segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A DIGNIDADE DO SACERDOTE

Santo Afonso de Ligório dizia:

I. Idéia da dignidade sacerdotal

Diz Santo Inácio, mártir, que a dignidade sacerdotal tem a supremacia entre todas as dignidades criadas. Santo Efrém exclama: “É um prodígio espantoso a dignidade do sacerdócio, é grande, imensa, infinita". Segundo São João Crisóstomo, o sacerdócio, embora se exerça na terra, deve ser contado no número das coisas celestes. Citando Santo Agostinho, diz Bartolomeu Chassing que o sacerdote, alevantado acima de todos os poderes da terra e de todas as grandezas do Céu, só é inferior a Deus. E Inocêncio III assegura que o sacerdote está colocado entre Deus e o homem; é inferior a Deus, mas maior que o homem.
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Segundo São Dionísio, o sacerdócio é uma dignidade angélica, ou antes divina; por isso chama ao padre um homem divino. Numa palavra, concluí Sto. Efrém, a dignidade sacerdotal sobreleva a tudo quanto se pode conceber.
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Basta saber-se que, no dizer do próprio Jesus Cristo, os padres devem ser tratados como a sua pessoa: “ Quem vos escuta, a mim escuta; e quem vos despreza, a mim despreza” . Foi o que fez dizer ao autor da Obra imperfeita: "Honrar o sacerdote de Cristo, é honrar o Cristo; e fazer injúria ao sacerdote de Cristo, é fazê-la a Cristo”. Considerando a dignidade dos sacerdotes, Maria D’oignies beijava a terra em que eles punham os pés...

Muito interessante e importante porque diversas vezes não é bem isso o que vemos. Frequentemente pessoas da nossa Igreja apenas sabem criticar e denegrir a dignadade do sacerdote e até mesmo nós, de vez em quando fazemos isso, quando só deveríamos orar muito por eles.

No Livro: O Diálogo, de Santa Catarina de Sena, Deus Pai, diz a ela durante seus êxtases: "Se os ministros meditassem sobre a própria dignidade, não viveriam em pecado mortal, não manchariam sua alma. Se eles não me ofendessem, se não pecassem contra a própria dignidade, se entregassem até o corpo para ser queimado, mesmo assim não me agradeceriam suficientemente pelo dom que receberam. Neste mundo é impossível uma dignidade maior. São ungidos meus, meus cristos...Nem os anjos possuem dignidade igual a esta concedida aos homens na pessoa dos sacerdotes..." (Ed. Paulus, 8ª edição, 2004, pp. 235 e 236)

Ainda na mesma obra: "A respeito deles diz a Escritura: 'Não toqueis nos meus cristos' (Sl 105,15). Quem os punir cairá na maior infelicidade. Se me perguntares por que a culpa dos perseguidores da santa Igreja é a maior de todas e, ainda, por que não se deve ter menor respeito pelos meus ministros por causa de seus defeitos, respondo-te: porque em virtude do sangue por eles ministrados, toda reverência feita a eles, na realidade não atinge a eles, mas a mim...Quem vos obriga a respeitá-los é o ministério do sangue...” p. 239

"Quando desejais receber os sacramentos, procurais meus ministros; não por eles mesmos, mas pelo poder que lhes dei. Se recusais fazê-lo em caso de possibilidade, estais em perigo de condenação. A reverência é dada a mim e a meu Filho encarnado, que somos uma só coisa pela união da natureza divina com a humana. Mas também o desrespeito. Afirmo-te que devem ser respeitados pela autoridade que lhes dei, e por isso não podem ser ofendidos. Quem os ofende, a mim ofende. Disto a proibição: 'Não quero que mãos humanas toquem nos meus cristos!'
Nem poderá alguém escusar-se, dizendo: 'Eu não ofendo a santa Igreja, nem me revolto contra ela; apenas sou contra os defeitos dos maus pastores'! Tal pessoa mente sobre a própria cabeça...injúria ou ato de reverência dirigem-se a mim. Qualquer injúria: caçoadas, traições, afrontas. Já disse e repito: não quero que meus cristos sejam ofendidos. Somente eu devo puni-los, não outros." p. 239

E prossegue o assunto, explicando a Catarina de Sena o por quê de ser tão grave perseguir os sacerdotes. Mesmo que eles estejam errados, como por exemplo os envolvidos nas questões de pedofilia, que é público e notório, nosso dever é rezar por eles para que se convertam e nada mais.

Não se trata aqui de por panos quentes sobre os erros dos sacerdotes. Nada disso. Trata-se de entender que a dignidade dos sacerdotes está acima da nossa por sua própria situação. Eles não deixaram de serem homens, humanos. Possuem erros e muitos erros e devem saber que a quem muito é dado, muito será cobrado. Se a eles foi concedido serem sacerdotes é porque esse era o meio mais próximo da salvação para eles. Deus não concede nada a ninguém sabendo que essa concessão pode levar à perdição, ou seja, Deus não lhe permitiria ser sacerdote se não soubesse de sua capacidade e possibilidade de dignificar essa dignidade.

Os erros deles serão respondidos por eles perante Deus. Seus erros terrenos, se assim a lei determinar e for uma lei que segue, ou pelo menos tenta seguir os preceitos divinos, esses erros devem ser pagos conforme a sociedade assim determina, nada mais nada menos. Sua dignidade não é menor por isso.

A nós cabe mostrar seus erros, contudo com o devido respeito e reverência. Mostrar os erros não se trata de desrespeito. A forma de mostrar o erro é que pode fazer toda a diferença. Apontar o dedo e dizer “você está errado” não é a forma correta de corrigir um erro de quem quer que seja, quanto mais de um sacerdote. Corrigir um erro com uma correção fraterna é o que podemos fazer, além, claro, de rezar muito por eles.

O ano sacerdotal vem nos lembrar isso. Que os sacerdotes são dignos e deles muito é cobrado, tanto pelos homens quanto por Deus, mas que são humanos e erram e precisam muito de oração e ajuda nos momentos difíceis. Sua dignidade é intocável, mas seus erros existem. Não é fácil para nós fazer essa divisão entre a correção e o ataque puro e simples. Mas quem disse que ser católico é fácil? Quem disse que a porta é larga?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Anglicanos de volta ao Catolicismo.

VATICANO, 20 Out. 09 / 11:57 am (ACI).- Autoridades vaticanas anunciaram esta manhã a próxima publicação de uma Constituição Apostólica para responder aos “numerosos” pedidos de clérigos e fiéis anglicanos que desejam ingressar na Igreja Católica em comunhão plena.


Embora as autoridades não anteciparam cifras, sabe-se que um dos grupos que pediu dar este passo é a Comunhão Anglicana Tradicional, que conta com ao menos 400 mil pessoas, constituindo o maior grupo de anglicanos da história a ingressar na Igreja Católica.


Em uma conferência de imprensa celebrada esta manhã, o Cardeal Joseph Llevada, Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, explicou que a constituição “representa uma resposta necessária a um fenômeno mundial” e oferecerá um “modelo canônico único para a Igreja universal regulável a diversas situações locais, e em sua aplicação universal, eqüitativa para os ex-anglicanos”.


O modelo prevê a possibilidade da ordenação de clérigos casados ex-anglicanos, como sacerdotes católicos e esclarece que estes não poderiam ser ordenados bispos.


O Cardeal Llevada explicou que no documento “o Santo Padre introduziu uma estrutura canônica que provê a uma reunião corporativa através da instituição de Ordinariatos Pessoais, que permitirão aos fiéis ex-anglicanos entrar na plena comunhão com a Igreja católica, conservando ao mesmo tempo elementos do especifico patrimônio espiritual e litúrgico anglicano”.


A atenção e a guia pastoral para estes grupos de fiéis ex-anglicanos será assegurada por um Ordinariato Pessoal, do qual o Ordinário será habitualmente nomeado pelo clero ex-anglicano”, indicou o Cardeal, quem assinalou que ao menos uma vintena de bispos anglicanos solicitaram ingressar na Igreja Católica.


Do mesmo modo, explicou que a nova estrutura “está em consonância com o compromisso no diálogo ecumênico” e reiterou que “a iniciativa provém de vários grupos de anglicanos que declararam que compartilham a fé católica comum, como expressa o Catecismo da Igreja Católica, e que aceitam o ministério petrino como um elemento querido por Cristo para a Igreja. Para eles chegou o tempo de expressar esta união implícita em uma forma visível de plena comunhão”.


O Cardeal Llevada sublinhou que “Bento XVI espera que o clero e os fiéis anglicanos desejosos da união com a Igreja Católica encontrem nesta estrutura canônica a oportunidade de preservar aquelas tradições anglicanas que são preciosas para eles e de acordo com a fé católica”.


Assim que expressam em um modo distinto a fé professada usualmente, estas tradições são um dom que deverá ser compartilhado na Igreja universal. A união com a Igreja não exige a uniformidade que ignora as diversidades culturais, como demonstra a história do cristianismo. Além disso, as numerosas e diversas tradições hoje presentes na Igreja Católica estão todas enraizadas no princípio formulado por São Paulo em sua carta aos Efésios: ‘Um só Senhor, uma só fé, um só batismo’”, adicionou.

Finalmente, recordou que “nossa comunhão se reforçou por diversidades legítimas como estas, e estamos contentes de que estes homens e mulheres ofereçam suas contribuições particulares a nossa vida de fé comum”.


Em uma declaração conjunta, os arcebispos de Westminster e Canterbury, respectivamente Vincent Gerard Nichols e Rowan Williams, afirmam que o anúncio da Constituição Apostólica “acaba com um período de incerteza para os grupos que nutriam esperanças de novas formas para alcançar a unidade com a Igreja Católica”.


Agora é a vez dos que cursaram petições desse tipo à Santa Sé responderem à Constituição Apostólica”, que é “conseqüência do diálogo ecumênico entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana”, indicaram.


Dom Augustine DiNoia, que colaborou na redação da nova estrutura, recordou que “estivemos durante 40 anos a favor da unidade. As orações encontraram respostas que não antecipamos”.


Para o Arcebispo, ocorreu um “giro tremendo” no movimento ecumênico e rechaçou as acusações de quem chama de “dissidentes” a estes anglicanos. “Eles estão assentindo ao obrar do Espírito Santo para estar em união com Pedro, com a Igreja Católica”, precisou.


Dom DiNoia explicou que ainda se trabalha nos detalhes técnicos e estes Ordinariatos Pessoais poderiam sofrer variações em sua forma final. Os detalhes completos da Constituição Apostólica serão publicados em algumas semanas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Buscar a santificação é coisa diária.

Engraçado como as pessoas entendem a santidade. Esses dias falávamos aqui mesmo sobre quem é o típico religioso. Discorremos que a Igreja não é para os santos, esses estão prontos, a Igreja é para os pecadores. Não é para os bonzinhos, mas especificamente para os mauzinhos, pois assim se redimiriam dos seus erros.


A visão que a sociedade tem, constatadamente é equívoca e equívoca também é a visão que temos sobre o caminho da santidade.


Esquecemos, frequentemente, que a santidade por aqui é sempre um caminho para a santidade, um caminho de santificação. Ninguém está pronto, ninguém atinge a santidade e a partir dali é santo. Isso não existe. Quem alcançou a santidade e estagnou nessa situação já morreu fisicamente. Esses não deixarão de ser santos nunca mais. Nós temos uma longa caminhada pela frente. A luta é diária, pois a tentação é diária.


Porque pensamos que os grandes santos que estão em nossos altares não passaram por dificuldades? Será que atingiram um patamar de santidade e ali de acomodaram aguardando o arrebatamento? Claro que não. Se santificaram dia após dia, tentação após tentação.


É certo que souberam lhe dar melhor com essas tentações do que nós, mas só souberam por que buscaram o caminho da santidade. Porque teimamos em não buscar a santificação e achar que é algo impossível (?) ou que podemos deixar essa ou aquela atitude para quando eu atingir minha santidade? Entendamos que esse momento não chegará. Pelo menos não para você ir realizar qualquer outra coisa. A santidade se conquista diariamente. Não se atinge a santidade e pronto!!! Sou santo. Agora vamos viver essa santidade dentre a humanidade podre e pecadora.