O número 11 da
Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium pode ser dividida em duas partes a serem debatidas separadamente
para formarem um todo.
Primeiramente ela diz
o seguinte:
11. Para assegurar esta eficácia
plena, é necessário, porém, que os fiéis celebrem a Liturgia com retidão de
espírito, unam a sua mente às palavras que pronunciam, cooperem com a graça de
Deus, não aconteça de a receberem em vão.
Uma liturgia que tenha
plena eficácia, antes de saber o porque se faz ou deixa de fazer certas coisa e
antes de inculcar na mente das pessoas o que é e o que não é superstição, é
preciso que todos nós, fiéis, religiosos ou leigos, entendamos que só se
celebra quando se tem “retidão de espírito”. Para se ter retidão de espírito
não é preciso ser doutor em teologia, muito menos especialista em liturgia, mas
sim crer e amar fielmente o que se celebra.
Por óbvio que a
formação é de extrema importância e por óbvio que temos que busca-la cada vez
mais, mas não podemos esquecer que não é tudo.
É uma pergunta que
devemos nos fazer sempre: estamos celebrando protocolarmente ou estamos celebrando
com retidão de espírito, ou seja, com união a Deus, crendo e confiando
plenamente, mesmo quando não se entende plenamente?
Por quantas vezes nos
pegamos procurando erros na celebração que presenciamos no lugar de nos juntar
ao mistério amplo e inexplicável, e por isso mistério, que é a Santa Missa?
Queremos explicações e
queremos encontrar erros. Claro que queremos o melhor para Deus e a celebração
litúrgica é um ritual, como ritual precisa ser seguida como tal. Acabamos por
apontar o dedo em riste para muita gente que sequer sabe do que estamos
falando, precisam de formação perene, tanto quanto nós, só que estão um
pouquinho atrasados, só isso. Mesmo em uma celebração cheia de erros, tais
erros podem não ser propositais e precisam, claro, ser corrigidos, contudo
nunca incriminando pessoas que não se sabe se fizeram dolosamente ou não. E
normalmente não fazem com intenção de ferir a Santa Missa.
Precisam apenas de
formação, explicação, entendimento do que é a fé que professam. Ao fazer isso
ficarão, sem dúvida alguma, maravilhados com o que perceberão. Um mundo novo
pode se abrir e normalmente se abre quando há essa descoberta de tudo quanto a
Santa Missa representa e tudo quanto acontece dentro dela.
É exatamente nesse
ponto, a formação, que entra o restante do parágrafo:
11. (...) Por conseguinte, devem os
pastores de almas vigiar por que não só se observem, na ação litúrgica, as leis
que regulam a celebração válida e lícita, mas também que os fiéis participem
nela consciente, ativa e frutuosamente.
Primeiramente vamos
fazer como os alemães, vamos definir conceitos antes de falar sobre o texto.
Pastores de almas que aqui menciona, sem dúvida são os membros do clero em
todos os seus níveis de hierarquia. São padres, bispos e diáconos com todos os
seus níveis e títulos administrativos.
Pois bem, definido
isso, fica claro que cabe primeiramente a eles a função de vigiar para que as
normas litúrgicas sejam cumpridas, contudo o que vemos é que muitas vezes são
eles os principais incentivadores de uma bagunça generalizada nesse campo.
Todos nós sabemos
muito bem que por mais dificuldades que um padre tenha com seus fiéis, ele
continua sendo padre e eles continuam sendo leigos. Essa hierarquia é muito bem
entendida por todos que frequentam uma paróquia ou comunidade, mesmo que as
vezes desrespeitem nesse ou naquele nível, todos tem plena consciência de quem
é quem. Quando não conseguem esse discernimento, o sacerdote precisa investir
em catequese e formação doutrinal para depois partir para outras mudanças mais
profundas. Enfim, se são católicos mesmo obedecerão ao padre se ele estiver
certo. A questão é saber pra onde caminha o rebanho.
Quando um sacerdote
causa danos à liturgia e a desobedece, fazendo da sua cabeça uma nova liturgia,
esse padre está mexendo em algo que não lhe pertence, portanto está
absolutamente errado e é digno de reprimendas. É preciso que, a partir daí os
fiéis conversem, com cuidado, humildade e caridosamente explicando e entendendo
os motivos do sacerdote em fazer o errado. Vamos relevar a situação de que a
formação de nossos seminários também não anda lá essas coisas.
De qualquer forma, é
bom que o sacerdote responsável, bem como o diácono, façam de tudo para que o
povo saiba o que faz e porque faz. Quanto mais conhecemos, mais amamos o que
conhecemos. Não se trata de tentar colocar Deus dentro de nossas cabeças, Ele é
muito maior que isso. Ele não cabe em nossas cabeças, contudo podemos procurar
entender ao máximo nossa fé e o auge da nossa fé é a Santa Missa e a Eucaristia
que dentro dela surge.
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