errado por existir. Não é necessário sequer ouvir, debater ou analisar
argumentos: você está errado por ter nascido com esse pensamento no século
errado.
Que
levante a mão armada com pedras aquele que tem um pensamento religioso, político
conservador, antirrevolução francesa ou qualquer outro pensamento tido por
ultrapassado e que não tenha se sentido uma voz no deserto, mesmo que fale para
uma multidão. A multidão é surda aos seus argumentos e muito barulhenta frente as atitudes, quando
devia simplesmente ter o respeito de parar e ouvir para entender, mesmo que não
concorde.
Independente
da conduta atual, sua fundamentação que fez evoluir para esse
momento histórico intolerante por natureza, é que os ideais antigos não foram,
na verdade, refutados e por isso derrotados, mas na verdade não foram realmente vividos.
Foram apenas ideais lançados em traços de papeis que nunca foram colocados em prática.
O catolicismo é um bom exemplo disso, tendo ele por base já que é nosso tema
central.
O catolicismo
nunca foi vivido plenamente. Os católicos, hoje mais que na maioria dos
momentos históricos, é formado por uma multidão que diz acreditar em um boneco
de pano. Sequer sabem o que falam ou professam. Dizem pertencer a uma religião
que sequer entendem do que se trata. Apenas se dizem. Nunca foram.
O
Papa Bento XVI, em certa oportunidade de seu pontificado mencionou que sempre
fomos um pequeno grupo de pessoas. A verdade é que por muitos séculos foi moda
ser católico. Muitos se diziam católicos pelo mesmo motivo que hoje muitos
comem sanduíche, ou seja, pelo simples motivo de que é mais fácil e está mais à
mão no momento. Nada mais que modismo e praticidade. Nunca viveram plenamente o
catolicismo. Nunca entenderam. Nunca souberam o que era viver.
Nos
dias atuais somos exatamente assim. Por mais que centenas de milhares encham as
ruas no Círio de Nazaré, nem um por cento vive e ou quer viver realmente o
catolicismo. Fazem por simples tradição, farra ou superstição. Nenhuma das três
opções são realmente católicas.
Isso
tudo só aconteceu não porque o catolicismo foi analisado, entendido e julgado
insuficiente ou errado, a questão é que ele foi superficialmente olhado, em
nada analisado e julgado deficitário e antecipadamente muito difícil de ser
vivido, portanto ultrapassado. Foi puro comodismo mesmo.
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