segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Discurso do Santo Padre em Assis.


O Papa Bento XVI, na cidade de Assis no dia 27 de outubro de 2011 proferiu um discursona Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, no Dia de Reflexão, Diálogo e Oração pela Paz e a Justiça no Mundo. Um belo documento que deveria ser lido por todo católico.

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Queridos irmãos e irmãs,
distintos Chefes e representantes das Igrejas
e Comunidades eclesiais e das religiões do mundo,
queridos amigos,

Passaram-se vinte e cinco anos desde quando pela primeira vez o beato Papa João Paulo II convidou representantes das religiões do mundo para uma oração pela paz em Assis. O que aconteceu desde então? Como se encontra hoje a causa da paz? Naquele momento, a grande ameaça para a paz no mundo provinha da divisão da terra em dois blocos contrapostos entre si. O símbolo saliente daquela divisão era o muro de Berlim que, atravessando a cidade, traçava a fronteira entre dois mundos. Em 1989, três anos depois do encontro em Assis, o muro caiu, sem derramamento de sangue. Inesperadamente, os enormes arsenais, que estavam por detrás do muro, deixaram de ter qualquer significado. Perderam a sua capacidade de aterrorizar. A vontade que tinham os povos de ser livres era mais forte que os arsenais da violência. A questão sobre as causas de tal derrocada é complexa e não pode encontrar uma resposta em simples fórmulas. Mas, ao lado dos factores económicos e políticos, a causa mais profunda de tal acontecimento é de carácter espiritual: por detrás do poder material, já não havia qualquer convicção espiritual. Enfim, a vontade de ser livre foi mais forte do que o medo face a uma violência que não tinha mais nenhuma cobertura espiritual. Sentimo-nos agradecidos por esta vitória da liberdade, que foi também e sobretudo uma vitória da paz. E é necessário acrescentar que, embora neste contexto não se tratasse somente, nem talvez primariamente, da liberdade de crer, também se tratava dela. Por isso, podemos de certo modo unir tudo isto também com a oração pela paz.

Mas, que aconteceu depois? Infelizmente, não podemos dizer que desde então a situação se caracterize por liberdade e paz. Embora a ameaça da grande guerra não se aviste no horizonte, todavia o mundo está, infelizmente, cheio de discórdias. E não é somente o facto de haver, em vários lugares, guerras que se reacendem repetidamente; a violência como tal está potencialmente sempre presente e caracteriza a condição do nosso mundo. A liberdade é um grande bem. Mas o mundo da liberdade revelou-se, em grande medida, sem orientação, e não poucos entendem, erradamente, a liberdade também como liberdade para a violência. A discórdia assume novas e assustadoras fisionomias e a luta pela paz deve-nos estimular a todos de um modo novo.

Procuremos identificar, mais de perto, as novas fisionomias da violência e da discórdia. Em grandes linhas, parece-me que é possível individuar duas tipologias diferentes de novas formas de violência, que são diametralmente opostas na sua motivação e, nos particulares, manifestam muitas variantes. Primeiramente temos o terrorismo, no qual, em vez de uma grande guerra, realizam-se ataques bem definidos que devem atingir pontos importantes do adversário, de modo destrutivo e sem nenhuma preocupação pelas vidas humanas inocentes, que acabam cruelmente ceifadas ou mutiladas. Aos olhos dos responsáveis, a grande causa da danificação do inimigo justifica qualquer forma de crueldade. É posto de lado tudo aquilo que era comummente reconhecido e sancionado como limite à violência no direito internacional. Sabemos que, frequentemente, o terrorismo tem uma motivação religiosa e que precisamente o carácter religioso dos ataques serve como justificação para esta crueldade monstruosa, que crê poder anular as regras do direito por causa do «bem» pretendido. Aqui a religião não está ao serviço da paz, mas da justificação da violência.

A crítica da religião, a partir do Iluminismo, alegou repetidamente que a religião seria causa de violência e assim fomentou a hostilidade contra as religiões. Que, no caso em questão, a religião motive de facto a violência é algo que, enquanto pessoas religiosas, nos deve preocupar profundamente. De modo mais subtil mas sempre cruel, vemos a religião como causa de violência também nas situações onde esta é exercida por defensores de uma religião contra os outros. O que os representantes das religiões congregados no ano 1986, em Assis, pretenderam dizer – e nós o repetimos com vigor e grande firmeza – era que esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição. Contra isso, objecta-se: Mas donde deduzis qual seja a verdadeira natureza da religião? A vossa pretensão por acaso não deriva do facto que se apagou entre vós a força da religião? E outros objectarão: Mas existe verdadeiramente uma natureza comum da religião, que se exprima em todas as religiões e, por conseguinte, seja válida para todas? Devemos enfrentar estas questões, se quisermos contrastar de modo realista e credível o recurso à violência por motivos religiosos. Aqui situa-se uma tarefa fundamental do diálogo inter-religioso, uma tarefa que deve ser novamente sublinhada por este encontro. Como cristão, quero dizer, neste momento: É verdade, na história, também se recorreu à violência em nome da fé cristã. Reconhecemo-lo, cheios de vergonha. Mas, sem sombra de dúvida, tratou-se de um uso abusivo da fé cristã, em contraste evidente com a sua verdadeira natureza. O Deus em quem nós, cristãos, acreditamos é o Criador e Pai de todos os homens, a partir do qual todas as pessoas são irmãos e irmãs entre si e constituem uma única família. A Cruz de Cristo é, para nós, o sinal daquele Deus que, no lugar da violência, coloca o sofrer com o outro e o amar com o outro. O seu nome é «Deus do amor e da paz» (2 Cor 13,11). É tarefa de todos aqueles que possuem alguma responsabilidade pela fé cristã, purificar continuamente a religião dos cristãos a partir do seu centro interior, para que – apesar da fraqueza do homem – seja verdadeiramente instrumento da paz de Deus no mundo.
Se hoje uma tipologia fundamental da violência tem motivação religiosa, colocando assim as religiões perante a questão da sua natureza e obrigando-nos a todos a uma purificação, há uma segunda tipologia de violência, de aspecto multiforme, que possui uma motivação exactamente oposta: é a consequência da ausência de Deus, da sua negação e da perda de humanidade que resulta disso. Como dissemos, os inimigos da religião vêem nela uma fonte primária de violência na história da humanidade e, consequentemente, pretendem o desaparecimento da religião. Mas o «não» a Deus produziu crueldade e uma violência sem medida, que foi possível só porque o homem deixara de reconhecer qualquer norma e juiz superior, mas tomava por norma somente a si mesmo. Os horrores dos campos de concentração mostram, com toda a clareza, as consequências da ausência de Deus.

Aqui, porém, não pretendo deter-me no ateísmo prescrito pelo Estado; queria, antes, falar da «decadência» do homem, em consequência da qual se realiza, de modo silencioso, e por conseguinte mais perigoso, uma alteração do clima espiritual. A adoração do dinheiro, do ter e do poder, revela-se uma contra-religião, na qual já não importa o homem, mas só o lucro pessoal. O desejo de felicidade degenera num anseio desenfreado e desumano como se manifesta, por exemplo, no domínio da droga com as suas formas diversas. Aí estão os grandes que com ela fazem os seus negócios, e depois tantos que acabam seduzidos e arruinados por ela tanto no corpo como na alma. A violência torna-se uma coisa normal e, em algumas partes do mundo, ameaça destruir a nossa juventude. Uma vez que a violência se torna uma coisa normal, a paz fica destruída e, nesta falta de paz, o homem destrói-se a si mesmo.

A ausência de Deus leva à decadência do homem e do humanismo. Mas, onde está Deus? Temos nós possibilidades de O conhecer e mostrar novamente à humanidade, para fundar uma verdadeira paz? Antes de mais nada, sintetizemos brevemente as nossas reflexões feitas até agora. Disse que existe uma concepção e um uso da religião através dos quais esta se torna fonte de violência, enquanto que a orientação do homem para Deus, vivida rectamente, é uma força de paz. Neste contexto, recordei a necessidade de diálogo e falei da purificação, sempre necessária, da vivência da religião. Por outro lado, afirmei que a negação de Deus corrompe o homem, priva-o de medidas e leva-o à violência.

Ao lado destas duas realidades, religião e anti-religião, existe, no mundo do agnosticismo em expansão, outra orientação de fundo: pessoas às quais não foi concedido o dom de poder crer e todavia procuram a verdade, estão à procura de Deus. Tais pessoas não se limitam a afirmar «Não existe nenhum Deus», mas elas sofrem devido à sua ausência e, procurando a verdade e o bem, estão, intimamente estão a caminho d’Ele. São «peregrinos da verdade, peregrinos da paz». Colocam questões tanto a uma parte como à outra. Aos ateus combativos, tiram-lhes aquela falsa certeza com que pretendem saber que não existe um Deus, e convidam-nos a tornar-se, em lugar de polémicos, pessoas à procura, que não perdem a esperança de que a verdade exista e que nós podemos e devemos viver em função dela. Mas, tais pessoas chamam em causa também os membros das religiões, para que não considerem Deus como uma propriedade que de tal modo lhes pertence que se sintam autorizados à violência contra os demais. Estas pessoas procuram a verdade, procuram o verdadeiro Deus, cuja imagem não raramente fica escondida nas religiões, devido ao modo como eventualmente são praticadas. Que os agnósticos não consigam encontrar a Deus depende também dos que crêem, com a sua imagem diminuída ou mesmo deturpada de Deus. Assim, a sua luta interior e o seu interrogar-se constituem para os que crêem também um apelo a purificarem a sua fé, para que Deus – o verdadeiro Deus – se torne acessível. Por isto mesmo, convidei representantes deste terceiro grupo para o nosso Encontro em Assis, que não reúne somente representantes de instituições religiosas. Trata-se de nos sentirmos juntos neste caminhar para a verdade, de nos comprometermos decisivamente pela dignidade do homem e de assumirmos juntos a causa da paz contra toda a espécie de violência que destrói o direito. Concluindo, queria assegura-vos de que a Igreja Católica não desistirá da luta contra a violência, do seu compromisso pela paz no mundo. Vivemos animados pelo desejo comum de ser «peregrinos da verdade, peregrinos da paz».

[© Copyright 2011 - Libreria Editrice Vaticana]

CNBB divulga nota pedindo reforma política.


Em coletiva, abordam temas como JMJ, mídia e ministério dos esportes

BRASÍLIA, sexta-feira, 28 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – “Há mecanismos hoje para coibir a corrupção em nosso país, mas a Reforma política certamente poderá ajudar muito nessa questão”: está afirmação é do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira, 27, último dia da reunião do Conselho Permanente da entidade.

Dom Damasceno reiterou a posição da CNBB que, através de uma nota intitulada “Reforma Política: urgente e inadiável!” defendeu uma reforma que ultrapasse o campo eleitoral. “Nós desejamos que não aconteça apenas uma reforma eleitoral, mas uma Reforma Política, como diz a nota que nós assinamos, que seja uma ‘reforma urgente e inadiável que deve ultrapassar os limites de uma simples reforma eleitoral porque sua função é coibir a corrupção que corrói as instituições do Estado brasileiro’, por isso, pedimos que a sociedade assuma essa bandeira”, sublinhou o cardeal.

Ainda sobre o tema Reforma Política, o presidente da CNBB afirmou que a impunidade deve ser combatida através da justiça e defendeu uma investigação profunda caso haja indícios de má conduta na vida pública. “No caso de indício de corrupção, a justiça deve ser acionada para que a investigação corra e busque os culpados. Se for comprovada a inocência daquele que é acusado ele deve recuperar o seu bom nome, a sua dignidade perante a sociedade, porém, uma vez comprovada sua culpa é necessário que seja punido. Quando a justiça não funciona a impunidade continua e estimula a corrupção”.

Outro ponto colocado pela presidência da CNBB durante a coletiva foi o Código Florestal brasileiro. Dom Damasceno disse que as discussões em torno do novo texto estão ocorrendo de maneira normal e destacou a possibilidade da Conferência apresentar uma emenda ao texto que beneficie de modo especial os pequenos agricultores.

“Creio que as discussões estão ocorrendo de maneira normal dentro do Congresso na Câmara e no Senado. Para dar a sua contribuição, a CNBB deverá apresentar alguma emenda ao texto, sobretudo tendo em conta os pequenos agricultores, aqueles que são mais pobres, de modo que nós queremos também tomar a sua defesa para uma política melhor, para a preservação do meio ambiente e para um desenvolvimento também sustentável”, destacou dom Damasceno.
Meios de comunicação, JMJ e Ministério dos Esportes

Questionado pelos jornalistas sobre as recentes posições e condutas de apresentadores em veículos de comunicação, dom Damasceno defendeu que os meios de comunicação devem ser “pautados pela ética, informando a população de maneira objetiva e de modo que contribuam para a formação e desenvolvimento do país”, disse o cardeal que completou. “Nós não podemos aprovar quando um veículo se posiciona de maneira inadequada. Esperamos que ele atenda  para o bem do nosso país, dos nossos jovens e crianças”, completou.

Com relação à peregrinação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora, que teve início em 18 de setembro no Regional Sul 1 da CNBB (São Paulo), o cardeal disse que os bispos do Conselho Permanente estão contentes pela forma como a Igreja no Brasil está acolhendo a peregrinação. “Pelos depoimentos que tivemos, os bispos ficaram muito contentes porque tiveram realmente o comparecimento para acolher esses dois símbolos da JMJ, sobretudo de jovens. Onde esses sinais ficaram expostos, houve um afluxo de pessoas muito grande”, informou.

Já sobre a escolha do deputado federal Aldo Rebelo para a pasta do Ministério dos Esportes, o cardeal fez suas considerações ressaltando a história de vida pública do novo ministro. “O deputado Aldo Rebelo é uma pessoa muito conhecida no país: foi presidente da Câmara dos Deputados, esteve na Casa Civil, hoje é deputado. É uma pessoa que merece nossa consideração, respeito, e desejamos que ele tenha uma responsabilidade muito grande no Ministério dos Esportes. Disse também que o Ministério deverá cumprir suas responsabilidades com foco na população. “Além de espaço para o esporte esse Ministério deve atender as necessidades do país em infraestrutura, principalmente para as populações mais pobres”.

(Com CNBB)


Apresentamos, a seguir, a nota divulgada nesta quinta-feira pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), intitulada “Reforma Política: urgente e inadiável”.

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Reforma Política: urgente e inadiável!


A Reforma Política é uma urgência inadiável em nosso país. Se feita de forma a ultrapassar os limites de uma simples reforma eleitoral, ela se torna um caminho seguro para coibir a corrupção e sua abominável impunidade, que corroem instituições do Estado brasileiro e a vida do povo.

A expectativa de sua efetiva realização, assegurada pela Presidente Dilma Rousseff, em seu discurso de posse, e pelas imediatas iniciativas da Câmara e do Senado de constituírem comissões para esse fim, está se exaurindo diante da lentidão e falta de vontade política com que o Congresso Nacional tem discutido o tema. Por isso, o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília, de 25 a 27 de outubro, manifesta perplexidade e indignação, em sintonia com o clamor que vem das recentes marchas contra a corrupção, e conclama a todos a exigirem dos parlamentares efetivo empenho na aprovação de uma reforma política ampla e com participação popular.

A sociedade brasileira não pode ser frustrada neste seu direito. Projetos de leis de iniciativa popular exitosos, como as leis 9.840/1999, contra a corrupção eleitoral, e 135/2010, denominada Ficha Limpa, são a prova do quanto nosso povo quer pôr fim à chaga da corrupção no Brasil. Confiamos que o Supremo Tribunal Federal decidirá pela constitucionalidade desta última a fim de que seja aplicada já nas próximas eleições.

Neste contexto, a CNBB reitera o que disse em seu documento Por uma reforma do Estado com participação popular: “A reforma política de que o país necessita com urgência, não pode se limitar a regras eleitorais, e dentro delas ao funcionamento dos partidos. Ela precisa atingir o âmago da estrutura do poder e a forma de exercê-lo, tendo como critério básico inspirador, a participação popular. Trata-se de reaproximar o poder e colocá-lo ao alcance da influência viável e eficaz da cidadania” (Doc. 91, n. 101).

O momento exige, portanto, a retomada do diálogo entre os atores da sociedade civil e os legisladores, na perspectiva de incorporação de propostas concretas já construídas. Do contrário, o Congresso se omitirá, outorgando ao Judiciário a responsabilidade de decidir sobre questões que cabem, primordialmente, ao Legislativo.

O fortalecimento da democracia direta passa pela regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal, que trata dos plebiscitos, referendos e leis de iniciativa popular. Além disso, a reforma política não pode adiar medidas que moralizem o financiamento das campanhas eleitorais, assegurem candidaturas de “Fichas Limpas”, criem mecanismos para revogação de mandatos e garantam a fidelidade partidária.

A CNBB considera indispensável, também, dar novos passos que ampliem a aplicação da Ficha Limpa, de modo a atingir cargos comissionados do Parlamento e outros Poderes da Federação. O Executivo e o Judiciário são corresponsáveis por um Poder Serviço dignamente cidadão.

Movidos pela busca do bem comum e pela fé cristã, que nos faz “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18), confiamos que estes apelos sejam ouvidos pelos Parlamentares.

Nossa Senhora Aparecida, Mãe dos brasileiros, inspire nossos dirigentes e nos alcance de seu Filho a vitória que almejamos.


Brasília, 27 de outubro de 2011.

Cardeal Raymundo Damasceno Assis

Arcebispo de Aparecida-SP
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva

Arcebispo de São Luís do Maranhão-MA
Vice-Presidente da CNBB


Dom Leonardo Ulrich Steiner

Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário Geral da CNBB

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Chesterton e suas frases.

Tenho comigo que ler os livros de Chesterton é sempre estar de bem com vida e entender a vida estando de bem com ela. Ler Chesterton acaba sendo um meio de ver o mundo, mas mais que isso é um meio que o mundo tem de rir da sua cara e você acompanhá-lo sem qualquer receio. Chesterton conseguiu de forma bem humorada mostrar um mundo tão óbvio que se tornou cego. É como querer ver um gigante quando se está aos seus pés, é preciso afastar pra ter a verdadeira dimensão desse gigante. Chesterton sabia se afastar sem perder o controle, foi mestre nisso. Abaixo lanço algumas frases desse autor que sempre tem algo mais para nos repassar:

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Os sovinas acordam cedo; os ladrões, pelo que sei, acordam na noite anterior.

Defender quaisquer das virtudes cardeais tem, hoje em dia, toda a excitação de um vício.

Uma coisa morta pode seguir a correnteza, mas somente uma coisa viva pode contrariá-la.

As falácias não se tornam menos falácias porque se tornaram modas.

Imparcialidade é um nome pomposo para indiferença, que é um nome elegante para ignorância.

Uma inconveniência é apenas uma aventura erroneamente considerada; uma aventura é uma inconveniência corretamente considerada.

O que amargura o mundo não é excesso de crítica, mas a ausência de autocrítica.

Um homem são é aquele que tem a tragédia em seu coração e a comédia em sua cabeça.

Entre os ricos você nunca encontrará um homem verdadeiramente generoso, nem por acaso. Eles podem doar seu dinheiro, mas nunca se doam; eles são egoístas, enigmáticos, secos como ossos velhos. Para ser inteligente o suficiente para conseguir todo aquele dinheiro, você deve ser estúpido o suficiente para desejá-lo.

Força moderada é usada na violência, força suprema é usada na levitação.

A simplificação de qualquer coisa é sempre sensacional.

Protestos sempre voltam como um eco dos confins do mundo; mas o silêncio nos revigora.

Costumes são, geralmente, generosos. Hábitos, são quase sempre, egoístas.

Acredito que o que realmente acontece na história é o seguinte: o homem idoso está sempre errado; e os jovens estão sempre errados sobre o que está errado. A forma prática que isso toma é a seguinte: enquanto o homem idoso se apega a algum costume estúpido, o homem jovem sempre o ataca, com alguma teoria que se mostra igualmente estúpida.

O centro de toda a existência do homem é um sonho. Morte, doença, insanidade, são, meramente, acidentes materiais, como uma dor de dente ou uma torção no tornozelo. Que essas forças brutais sempre sitiam e, freqüentemente, capturam a cidadela, não prova que elas são a cidadela.

O otimista é uma pessoa em permanente rebelião que, geralmente, vive e morre num esforço desesperado e suicida para persuadir as pessoas do quando elas são boas.

Ter o direito de fazer uma coisa não é, em absoluto, estar certo em fazê-la.

Todos os exageros estão certos, se eles exageram as coisas certas.

A comédia do homem sobrevive à sua tragédia.

Ultimamente não temos tido boas óperas cômicas, pois, o mundo real tem sido mais cômico que qualquer ópera imaginável.

Quando homens instruídos começam a usar a razão, então, geralmente, descubro que eles não a têm.

O homem livre é dono de si próprio. Ele pode se prejudicar comendo ou bebendo; ele pode se arruinar com o jogo. Se ele assim se comporta, ele é um grande idiota, e pode ser uma alma condenada; se não for esse o caso, ele é tão livre quanto um cachorro.

O esteta nunca faz nada além do que lhe é mandado fazer.

O esteta aspira à harmonia, não à beleza. Se seu cabelo não combina com o purpúreo por do sol, contra o qual ele se posta, ele rapidamente tinge seu cabelo com uma sombra de púrpura. Se sua esposa não combina com o papel de parede, ele se divorcia.

O reformador está sempre certo sobre o que está errado. Ele, geralmente, está errado sobre o que está certo.

A razão é sempre uma espécie de força bruta; aqueles que apelam mais para a cabeça do que para o coração, mesmo que pálido e educado, são, necessariamente, homens violentos. Falamos de ‘tocar’ o coração do homem, mas não podemos fazer nada com a sua cabeça, exceto golpeá-la.

O homem é sempre algo pior e algo melhor que um animal; e meros argumentos sobre a perfeição animal nunca o tocam. Assim, no sexo nenhum animal é cortes ou obsceno. E assim, nenhum animal inventou algo tão ruim quanto a embriaguez – ou tão boa quanto a bebida.

Quando entramos numa família, pelo ato de nascermos, entramos realmente num mundo que é incalculável, num mundo que tem suas próprias e estranhas leis, num mundo que poderia passar sem nós, num mundo que não criamos. Em outras palavras, quando entramos numa família, entramos num conto de fadas.

Uma coisa pode ser muito triste para ser crível ou muito má para ser crível ou muito boa para ser crível; mas ela não pode ser tão absurda para ser crível, neste planeta de sapos e elefantes, de crocodilos e peixes-espada.

Vaticano defende liberdade de mudar de religião


Mensagem aos hinduístas na festa do Deepavali

CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 24 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – O Vaticano convidou os hinduístas a se unirem aos cristãos na promoção da liberdade religiosa, que inclui a de mudar de religião, e no pedido aos dirigentes nacionais para considerarem a dimensão religiosa da pessoa humana.

Por ocasião do Deepavali 2011, que muitos hinduístas celebrarão neste 26 de outubro, o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso enviou a mensagem Cristãos e hinduístas: unidos na promoção da liberdade religiosa.

O direito à liberdade religiosa “inclui a liberdade de cada pessoa de professar, praticar e propagar sua religião ou crença, em público ou em particular, e a séria obrigação das autoridades civis, indivíduos ou grupos, de respeitar a liberdade dos outros. Mais ainda: inclui a liberdade de mudar de religião”.

E exorta os hinduístas: “Unamo-nos na promoção da liberdade religiosa como responsabilidade compartilhada, pedindo aos líderes das nações que não ignorem a dimensão religiosa da pessoa humana”.

A festa do Deepavali, ou “fila de lâmpadas de azeite”, se baseia simbolicamente numa antiga mitologia e representa a vitória da verdade sobre a mentira, da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte e do bem sobre o mal.

A celebração dura três dias e marca o início de um novo ano, a reconciliação familiar, especialmente entre irmãos e irmãs, e a adoração a Deus, conforme o Conselho Pontifício observa no comunicado com que difundiu a mensagem.

O texto, do cardeal Jean-Louis Tauran e de seu secretário, Dom Pier Luigi Celata, pede atenção “aos membros da família humana expostos a preconceitos, propaganda de ódio, discriminação e perseguição por causa da sua confissão religiosa”.

“A liberdade religiosa é a resposta aos conflitos por motivos religiosos em muitas partes do mundo”, indica a mensagem aos hinduístas. “E inclui necessariamente a imunidade da coação de qualquer indivíduo, grupo, comunidade ou instituição”.

Quando a liberdade religiosa é promovida, “ela permite mais entusiasmo na cooperação para a construção de uma ordem social mais justa e humana”.
A mensagem recorda, finalmente, que no dia seguinte ao Deepavali “muitos líderes religiosos de todo o mundo se unirão ao papa Bento XVI na Peregrinação a Assis, para renovar a promessa feita há 25 anos, sob o papado de João Paulo II, de criar canais religiosos de paz e de harmonia”.

“Estaremos unidos espiritualmente com eles, esperando que os fiéis sejam sempre uma bênção para o mundo inteiro”, conclui o texto, antes de desejar aos hinduístas uma gozosa celebração de Deepavali.

Catequese do Papa: O Grande Hallel - Salmo 136 (135)


PAPA BENTO XVI

Praça de São Pedro
Quarta-feira, 19 de Outubro de 2011

O “Grande Hallel”
Salmo 136 (135)

Estimados irmãos e irmãs

Hoje gostaria de meditar convosco sobre um Salmo que resume toda a história da salvação, da qual o Antigo Testamento nos dá testemunho. Trata-se de um grande hino de louvor que celebra o Senhor nas múltiplas e repetidas manifestações da sua bondade ao longo da história dos homens; é o Salmo 136 — ou 135, segundo a tradição greco-latina.

Solene oração de acção de graças, conhecido como o «Grande Hallel», este Salmo é tradicionalmente cantado no final da ceia pascal judaica e provavelmente foi rezado também por Jesus na última Páscoa, celebrada com os discípulos; com efeito, é a ele que parece aludir a anotação dos Evangelistas: «Depois de cantar os Salmos, saíram para o horto das Oliveiras» (cf. Mt 26, 30; Mc 14, 26). O horizonte do louvor ilumina assim o caminho difícil do Gólgota. Todo o Salmo 136 se desenvolve em forma de ladainha, ritmado pela repetição da antífona, «porque o seu amor é para sempre». Ao longo da composição são citados os numerosos prodígios de Deus na história dos homens e as suas intervenções contínuas a favor do seu povo; e a cada proclamação da obra salvífica do Senhor, responde a antífona com a motivação fundamental do louvor: o amor eterno de Deus, um amor que, segundo o termo hebraico utilizado, exige fidelidade, misericórdia, bondade, graça e ternura. Este é o motivo unificador de todo o Salmo, repetido de forma sempre igual, enquanto mudam as suas manifestações pontuais e paradigmáticas: a criação, a libertação do êxodo, o dom da terra, a ajuda providente e constante do Senhor pelo seu povo e por todas as criaturas.

Depois de um tríplice convite à acção de graças ao Deus soberano (cf. vv. 1-3), celebra-se o Senhor como Aquele que realiza «maravilhas» (v. 4), a primeira das quais é a criação: o céu, a terra e os astros (cf. vv. 5-9). O mundo criado não é um simples cenário no qual se insere o agir salvífico de Deus, mas é o próprio início daquele agir maravilhoso. Com a criação, o Senhor manifesta-se em toda a sua bondade e beleza, compromete-se com a vida, revelando uma vontade de bem da qual brotam todas as outras obras de salvação. E no nosso Salmo, evocando o primeiro capítulo do Génesis, o mundo criado é resumido nos seus elementos principais, insistindo em particular sobre os astros, o sol, a lua e as estrelas, criaturas magníficas que governam o dia e a noite. Aqui não se fala da criação do ser humano, mas ele está sempre presente; o sol e a lua servem para ele — para o homem — cadenciar o tempo da humanidade, pondo-a em relação com o Criador, sobretudo através da indicação dos tempos litúrgicos.

E é precisamente a festa da Páscoa que é evocada logo depois quando, passando à manifestação de Deus na história, começa o grande evento da libertação da escravidão egípcia, do êxodo traçado nos seus elementos mais significativos: a libertação do Egipto com o flagelo dos primogénitos egípcios, a saída do Egipto, a passagem do mar Vermelho, o caminho no deserto, até à entrada na Terra prometida (cf. vv. 10-20). Estamos no momento originário da história de Israel. Deus interveio poderosamente para levar o seu povo à liberdade; através de Moisés, seu enviado, impôs-se ao faraó, revelando-se em toda a sua grandeza e, enfim, dominou a resistência dos Egípcios com o terrível flagelo da morte dos primogénitos. Assim Israel pode deixar o país da escravidão com o ouro dos seus opressores (cf. Êx 12, 35-36), «de cabeça erguida» (Êx 14, 8), no sinal exultante da vitória. Inclusive no mar Vermelho o Senhor age com poder misericordioso. Diante de um Israel assustado à vista dos Egípcios que o perseguem, a ponto de se arrepender de ter deixado o Egipto (cf. Êx 14, 10-12) Deus, como diz o nosso Salmo, «dividiu em duas partes o mar Vermelho [...] fez passar Israel pelo meio [...] fazendo precipitar o faraó e o seu exército» (vv. 13-15). A imagem do mar Vermelho «dividido» em dois parece evocar a ideia do mar como um grande monstro que é cortado em duas partes, tornando-se assim inofensivo. O poder do Senhor derrota o perigo das forças da natureza e militares postas em campo diante dos homens: o mar, que parecia impedir o caminho ao povo de Deus, deixa Israel passar por terra seca e depois volta a fechar-se sobre os Egípcios, arrasando-os. «A mão poderosa e o braço estendido» do Senhor (cf. Dt 5, 15; 7, 19; 26, 8) mostram-se assim em toda a sua força salvífica: o opressor injusto foi derrotado, engolido pelas águas, enquanto o povo de Deus «passa pelo meio» para continuar o seu caminho rumo à liberdade.

Agora o nosso Salmo faz referência a este caminho, recordando com uma frase muito breve o longo peregrinar de Israel rumo à Terra prometida: «Guiou o seu povo pelo deserto, porque o seu amor é eterno» (v. 16). Estas palavras encerram uma experiência de quarenta anos, um tempo decisivo para Israel que, deixando-se guiar pelo Senhor, aprende a viver de fé, na obediência e na docilidade à lei de Deus. São anos difíceis, marcados pela dureza da vida no deserto, mas também anos felizes, de confiança no Senhor, de confiança filial; é o tempo da «juventude», como o define o profeta Jeremias, falando a Israel, em nome do Senhor, com expressões cheias de ternura e de saudade: «Lembro-me da tua fidelidade, no tempo da tua mocidade, do amor dos teus desposórios, quando me seguias no deserto, naquela terra que não se semeia» (Jr 2, 2). Como o pastor do Salmo 23, que pudemos contemplar numa catequese, por quarenta anos o Senhor guiou o seu povo, educou-o e amou-o, conduzindo-o até à Terra prometida, vencendo a resistência e hostilidade de povos inimigos que queriam impedir o seu caminho de salvação (cf. vv. 17-20).

Na sucessão das «maravilhas» que o nosso Salmo enumera, chega-se assim ao momento do dom conclusivo, ao cumprimento da promessa divina feita aos Pais: «Entregou as suas terras como herança, porque o seu amor é eterno. Como património de Israel, seu servo, porque o seu amor é eterno!» (vv. 21-22). Agora, na celebração do amor eterno do Senhor, faz-se memória do dom da terra, um dom que o povo deve receber sem nunca se apoderar dele, vivendo continuamente numa atitude de acolhimento reconhecido e grato. Israel recebe o território onde habitar como «herança», um termo que de modo genérico designa a posse de um bem recebido de outrem, um direito de propriedade que, de modo específico, faz referência ao património paterno. Uma das prerrogativas de Deus é «doar»; e agora, no fim do caminho do êxodo, Israel, destinatário do dom, como um filho, entra na Terra da promessa cumprida. Terminou o tempo da vadiagem, debaixo das tendas, numa vida caracterizada pela precariedade. Agora começou o tempo feliz da estabilidade, da alegria de construir as casas, de plantar as vinhas e de viver com segurança (cf. Dt 8, 7-13). Mas é também o tempo da tentação idolátrica, da contaminação com os pagãos e da auto-suficiência que leva a esquecer a Origem do dom. Por isso, o Salmista menciona a humilhação e os inimigos, uma realidade de morte em que o Senhor, mais uma vez, se revela como Salvador: «No nosso abatimento ele lembrou-se de nós, porque a sua misericórdia é eterna. E livrou-nos dos nossos inimigos, porque a sua misericórdia é eterna» (vv. 23-24).

Nesta altura surge a pergunta: como podemos fazer deste Salmo uma nossa oração, como podemos fazer nosso este Salmo para a nossa prece? A moldura do Salmo é importante, no início e no fim: é a criação. Voltaremos a este ponto: a criação como o grande dom de Deus do qual vivemos, no qual Ele se revela na sua bondade e grandeza. Portanto, ter presente a criação como dádiva de Deus é um ponto comum para todos nós. Depois, segue-se a história da salvação. Naturalmente, nós podemos dizer: esta libertação do Egipto, o tempo do deserto, a entrada na Terra Santa e depois os demais problemas, estão muito distantes de nós, não são a nossa história. Mas temos que prestar atenção à estrutura fundamental desta oração. A estrutura fundamental é que Israel se recorda da bondade do Senhor. Nesta história existem muitos vales obscuros, há numerosas passagens de dificuldade e de morte, mas Israel recorda-se que Deus era bom e pode sobreviver neste vale obscuro, neste vale da morte, porque se recorda. Tem a memória da bondade do Senhor, do seu poder; a sua misericórdia é válida eternamente. E isto é importante também para nós: ter uma memória da bondade do Senhor. A memória torna-se força da esperança. A memória diz-nos: Deus existe, Deus é bom, a sua misericórdia é eterna. E assim a memória abre, mesmo na obscuridade de um dia, de um tempo, o caminho rumo ao futuro: é luz e estrela que nos guia. Também nós temos uma memória do bem, do amor misericordioso e eterno de Deus. A história de Israel já é uma memória também para nós, do modo como Deus se manifestou e criou para Si um povo. Depois, Deus fez-se homem, um de nós: viveu connosco, sofreu connosco e morreu por nós. E permanece connosco no Sacramento e na Palavra. É uma história, uma memória da bondade de Deus que nos garante a sua bondade: o seu amor é eterno. E depois, também nestes dois mil anos da história da Igreja, há sempre de novo a bondade do Senhor. Após o período obscuro da perseguição nazista e comunista, Deus libertou-nos, demonstrou-nos que é bom, que é forte, que a sua misericórdia é válida para sempre. E, assim como na história comum, colectiva, está presente esta memória da bondade de Deus, ajuda-nos, torna-se para nós a estrela da esperança, também cada um tem a sua história pessoal de salvação, e realmente temos que valorizar esta história, ter sempre presente a memória das maravilhas que Ele fez inclusive na minha vida, para ter confiança: a sua misericórdia é eterna. E se hoje estou na noite obscura, amanhã Ele libertar-me-á, porque a sua misericórdia é eterna.

Voltemos ao Salmo, porque no final retorna à criação. O Senhor — diz assim — «dá o alimento a todos os seres vivos, porque a sua misericórdia é eterna» (v. 25). A oração do Salmo conclui-se com um convite ao louvor: «Louvai o Deus do céu, porque a sua misericórdia é eterna». O Senhor é Pai bom e providente, que dá a herança aos próprios filhos e concede a todos o alimento para viver. O Deus que criou os céus, a terra e as grandes luzes celestes, que entra na história dos homens para levar à salvação todos os seus filhos é o Deus que enche o universo com a sua presença de bem, cuidando da vida e doando o pão. O poder invisível do Criador e Senhor, cantado no Salmo, revela-se na pequena visibilidade do pão que nos oferece, com o qual nos faz viver. E assim, este pão quotidiano simboliza e sintetiza o amor de Deus como Pai, e abre-nos ao cumprimento neotestamentário, àquele «pão de vida», a Eucaristia, que nos acompanha na nossa existência de crentes, antecipando a alegria definitiva do banquete messiânico no Céu.

Irmãos e irmãs, o louvor de bênção do Salmo 136 fez-nos repercorrer as etapas mais importantes da história da salvação, até chegar ao mistério pascal, em que a acção salvífica de Deus alcança o seu ápice. Portanto, é com alegria reconhecida que celebramos o Criador, Salvador e Pai fiel, que «Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16). Na plenitude dos tempos, o Filho de Deus faz-se homem para dar a vida, para a salvação de cada um de nós, e oferece-se como pão no mistério eucarístico para nos fazer entrar na sua aliança, que nos torna filhos. A este ponto chegam a bondade misericordiosa de Deus e a sublimidade do seu «amor para sempre».

Por isso, quero concluir esta catequese, fazendo minhas as palavras que são João escreve na sua Primeira Carta e que deveríamos ter sempre presentes na nossa oração: «Vede com que amor nos amou o Pai, para que fôssemos chamados filhos de Deus. E de facto nós o somos» (1 Jo 3, 1). Obrigado!

Saudações

Amados peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos saúdo com grande afeto e alegria, de modo especial a quantos vieram do Brasil com o desejo de encontrar o Sucessor de Pedro. “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!” Possa Ele sempre vos abençoar a vós e as vossas famílias! Ide em paz!

Cura milagrosa de mexicana atribuída ao Beato João Paulo II será estudada.


ROMA, 25 Out. 11 / (ACI)

A Rádio Vaticano informou que a Arquidiocese de Yucatán (México) estudará o caso de uma mulher mexicana que padecia de um grave tumor na garganta e que assegura ter sido curada pela intercessão do Beato João Paulo II.

"O Padre Jorge Oscar Herrera Vargas, porta-voz da Arquidiocese de Yucatán, quem informou que o suposto milagre da Sra. Sara Guadalupe Fontes será estudado por um tribunal eclesiástico do Estado que se encarregará de reunir os documentos que serão enviados ao representante do Vaticano e postulador da causa de canonização do beato Papa, Dom Slawomir Oder, para que determine se formará parte da proposta", informou Rádio Vaticano em seu sítio Web.

Do mesmo modo, a nota explica que "a Sra. Sara Fontes se curou em uma semana de um tumor que obstruía 80% de sua garganta e que lhe impedia de comer e respirar bem, por isso requeria uma cirurgia urgente; mas pela suposta intercessão do beato João Paulo II, cujas relíquias foram levadas ao México há poucos dias, esta devota do Papa se curou repentinamente".

O caso mexicano

Conforme informa Sipse.com, "a história de Sara começou no dia 20 de agosto, quando através de um exame médico no qual foi detectado o pólipo. Depois das moléstias e doenças, o especialista lhe recomendou que era necessário uma intervenção para extrair o tumor; foi então quando decidiram ir ao seguro social e programaram a cirurgia para o dia 28 de setembro, em status de urgente".

"Três dias antes, a câmara endoscópica do nosocômio se queimou e o dia que lhe correspondia entrar em sala de cirurgia, informaram-lhe que esta havia sido cancelada e postergada para o dia 30 de setembro", acrescenta.

A família de Sara procurou submetê-la à cirurgia em uma clínica particular. Praticaram-lhe uma "endoscopia para verificar se devia ser entubada (traqueotomia). Nesse processo, o médico surpreso lhes deu a notícia que mudou a sua vida".

"Tenho duas notícias uma boa e uma má, disse-me (o médico), a má é que eu não vou operá-la e a boa é que você se salvou, a senhora não tem nada, então me pus a chorar, logo nos mostrou o vídeo; eu nem podia vê-lo, meu marido o viu e já não havia nada, o pólipo não estava lá", relatou Sara.

Sara assegura que desde antes que as relíquias chegassem "começou a orar intensamente e colocava uma imagem do Papa em seu peito e sua garganta, para pedir que intercedesse por ela".

"Dois dias antes da visita do Papa peregrino sua garganta se livrou do tumor. Para dar graças visitou as relíquias na Igreja Catedral e nos próximos dias lhe farão novos estudos para dar seguimento a seu caso", acrescenta Sipse.com.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mercados livres e respeito à subsidiariedade. Governo Mundial? Penso que não.


Alguém ai conhece o princípio da subsidiariedade? Não? Pois então é preciso conhecer! Precisamos conhecer! Esse princípio é a base de muita coisa dentro da Doutrina Social da Igreja e tal princípio vem sendo apresentado pelo Estado do Vaticano já há alguns anos através do Conselho Pontifício Justiça e Paz e outros. 

A reportagem que segue fala de um documento cujo teor é preciso estudar com bastante cuidado para que não saiam as besteiras que ouvimos antes mesmo de disponibilizar qualquer tradução oficial. Vejamos a reportagem de ZENIT e logo postaremos o documento na sua íntegra na tradução oficial para o Português.
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Apresentada no Vaticano nota por reforma do sistema financeiro internacional

ROMA, terça-feira, 25 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – O Conselho Pontifício “Justiça e Paz” apresentou ontem o documento “Para uma reforma do sistema financeiro internacional na perspectiva de uma autoridade pública de competência universal”, que propõe a criação de um organismo internacional super partes, com uma constituição aceita por todos, capaz de regular as finanças internacionais, colocá-las ao serviço não da especulação, mas da economia real, da pessoa humana e respeitando o princípio de subsidiariedade.

Entre os expoentes, Dom Toso explicou que a nota é “uma releitura da grave crise econômica e financeira na qual ainda estamos mergulhados, indicando, entre outras coisas, não somente as éticas, mas especificamente as ideológicas”.

O secretário de Justiça e Paz falou das novas ideologias, “neoliberais, neoutilitárias e tecnocráticas que, enquanto reduzem o bem comum a dimensões econômicas, financeiras e técnicas absolutizadas, colocam em perigo o futuro das próprias instituições democráticas”.

O cardeal Turkson precisou que o documento será discutido no G20, em 3 e 4 de novembro, para que os reunidos possam imaginar “uma reforma do sistema financeiro e monetário internacional, na perspectiva de uma autoridade pública de competência mundial”.

Respondendo sobre algumas coincidências com as petições dos “indignados”, o prelado manteve as distâncias, recordando que “a base é a doutrina social da Igreja e seu centro é a dignidade da pessoa humana”.

Além disso, “não é um documento papal, nem sequer da Secretaria de Estado – esclareceu o porta-voz vaticano, Pe. Federico Lombardi SJ. É uma contribuição do Conselho Pontifício 'Justiça e Paz'. Portanto, não é de magistério papal, mas de um autorizado dicastério da Santa Sé”.

No momento de perguntas e respostas, Dom Toso sublinhou que “não se trata de criar um Moloch”, mas um governo aceito por todos, porque “hoje nosso problema é fugir do fato de que poucos decidam pelos outros”.

Portanto, favorecer “mercados livres e estáveis, disciplinados por um adequado marco jurídico, funcionais para o desenvolvimento sustentável e o progresso social de todos, inspirados nos valores da caridade na verdade”.

Sobre a dificuldade de tradução da palavra governanza, o cardeal Turkson recordou que não se pensa em um governo mundial, mas se entende como um ente com “uma boa capacidade de gestionar” e que “respeite a soberania de cada país”.

O presidente do conselho pontifício recordou a sintonia do atual documento com a Pacem in Terris, a Populorum progressio, a Caritas in Veritate, e concluiu com as palavras de Bento XVI: “A crise nos obriga a voltar a projetar o nosso caminho, a dar-nos novas regras e a encontrar novas formas de compromisso, que apontem a experiências positivas e a rejeitar as negativas”. 

Por 4 a 1, STJ reconhece casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.


A Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu provimento ao recurso especial no qual duas mulheres pediam para serem habilitadas ao casamento civil. 

No início do julgamento, na última quinta-feira, quatro ministros votaram a favor do pedido. O ministro Marco Buzzi, último a votar, pediu vista. Ao apresentar seu voto na sessão desta terça-feira (25), Buzzi levantou um questão de ordem recomendando que o caso fosse levado a julgamento na Segunda Seção, que reúne os ministros das duas Turmas especializadas em direito privado. 

Por maioria de votos, a questão de ordem foi rejeitada. Prosseguindo no julgamento do mérito, o ministro Buzzi acompanhou o voto do relator, ministro Luis Felipe Salomão, dando provimento ao recurso. 

O ministro Raul Araújo, que já havia acompanhado o voto do relator, mudou de posição. Ele ponderou que o caso envolve interpretação da Constituição Federal e, portanto, seria de competência do Supremo Tribunal Federal (STF). Por essa razão, ele não conheceu do recurso e ficou vencido.

O processo é o de número REsp 1183378 no STJ e agora vamos ter que pegar os votos para analisar. A nosso ver, até o momento, tirando a obviedade de que casamento homossexual não existe, existe outra obviedade a ser colocada: questões constituições devem ser apreciadas pelo STF. Pelo menos é assim que os alunos de primeiro período da faculdade de Direito, qualquer que seja, aprendem. Mas vamos esperar o inteiro teor dos votos, provavelmente aberrações jurídicas.

Cáritas Brasileira envia mais de 1 milhão de reais aos africanos atingidos pela seca.


Seria interessante saber porque essas coisas não são notícia. Se o governo federal brasileiro escreve uma carta de repúdio à fome decorrente de qualquer coisa em qualquer lugar, vira notícia no Brasil inteiro, em tudo quanto é biboca. Isso mesmo que os ditos famintos não comam papel. Já a Cáritas, que por sinal é maior que a Cruz Vermelha, e muito menos política, obviamente, ninguém menciona nada. E fica a imagem de que a Igreja nunca ajuda os pobres.

Mesmo que a função primordial da Igreja seja a salvação das almas, ela atua fortemente, mais do que praticamente todos do mundo, através de sua Cáritas para estancar um pouco do sofrimento que o mundo causa a ele mesmo.

A reportagem a seguir foi retirada do site da CNBB.
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Lançada em agosto deste ano pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sob coordenação da Cáritas Brasileira, a Campanha SOS África mobilizou milhares de brasileiros e brasileiras que prestaram solidariedade aos povos da África por meio de doações financeiras. Ao todo foi arrecadado e enviado, até o momento, 1 milhão e 300 mil reais.

O objetivo da campanha emergencial é arrecadar fundos que estão sendo destinados para a compra, principalmente, de alimentos e água potável para milhões de africanos que ainda sofrem com a pior seca já registrada nos últimos 60 anos. A catástrofe ambiental atinge o Chifre da África (região Nordeste do continente que compreende países como Somália, Uganda, Etiópia, Quênia, Djibuti e Eritréia), atinge 13 milhões de pessoas e já matou cerca de 30 mil crianças de fome.

Para ajudar a quebrar o ciclo da seca e da pobreza que atinge toda a região, membros da Cáritas Internationalis (CI) estão ajudando mais de um milhão de pessoas na África Oriental durante esta crise alimentar. Por meio do projeto de Togo Wuchale Pond, diversas ações estão sendo realizadas.

Dentre elas, membros da CI ajudam a cavar um lago de 75 mil metros cúbicos de água que irá fornecer água durante um ano inteiro para uma das vilas afetadas. Além disso, também como parte do projeto, uma equipe treina comunidades inteiras a cultivar árvores frutíferas e mudas, por meio de uma formação adequada para os beneficiários na utilização de pequenas áreas exclusivamente desenhadas para atrair água. O sistema, conhecido como micro bacias, permite que o manejo das mudas plantadas possa absorver mais água e prevenir a erosão do solo.

O projeto ainda mantém sessões de formação na reabilitação de florestas e do meio ambiente, a fim de educar os moradores sobre a importância e a necessidade de conservar o crescimento de plantas ao redor dos poços de água existentes.
De acordo com a diretora executiva nacional da Cáritas Brasileira, Maria Cristina dos Anjos, em conjunto com a Cáritas Somália e a Catholique Release Services (CRS), está em fase de definição um plano de trabalho apoiado pela Igreja do Brasil que será desenvolvido na Somália. “Segundo eles a garantia de água potável para as famílias e o enfrentamento da desnutrição são as prioridades para este momento”, comentou Maria Cristina.

“Estamos felizes com os primeiros resultados da campanha que possibilita o primeiro envio de recursos para a Somália. A sociedade brasileira, de modo especial comunidade católica, tem respondido muito bem aos apelos de solidariedade lançados pela CNBB, integrando assim a essa grande Rede de Solidariedade. Só temos que agradecer a estes gestos concretos de solidariedade e anima aqueles e aquelas que ainda não doaram a fazê-lo. A África Oriental, principalmente a Somália, precisa do nosso apoio”, destacou a diretora.

As doações, em qualquer valor, ainda podem ser realizadas nas seguintes contas:

Banco do Brasil: AG. 3475-4, C/C 26.116-5
Caixa Econômica Federal: AG. 1041, OP. 003, C/C 1751-6
Banco Bradesco: AG. 0606-8, C/C 187587-6

*para DOC e TED o CNPJ é: 33.654.419/0001-16

Ajuda Humanitária

A Caritas Internationalis (CI), por meio da distribuição de alimentos às famílias, água potável e ações de formação que favorecerão a sobrevivencia das populações atingidas pela seca no futuro, desenvolve e implementa programas na África Oriental no valor superior a 30 bilhões de dólares.

"Os membros da Caritas de todo o mundo se moveram rapidamente para ajudar a evitar o sofrimento na África Oriental. Vamos continuar a prestar assistência aos mais famintos e vulneráveis. A seca causou a crise atual, porém, são tantos desastres naturais e artificiais que há a necessidade de resolver o problema do subdesenvolvimento, ajudando as comunidades a se adaptarem às mudanças climáticas na região. Devemos procurar por fim ao conflito na Somália”, afirmou Alistair Dutton, Chefe do Serviço de Ajuda Humanitária da Cáritas Internationalis. 

Na Etiópia, a Cáritas já distribuiu alimentos para cerca de 500 mil pessoas e fornece água potável para 250 mil. No Quênia e na Etiópia, as organizações diocesanas gerenciam centros de alimentação para crianças desnutridas e para ajudar populações que fogem da Somália, os membros da Cáritas trabalham nos campos de refugiados na construção de instalações de saneamento como chuveiros e banheiros.

Para os agricultores que perderam suas colheitas e criações de gado, a Cáritas distribui sementes resistentes a seca e mais de 10 mil animais já foram destinados aos camponeses mais necessitados. Além disso, programas que já estão em andamento irão reforçar sistemas de água e formar os agricultores em técnicas de conservação, de modo que as comunidades africanas possam resistir melhor a condições climáticas extremas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Revista In Guardia. As duas primeiras edições.

1ª Edição da Revista In Guardia para ser vista aqui:




2ª Edição da Revista In Guardia para ser vista aqui:


Catequese do Papa sobre o Salmo 126.


Praça de São Pedro
Quarta-feira, 12 de Outubro de 2011

Salmo 126

Prezados irmãos e irmãs

Nas catequeses precedentes meditámos sobre alguns Salmos de lamentação e confiança. Hoje gostaria de reflectir convosco sobre um Salmo com características alegres, uma prece que, no júbilo, canta as maravilhas de Deus. É o Salmo 126 — 125 segundo a numeração greco-latina — que celebra as grandes obras que o Senhor realizou com o seu povo e que, continuamente, faz com cada crente.

O Salmista, em nome de Israel inteiro, começa a sua oração, recordando a experiência exaltante da salvação:

«Quando o Senhor restaurar o destino de Sião, 
será para nós como um sonho.
A nossa boca encher-se-á de alegria,e os nossos lábios, de canções» (vv. 1-2a).

O Salmo fala de um «destino restaurado», ou seja, restituído ao estado originário, em toda a sua positividade precedente. Isto é, começa-se a partir de uma situação de sofrimento e necessidade, à qual Deus responde realizando a salvação e levando o orante à condição precedente, aliás, enriquecida e melhorada. É quanto acontece com Job, quando o Senhor lhe restitui tudo aquilo que ele tinha perdido, duplicando-o e concedendo-lhe uma bênção ainda maior (cf. Jb 42, 10-13), e é isto que experimenta o povo de Israel, quando volta para a pátria do exílio babilónico. É precisamente em relação ao fim da deportação para a terra estrangeira que este Salmo é interpretato: a expressão «restaurar o destino de Sião» é lida a entendida pela tradição como «fazer voltar os cativos de Sião». Com efeito, o regresso do exílio é o paradigma de cada intervenção divina de salvação, porque a queda de Jerusalém e a deportação para a Babilónia foram uma experiência devastadora para o povo eleito, não só nos planos político e social, mas inclusive e sobretudo nos planos religioso e espiritual. A perda da terra, o fim da monarquia davídica e a destruição do Templo parecem como uma negação das promessas divinas, e o povo da aliança, disperso entre os pagãos, interroga-se dolorosamente sobre um Deus que parece tê-lo abandonado. Por isso, o fim da deportação e o regresso à pátria são experimentados como uma volta maravilhosa à fé, à confiança e à comunhão com o Senhor; é um «restabelecimento do destino», que implica também conversão do coração, perdão, amizade reencontrada com Deus, consciência da sua misericórdia e possibilidade renovada de O louvar (cf. Jr 29, 12-14; 30, 18-20; 33, 6-11; Ez 39, 25-29). Trata-se de uma experiência de alegria transbordante, de sorrisos e gritos de júbilo, tão exaltante que «parece um sonho». As intervenções divinas têm com frequência formas inesperadas, que vão além do que o homem possa imaginar; eis, então, a maravilha e a alegria que expressam no louvor: «O Senhor fez maravilhas». É quanto dizem as nações, e é aquilo que proclama Israel:

«Então, dir-se-á entre os povos:
“O Senhor faz maravilhas com eles!”.
O Senhor faz maravilhas connosco;
em nós, tudo é alegria» (vv. 2b-3).

Deus faz grandes obras na história dos homens. Realizando a salvação, revela-se a todos como Senhor poderoso e misericordioso, refúgio do oprimido, que não se esquece do clamor dos pobres (cf. Sl 9, 10.13), que ama a justiça e o direito, e de cujo amor a terra está cheia (cf. Sl 33, 5). Por isso, diante da libertação do povo de Israel, todos os povos reconhecem as grandes obras e as maravilhas que Deus faz pelo seu povo e celebram o Senhor na sua realidade de Salvador. E Israel faz eco à proclamação das nações, e retoma-a repetindo-a, mas como protagonista, como destinatário directo da obra divina: «O Senhor faz maravilhas connosco»; «por nós», ou ainda mais precisamente, «connosco», em hebraico ‘immanû, confirmando assim aquela relação privilegiada que o Senhor mantém com os seus eleitos e que encontrará no nome Emanuel, «Deus connosco», com que é chamado Jesus, o seu ápice e a sua plena manifestação (cf. Mt 1, 23).

Caros irmãos e irmãs, na nossa oração deveríamos considerar mais frequentemente o modo como, nas vicissitudes da nossa vida, o Senhor nos protegeu, guiou e ajudou, e louvá-lo por aquilo que fez e faz por nós. Temos que prestar mais atenção às coisas boas que o Senhor nos concede. Estamos sempre atentos aos problemas e dificuldades, e quase não queremos ver que existem maravilhas que derivam do Senhor. Esta atenção, que se torna gratidão, é muito importante para nós e cria em nós uma memória do bem que nos ajuda também nas horas obscuras. Deus realiza maravilhas, e quem as experimenta — atento à bondade do Senhor com a atenção do coração — sente-se cheio de alegria. Com esta característica de alegria conclui-se a primeira parte do Salmo. Ser salvo e regressar à pátria do exílio é como voltar à vida: a libertação abre ao sorriso, mas juntamente com a expectativa, a um cumprimento que se deve desejar e pedir. Esta é a segunda parte do nosso Salmo que reza assim:

«Restabelecei, Senhor, o nosso destino, como as torrentes do Negueb.
Os que semeiam com lágrimas, recolhem entre cânticos.
Na partida vai chorando,
o que leva a semente;
no regresso vem cantando,
o que transporta os feixes das espigas» (vv. 4-6).

Se no início da sua oração, o Salmista celebrava a alegria de um destino já restaurado pelo Senhor, agora pede-a como algo ainda a realizar-se. Se aplicarmos este Salmo ao regresso do exílio, esta aparente contradição explicar-se-ia com a experiência histórica, feita por Israel, de um regresso difícil à pátria, só parcial, que induz o orante a pedir uma nova intervenção divina para completar o restabelecimento do povo.

Mas o Salmo vai além do dado puramente histórico, abrindo-se a dimensões mais amplas, de tipo teológico. Contudo, a experiência consoladora da libertação da Babilónia ainda está incompleta, «já» ocorrida, mas «ainda não» distinta pela plenitude definitiva. Assim, enquanto na alegria celebra a salvação recebida, a prece abre-se à expectativa da realização plena. Por isso, o Salmo utiliza imagens especiais que, com a sua complexidade, remetem para a realidade misteriosa da redenção, em que se entrelaçam dom recebido e esperado, vida e morte, júbilo de sonho e lágrimas de dor. A primeira imagem refere-se aos rios secos do deserto de Negueb que, com as chuvas, se enchem de água impetuosa que dá nova vida ao terreno árido, fazendo-o reflorescer. Portanto, o pedido do Salmista é que o restabelecimento do destino do povo e o regresso do exílio sejam como aquela água, impetuosa e incessante, e capaz de transformar o deserto num imenso campo de relva verde e de flores.

A segunda imagem passa das colinas áridas e rochosas de Negueb para os campos que os camponeses cultivam para dali tirar o alimento. Para falar da salvação, evoca-se aqui a experiência que cada ano se renova no mundo agrícola: o momento difícil e cansativo da sementeira e depois a alegria transbordante da colheita. Uma sementeira que é acompanhada pelas lágrimas, porque se lança o que ainda poderia tornar-se pão, expondo-se a uma expectativa cheia de incertezas: o camponês trabalha, prepara o terreno, lança a semente mas, como explica bem a parábola do semeador, não sabe onde esta semente cai, se os pássaros a comerão, se brotará, se lançará raízes, se chegará a tornar-se espiga (cf. Mt 13, 3-9; Mc 4, 2-9; Lc 8, 4-8). Semear é um gesto de confiança e esperança; é necessária a diligência do homem, mas depois deve-se entrar numa expectativa impotente, consciente de que muitos factores serão determinantes para o bom êxito da colheita e que o risco de uma falência está sempre à espreita. E no entanto, ano após ano, o camponês repete o seu gesto e lança a sua semente. E quando ela se torna espiga, e os campos se enchem de searas, eis a alegria de quem se encontra diante de um prodígio extraordinário. Jesus conhecia bem esta experiência, e falava dela com os seus: «Dizia: “O Reino de Deus é como um homem que lança a semente à terra. Quer esteja a dormir, quer se levante, de noite e de dia, a semente germina e cresce, sem ele saber como”» (Mc 4, 26-27). É o mistério escondido da vida, são as grandes «maravilhas» da salvação que o Senhor realiza na história dos homens, e cujo segredo os homens ignoram. A intervenção divina, quando se manifesta plenamente, demonstra uma dimensão impetuosa, como os rios do Negueb e como o trigo nos campos, este último evocador também de uma desproporção típica das realidades de Deus: desproporção entre o cansaço da sementeira e a imensa alegria da colheita, entre a ansiedade da espera e a visão tranquilizadora dos celeiros cheios, entre as pequenas sementes lançadas à terra e as grandes quantidades de feixes dourados pelo sol. Com a ceifa, tudo se transforma, o pranto termina, deixando lugar aos gritos de alegria exultante.

A tudo isto faz referência o Salmista para falar da salvação, da libertação, do restabelecimento do destino, da volta do exílio. A deportação para a Babilónia, como todas as outras situações de sofrimento e de crise, com a sua escuridão dolorosa, feita de dúvidas e de aparente distância de Deus, na realidade — diz o nosso Salmo — é como uma sementeira. No Mistério de Cristo, à luz do Novo Testamento, a mensagem faz-se ainda mais explícita e clara: o crente que atravessa a escuridão é como o grão de trigo que cai à terra e morre, mas para dar muito fruto (cf. Jo 12, 24); ou então, retomando outra imagem querida a Jesus, é como a mulher que sofre as dores de parto para poder chegar à alegria de dar à luz uma nova vida (cf. Jo 16, 21).

Amados irmãos e irmãs, este Salmo ensina-nos que, na nossa oração, devemos permanecer sempre abertos à esperança e firmes na fé em Deus. A nossa história, mesmo marcada muitas vezes pela dor, por incertezas e por momentos de crise, é uma história de salvação e de «restabelecimento do destino». Em Jesus, todos os nossos exílios terminam, e toda a lágrima é enxugada, no mistério da sua Cruz, da morte transformada em vida, como grão de trigo que se abre na terra, tornando-se espiga. Também para nós esta descoberta de Jesus Cristo é o grande júbilo do «sim» de Deus, do restabelecimento do nosso destino. Mas como aqueles que — tendo voltado da Babilónia cheios de alegria — encontraram uma terra depauperada e devastada, assim como a dificuldade da sementeira, e sofreram chorando pois não sabiam se realmente no fim haveria a colheita, do mesmo modo nós, após a grande descoberta de Jesus Cristo — a nossa vida, a verdade e o caminho — entrando no terreno da fé, na «terra da fé», encontramos com frequência uma vida obscura, dura, difícil, uma sementeira com lágrimas, mas temos a certeza de que a luz de Cristo nos concede no final, realmente, a grande colheita. E devemos aprender isto também nas noites escuras, sem esquecer que a há a luz, que Deus já está no meio da nossa vida e que podemos semear com grande confiança, porque o «sim» de Deus é mais forte que todos nós. É importante não perder esta recordação da presença de Deus na nossa vida, esta alegria profunda que Deus entrou na nossa vida, libertando-nos: é a gratidão pela descoberta de Jesus Cristo, que veio entre nós. E esta gratidão transforma-se em esperança, é estrela da esperança que nos dá a confiança, é a luz, porque precisamente as dores da sementeira são o início da vida nova, da grande e definitiva alegria de Deus.

Saudação

Saúdo os diversos grupos de peregrinos vindos do Brasil e demais participantes de língua portuguesa, cujos passos e intenções confio à Virgem Maria. Este mês de Outubro convida-nos a perseverar na reza diária do terço; que, desta forma, as vossas famílias se reúnam com a nossa Mãe do Céu, para cooperarem plenamente com os desígnios de salvação que Deus tem sobre vós. Com afecto concedo-vos, a vós e aos vossos familiares, a minha Bênção Apostólica.

Apelo

Sinto-me profundamente entristecido pelos episódios de violência que se verificaram no Cairo no domingo passado. Uno-me ao sofrimento das famílias das vítimas e de todo o povo egípcio, dilacerado pelas tentativas de insidiar a coexistência pacífica entre as suas comunidades, que ao contrário é essencial salvaguardar, sobretudo neste momento de transição. Exorto os fiéis a rezar para que aquela sociedade goze de uma paz verdadeira, baseada na justiça, no respeito da liberdade e da dignidade de cada cidadão. Além disso, apoio os esforços das autoridades egípcias, civis e religiosas, a favor de uma sociedade na qual sejam respeitados os direitos humanos de todos e, em particular, das minorias, em benefício da unidade nacional.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Nicarágua: ameaças de morte a um bispo


Após assassinato de um pároco e intimidações a outros sacerdotes, o bispo de Matagalpa, Dom Rolando Álvarez, denunciou, na tarde do dia 10/10, ter recebido ameaças via telefône, por parte de um setor que não identificou, assim como outros dois sacerdotes desse país, e advertiu que não existe um ambiente de paz prévio às eleições gerais do próximo dia 6 de novembro.

Na segunda-feira, 10 de outubro, às 13h30, um dos familiares do bispo Álvarez recebeu uma ligação ao telefone fixo. Uma voz masculina lhe disse: “Esse padrezinho estúpido... Se não o calarem, nós o calaremos”. Singelo, não?!

Dom Álvarez explicou que estas ameaças se devem à missão profética que os bispos da Conferência Episcopal da Nicarágua realizam sob a luz do Evangelho. É o que sempre dissemos, ser católico é ser atacado pela esquerda, direita, centro, por cima e por baixo. Isso quando não sai de dentro pra fora.

O prelado comentou, em coletiva de imprensa, que considera estas ações como “uma ameaça à minha integridade física e, certamente, à minha vida”.

E afirmou que isso acontece “devido à missão profética que, como bispo da Conferência Episcopal, e, neste caso, como bispo de Matagalpa, estamos levando a cabo, iluminando as consciências do nosso povo com a luz do Evangelho”.

Quando falo de ataques de todo lado, falo de todo lado mesmo. Por aqui, dizem que a Igeja quer manter o povo na ignorância, aquela história toda de idade média que nos enfiam goela abaixo. Ai quando alguém quer iluminar a cabeça do povo, é ameaçado por esse motivo mesmo.

A denúncia de Dom Álvarez se une à dos sacerdotes Edwin Román Calderón e Gerardo José Rodríguez Pérez, que afirmaram ter sido vítimas de intimidações através de ligações telefônicas anônimas e mensagens de texto aos seus telefones celulares.

Pelas ameaças contra ambos os religiosos, a polícia nacional deteve, mas libertou logo depois – porque ninguém interpôs uma acusação formal – Alberto Leonel Conde, irmão do vigário da catedral de Manágua, Bismarck Conde.

Alberto Conde confessou ser o autor das ameaças e ofensas anônimas contra pelo menos quatro sacerdotes.

O presbítero Edwin Román, que conhece pessoalmente Alberto Conde, rejeitou a versão da polícia e a qualificou como uma “cortina de fumaça”.

Interesses políticos

Segundo o sacerdote, as autoridades apresentaram Conde como o autor das ameaças para “desviar” a atenção sobre a carta pastoral divulgada na sexta-feira passada pela Conferência Episcopal da Nicarágua.

No documento, os bispos exortam os nicaraguenses a votar massivamente, com liberdade e sem medo algum, em um candidato que “respeite a Constituição” e não tenha um histórico corrupto.

Nas próximas eleições presidenciais, o presidente Daniel Ortega aspira a continuar no poder, apesar da norma constitucional que proíbe a reeleição imediata, que, no entanto, foi declarada inaplicável por magistrados da Corte Suprema de Justiça, favoráveis a que Ortega se perpetue no poder.

O secretário-geral da Conferência Episcopal, René Sándigo, afirmou, na sexta-feira, que os bispos correm o risco de ser mal-interpretados, criticados, intimidados e até reprimidos “de forma aberta ou encoberta, por aqueles que se sentem questionados”.

Críticas à polícia

Por outro lado, Dom Álvarez disse que o ambiente não está favorável para que haja uma denúncia formal diante da polícia da Nicarágua, como tampouco o fizeram os sacerdotes Calderón e Román.
O bispo criticou a instituição policial pelas “contradições” nas investigações sobre o assassinato do pároco Marlon Pupiro, em 20 de agosto passado, e cujo assassino confesso, Yasker Blandón, foi condenado a 30 anos de prisão.

Da mesma forma, denunciou que existe “uma comissão que anda visitando e oferecendo todo tipo de dádivas” a líderes da Igreja Católica.

Disse que, em Matagalpa, os sacerdotes receberam “convites para participar de atos políticos e públicos”, bem como da entrega de lâminas de zinco, atividades impulsionadas pelo presidente Ortega, favorito para ganhar as próximas eleições.

Nas eleições do próximo dia 6 de novembro, cerca de 3,4 milhões de nicaraguenses estarão habilitados para eleger o presidente, o vice-presidente, 90 deputados da Assembleia Nacional e 20 do Parlamento Centro-Americano.

Censura anticristã e as novas mídias e redes sociais.


Um relatório aponta defeitos nas políticas de conteúdos publicados

Por Pe. John Flynn, L.C.

ROMA, domingo, 16 de outubro de 2011 (ZENIT.org) – Um estudo do National Religious Broadcasters (NRB), da Virgínia, Estados Unidos, aponta graves problemas no tratamento que as novas plataformas de comunicação dão à religião.

Com o título “True Liberty in a New Media Age: An Examination of the Threat of Anti-Christian Censorship and Other Viewpoint Discrimination on New Media Platforms” (Liberdade Verdadeira numa Nova Era Midiática: Análise da Ameaça da Censura Anticristã e da Discriminação de outras Opiniões nas Novas Plataformas), o informe analisa principalmente o Google, a Apple, o Facebook e o Twitter.

Segundo o seu próprio site, a NRB é uma associação internacional apolítica de comunicadores cristãos. Seu relatório expressa preocupação com o fato de um pequeno número de grandes empresas controlarem a indústria da internet: “Nossa conclusão é de que as ideias e outros conteúdos religiosos cristãos enfrentam um perigo claro de censura nas plataformas de comunicação baseadas na rede”.

Algumas empresas já proibiram o conteúdo cristão, enquanto outras estabeleceram diretrizes que no futuro podem levar à censura, diz o informe.

Apple

A Apple bloqueou, em duas ocasiões, aplicações cristãs na loja iTunes devido ao conteúdo religioso.

Em novembro de 2010, retirou seu apoio à Declaração de Manhattan. É uma declaração das crenças cristãs sobre o casamento, a santidade da vida e a liberdade religiosa. Um dos pontos da declaração dizia que a conduta homossexual é imoral, o que, segundo o ponto de vista de Apple, é ofensivo.
Em março de 2011, a Apple censurou também uma aplicação da Exodus International, instituição cristã que diz ajudar pessoas a sair do estilo de vida homossexual. De novo, a empresa declarou que a aplicação era ofensiva e violava suas diretrizes.

Em julho de 2011, a Apple tirou o iTunes da Christian Values Network, um portal que financia organizações de caridade. A empresa informou que a decisão se baseava em reclamações de que algumas organizações assistenciais tinham posturas críticas quanto às iniciativas em favor dos direitos dos homossexuais.

O estudo conclui que, no geral, a política da Apple quanto às suas aplicações é vaga e confusa. Quando se trata de sátiras, humor ou comentários políticos, as normas são diferentes dos casos religiosos, dando ampla margem à livre publicação de conteúdo.

Google

O Google, segundo o relatório, se negou a colocar em seu motor de busca um anúncio pró-vida cristão do Christian Institute, com base na "política de não permitir publicidade relacionando aborto e religião".

O Christian Institute processou a empresa, que acabou mudando sua política de não permitir anúncios sobre o aborto por parte de grupos religiosos. Porém, o Google ainda bloqueia qualquer anúncio sobre o aborto que contenha a frase "o aborto é assassinato", afirmação considerada "horripilante".
Outro problema destacado no informe tem a ver com as diretrizes do Google para suas ferramentas web. O uso gratuito ou com descontos não se aplica a igrejas, grupos religiosos ou organizações que levem em consideração a religião ou orientação sexual ao contratar seus empregados. Segundo a NRB, as igrejas cristãs que solicitaram ao Google o status de “organizações sem fins lucrativos” tiveram o pedido negado.

Quando operou na China com uma versão local, o Google também expressou concordância em cooperar com o governo para bloquear listas de palavras relacionadas com o grupo religioso Falun Gong e o Dalai Lama.

O informe da NRB cita ainda o testemunho de Scott Cleland, ex-subsecretário adjunto norte-americano para Políticas de Informação e Comunicação, que declara que "o Google rejeita os valores tradicionais judaico-cristãos".

Segundo o informe, o Facebook também censura, apagando comentários anti-homossexuais e mantendo parcerias com organizações que promovem a agenda homossexual.

O discurso do ódio

Com exceção do Twitter, a política das principais plataformas web tem definições muito difusas do que consideram “o discurso do ódio”, criticado pelo informe como um perigo para a liberdade de expressão. O Facebook, por exemplo, proíbe "conteúdo religioso incitante e agendas político-religiosas".

As normas do Google bloqueiam conteúdo publicitário que critique grupos por sua religião, orientação sexual ou identidade de gênero. O informe indica que esta prática elimina a publicidade dos grupos cristãos pró-família, que se opõem a grupos de defesa dos homossexuais que promovem a legalização do casamento do mesmo sexo. Implica também que as críticas a outras religiões ou seitas teologicamente equivocadas violam a política do Google.

Segundo o estudo, os provedores de serviços de internet Comcast, AT&T e Verizon também violam a liberdade de expressão e suas normas permitiriam censurar qualquer conteúdo cristão.

O informe pede a essas empresas que mudem de política, garantindo a liberdade de expressão e renunciando à censura dos legítimos pontos de vista cristãos.

Wikipedia censura informação contrária ao aborto. Enciclopédia livre?



Conforme informa AICA, um grupo de jovens estudantes do colégio Mallinckrodt de Buenos Aires, motivadas por uma investigação realizada em uma aula de biologia sobre o síndrome post aborto (SPA), comprovaram que a Wikipedia em inglês, nega que o SPA esteja reconhecido por alguma "organização médica ou psicológica e que seus riscos de depressão ou suicídio não são reconhecidos pela literatura científica".

"As jovens reuniram uma extensa documentação científico-médica de reconhecimento internacional e tentaram carregar os dados obtidos de instituições oficiais e ONGs de distintos países na Wikipedia para conhecimento geral", indicou AICA.

"Quisemos demonstrar que estava tratado cientificamente em muitos livros e por muitos cientistas como por exemplo o Dr. Reardon, diretor do Elliot Institute Springfield, ou o Dr. Phillip Ney, quem realizou trabalhos a respeito e Mika Gissler, Elina Hemminki, Jouko Lonnqvist, entre outros", afirmaram.

"Quisemos pôr simplesmente "dados", obtidos de lugares confiáveis como por exemplo STAKES (Finland’s National Research and Development Center for Welfare and Health) em um estudo realizado na Finlândia, resultados que foram publicados pelo British Medical Journal e o WEF (World Economic Fórum), ou o estudo realizado pelo Dr. Elard Koch no Chile cujo estudo foi apresentado em janeiro de 2010 na reunião inaugural do International Working Group for Global Women's Health Research, em Washington, Estados Unidos, outros pela University of Minnesota, ou estudos do Center Bio-Ethical Reform obtidos do Alan Guttmacher Institute and Planned Parenthood's Family Planning Perspectives nos Estados Unidos, entre outros tantos mais".

Embora a informação das jovens tenha aparecido na Web por umas horas, "pouco tempo depois não estava mais e em troca tinha uma mensagem que nos proibia seguir publicando informação nas próximas 24 horas".

"Passadas as 24 horas publicamos novamente, agora em tom nitidamente descritivo e citando muitíssimo, já que nos objetaram que não tínhamos justificado o suficiente".

"Apesar disto, recebemos uma mensagem novamente, esta vez bloqueando-nos por duas semanas e dizendo que se seguíamos publicando seríamos bloqueados definitivamente da Wikipedia".

"Tentamos discutir no foro de discussão, e embora tenhamos conseguido pôr o estudo do Chile, responderam-nos sem nenhum tipo de argumentação científica que não era válido; não nos deixaram publicar nada mais".

As jovens estudantes manifestaram sua indignação ante a censura e discriminação sofrida, "como é possível que não se permita publicar sobre estes temas? Nem sequer nos permitiram realizar uma contribuição científica e objetiva".

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Tribunal Europeu proíbe patentes com embriões humanos.


Muito boa essa notícia. Uma vitória a favor da vida. Uma vitória em uma Europa cada vez mais afastada de Deus.

O Tribunal de Justiça Europeu, sedeado no Luxemburgo, emitiu uma decisão histórica em favor da dignidade do embrião humano desde a concepção. Esta é uma decisão tomada a pedido do Greenpeace, em um caso de patentes de biotecnologia. A decisão que declara uma invenção biotecnológica não podem ser legalmente protegidos quando seu processo exigiu a destruição de embriões humanos antes ou utilizá-los como materiais de base.

Resumindo, não pode ser patenteado um processo que envolve a remoção de uma célula-tronco de um embrião humano (célula tronco embrionária), mesmo no estágio de blastocisto (células embrionárias indiferenciadas) em que neste processo envolve a destruição do embrião.
O caso que levou à decisão surgiu na sequência da decisão do Tribunal Federal de Justiça da Alemanha, a pedido da organização ambientalista Greenpeace (por incrível que pareça), para apresentar uma patente desenvolvida por Oliver Brüstle Tribunal Europeu em 1997, ser esta que interpretou o "embrião humano" termo que se refere o art. 6 (2) (c) da Directiva Europeia 98/44/CE da União sobre a proteção jurídica das invenções biotecnológicas.

Agora, a decisão do Tribunal do Luxemburgo decidiu no sentido de que a directiva protege todas as fases da vida do embrião humano, excluindo da proteção de patentes. A decisão, portanto, fornece uma definição correta de "embrião humano" como "um corpo capaz de iniciar o desenvolvimento de um ser humano", se o resultado da fecundação ou o produto da clonagem.

Em particular, o fracasso da decisão confirma que a legislação européia relativa à proteção jurídica das invenções biotecnológicas deve ser interpretado como constituindo um "embrião humano" todos os óvulos humanos desde a fase de concepção, todos os óvulos humanos não fertilizados, que implementou o núcleo de uma célula humana madura e todos óvulo não fertilizados humanos a se dividir e crescer estimulado por partenogênese (reprodução com base no desenvolvimento de células não fertilizados sexo feminino).

Em suma, uma vitória.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Catequese do Papa: abertos à esperança e firmes na fé

Intervenção na audiência geral de 13/10/2011.


Queridos irmãos e irmãs:


Nas catequeses anteriores, meditamos sobre alguns salmos de lamento e de fé. Hoje, eu gostaria de refletir com vocês sobre um salmo de tipo festivo, uma oração que, na alegria, fala das maravilhas de Deus. É o Salmo 126 – segundo a numeração greco-latina, o 125 –, que celebra as grandes coisas que o Senhor realizou no seu povo e que continuamente realiza em todos os crentes.

O salmista, em nome de todo Israel, começa sua oração recordando a experiência exultante da salvação:

“Quando o Senhor restabeleceu a sorte de Sião,
pensamos que era um sonho.
Então nossa boca transbordava de sorrisos
e nossa língua cantava de alegria.” (vv. 1-2a)

O salmo fala de uma sorte restabelecida, isto é, restituída ao seu estado original, em toda a sua anterior positividade. Ou seja, parte-se de uma situação de sofrimento e de necessidade à qual Deus responde sendo a salvação e levando o orante à condição anterior, inclusive enriquecida e melhorada. É o que acontece com Jó, quando o Senhor lhe devolve tudo o que havia perdido, redobrando-lhe e ampliando uma bênção ainda maior (cf.  42,10-13); é o que o Povo de Israel experimenta quando volta à sua pátria após o exílio na Babilônia. É justamente a referência ao fim da deportação em terra estrangeira o que se interpreta neste salmo: a expressão “restabelecer a sorte de Sião” é lida e compreendida pela tradição como um “trazer de volta os exilados de Sião”. De fato, o retorno do exílio é o paradigma de toda intervenção divina de salvação, porque a queda de Jerusalém e a deportação à Babilônia foram experiências devastadoras para o povo escolhido, não só no âmbito político e social, mas também e sobretudo no campo religioso e espiritual. A perda da terra, o final da monarquia davídica e a destruição do Templo parecem um desmentido das promessas divinas, e o povo da aliança, disperso entre os pagãos, interroga-se dolorosamente sobre um Deus que parece tê-lo abandonado. Por isso, o final da deportação e o retorno à pátria são vivenciados como um maravilhoso retorno à fé, à confiança, à comunhão com o Senhor; é um “restabelecimento da sorte” que implica também na conversão do coração, no perdão, na amizade reencontrada com Deus, na conscientização da sua misericórdia e na renovada possibilidade de louvá-lo (cf. Jr 29,12-14; 30,18-20; 33,6-11; Ez 39,25-29). Trata-se de uma experiência de alegria abrumadora, de sorrisos e de gritos de júbilo, tão bela que “pensamos que era um sonho”. As intervenções divinas têm, muitas vezes, formas inesperadas, que vão além do que o homem pode imaginar; daqui a maravilha e o júbilo que se expressam no louvor: “Maravilhas o Senhor fez por nós”. É o que dizem as nações e o que Israel proclama:

“Então se comentava entre os povos:
'O Senhor fez por eles maravilhas'.
Maravilhas o Senhor fez por nós,
encheu-nos de alegria!”(vv. 2b-3).

Deus faz maravilhas na história dos homens. Realizando a salvação, revela-se a todos como Senhor potente e misericordioso, refúgio do oprimido, que não se esquece do lamento dos pobres (cf. Sl 9,10.13), que ama a justiça e o direito e de cujo amor está cheia a terra (cf. Sl 33,5).

Por isso, diante da libertação do povo de Israel, todos os povos reconhecem as coisas grandes e estupendas que Deus realiza para o seu povo e celebram o Senhor em sua realidade de Salvador. Israel se faz eco da proclamação das nações e a repete, mas como protagonista, como destinatário direto da ação divina: “Maravilhas o Senhor fez por nós”; “por nós” ou, mais precisamente, “conosco”, em hebraico ‘immanû, afirmando assim esta relação privilegiada que o Senhor tem com seus escolhidos e que encontrará no nome Emmanuel, “Deus conosco”, com o qual se conhece Jesus, seu cume e sua plena manifestação (cf. Mt 1,23).

Queridos irmãos e irmãs, na nossa oração, devemos considerar mais frequentemente como, nos acontecimentos da nossa vida, o Senhor nos protegeu, guiou, ajudou e, assim, louvá-lo por tudo o que fez por nós. Devemos estar atentos às coisas que Deus nos dá. Estamos sempre pendentes dos problemas, das dificuldades e quase não queremos perceber as coisas boas que vêm do Senhor. Esta atenção, que se converte em gratidão, é muito importante para nós e nos cria uma lembrança do bem que nos ajuda também nas horas de escuridão. Deus realiza grandes coisas e quem experimenta isso – atento à bondade do Senhor, com a atenção do coração – está repleto de alegria. Com esta nota festiva termina a primeira parte do salmo. Ser salvos e voltar à pátria do exílio é como voltar à vida; a libertação abre ao sorriso, mas junto à esperança de um cumprimento que ainda é preciso desejar e pedir. Esta é a segunda parte do salmo, que diz assim:

“Traze de volta, Senhor, nossos exilados,
como torrentes que correm no Negueb!
Quem semeia entre lágrimas colherá com alegria.
Quando vai, vai chorando, levando a semente para plantar;
mas quando volta, volta alegre, trazendo seus feixes.”(vv. 4-6)

Se, no começo da oração, o salmista celebrava a alegria de um destino restabelecido pelo Senhor, agora o pede como algo que não se realizou ainda. Se aplicarmos este salmo à volta do exílio, esta aparente contradição se explicará com a experiência histórica, vivida por Israel, de volta a uma pátria difícil, só parcial, que induz o orante a solicitar uma posterior intervenção divina para levar à plenitude a restauração do povo.

Mas o salmo vai além do dado puramente histórico para abrir-se a dimensões mais amplas, de tipo teológico. A experiência consoladora da libertação da Babilônia está inacabada, “já” acontecida, mas “ainda não” chegou à sua plenitude. Assim, enquanto na alegria se comemora a salvação recebida, a oração se abre à esperança de uma plena realização. Por isso, o salmo utiliza imagens particulares que, com sua complexidade, remetem à realidade misteriosa da redenção, na qual se entrelaçam o dom recebido e o que ainda não chegou, vida e morte, alegria sonhadora e lágrimas penosas. A primeira imagem faz referência aos torrentes secos do Negueb, que, com as chuvas, se enchem de águas impetuosas que devolvem a vida ao terreno seco e o fazem reflorescer. A petição do salmista é, portanto, que o restabelecimento do destino do povo e a volta do exílio sejam como a água, abrumadora e imparável, capaz de transformar o deserto em uma imensa região de erva verde e flores.

A segunda imagem vem das colinas áridas e rochosas do Negueb aos campos que os agricultores cultivam para obter o alimento. Para falar de salvação, recorda-se aqui a experiência de cada ano que se renova no mundo agrícola: o momento difícil e fatigoso da semeadura e a alegria tremenda da colheita. Uma semeadura que se acompanha com lágrimas, porque se tira o que ainda poderia se converter em pão, expondo-se a uma espera cheia de inseguranças: o camponês trabalha, prepara o terreno, espalha a semente, mas, como tão bem ilustra a parábola do semeador, não se sabe onde esta semente cairá, se os pássaros a comerão, se dará raízes, se se tornará uma espiga (cf. Mt 13,3-9; Mc 4,2-9; Lc 8,4-8). Espalhar a semente é um gesto de confiança e de esperança; é necessário o trabalho do homem, mas depois se entra em uma espera imponente, sabendo que muitos fatores serão determinantes para o bom resultado da colheita e que o risco de um fracasso está sempre presente. Mas, todos os anos, o camponês repete seu gesto e lança a sua semente. Quando esta se converte em espiga e os campos se enchem de messe, então aparece a alegria de quem está diante de um prodígio extraordinário. Jesus conhecia bem esta experiência e falava dela com os seus: “Jesus dizia-lhes: 'O Reino de Deus é como quando alguém lança a semente na terra. Quer ele esteja dormindo ou acordado, de dia ou de noite, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como'.” (Mc 4,26-27). É o mistério escondido da vida, são as maravilhosas “coisas grandes” da salvação que o Senhor realiza na história dos homens e cujo segredo os homens ignoram. A intervenção divina, quando se manifesta em plenitude, mostra uma dimensão abrumadora, como os torrentes do Negueb e como o grão dos campos, evocador, este último, da desproporção típica das coisas de Deus: desproporção entre o cansaço da semeadura e a imensa alegria da colheita, entre a ansiedade da espera e a visão tranquilizadora dos celeiros cheios, entre as pequenas sementes lançadas na terra e a visão das gavilhas douradas pelo sol. Na colheita, tudo se transforma, o pranto acaba, deixa seu lugar a gritos de alegria exultante.

A tudo isso se refere o salmista para falar da salvação, da libertação, do restabelecimento da sorte, do retorno do exílio. A deportação à Babilônia, como toda situação de sofrimento e de crise, com sua escuridão dolorosa feita de dúvidas e de aparente distância de Deus, na verdade, diz o nosso salmo, é como uma semeadura. No mistério de Cristo, à luz do Novo Testamento, a mensagem se torna mais explícita e clara: o crente que atravessa essa escuridão é como o grão de trigo que cai na terra e morre, mas para dar muito fruto (cf. Jo 12,24); ou, retomando outra imagem querida por Jesus, é como a mulher que sofre com as dores do parto para poder chegar à glória de ter dado à luz uma vida nova (cf. Jo 16,21).

Queridos irmãos e irmãs, este salmo nos ensina que, na nossa oração, devemos permanecer sempre abertos à esperança e firmes na fé em Deus. Nossa história, ainda que marcada muitas vezes pela dor, pelas inseguranças e momentos de crise, é uma história de salvação e de “restabelecimento do destino”. Em Jesus termina o nosso exílio, toda lágrima se enxuga no mistério da sua Cruz, da morte transformada em vida, como o grão de trigo que se destrói na terra e se torna espiga. Também para nós, esta descoberta de Jesus é a grande alegria do “sim” de Deus, do restabelecimento do nosso destino. Mas como aqueles que – voltando da Babilônia, repletos de alegria – encontraram uma terra empobrecida, devastada, como também as dificuldades da semeadura fazem chorar os que não sabem se no final haverá colheita, assim também nós, depois da grande descoberta de Jesus Cristo – nossa vida, caminho e verdade –, entrando no terreno da fé, na “terra da fé”, encontramos frequentemente uma vida escura, dura, difícil, uma semeadura com lágrimas, mas seguros de que a luz de Cristo, no final, nos dá uma grande colheita. Devemos aprender isso também nas noites escuras; não esquecer que a luz está aí, que Deus já está no meio das nossas vidas e que podemos semear com a grande confiança de que o “sim” de Deus é mais forte do que todos nós. É importante não perder esta lembrança da presença de Deus na nossa vida, esta alegria profunda de que Deus entrou na nossa vida, libertando-nos: é a gratidão pela descoberta de Jesus Cristo, que veio a nós. E esta gratidão se transforma em esperança, é estrela da esperança que nos dá a confiança, é a luz, porque as dores da semeadura são o início da nova vida, da grande e definitiva alegria de Deus.

Obrigado!

[No final da audiência, Bento XVI saudou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]
Queridos irmãos e irmãs:

O Salmo 126 celebra as grandes coisas que o Senhor operou a favor do povo de Israel, e mais concretamente a sua libertação do cativeiro de Babilónia e o regresso a Sião. Trata-se duma experiência tão bela que lhes «parecia viver um sonho». As intervenções do Senhor tomam, por vezes, formas inesperadas e proporções tão grandiosas que ultrapassam quanto podemos imaginar, suscitando o júbilo e a admiração: «Grandes coisas fez por nós o Senhor»! E, enquanto celebram com «expressões de alegria» a salvação recebida, a oração abre-se à súplica pelo restabelecimento completo da sorte do povo de Deus. Em Jesus, no mistério da Cruz, a morte foi transformada em vida, como o grão de trigo que se desfaz na terra para ressurgir espiga. Que o Senhor nos conceda caminhar com Ele para a Casa do Pai, nossa verdadeira Pátria, cantando as suas maravilhas em nossas vidas, como Maria: «O Todo-Poderoso fez em Mim maravilhas: Santo é o seu nome»!

Saúdo os diversos grupos de peregrinos vindos do Brasil e demais participantes de língua portuguesa, cujos passos e intenções confio à Virgem Maria. Este mês de Outubro convida-nos a perseverar na reza diária do terço; que, desta forma, as vossas famílias se reúnam com a nossa Mãe do Céu, para cooperarem plenamente com os desígnios de salvação que Deus tem sobre vós. Com afecto concedo-vos, a vós e aos vossos familiares, a minha Bênção Apostólica.
[Tradução: Aline Banchieri.
©Libreria Editrice Vaticana]