sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Sacrosanctum Conclium. Parte 15. Eficácia plena na celebração da liturgia.


O número 11 da Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium pode ser dividida em duas partes a serem debatidas separadamente para formarem um todo.

Primeiramente ela diz o seguinte:

11. Para assegurar esta eficácia plena, é necessário, porém, que os fiéis celebrem a Liturgia com retidão de espírito, unam a sua mente às palavras que pronunciam, cooperem com a graça de Deus, não aconteça de a receberem em vão.

Uma liturgia que tenha plena eficácia, antes de saber o porque se faz ou deixa de fazer certas coisa e antes de inculcar na mente das pessoas o que é e o que não é superstição, é preciso que todos nós, fiéis, religiosos ou leigos, entendamos que só se celebra quando se tem “retidão de espírito”. Para se ter retidão de espírito não é preciso ser doutor em teologia, muito menos especialista em liturgia, mas sim crer e amar fielmente o que se celebra.

Por óbvio que a formação é de extrema importância e por óbvio que temos que busca-la cada vez mais, mas não podemos esquecer que não é tudo.

É uma pergunta que devemos nos fazer sempre: estamos celebrando protocolarmente ou estamos celebrando com retidão de espírito, ou seja, com união a Deus, crendo e confiando plenamente, mesmo quando não se entende plenamente?

Por quantas vezes nos pegamos procurando erros na celebração que presenciamos no lugar de nos juntar ao mistério amplo e inexplicável, e por isso mistério, que é a Santa Missa?

Queremos explicações e queremos encontrar erros. Claro que queremos o melhor para Deus e a celebração litúrgica é um ritual, como ritual precisa ser seguida como tal. Acabamos por apontar o dedo em riste para muita gente que sequer sabe do que estamos falando, precisam de formação perene, tanto quanto nós, só que estão um pouquinho atrasados, só isso. Mesmo em uma celebração cheia de erros, tais erros podem não ser propositais e precisam, claro, ser corrigidos, contudo nunca incriminando pessoas que não se sabe se fizeram dolosamente ou não. E normalmente não fazem com intenção de ferir a Santa Missa.

Precisam apenas de formação, explicação, entendimento do que é a fé que professam. Ao fazer isso ficarão, sem dúvida alguma, maravilhados com o que perceberão. Um mundo novo pode se abrir e normalmente se abre quando há essa descoberta de tudo quanto a Santa Missa representa e tudo quanto acontece dentro dela.

É exatamente nesse ponto, a formação, que entra o restante do parágrafo:

11. (...) Por conseguinte, devem os pastores de almas vigiar por que não só se observem, na ação litúrgica, as leis que regulam a celebração válida e lícita, mas também que os fiéis participem nela consciente, ativa e frutuosamente.

Primeiramente vamos fazer como os alemães, vamos definir conceitos antes de falar sobre o texto. Pastores de almas que aqui menciona, sem dúvida são os membros do clero em todos os seus níveis de hierarquia. São padres, bispos e diáconos com todos os seus níveis e títulos administrativos.

Pois bem, definido isso, fica claro que cabe primeiramente a eles a função de vigiar para que as normas litúrgicas sejam cumpridas, contudo o que vemos é que muitas vezes são eles os principais incentivadores de uma bagunça generalizada nesse campo.

Todos nós sabemos muito bem que por mais dificuldades que um padre tenha com seus fiéis, ele continua sendo padre e eles continuam sendo leigos. Essa hierarquia é muito bem entendida por todos que frequentam uma paróquia ou comunidade, mesmo que as vezes desrespeitem nesse ou naquele nível, todos tem plena consciência de quem é quem. Quando não conseguem esse discernimento, o sacerdote precisa investir em catequese e formação doutrinal para depois partir para outras mudanças mais profundas. Enfim, se são católicos mesmo obedecerão ao padre se ele estiver certo. A questão é saber pra onde caminha o rebanho.

Quando um sacerdote causa danos à liturgia e a desobedece, fazendo da sua cabeça uma nova liturgia, esse padre está mexendo em algo que não lhe pertence, portanto está absolutamente errado e é digno de reprimendas. É preciso que, a partir daí os fiéis conversem, com cuidado, humildade e caridosamente explicando e entendendo os motivos do sacerdote em fazer o errado. Vamos relevar a situação de que a formação de nossos seminários também não anda lá essas coisas.


De qualquer forma, é bom que o sacerdote responsável, bem como o diácono, façam de tudo para que o povo saiba o que faz e porque faz. Quanto mais conhecemos, mais amamos o que conhecemos. Não se trata de tentar colocar Deus dentro de nossas cabeças, Ele é muito maior que isso. Ele não cabe em nossas cabeças, contudo podemos procurar entender ao máximo nossa fé e o auge da nossa fé é a Santa Missa e a Eucaristia que dentro dela surge.

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