quarta-feira, 23 de maio de 2018

Ou guerra de nações ou guerra de utopias.


(Texto inspirado no capítulo V do livro "Hereges", de Chesterton).


A ideia de um governo único mundial não só é distópica mas também é absurda e incoerente. 

Dizem que em um governo mundial seria possível acabar com as guerras, acabar com diferenças fundamentais que fazem com que o ser humano destrua outro ser humano de diversas formas, acabar com diferenças de renda e classe, enfim, acabar com o ser humano como ser humano e instituir um ser humano dentro do socialismo premente.

Nós não conseguimos concordar um com outro nem com relação a colocar ou não uva passa no arroz, existem variedades de opinião nas artes e até na cor da roupa. Pode parecer exagero achar que esses pequenos motivos levariam à guerra, mas o que nos leva à guerra senão pequenos motivos que levam a outros pequenos motivos e o conjunto desses pequenos motivos forma um conjunto intransponível e disforme de opiniões sem concordância nenhuma por ambos os lados? Ficou difícil de entender? Eu explico: temos tantas pequenas diferenças uns com os outros que isso nos torna absolutamente individuais e é justamente quando essas pequenas diferenças não são aceitas de forma alguma por um dos lados é que a guerra acontece.

Se temos tantas diferenças e tantas variedades de opinião, porque não teríamos variedades de governo? A ideia de um governo mundial é simplesmente absurda e ridícula. Sempre uma grande maioria vai sair perdendo em prol dos benefícios de uma pequena minoria. Os protótipos de governo mundial são justamente os países que tentaram implementar o socialismo. Catástrofes governamentais e humanitárias aconteceram nesses países especialmente na União Soviética, China, Camboja e Cuba. Atualmente podemos citar a vizinha Venezuela.

A guerra nunca deixará de acontecer porque temos um governo mundial. O que vai acontecer é que teremos guerras por motivos cada vez mais banais.

Não há como impedir conflitos de nações e civilizações, justamente porque para conseguir isso seria preciso impedir um conflito de idéias. Impedir um conflito de idéias é tudo o que certos indivíduos querem, ou seja, implementar ditaduras de ideias. Isso já está acontecendo por aí.

Falando em ditaduras de ideias, alguém já parou para pensar em qual velocidade esse tipo de coisa está correndo? Não quero nem perguntar se você já percebeu que essas ditaduras de ideias estão presentes no nosso meio, só quero saber se você percebeu a velocidade que isso avança.

Não é à toa que Chesterton em seu livro "Hereges", no Capítulo V cravou a seguinte afirmação: "se não houvesse mais a moderna luta entre nações, haveria somente uma luta entre utopias."

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Só o humilde é capaz.


O humilde só pode ser conceituado como aquele homem capaz de fazer grandes coisas. É o humilde que é capaz de fazer coisas ousadas. E ele só é capaz de grandes coisas e de tamanha ousadia por que é humilde e não porque é homem.

Não são todos os homens que são capazes de grandes coisas e de grande ousadias. O humilde é capaz disso por que reconhece a sua pequenez em frente a todas essas grandes coisas e ousadias. Aquele homem que não detém humildade tenta ver a uma distância tão grande e tão além das possibilidades que a sua ínfima visão humana pode alcançar, que não consegue perceber os detalhes que o levariam ao que era seu objetivo inicial. Já aquele homem humilde não pretende alcançar o que está além do seu olhar e por isso mesmo acaba percorrendo os caminhos corretos, aprendendo com cada passo e descobrindo que pode ir muito mais longe do que imaginava em um primeiro momento. 

O humilde não pensa no quinquagésimo passo, mas apenas no próximo porque muitas vezes e, sinceramente, se acha incapaz de dar mais do que um passo de cada vez ou simplesmente não se preocupa com isso porque seu ego não é inflado.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Véu, missa Tridentina e outras obscuridades.


Hoje eu pretendo começar escrevendo este texto de uma forma diferente do que é o meu estilo. Pois é, eu tenho um estilo. Mas vamos ao que interessa. 

Normalmente eu procuro me justificar, quando realmente o faço, só no final do texto e de forma mais conclusiva possível, mas hoje vamos fazer isso logo no início do texto, caso contrário vai ter gente que não vai passar do terceiro parágrafo.

Bom, a justificativa é que eu não sou católico tradicionalista, nem católico progressista, muito menos católico carismático ou católico teelista. A verdade é que eu acredito que após dizer-se católico não cabe nenhum adjetivo na frente.

Sabendo disso e acreditando que um monte de criticas virão assim mesmo, vamos aos fatos. Não há nada que eu ache mais estranho do que as críticas veementes a quem queira usar véu oo queira assistir a missa tridentina ou casar-se nesse rito.

As motivações para esse tipo de crítica são as mais diversas: na verdade estimulam a vaidade; não passa de modinha; são pessoas querendo ser mais católicas que o Papa; estão todos querendo aparecer... e por aí vai.

Não nego que tudo isso possa acontecer. Não nego de forma alguma que várias mulheres que usam véu deturpam seu uso deixando a modéstia e a humildade de lado e usando por simples modismo e vaidade. Aliás, que fique bem claro que a vaidade espiritual é a pior delas.

Não nego também que muita gente tem assistido a missas tridentinas e queiram casar-se nesse rito por simples moda. Eu tenho certeza que muitos seguem esse caminho não só por moda mas também por achar-se mais dignos que os demais. Fora aquela pontinha de gnosticismo quando se sentem "os Iluminados" com o saber que os outros ainda não alcançaram.

É óbvio que tudo isso existe e nem é tão difícil de achar. Mas também é óbvio que não dá para jogar todo mundo no mesmo saco e dizer que é tudo a mesma coisa. 

Da mesma forma que conheço pessoas que usam véu por modismo ou por vaidade, também conheço uma série de mulheres que usam véu e que realmente buscam aquela humildade e modéstia que caracterizam o uso correto.

Conheço também uma série de pessoas que frequentam a missa no rito extraordinário porque realmente se sentem mais envolvidos no clima místico e contemplativo através desse rito. Aliás, não foi por esse motivo que o Papa Bento XVI promulgou o Motu Proprio que liberou a celebração da missa no rito extraordinário para todos os sacerdotes que quiserem celebrá-lo, sendo desnecessária autorização do Bispo?

Como diz um velho ditado que ainda corre por aí: não se pode jogar a criança fora junto com a água suja do banho. O que não é intrinsecamente mau precisa ter o que é bom separado, mesmo que para isso seja preciso esperar um tempo. Não é exatamente isso que Jesus nos ensina na parábola do joio e do trigo? Não é preciso deixar crescer os dois juntos para separar só ao final, justamente para não se arrancar o trigo junto com o joio e jogue tudo fora?

O mais impressionante disso tudo é que eu não vejo tanto empenho em condenar e atacar coisas que são frontalmente contra a doutrina católica, ou seja, puro joio, sem trigo algum. Não vejo o mesmo empenho em condenar pessoas que transformam a Santa Missa em um evento social, em boate, um show musical, em peça de teatro ou um espetáculo decadente de heresias contra a Doutrina Social da Igreja - DSI. Fora os que tratam as vigílias de adoração ao Santíssimo como se fossem festas rave.

Esses sim deveriam ser veementemente alvejados com empenho digno de nota. Mas não é bem isso que se vê por aí.