terça-feira, 9 de dezembro de 2014

O que há de errado com o mundo. Parte 1.

Logo no início do livro, na parte I, primeiro tópico, se assim pudesse nomear, já que o próprio autor assim não o fez ao topificar, Chesterton faz uma analogia interessantíssima. Aliás analogias interessantíssimas por parte de Chesterton é falar o óbvio ululante, é o máximo do lugar comum, contudo, é assim que minha mera coloquialidade consegue expressar.

Diz Chesterton que na medicina não há muito espaço para ser criativo quando se procura resultados práticos. Segundo ele, é fácil ir ao hospital tratar de um problema na perna e voltar de lá sem ela, mas nunca você encontrará uma pessoa que vai ao hospital tratar de uma perna que volte com três pernas. Essas criatividades médicas nao cabem. O normal é o procurado. Ninguém procura ser anormal a esse ponto. 

É bom deixar claro que Chesterton é um indivíduo que teve sua obra principal no início do século XX e, especialmente esse livro "O que há de errado com o mundo" foi escrito antes de 1910. Sendo assim, essa lógica de que procuramos o normal dentro da medicina pode ter mudando um pouco de lá pra cá, afinal aberrações é o que mais vemos hoje em dia, mas o cerne da questão continua o mesmo: ninguém vai o hospital para curar uma perna e sai com três pernas. No máximo duas. Se for preciso amputar, terá apenas uma. Três nunca.

Entretanto, diz ele, no organismo social é diagonalmente o oposto o que acontece. Isso parece independer de época. Sociólogos de plantão, historiadores de fim de semana, cientistas sociais de entretenimento manifestam que se você quer ser algo, então que seja. Se você quer ser um digno consorte de um canino, que seja, afinal não sou eu que me meterei nas suas escolhas sexuais. 

O relativismo é a moda. Só que a moda é algo que vem e vai. O relativismo parece ter vindo pra ficar. É uma doença que vem, se instala e dificilmente consegue ser retirada do tecido social porque se adequa a ele, embora o ataque como uma imunodeficiência.

Hoje você acha normal um religioso não ser tão religioso assim, mas quando ele o é, o que é o normal de se acontecer, todos se espantam. Ora, se ele é religoso o que se espera é que ele seja no mínimo.... religioso. O mesmo acontece com abortistas que não quererm ser chamados de abortistas. Ora, se defendem o aborto, do que mais podem ser chamados? 

O relativismo com cara renovada de politicamente correto é algo de muito errado com o mundo, pra não fugir do título dado por Chesterton ao seu livro. 

Não poder chamar de gordo o gordo e usar de eufemismos, logicamente parece muito mais segregador do que constatar o óbvio, contudo é preciso primeiro prestar atenção na característica, identificá-la como inapropriada para depois eufemiza-la. Ora, se você simplesmente chama o gordo de gordo, basicamente está constatando. Se você para pra pensar que gordo é uma característica malquista pela sociedade, você está segregando, está discriminando. Cosntatar o lógico, que o gordo é gordo e que o preto é preto, não segrega porque é o que os olhos veem. Isso é o politicamente correto trazido pelo relativismo. Esse ponto já existia nos primeiros anos do século XX e era constatado por Chesterton não só nesse livro, mas em muitos outros. As coisas se movimentam, evoluem e infelizmente estamos nos movimentando para trás com esse infame relativismo.

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