O Decreto Apostolicam Actuositatem, em seu número 11, lá pelo meio do parágrafo, manifesta nesses termos:
Foi sempre dever dos
esposos e hoje é a maior incumbência do seu apostolado: manifestar e
demonstrar, pela sua vida, a indissolubilidade e a santidade do vínculo
matrimonial; afirmar vigorosamente o direito e o dever próprio dos pais e
tutores de educar cristãmente os filhos; defender a dignidade e legítima
autonomia da família.
Pelo lado dos
pais, esposos, sempre há uma maior responsabilidade, afinal são mais velhos e
tem o dever de educar na fé e na vida. Na fé é preciso que os pais façam o que
hoje em dia parece se tornar moda não fazer que é mostrar com sua vida a
indissolubilidade do sacramento do matrimônio que receberam, mas também a
santidade do vínculo conjugal. Não é tarefa fácil, mas também ninguém prometeu
hora alguma que seria fácil. O que temos que fazer é o que temos que fazer.
Precisamos nos conformar com isso e não achar que só temos que fazer o que é
prazeroso ou o que estamos com vontade. A vida não é isso.
Os filhos
precisam dessa visão de eternidade e de sacralidade do matrimônio, mas não só
eles, todos aqueles que estão em torno do casal precisam ver naqueles dois,
católicos, essa sacralidade vivida dentro do matrimônio. É função de nós leigos
transmitirmos isso a toda a sociedade que nos circunda.
Outro ponto
essencial de apostolado do leigo na família é a criação dos filhos e aqui vamos
tocar em várias situações sensíveis para muitos. O leigo católico tem por obrigação
educar de forma cristã seus filhos e não terceirizar a educação deles. Hoje a
confusão entre escola, que deve transmitir conhecimento, e pais que são
educadores é enorme. Professores são professores e transmitem conhecimento,
pais são pais e devem educar, ou seja, transmitir valores e senso social
conforme pretendem que seus filhos o tenham. Infelizmente o que vemos hoje são
pais que sequer sabem o que seus filhos estão vendo, ouvindo, aprendendo e
vivenciado. Não conhecem os filhos e não sem importam. Terceirizam a educação,
e acham que já fazem o suficiente pagando uma escola cara ou não, mas colocando
os filhos em alguma escola que sequer sabem o que será falado e
simplesmente os deixam a mercê de que a natureza tome conta do resto. A natureza não vai
tomar conta do resto, porque se faltam os pais alguém suprirá essa falta. Na
maioria absoluta das vezes não serão boas pessoas a suprirem. Nisso eu não
excluo em momento algum os professores. Enfim, a função é dos pais, o
apostolado é seu, é sua função de pai e mãe, bem como é sua função de leigo
educar seu filho. É você que responderá perante Deus sobre a vida que ele lhe
confiou e não o professor ou outra pessoa qualquer que você terceirizou a
educação do seu filho.
O Decreto ainda continua no mesmo número 11:
Cooperem, pois, eles e os
outros cristãos, com os homens de boa vontade para que estes direitos sejam
integralmente assegurados na legislação civil.
É nossa função
cooperar com outros para que essa dignidade familiar e direito natural dos pais
de educarem seus filhos seja garantido, justamente porque é função do leigo que
a sociedade civil em torno dele se santifique e que garanta que os valores
cristãos sejam respeitados. Não é função de nenhum padre ou bispo de forma
ordinária, é função do leigo.
As perguntas
que ficam são: estou fazendo a minha parte? Luto para que os direitos sejam
integralmente assegurados na legislação civil? Ou estou simplesmente sentado
esperando que outros façam por mim? Ou estou simplesmente sentado colocando a
culpa em outros que não fazem o que deveria ser eu a fazer?
O leigo tem a responsabilidade de entrar e santificar a sociedade civil justamente porque a sociedade civil tende a odiar, a palavra é essa mesma, odiar o que está mais intimamente ligado a religião. Portanto, a gravata entra onde a batina e o clergyman não entram. Na maioria dos ambientes é muito mais fácil que eu ou você sejamos ouvidos do que um padre ou mesmo um bispo. É isso que o documento Apostolicam Actuositatem, que foi redigido lá na década de sessenta, quase sessenta anos atrás, quer deixar claro e mostrar que é você, leigo, que precisa tomar a frente disso. A Igreja como instituição simplesmente não consegue, então é você que faz parte do Corpo da Igreja de forma mística é que precisa fazer isso.
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