quinta-feira, 29 de agosto de 2013

É correto tuitar durante a missa?

Por Jorge Henrique Mújica
ROMA, 19 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Batizada de “Domingo Twitter”, embora a sua periodicidade seja mensal, uma iniciativa do pastor inglês da comunidade Saint Paul, em Weston-Super-Mare, convida seus fiéis a tuitar durante a cerimônia religiosa. O pastor interage lendo e comentando os tuítes durante a pregação. Com que objetivo? Atrair mais pessoas, especialmente os jovens, mediante o uso das novas tecnologias.

Não é a primeira vez que o Twitter entra em cena nos momentos de culto. Na Páscoa de 2009, o pastor da igreja de Next Level fez uma campanha que previa o uso do Twitter para as pessoas compartilharem a sua experiência de Deus (veja um vídeo sobre a campanha em http://youtu.be/Kk8ucBlkMRo).

Esses dois exemplos vêm do âmbito protestante, onde a concepção da ceia do Senhor é diferente da missa no âmbito católico: para o católico, a missa é “o” momento de culto a Deus por excelência e exige a máxima das atenções. Na Eucaristia, por meio do sacerdote, Cristo atualiza o seu sacrifício na cruz.

Mas tem havido experiências parecidas de uso do Twitter durante a celebração eucarística em contextos especificamente católicos: por exemplo, em grandes encontros como a JMJ de Madri em 2011 e do Rio de Janeiro em 2013, quando, tanto na vigília quanto na missa de encerramento, as equipes de redes sociais enviaram atualizações para milhares de pessoas fisicamente distantes, para ajudá-las a experimentar e “viver” aqueles momentos.
É uma prática adequada? A argumentação a favor do uso das redes sociais durante atos litúrgicos, incluindo a missa, costuma apresentar motivos de comunhão: “Não é uma forma de aproximar da Igreja as pessoas que estão afastadas dela?”, pergunta-se.

Esse tipo de experimento parece ambíguo. Na tentativa de incluir os ausentes na experiência em andamento, esquece-se que a missa é “o” ato de culto a Deus, e não um espetáculo a ser compartilhado virtualmente. Além disso, a comunhão na Igreja é comunhão com Cristo, e o seu lugar e momento eminente são os sacramentos, de modo especial a Eucaristia, que precisam de uma presença física real, não virtual.

É verdade que as redes sociais podem facilitar a experiência psicológica, mas a missa não pode se reduzir a uma experiência desse tipo. Quem participa nela pode se privar de estímulos e sentimentos durante o desenvolvimento do ato litúrgico e nem por isso a missa perde o esplendor do seu significado; o sacramento, afinal, não depende de estados emocionais.

Se o aspecto psicológico fosse a base de uma experiência de comunhão, a eficácia de um tuíte ou de uma atualização de status no Facebook dependeria mais do momento emotivo das pessoas do que da graça sobrenatural, derivada, no caso específico da missa, do sacramento da Eucaristia, ou seja, da ação de Deus nas pessoas.

É significativo que as várias contas associadas à Santa Sé no Twitter não postem mensagens durante as missas do papa, mas somente depois delas, com finalidade informativa.

No caso de grandes eventos como a Jornada Mundial da Juventude, o Encontro Mundial das Famílias, os Congressos Eucarísticos Internacionais, etc., as pessoas que alimentam as redes sociais durante as missas já assistiram ou assistirão a outra missa no mesmo dia (afinal, as missas de domingo são sempre de preceito).

E resta uma questão: o uso das redes sociais equivale ao que acontece quando se transmite a missa pela televisão ou pelo rádio?

São duas situações diferentes.

A transmissão via TV ou rádio deve “deixar o sacramento falar”, sem outros intermediários. As missas não têm “narradores”: o protagonista é o sacramento. Ainda assim, deve ficar claro que acompanhar uma transmissão da missa não substitui a participação do crente na igreja. Pelo rádio ou pela TV não é possível receber a Eucaristia, que é o centro da missa, e é sabido que as transmissões se voltam principalmente às pessoas que não podem ir até a igreja por motivos de doença ou por impedimento grave. Nos casos normais, prevalece o preceito de assistir à missa todo domingo.

A propósito de todo este assunto, é muito valioso o documento “Transmissões das celebrações litúrgicas por rádio e televisão: diretrizes e recomendações”, do Secretariado de Meios de Comunicação Social da Conferência Episcopal Espanhola, em tradução de documento original alemão.

No libro Cyberteologia (p. 100-101), o pe. Antonio Spadaro vai até a essência do tema ao falar da relação entre as redes sociais e a liturgia: “O risco fundamental das experiências litúrgicas em rede é o de uma concepção ‘mágica’, capaz de diluir, até cancelar, o sentido da comunidade e da mediação eclesial ‘encarnada’, para, em vez disso, exaltar o papel da técnica que torna o evento possível”. O aqui e agora, o tempo e o espaço real, continuam sendo o critério de autenticidade e de orientação.

Não parece que tuitar durante a missa, portanto, seja aconselhável.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Cuba: reaberta capela de São Tarcísio após 52 anos de ocupação estatal.


Missa e catequese passam a acontecer no templo e não mais em casas de família
Por Redacao

ROMA, 23 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - A Capela de São Tarcísio, devolvida à Igreja após 52 anos de ocupação estatal, foi abençoada e reaberta ao culto por dom Álvaro Beyra Luarca, bispo da diocese do Santíssimo Salvador de Bayamo-Manzanillo, no sudeste de Cuba.

A Conferência Episcopal de Cuba divulgou a notícia em seu site, informando que a capela se localiza na Cidade do Golfo de Guacanayabo. O templo foi inaugurado na década de 1950 pelo padre Jesús Iraola, OFM, com a ajuda material dos fiéis da região.

A cerimônia contou com a animação musical do coro Santa Cecília e teve início com a aspersão de água benta no altar e nas paredes, seguida de uma oração que pediu a Deus a sua presença constante em meio ao povo.

Na homilia, dom Beyra Luarca destacou a transcendência deste momento para os cristãos, que contam novamente com um lugar onde glorificar e dar graças a Deus, viver a fraternidade e apresentar a Ele as suas necessidades.

Coincidindo com a festa de São Tarcísio, padroeiro da capela e dos acólitos, o seminarista Yosvanys Rafael Llópiz Carbonell recebeu o ministério do acolitado, um dos passos prévios à ordenação diaconal.

Ao terminar a celebração, o frei Emilio Biosca Agüero, pároco da Puríssima Conceição de Manzanillo, agradeceu especialmente à família de José Beltrán e Carmen Alonso, que, durante muitos anos, acolheram em casa a comunidade cristã local. O frade informou que a partir de agora haverá missa semanalmente no templo, além de catequese para crianças e adultos.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Os cristãos, o governo Dilma e o aborto.

Esse governo tornou-se um especialista em ações invisíveis e subterrâneas na tentativa de legalizar o aborto no Brasil
Por Ivanaldo Santos

No mês de outubro de 2010, na reta final da campanha eleitoral, a então candidata Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT), que naquele momento corria o sério risco de perder a eleição presidencial, enviou uma Carta Aberta às igrejas. Nesse documento Dilma se apresenta como cristã e faz duas declarações sobre o aborto. Vejamos:

N. 2. Sou [Dilma Rousseff] pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação atual sobre o assunto”.N. 3. Eleita [Dilma Rousseff] presidente da República, não tomarei a iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do aborto e de outros temas concernentes à família e à livre expressão de qualquer religião no País”.
Em 2010, para se eleger presidente da república, Dilma Rousseff teve que dizer que é contrária ao aborto, negando declarações públicas nas quais defendia essa prática, e prometendo que não mudaria a legislação em vigor.

Vale salientar que, em 2010, durante a campanha è presidência da república, grupos feministas, pró-aborto e ligados a cultura da morte afirmavam que, no governo Dilma, o aborto seria totalmente legalizado. Realmente Dilma Rousseff, ao tomar posse na presidência da república, não enviou ao Congresso nacional nenhum projeto para legalizar totalmente o aborto. Com isso cumpriu, em parte, a promessa feita durante a campanha eleitoral.

No entanto, o governo da presidente Dilma Rousseff mostrou-se, na prática, ser um grande incentivador do aborto e de outras manifestações da cultura da morte. Esse governo tornou-se um especialista em “ações invisíveis e subterrâneas” na tentativa de legalizar o aborto no Brasil. Em grande medida, são ações indiretas, realizadas distantes dos olhos da maioria da população, da grande impressa e do Congresso nacional. Na prática, de forma antidemocrática e antiética, o governo Dilma Rousseff está tentando legalizar o aborto no Brasil de forma indireta e invisível, sem, para isso, passar pelo Congresso nacional.  

Um bom exemplo dessa postura foi um dos primeiros atos do governo Dilma Rousseff, o qual prorrogou um convênio, com organizações públicas e privadas, que tem por objetivo investigar e incentivar a legalização do aborto. Sem contar que no ministério do governo Dilma, considerado um ministério de mulheres, existe um grande número de militantes da causa pró-aborto. Uma prova disso foi à escolha de Eleonora Menicuccil para dirigir a Secretaria Especial de Política para as Mulheres. Eleonora Menicuccil é uma militante radical pró-aborto, que se alto proclamou de “avô do aborto”. Logo após tomar posse na Secretaria Especial de Política para as Mulheres, em entrevista concedida a veículos da grande mídia nacional, ela chegou a comparar a gravidez a uma doença e o feto a um mosquito. Essas declarações deixaram a população brasileira horrorizada, mas, ao contrário do que se esperava, a presidente Dilma Rousseff não demitiu a militante radical pró-aborto Eleonora Menicuccil.

A questão mais radical da tentativa do governo Dilma Rousseff (PT) de legalizar o aborto de forma indireta e invisível aos olhos da maioria da população e do Congresso veio recentemente com a aprovação e sanção presidencial do Projeto de Lei 03/2013 (PL 03/2013), de autoria da deputada federal Iara Bernardi do PT de São Paulo. Vale recordar o que afirma o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz, quando diz que, por uma estranha coincidência, a maioria das propostas de legalização do aborto no Brasil são de autoria de membros do Partido dos Trabalhadores (PT).

O PL 03/2013 garante atendimento imediato às mulheres vítimas de violência sexual, em toda rede pública de saúde. O projeto que deu origem à lei foi aprovado pelo Senado no começo de julho. O atendimento as vítimas de violência deve incluir, dentre outras coisas, o diagnóstico e tratamento de lesões, a realização de exames para detectar doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez. Esse projeto ao ser sancionado pela presidente Dilma se transformou na Lei 012845 de 2013.

Oficialmente trata-se de um projeto digno de elogio, pois regulamenta e garante atendimento as mulheres vítimas de um dos maiores crimes que um ser humano pode ser vítima, ou seja, o estupro. No entanto, esse projeto esconde uma “ação invisível e subterrânea” para a livre prática do aborto. No item 3º, IV afirma-se que o médico, ao constatar que uma mulher foi vítima de estupro, poderá fazer uso da “profilaxia da gravidez". Essa expressão, dentro do contexto da Lei que foi aprovada, sem entrar na discussão do conteúdo semântico da palavra “profilaxia”, autoriza o médico a realizar um aborto, sem, no entanto, ter autorização da justiça, do conselho de medicina, do conselho de ética, do Congresso nacional, da mãe da criança e de qualquer outro responsável pela criança. Essa lei transforma o médico numa espécie de super-profissional, pois é ele, e somente ele, que decide quem vive e quem morre. Neste caso, ele sozinho vai decidir se um feto deverá viver ou morrer.

É preciso explicar que, de acordo com a Lei 012845 de 2013, sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT), a mulher ao chegar a um hospital e dizer que foi estuprada, não necessita apresentar qualquer documentação, encaminhamento da justiça ou da autoridade policial. Com isso, a porta está aberta para qualquer mulher que esteja grávida ir a um hospital, dizer que foi estuprada e, com isso, o médico realizar um aborto. Na prática, o que temos no Brasil, é a legalização do aborto de forma indireta e invisível, sem o consentimento da população e do Congresso nacional.

Diante de uma situação tão grave, que coloca em risco a vida e a dignidade da pessoa humana, especialmente do nível mais frágil da vida, ou seja, do feto, o bebê ainda no ventre da mãe, os cristãos não podem ficar em silencio. É preciso anunciar, para toda a sociedade, que todos tem direito a vida, incluindo o feto, e “vida em abundância” (João 10, 10). Para isso, os cristãos têm que denunciar as estruturas da cultura da morte que estão presentes no Brasil. Estruturas que infelizmente se materializam no governo Dilma Rousseff para, de forma indireta, silenciosa, antiética e antidemocrática, legalizarem o aborto. Todos os cristãos, leigos e consagrados, devem denunciar e lutar contra o “engano da injustiça” (II Tessalonicenses 2, 10) que atualmente está sendo propagado, um engano que deseja transformar o assassinato do feto em uma virtude. E lamentavelmente o governo Dilma Rousseff está sendo um grande eixo de transmissão, propagação e legalização do engano chamado aborto.

Por fim, diante da ameaça, imposta pelo atual governo, de legalizar o aborto e outros temas ligados a cultura da morte, é preciso recordar as palavras do Papa Francisco, por ocasião da mensagem que enviou aos fiéis, comunidades e paróquias que participaram, no Brasil, no ano de 2013, da Semana Nacional da Família, quando afirma que os cristãos são “chamados a transmitir, tanto por palavras como, sobretudo pelas obras, as verdades fundamentais sobre a vida e o amor humano, que recebem uma nova luz da Revelação de Deus. De modo particular, diante da cultura do descartável, que relativiza o valor da vida humana”, e também são chamados a transmitir a“consciência de que a vida deva sempre ser defendida, já desde o ventre materno, reconhecendo ali um dom de Deus e garantia do futuro da humanidade”.

Para dúvidas e informações sobre o tema: ivanaldosantos@yahoo.com.br

Bibliografia Consultada:
AS MINISTRAS PRÓ-ABORTO DO GOVERNO DILMA. In: Blog Da Mihi Animas, 04/01/2011.


BRASIL. Lei 012845 de 2013. Dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual. Brasília: Presidência da República, 2013.

COHN, Leandro. Dilma prorroga convenio para legalizar o aborto: Ministério prorroga contrato de estudo para ''despenalizar'' prática. In: O Estado de São Paulo, 16/10/2010. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ministerio-prorroga-contrato-de-estudo-para-despenalizar-pratica,625642,0.htm. Acessado em 15/08/2013.

DILMA QUEBRA ACORDO COM RELIGIOSOS AO NOMEAR MINISTRA PRÓ-ABORTO, 07/02/2012. Disponível em http://www.paulopes.com.br/2012/02/dilma-quebra-acordo-com-religiosos-ao.html. Acessado em 15/08/2013.

ELEONORA MENICUCCI: ABORTO É QUESTÃO DE SAÚDE PÚBLICA. In: Diário Democrático On-Line, 07/02/2012. Disponível em http://www.diariodemocratico.com.br/saude-e-ciencia/4/5260. Acessado em 15/08/2013.

FORMENTI, Lígia. Ministra Eleonora Menicucci critica médico que não faz aborto legal. In: O Estado de São Paulo, 15/03/2012. Disponível emhttp://www.estadao.com.br/noticias/vidae,ministra-eleonora-menicucci-critica-medico-que-nao-faz-aborto-legal,849014,0.htm. Acessado em 15/08/2013.

PAPA FRANCISCO. Mensagem para os fiéis, comunidades e paróquias que participam, no Brasil, da Semana Nacional da Família. In: Boletim CNBB, Disponível emhttp://www.cnbb.org.br/site/comissoes-episcopais/vida-e-familia/12594-papa-francisco-envia-mensagem-e-bencao-aos-participantes-da-semana-nacional-da-familia-2013. Acessado em 13/08/2013.

PRESIDENTA DILMA SANCIONA LEI QUE OBRIGA ATENDIMENTO INTEGRAL NO SUS A VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL. In: Planalto.Gov, 01/08/2013. Disponível em http://www2.planalto.gov.br/imprensa/releases/presidenta-dilma-sanciona-lei-que-obriga-atendimento-integral-no-sus-a-vitimas-de-violencia-sexual. Acessado em 23/08/2013. 

SANTOS, Ivanaldo. O PT não esquece o aborto. In: Mídia Sem Mascara, 13/02/2012. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Omitir ou não o Glória?

Responde o pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e diretor espiritual
Por Pe. Edward McNamara, L.C.

Em sua coluna de liturgia no site ZENIT, o pe. Edward McNamara responde a duas perguntas feitas por leitores de língua inglesa. Ambas as perguntas tratam do Glória.

Quando uma ordenação sacerdotal é realizada em um dia que não é festa nem solenidade, canta-se o Glória? O rito da ordenação só afirma que, após a procissão, "a Liturgia da Palavra é desenvolvida de acordo com as normas". Desta perspectiva, não deverá haver o Glória se a missa for rezada num dia de memória litúrgica. No entanto, em todas as ordenações em que participei, sempre foi cantado o Glória, independentemente das normas. Qual é a resposta correta? - H.H., Berkeley, Califórnia (EUA).

Quando há um batismo durante a missa de domingo, deve-se omitir, além da saudação e do rito penitencial, também o Glória? –C.A., Townsville, Austrália.

A Instrução Geral do Missal Romano afirma, em seu número 53:

“53. O Glória é um hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substituído por outro. Entoado pelo sacerdote, ou, se for o caso, pelo cantor ou grupo de cantores, é cantado por toda a assembleia, ou pelo povo que o alterna com o grupo de cantores, ou pelo próprio grupo de cantores. Se não for cantado, deve ser recitado por todos juntos ou por dois coros dialogando entre si. É cantado ou recitado aos domingos, exceto no tempo do Advento e da Quaresma, nas solenidades e festas e ainda em celebrações especiais mais solenes”.

Por conseguinte, uma vez que a ordenação é certamente uma “celebração especial mais solene”, o Glória pode ser cantado ou recitado em qualquer ordenação em que a missa ritual para a ordenação possa ser celebrada.

Uma memória obrigatória não impedirá a celebração da missa ritual, e, por isso, o Glória poderá ser cantado. É o caso inclusive quando, por um bom motivo, o bispo decide celebrar o santo do dia em vez da missa ritual. Os dias em que o Glória seria omitido durante uma ordenação, como os domingos da Quaresma e do Advento e o dia 2 de novembro, normalmente não são escolhidos para uma celebração tão festiva.

Quando é celebrado um batismo durante a missa, são omitidos a saudação e o rito penitencial, e o rito do acolhimento das crianças ocorre no início da celebração. As normas dizem que é omitido também o Credo, porque a profissão de fé de toda a comunidade precede o momento do batismo.

Como o rito do batismo não faz nenhuma menção ao Glória, presume-se que não haja influência da celebração do sacramento e, portanto, seguem-se as normas habituais relativas a cantá-lo ou não. Da mesma forma, o fato de que as normas de outros ritos sacramentais, incluindo a ordenação, mencionem o canto do Glória, caso previsto, parece sugerir que o batismo não constitui uma exceção a essa regra geral.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Professor que nunca havia reprovado um só aluno. Um experimento socialista.

Um professor de economia em uma universidade americana disse que nunca havia reprovado um só aluno, até que certa vez reprovou uma classe inteira.
Esta classe em particular havia insistido que o socialismo realmente funcionava: com um governo assistencialista intermediando a riqueza ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e justo.
O professor então disse, “Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas.” Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam ‘justas’. Todos receberão as mesmas notas, o que significa que em teoria ninguém será reprovado, assim como também ninguém receberá um “A”.
Após calculada a média da primeira prova todos receberam “B”. Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos – eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Já aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Como um resultado, a segunda média das provas foi “D”. Ninguém gostou.
Depois da terceira prova, a média geral foi um “F”. As notas não voltaram a patamares mais altos mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por ‘justiça’ dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala. Portanto, todos os alunos repetiram aquela disciplina… Para sua total surpresa.
O professor explicou: “o experimento socialista falhou porque quando a recompensa é grande o esforço pelo sucesso individual é grande. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros para dar aos que não batalharam por elas, então ninguém mais vai tentar ou querer fazer seu melhor. Tão simples quanto isso.”
1. Você não pode levar o mais pobre à prosperidade apenas tirando a prosperidade do mais rico;
2. Para cada um recebendo sem ter de trabalhar, há uma pessoa trabalhando sem receber;
3. O governo não consegue dar nada a ninguém sem que tenha tomado de outra pessoa;
4. Ao contrário do conhecimento, é impossível multiplicar a riqueza tentando  dividi-la;
5. Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.

Texto adaptado por: Rodrigo Campanini Rubio

"Inaceitável é a compreensão da laicidade do Estado que exclui completamente a religiosidade e sua vivência"

BELO HORIZONTE, 16 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - A laicidade do Estado tem sido um tema recorrente nos debates e abordagens. As necessárias evoluções no entendimento sobre o Estado e a realidade religiosa justificam essas reflexões. No caso da sociedade brasileira, a religiosidade é constitutiva, independentemente das singularidades confessionais. Não se pode desconhecer e desconsiderar as raízes cristãs no nascedouro e nos desdobramentos da história da nossa sociedade. Ignorar essa importância é uma postura preconceituosa, que considera a religião como elemento descartável ou de pouca valia. Trata-se de uma avaliação que revela estreitamentos da racionalidade.

Como antidoto para essa distorcida visão, é preciso reconhecer a importância da fé cristã católica como elemento que sustenta crescimentos, avanços e configurações culturais de muita importância para o nosso país.  Certamente, nesse horizonte de compreensão, é que se afirma como um dito incontestável “que o Estado é laico, mas o povo é religioso”. E o povo constitui a nação à qual o Estado está a serviço, com o compromisso de edificar e manter uma sociedade justa e solidária.

Povo é mais do que Estado, que é uma configuração sociopolítica a serviço do bem comum de uma nação, em respeito e obediência a princípios advindos da justiça, da verdade, do amor e do bem de todos. Nessa direção, portanto, não é inteligente confrontar como opostas e inconciliáveis as categorias Estado e religiosidade. A distinção é benéfica e necessária para não incorrer em misturas indevidas. Contudo, colocar essas dimensões como antagônicas é confrontar-se diretamente com o povo, a partir de uma perspectiva preconceituosa.

Trata-se de uma grande incoerência pensar o Estado como instância prestadora de serviço ao bem comum que, ao mesmo tempo, deve discriminar a religiosidade, uma dimensão importante na inteireza da vida cotidiana. Infelizmente, essa discriminação acontece de muitas maneiras. Um claro exemplo ocorre quando o Estado, por compreensões equivocadas de gestores, propõe restrições legais ao uso de espaços por instituições religiosas. É obvio que a normatização é necessária para se evitar abusos ou mau uso de espaços públicos. Sem definições regulatórias, uma sociedade plural, marcada pelo sentido de liberdade e autonomia, não pode funcionar adequadamente. Contudo, não se pode chegar ao absurdo de considerar a laicidade do Estado como uma oposição a tudo o que diz respeito à religiosidade.

É verdade que há de se considerar a seriedade de cada confissão religiosa numa sociedade plural. A própria legislação proporciona esse discernimento, com emissão de juízos de valor a respeito de igrejas e grupos religiosos. Inaceitável é a compreensão da laicidade do Estado que exclui completamente a religiosidade e sua vivência. Quem perde, obviamente, é o povo e o próprio Estado, que não se permite intercambiar com uma força que muito o ajuda na promoção do bem comum. Imagine se a Igreja Católica, por exemplo, deixasse de prestar os serviços sociais que oferece. Incontáveis iniciativas, muitas ainda desconhecidas, realizadas nas periferias, em áreas urbanas e rurais, com grande impacto, sobretudo, na vida dos pobres. Certamente os reflexos seriam muito negativos para um Estado que deve buscar o bem de todos.

A laicidade configura o Estado não como oposição à religiosidade. É um parâmetro que deve ajudar na distinção entre Estado e outras instituições, como os próprios partidos políticos, atualmente tão questionados no núcleo central de sua significação, representatividade, competência nas abordagens ideológicas e debates em vistas do bem comum. Nenhum partido pode se considerar “dono do Estado”, impondo sua própria ideologia.  Além disso, a máquina de governo que um Estado precisa não pode ser “cabide de emprego”, “trampolim de promoção pessoal” e mecanismo de favorecimentos. A laicidade, quando bem entendida, não deixa que o Estado seja manipulado, permitindo, assim, um eficiente serviço ao seu povo.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Casais de segunda união: não abandonaram a fé, não se afastaram da Igreja e desejam um esclarecimento.

Padre Rafael Solano, Doutor em Teologia Moral e Assessor de Bioética do Regional Sul II da CNBB, trouxe esclarecimentos sobre o tema
Por Mirticeli Dias de Medeiros

SãO PAULO, 14 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - No voo papal que o conduzia de volta a Roma, após a Jornada Mundial da Juventude 2013, a qual encerrou-se no último dia 28 de julho, Papa Francisco, em entrevista aos jornalistas, tratou de um tema que gera polêmicas e ainda é pouco aprofundado pelos próprios católicos: os casais de segunda união. Padre Rafael Solano, Doutor em Teologia Moral e Assessor de Bioética do Regional Sul II da CNBB, trouxe esclarecimentos sobre esta realidade presente na Igreja e tratou de assuntos que vão desde a nulidade matrimonial à convocação de um novo Sínodo para trazer à tona a questão.
 ***
Zenit: Casais de segunda união. O senhor acredita que o tema é pouco trabalhado entre os católicos, ou de fato, não foi definida uma linha pastoral específica para tratar da questão? É um problema formativo? Qual a sua visão?
Pe. José Rafael Solano: O tema dos casais em segunda união, não podemos dizer que seja um tema  recente na vida da igreja. Desde os escritos paulinos, percebemos a preocupação pastoral de Paulo com aqueles que, por alguma razão, questionavam sobre o divórcio. É conhecido por todos o conteúdo do capitulo 19 do Evangelho de Mateus, quando Jesus também é questionado sobre este assunto. Com o passar do tempo, os desafios pastorais de cada comunidade, e da igreja como um todo foram aumentando, até os nossos dias. Podemos dizer, sem dúvida, que todos os papas do século XX perceberam a crise que muitos casais viviam e o drama de consciência quando um matrimônio se desmanchava. O Papa Pio XI escreveu uma inusitada e muito bem elaborada encíclica sobre a vida dos casais e os problemas que estes enfrentavam, de modo particular em relação ao divórcio. É sabido por todos nós a grande preocupação do seu sucessor, Pio XII, quando alguns países europeus declararam, oficialmente, a aceitação do divórcio e, mais ainda, quando por diversas razões o matrimônio cristão foi questionado na sociedade da pós-guerra. No Pontificado de João Paulo II teremos o grande despertar desta realidade que a tantos e tantos fieis atinge: as novas uniões. O nome que foi dado na língua portuguesa não foi o melhor, ou seja, "casais em segunda união". Na encíclica Familiaris Consortio, o Papa utilizou uma expressão que possui, em si mesma, um conteúdo teológico e pastoral melhor elaborado. Tratam-se de “casais em situações especiais”, casais que por alguma real e concreta experiência de vida, sofreram a triste dor da separação ou da falsidade no primeiro casamento. Essas pessoas encontraram alguém que as fez descobrir o valor da vida a dois, recomeçaram e, o mais importante ainda: não abandonaram a fé, não se afastaram da igreja, só que são cientes da sua irregular situação e por isso desejam um esclarecimento. Aqui, a meu ver, é onde entra o trabalho com estes casais.

Zenit: E quanto ao aumento constatações de nulidades. Seria este um indicativo da falta de formação?
Pe. José Rafael Solano: Quanto ao aumento de nulidades, esta pergunta possui duas vertentes. A primeira, o que entendem os casais ou maioria dos fiéis por "nulidade" ou pela “declaração oficial e canônica de um casamento como algo invalido”. Nem todos os casamentos que apresentam ou iniciam um processo no Tribunal eclesiástico pedindo a nulidade, são declarados nulos. Aqui, neste ponto, a igreja é pedagoga, prudente e, sobretudo, exigente. Muitos matrimônios nunca deveriam ter acontecido. É evidente que quando um casal não é honesto ou um dos cônjuges vive uma dupla vida, o matrimônio em questão é desde o seu início algo viciado e não chegará a bom termo. Se as nulidades têm aumentado, a meu ver - e esta é a segunda vertente da pergunta -, se deve, na maioria dos casos, a uma situação irregular desde o inicio; é a meu ver, ainda, a falta de clareza por parte de muitos diante do fato que a vida conjugal é uma vocação, um chamado. Não posso procurar o matrimônio como uma fuga ou um lugar onde me escondo das minhas realidades. Temos então que trabalhar muito mais dedicadamente com os casais que se preparam para o matrimônio, temos que investir na etapa que antecede as núpcias. Sem medo, devemos iluminar o caminho de muitos casais que, na  erdade, não sabem como foi que chegaram a este momento, e acabam casando.

Zenit: Há muitos - inclusive católicos - , que se queixam do fato dos casais de segunda união não comungarem. As razões já são perfeitamente explicadas pela Igreja, mas o que fazer para que estes nossos irmãos não se sintam excluídos?
Pe. José Rafael Solano: O conceito de exclusão na vida cristã é simplesmente inexistente. Quem excluir alguém na comunidade, não compreendeu o que significa o termo "Ecclesia" - reunião dos membros de um único grupo. Para muitos católicos, o conceito de pedagogia é simplesmente abstrato. Veja...Uma família - a minha ou a de qualquer um -, possui certas normas que não precisam ser assinadas em cartório para que sejam válidas. Na minha casa, em todos os natais e festas de ano novo, se come paella e isto não se discute! Faz 150 anos que minha família faz isto. Por diversos motivos, alguns membros não podem comer frutos do mar, ou têm dietas especiais, etc. Porém, os mesmos não deixaram até hoje de participar das nossas festas, nunca foram excluídos ou discriminados. Os casais em segunda união são chamados a viver na comunidade outros tipos de comunhão e de experiência espiritual. Nós, por exemplo, não recebemos a comunhão porque estamos livres de pecado, mas porque somos chamados a fazer caridade, a viver a radicalidade do nosso batismo. Como mudaria o conceito de ser Corpo de Cristo se entendêssemos aquilo que Santo Atanásio afirma com tanta força: "Os membros do corpo, mesmo os mais fragilizados, fazem parte do corpo todo". Temos que deixar de lado essa visão excessivamente minimalista e nos abrirmos para um horizonte maior. A Eucaristia tem, em si mesma, o caráter universal, atinge todos os espaços do nosso ser.

Zenit: “É necessário desenvolver uma pastoral do matrimônio”, segundo o Papa. Ainda na entrevista que concedeu no voo papal, no último dia 28, o Santo Padre também citou o caso da Igreja Ortodoxa que admite um novo matrimônio. Será que muitos não se casem conscientes das responsabilidades e da própria vocação à qual são chamados? Diante disso, o que fazer? 
Pe. José Rafael Solano: Tenho plena certeza que o Papa conhece esta realidade. Ele sabe muito bem que existem saídas; agora, ele melhor do que ninguém, também sabe que devem ser estudadas, aprofundadas e particularmente refletidas as duas tradições. Um teólogo moralista cujo nome é Basilio Petrà, vem trabalhando neste tema por mais de 30 anos. Ele é ciente de que uma via de solução para falar em segundo matrimonio, exige uma compreensão bem clara do que significa viver a conjugalidade. Nós que somos da sociedade e da mentalidade do rápido, sem dor, sem exigência, temos necessidade de rever os nossos conceitos e especialmente de fortalecer nossa tendência subjetiva e abstrata diante de uma realidade que tem em si mesma o valor de sacramento, quer dizer, de sinal visível da presença de Deus.

Zenit: Me parece ainda que o Papa deu “uma deixa” da possibilidade de ampliar o debate para a Igreja Universal através de um Sínodo ou através da comissão de 8 cardeais criada por ele, a qual inicia seus trabalhos em outubro deste ano. Urge na Igreja a convocação de um Sínodo para tratar do Matrimônio?
Pe. José Rafael Solano: Urge um sínodo sobre assuntos de moral. É urgente, aliás, é algo que não pode esperar muito mais tempo. A "deixa" da qual você fala, é algo exigente, algo que tem que ser refletido e, mais uma vez o digo: sobretudo rezado diante de quem nos deu a consciência como o sacrário sagrado e preservado de todo tipo de manipulação. A consciência deve ser formada, instruída, e alimentada, ela é sinal, voz, bússola, a qual, se não for formada, perderá o seu destino, que é nada mais nada menos que aquilo que provoca na pessoa uma decisão moral que se concretiza no seu agir.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A evangelização na Coreia: um caso sui generis.

Por Daniele Trenca

ROMA, 16 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Celebrou-se recentemente o 60º aniversário do fim da Guerra da Coreia. Um conflito às vezes esquecido, que eclodiu após a invasão da Coreia do Sul pelo Exército do Norte e que durou três anos. A Guerra Fria estava no início, o Oriente ainda estava abalado com as explosões das duas bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, e o espectro de uma nova e iminente guerra mundial pairava aterrorizante na consciência de todos.

O processo de democratização daquela península da Ásia percorreu um longo caminho, e, no século XVIII, um papel decisivo foi desempenhado pela Igreja.

A Coreia é o único caso no mundo de evangelização de um território começada por leigos, sem a ajuda dos missionários. Um caso único na história da Igreja universal, que confirma a necessidade do homem de encontrar um Sentido para a sua existência e de se relacionar com o Eterno.

Jovens estudantes em busca de novas ideias capazes de orientar a mudança da sociedade coreana estudavam as literaturas ocidentais. Sua curiosidade foi se transformando, pouco a pouco, em fé. Lendo e relendo livros sobre a doutrina católica, eles se viram fascinados por este Deus que é Pai misericordioso.

Na época, as delegações coreanas iam regularmente a Pequim para fazer os intercâmbios comerciais e culturais. Numa das viagens, os coreanos trouxeram para casa o livro do pe. Mateus Ricci, "A verdadeira doutrina de Deus". Foi assim que um leigo e grande pensador, Lee Byok, inspirado no texto do famoso missionário jesuíta, fundou no país a primeira comunidade cristã. Na década de 1780, ele pediu a um amigo, Lee Seung Hun, membro da delegação que partia para a China, que se batizasse e trouxesse à pátria livros e escritos religiosos para ajudá-los a se aprofundar na fé católica. Desde o início, como era de se prever, a Igreja coreana foi perseguida pelo governo, já que a religião de Estado era o confucionismo e não havia liberdade para a prática de outras religiões.

Lee Byok liderava o grupo de estudantes nas pesquisas literárias. Ele desenvolveu o Gang-Hak-Hwe, reunião sobre ciência, e fez um compêndio em forma lírica do Antigo e do Novo Testamento, chamado "Resumo do Ensinamento da Igreja", além de compor o hino "Canto para o encontro com Deus". Sem conhecer o nosso calendário, eles sentiram a necessidade de fixar dias consagrados ao Senhor: o sétimo, o décimo quarto e o vigésimo primeiro do calendário lunar, nos quais se dedicavam à oração, à contemplação e ao jejum. Observavam os mandamentos e os preceitos da Igreja.

Lee Byok foi perseguido e, depois de 15 dias de jejum, morreu aos 31 anos de idade: foi ele a primeira oferta feita a Deus pela Igreja coreana em uma sociedade não cristã. Era 1785. Apesar da perda do “fundador”, a Igreja local ganhou ímpeto e força para proclamar a Verdade, submetendo-se ao bispo de Pequim quando soube da existência das estruturas eclesiásticas.

Eles difundiram o evangelho em sua terra natal até meados de 1800, quando chegaram os missionários franceses que sacrificaram a vida para proclamar a Palavra de Deus, seguindo o exemplo de Cristo na cruz para redimir a humanidade.

Após a divisão da Coreia entre Norte e Sul, em 1948, a situação religiosa também se fragmentou: dois terços da população total está no Sul, onde os católicos chegam hoje a 10%, ao passo que, no Norte, o regime é contrário à Igreja e a metade da população é oficialmente ateia. As religiões populares na Coreia são o budismo, o chondoísmo e o cristianismo, representado majoritariamente por igrejas evangélicas. Famosa em todo o mundo é a Igreja da Unificação, liderada pelo Reverendo Moon.

A evangelização da Ásia é o grande desafio da Igreja de hoje. Existem bilhões de pessoas que nunca ouviram falar de Jesus Cristo naquele continente, em locais difíceis e muitas vezes inacessíveis, mas o exemplo coreano mostra que a fome de Deus é essencial para todos os homens. O caminho a trilhar será morro acima e repleto de tribulações, mas a história ensina que, após um período de grande perseguição, há sempre um tempo longo de graças e de santos. Foi assim após o cisma de Lutero e após o horror da Segunda Guerra Mundial.

Sacerdotes, religiosas e famílias que estão em missão na Coreia têm uma certeza: a mão de homem nenhum jamais poderá competir ou destruir uma instituição criada pelo poder de Deus.

Irã: 10 anos de prisão por distribuir cópias do Evangelho.


Mohammad-Hadi Bordbar, covertido do islamismo ao cristianismo, distribuiu 12 mil evangelhos de bolso em seu país. A polícia iraniana o prendeu por "crimes contra a segurança do Estado"
Por Redação

ROMA, 20 de Agosto de 2013 (Zenit.org) - Dez anos de prisão é a pena infligida ao iraniano, Mohammad-Hadi Bordbar, conhecido como "Mostafa", da cidade de Rasht, convertido do islamismo ao cristianismo, por ter distribuído cópias do Evangelho em seu país. A acusação? "Crime contra a segurança do Estado".

De acordo com notícia relatada pela agência Fides e pela Rádio Vaticana, emerge dos autos que o homem confessou "ter deixado o Islã para seguir o cristianismo" e "considerando a evangelização como seu dever, distribuiu 12 mil evangelhos de bolso". Uma culpa verdadeira, de fato, um reato no Irã.

Não só isso: Mostafa, depois de ter recebido o batismo, começou uma "igreja doméstica", uma assembleia de culto doméstico onde realizava grupos de oração, considerado “ilegal” pelo estado iraniano. O homem foi preso em 27 dezembro de 2012, em Teerã, depois de uma inspeção em sua casa. Junto com ele, a polícia prendeu e interrogou durante horas cerca de 50 cristãos iranianos presentes no encontro.

Além disso, foram encontrados materiais "incriminatórios": ou seja, filmes, livros, DVDs, discos de natureza cristã e mais de 6.000 cópias do Evangelho. Foi a segunda prisão de Mostafa, depois de ter sido preso "por causa” de sua conversão à religião cristã. Considerado culpado de apostasia, foi posteriormente libertado sob fiança.

Mohammad-Hadi Bordbar, infelizmente, não é o único caso de perseguição religiosa no Irã. A Agência Iraniana Cristã "Mohabat News" informou também à Agência Fides o episódio de Ebrahim Firouzi, um jovem cristão iraniano, condenado a um ano de prisão e dois de exílio por "atividades de evangelização e distribuição de Bíblias." De acordo com o tribunal da cidade de Robat-Karim, no sul de Teerã, o gesto do jovem estava "em oposição ao regime da República Islâmica do Irã". Como Mostafa, também Ebrahim Firouzi foi "culpado por atos criminosos" por manter "grupos de oração em casa e difundir entre os jovens dúvidas sobre os princípios islâmicos". O jovem foi detido em março de 2013.

Como recordam as ONGs "Barnabas team" e "Christian Solidarity Worldwide", empenhadas na defesa dos cristãos no mundo, nos últimos anos o interesse dos jovens iranianos pelo cristianismo fez com que a conversão se tornasse um problema preocupante para as autoridades iranianas.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

A mansidão e suas partes.

A mansidão é associada à humildade, mas antes de ser uma virtude parece ser um conjunto, um complexo de virtudes. Trata-se de uma virtude tão querida por Deus que Ele mesmo quis ser associado a ela:

“Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas.” (São Mateus 11, 29)

A mansidão compreende três partes distintas e que se completam. Sobre elas vamos discorrer um pouco trilhando o caminho de apenas descobrir algo sobre o assunto e não de fazer um tratado definitivo.

Em primeiro lugar para ser manso requer-se um domínio de si para moderar a cólera, ou seja, está muito associado à temperança nesse ponto. Sendo manso em gestos, atitudes e palavras é possível controlar melhor essa cólera que pode levar a situações que beiram o pecado ou mesmo que são o próprio pecado. Essa constatação é lógica devido o falto de que para ser manso é preciso primeiramente se controlar para depois externar essa mansidão tentada.

Em segundo lugar, passamos a um outro estágio que foge ao particular. É preciso paciência para suportar os defeitos do outro. A virtude para isso é a fortaleza e suportar os defeitos do outro não se trata primeiramente de aceita-los, mas de conviver com eles até que o outro entenda ser esse um defeito que precisa ser reparado. São Paulo já nos fala isso:

“Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também vós.” (Colossenses 3, 13)

Nosso beato João Paulo II, em uma de seus várias homilias como Papa também nos falava sobre o assunto nesses mesmos termos:

“1. Hoje é o Bispo de Roma que vos visita, o Sucessor do Apóstolo Pedro, a quem Jesus disse: "Confirma os teus irmãos" (Lc 22,32). Venho, pois, para vos confirmar na fé, na caridade e na esperança.
Venho para vos confirmar na fé que vós já possuis, graças a uma evangelização que produziu os seus frutos. Falar-vos-ei desta evangelização para vos encorajar a continuá-la.
Venho para estimular a vossa caridade recípoca e para com todos, "a caridade que é o vínculo da perfeição". Recordo-vos, portanto, as palavras do Apóstolo Paulo: "Revesti-vos... de sentimentos de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão e longanimidade, suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos mutuamente" (Col 3,12-13). Jesus não dissera já: "Amai os vossos inimigos... para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus" (Mt 5,44-45)?”
(Homilia de João Paulo II em Brazzaville, Congo, 5 de Maio de 1980)

Esse suportar os defeitos do outro pode trazer problemas quando não se usa o bom senso e a caridade para mostrar ao outro seu erro. Como bem sabemos existem várias formas de de mostrar ao outro seu defeito sem atacá-lo. Obviamente que há situações que só é possível ao outro realmente compreender e constatar seu erro quando não somos tão sutis assim, contudo não é a regra, muito menos a maioria dos casos. É preciso, antes de tudo, procurar encontrar esse ponto de equilíbrio. Nessa situação primeiro usamos o primeiro passo para controlar a nós mesmos, depois o suportar o outro para, aí sim encontrar um mecanismo de agir com caridade a ponto de mostrar ao outro seu erro de forma a fazê-lo entender e corrigir tal erro. A forma como isso acontecerá somente o trato diário e individual de cada um com essa pessoa que pode levar ao sucesso. Ninguém disse eu seria fácil! Não existe receita de bolo para isso.

Como já mencionamos, esse equilíbrio deve ser analisado caso a caso e é uma arte encontrar o ponto certo na balança. Muitas vezes os defeitos devem ser suportados por longo tempo ou até a vida toda. A mansidão precisa ser explorada para uma melhor convivência nesses casos, assim como para entender os limites da outra pessoa.

A grande vantagem é que, se todos exercitarem a mansidão, os defeitos se minimizarão. Obviamente que não estamos em um mar de ideologias e devemos saber que a maioria das pessoas não fará uso desse bem que é a mansidão, contudo, quanto mais estimularmos isso em nosso meio e convívio, quanto mais exercitarmos a mansidão em nossa alma, mais pacificado será o ambiente e mais repleto de compreensão pode ser a convivência naquele meio. Isso sem falar no caminho de santidade que essa virtude leva.

Em terceiro lugar, passamos ao outro passo. Primeiro tratamos de nós mesmos, depois tratamos de suportar o próximo, agora trataremos de perdoar as injúrias e difamações que acontecem conosco justamente porque pessoas próximas ou distantes de nós que não usam da mansidão para o convívio consigo mesmas e com os que lhe são alvo de comentários e tratamento direto.

É preciso aprender, nesse terceiro passo, a usar da benevolência para com todos. Perdoar é ato divino. Por nós mesmos não perdoaríamos ninguém, só o fazemos porque fomos criados a imagem e semelhança de Deus. Perdoar quem te ataca pessoalmente e até propositadamente e mesmo assim continuar um relacionamento interpessoal mesmo depois desse ataque não com falsidade, mas verdadeiro perdão é um grande passo para a mansidão. Curioso pensar que muitas vezes não perdoamos, mas sim esquecemos ou então não perdoamos, mas continuamos com o relacionamento por simples interesse seja lá da ordem que for. Quando esquecemos caímos em um verdadeiro redemoinho de sentimentos quando, por um motivo ou outro, lembramos daquele ataque e os sentimentos voltam e a prova do não-perdão ficam visíveis. Perdoar não é esquecer. Perdoar é aceitar o erro e não ocultá-lo. Perdoar é aceitar o erro, pecado ou mesmo defeito do outro e suportar para o bem próprio e do outro. É conviver com aquilo usando de total benevolência. Portanto, é uma prática da serenidade e da paz que exteriorizam nas palavras e gestos. Não há essa prática somente com os outros, mas também conosco e com objetos inanimados. Nesse último ponto podemos ter uma aparente mansidão para com o outro, mas excessos consigo mesmo e com animais ou objetos. Não se trata de mansidão, portanto. Se trata de falsidade, ocultação de cólera para ser despejada em outra coisa ou em si mesmo. Trata-se de uma válvula de escape. Cuidado!

A mansidão se encontra em almas de verdadeira inocência, cujo início é a infância. Uma criança é inocente porque perdoa sem reticências. Ela é mansa porque é honesta nesse perdão. A medida que crescemos adquirimos defeitos e temos que trabalhar e gastar muita energia para eliminar esses defeitos. Isso se chama penitência, coisa que poucos estão dispostos a fazer.

Essa doçura que encanta e aproxima  todos, é justamente a aniquilação do ser e o crescimento de Cristo em nós. Assim, concluímos que a mansidão é útil para chegarmos a paz da alma, paz com Deus e com o outro. Por esse motivo não admite contrapesos e ressentimentos, isso porque nos ajuda a aceitar mesmo os acontecimentos mais desagradáveis, uma vez que tudo acontece para o bem dos que amam a Deus.

“Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios.” (Rm, 8, 28)

Santa Catarina de Sena também nos lembra que Deus sempre encaminha para o bem:

“Tudo procede do amor, tudo está ordenado para a salvação do homem, e não com nenhum outro fim.” (Santa Catarina de Sena, ll dialogo della Divina provvidenza, 138: ed. G. Cavallini (Roma 1995) p. 441.)

E São Tomás Morus, pouco antes do seu martírio, consola a filha com estas palavras:

“Nada pode acontecer-me que Deus não queira. E tudo o que Ele quer, por muito mau que nos pareça, é, na verdade, muito bom.”
(Margarita Roper, Epistola ad Aliciam Alington (Agosto 1534): The Correspondence of Sir Thomas More, ed. E. F. Rogers (Princeton 1947), p. 531-532. [Texto no Ofício de Leituras da memória de São Tomás Moro a 22 de Junho])

Chegar a plenitude dessa assertiva é entender boa parte do projeto divino que nos foi revelado. Entender que tudo caminha para o bem dos que amam a Deus é entender que Deus só pode tirar o bem de tudo, inclusive do mal e que não somos donos de nossas vidas. Tudo faz parte de um plano divino associado ao livre-arbítrio que nos faz sócios administradores dessa empreitada e prova que é a vida dada por Deus.


A mansidão nos ajuda com o próximo a medida que freia a cólera e melhora as relações ou pelo menos as ameniza nos deixando isentos de perturbações interiores. Ajuda a si próprio porque mantém a paz interior. Se erramos podemos nos compreender e usar da experiência para melhorar. Não se trata de errar e ser misericordioso consigo mesmo a ponto de minimizar ou esquecer seu erro. Não é isso. Na verdade estamos falando justamente o contrário. Falamos de humildade para compreender o erro, aceitar que pode errar e erra sempre e procurar melhorar após um sincero pedido de perdão a Deus através de uma bem feita confissão. Não podemos ficar com raiva por ter ficado com raiva, não podemos nos desrespeitar porque nos desrespeitamos. Torna-se um círculo vicioso que dificilmente conseguiremos sair.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

IMPRESSÕES SOBRE O LIVRO ANNA KARIÊNINA.

Por Ewerton Pacheco.


A leitura do livro “Anna Kariênina”, de Tolstói, me deixou tão impressionado, que decidi escrever algo a respeito dessa obra, para talvez inspirar quem ainda não teve o prazer de conhecer o trabalho desse grande autor.

O livro tem como história principal o caso extraconjugal de Anna Kariênina, em uma época em que isso era um tabu ainda maior do que hoje. Durante e após a leitura, fiquei me indagando sobre quem seria culpado(a) pela traição da Anna. Seria o esposo, por não dar a atenção necessária? Seria a Anna, por ser uma depravada sexual? Seria o amante, por tê-la seduzido? Seria a tia da Anna, por ter mexido os pauzinhos para casá-la? 

O fato é que Tolstói, de maneira impressionantemente hábil, apresenta toda a história da perspectiva de todos os envolvidos. Ele mostra a visão de outras pessoas, e também a visão pessoal. Mostra as impressões causadas e o que se passa de verdade dentro da alma dos personagens. Aliás, os personagens são baseados em pessoas reais, e o final da história também teve como origem um acontecimento testemunhado pelo nosso grande autor. 

Considero um livro genial, apesar de não considerá-lo um livro divertido, tal como O Senhor dos Anéis, O Hobbit e Musashi. Talvez essa minha impressão seja causada porque me identifiquei muito com um dos personagens, Liévin. Estimo que 80% da sua personalidade se equivale à minha. Muitos dos “dramas internos” que ele vive, o autor descreve com detalhes que são assombrosamente iguais aos que já vivi.

Mas, não me identifiquei só com um personagem. Há passagens nas vidas de outros integrantes da história que descrevem muito bem a maneira como pensei ou me senti em alguns momentos. Esta passagem, por exemplo, relacionada a um personagem que se viu livre de um problema que o incomodava havia muito tempo: 

“Experimentou a sensação de um homem a quem arrancam um dente que doía há muito tempo. Após a dor terrível e a sensação de que algo enorme, maior do que a própria cabeça, foi extraído do maxilar, o paciente de súbito, ainda sem acreditar na sua felicidade, percebe que não existe mais aquilo que por tanto tempo envenenou sua vida, imobilizou toda sua atenção sobre si mesmo, e sente que pode novamente viver, pensar e interessar-se não apenas por seu dente. Foi esse o sentimento que o PERSONAGEM experimentou. A dor foi estranha e terrível, mas agora havia passado; sentia que podia de novo viver e pensar não apenas EM SEU PROBLEMA”. Note que não indiquei nem o personagem e nem qual é o problema, para não retirar o interesse de um eventual leitor interessado.

Outra passagem interessante ocorreu quando Tolstói apresenta a história de um personagem que queria muito uma coisa, que moveu o Mundo para conseguir o que queria. Ocorre que, quando conseguiu, se sentiu frustrado, porque sua felicidade foi bem menos intensa do que imaginara – como costuma acontecer (nas palavras do autor) a “Todas as pessoas que baseiam sua felicidade na satisfação dos seus desejos”. Não posso deixar de identificar aqui uma conexão com o budismo, que tem como um de seus dogmas isto: “O sofrimento decorre do desejo”. No caso específico, entendo que a grande expectativa gerada pelo desejo acabou trazendo a frustração experimentada pelo personagem; e o dogma do budismo a que me referi acabou se mostrando verdadeiro com uma grande clareza para mim.

Lembro-me de um outro personagem de outro grande livro do Tolstói, Guerra e Paz. Também me identifiquei intensamente com ele. Houve uma passagem bem interessante entre o mencionado personagem e sua esposa: Esta, sentindo-se insegura, perguntou ao esposo se ele a amava, pois não dava frequentes demonstrações de seu amor. Ao ser questionado, falou algo parecido com isto: “Amo-te. Porém, amo como amo meu dedo mindinho... Às vezes, até me esqueço que ele existe. Porém, deixe alguém tentar decepá-lo, que verá o que faço”. Essa passagem me marcou bastante porque normalmente é assim que me sinto com relação às pessoas mais próximas (familiares e amigos). Não costumo ter uma injeção de adrenalina e endorfina ao encontrá-los após muito tempo de afastamento, tampouco entro em um estado de êxtase, com ataques de histeria (nada contra quem tem essas reações). É claro que aprecio a companhia de amigos e familiares, porém meu estado psíquico se altera muito pouco em comparação ao modo como estaria caso estivesse sozinho. Não digo que estou certo ou errado ao modo de sentir. Só digo que é assim que me sinto, e que o autor descreveu isso com minúcias.

Entendo que ler Tolstói é de certa forma uma jornada de autoconhecimento. Não dá para dissociá-lo de nossas experiências pessoais.

Mas, de qualquer modo, voltando à questão inicial deste texto: “Quem foi culpado(a) pela traição da Anna?”. Minha impressão é a seguinte: O que aconteceu tinha que ter acontecido, e de qualquer modo teria acontecido, por conta das condições psicológicas de cada personagem. Não houve um culpado específico. Houve uma confluência de condições que acarretaram no único resultado possível. Doa a quem doer, sofra quem sofrer. 

Encerro meu texto com as palavras da Anna Kariênina: “Há tantas maneiras de amar quantas pessoas existem neste Mundo”.