segunda-feira, 28 de julho de 2008

Jesus tinha que morrer para nos salvar? Porque?

Como podemos entender de forma mais racional o porque de Jesus ter que morrer tão cruelmente para nos conceder a salvação? Será que ela poderia ter sido feita de outra forma? Observamos que muitos questionam como seria se as coisas tivessem sido diferentes! E se os judeus não o entregassem à morte sob Pilatos? Se a história fosse diferente, como se daria a redenção? A condicionante “se” é de difícil explicação, pois acaba nos levando somente a possibilidades, conjecturas, nada de muito concreto. Mas é claro que para isso há algumas respostas.

Outra coisa que costuma incomodar: Uma vez que esse sacrifício era quisto por Ele próprio, enquanto oferta de Si mesmo, qual seria o nível de responsabilidade das pessoas envolvidas no processo de sua condenação? A pergunta é muitíssimo pertinente já que faz a premissa inversa e nos questiona se podemos mesmo ser responsabilizados por um ato que era quisto por Deus.

Para quem é esse sacrifício? Por quem, é óbvio, por nós. Mas para quem? Se a Deus Pai, isso não O envolve em uma atmosfera meio sádica, de quem se satisfaz com sangue do seu Filho?

Muitos têm essas dúvidas não de forma desrespeitosa, mas por que realmente são pertinentes.

Sempre que pensamos nesses assuntos, a primeira resposta que nos vem à cabeça é: porque Ele quis! É óbvio que essa resposta não explica muito, muito menos satisfaz alguns religiosos ou não, céticos ou não.

Podemos conceituar o sacrifício de Jesus como o sinal mais conveniente para exprimir o supremo domínio de Deus sobre as criaturas. Sendo assim, o homem, ao longo dos tempos, honrou a divindade (tivesse ela o nome que fosse), com um ato sacrifical como algo oferecido a Deus. Isso sobre o sacrifício em geral. Prova disso é que sempre soubemos que sociedades que nunca tiveram contato com o cristianismo, também viam nos sacrifícios algo divino.

Agora quanto ao sacrifício operado por Cristo, nada mais conveniente do que ser Ele a morrer, já que é Deus (e, portanto, perfeito, de modo que Sua oferenda ao Pai foi igualmente perfeita, e, assim, cumpre-se o preceito natural de que a uma ofensa cabe uma pena de igual tamanho) e ao mesmo tempo (dado que nós, homens, é que pecamos, deveria ser um de nós a sacrificar-se por isso se fez homem). Se o sacrifício, considerado em tese, é o mais conveniente sinal a expressar a soberania de Deus, Ele, na prática (no caso da morte vicária de Cristo), expressa essa verdade eficazmente.

Pelo pecado entrou a morte, e pela morte deve sair o pecado.

Sobre a possibilidade de o sacrifício acontecer de outra forma, temos que poderia, sim, acontecer de outra forma, porque não? Mas Deus escolheu esta (fazer o que?). Qual o motivo? Porque era o meio mais conveniente para que nós, seres imperfeitos, entendêssemos todos os aspectos da Redenção, algo complicadíssimo para seres limitados como nós.

Se os judeus não entregassem Jesus à morte, Deus saberia isso de antemão. Deus não está sujeito ao tempo, já que o criou. Sabe o passado, o presente e o futuro de igual modo, portanto já sabia perfeitamente o que aconteceria. Lembre-se que saber é diferente de interferir. Será que Ele mandaria Seu Filho para cá se soubesse que os judeus não fariam o que fizeram? Ele veio para morrer. Um "se" leva a outro "se". A Redenção poderia ser feita de outro modo, mas uma vez que Deus escolheu o sacrifício (por ser mais conveniente, pela simbologia etc), ele, de fato, ocorre. Deus não está limitado em Sua eficácia.

Com relação à responsabilidade de cada uma de nós e pessoalmente quanto aos homens e mulheres da época que entregaram Jesus para o sacrifício, sendo que Deus já sabia, temos que o fato de Deus prever e mesmo querer algo não nos isenta da responsabilidade própria. Aí é questão de entender como se dão as relações entre a vontade de Deus e a liberdade, que envolve uma das mais difíceis matérias teológicas: o tratado da graça e do livre-arbítrio, questionado por meio mundo e entendido por meia dúzia.

O que precisamos saber é que, embora Deus queira algo e esse algo de fato ocorra por sua vontade soberana, a liberdade humana não é afetada no sentido de deixar de ser responsável. O homem é livre e Deus, quando prevê algo ou deseja algo, não lhe retira a liberdade. Deus está, também, fora do tempo, como já mencionamos.

Mas para quem seria o sacrifício? Nós somos os beneficiários diretos do sacrifício de Cristo, mas o Pai é o destinatário. Ele se entrega por nós, ao Pai.

O Pai não se satisfaz com o sangue, e sim com a obediência (advinda ela do sangue ou não – vide os mártires), que é explicitada pelo sangue. Entender como entra o pecado no mundo e a morte como sua conseqüência, nos ajuda a entender melhor a questão. Por outro prisma, o Pai não fica feliz com a morte do Filho, e nisso também há a explicitação da generosidade de Deus: é capaz de entregar seu Filho Unigênito para nossa salvação! Olha o tamanho do amor de Deus: prefere "sofrer" pela morte do Filho, desde que isso nos possibilite a salvação.

Quanto ao sadismo que mencionamos no início do texto, aí temos meras especulações que não merecem muito crédito justamente porque Deus não é capaz de atitudes e sentimentos maus, já que é bom e perfeito em sua essência. O que é bom e perfeito na essência não pode ter atitudes nem emanar sentimentos diferentes da bondade, muito menos da perfeição.

Outra refutação poderia ser feita, acenando no sentido de que Deus não precisaria de nada de nós já que é perfeito e bom na essência. Realmente a Deus nada é necessário, pois isso afetaria sua liberdade. Tudo o que Ele faz, faz porque quer. Se morreu na Cruz é porque quis assim, e, se quis assim, poderia escolher outro jeito, como já dissemos. Uma gota de sangue seria suficiente se assim quisesse. Mas todas as gotas em uma suprema angústia significam melhor o sacrifício. A suprema dor da Cruz simboliza melhor a suprema soberania do Criador sobre as criaturas, a qual, por sua vez, é a restauração da suprema ordem original afetada pela suprema ofensa do pecado.

E gota por gota, Jesus já começou a sacrificar-se na circuncisão, pois foi sua primeira gota de sangue derramada, e derramada por nós (pois só veio habitar entre nós e submeter-se às leis judaicas por nossa causa). Não precisava Deus encarnar-se, e se o fez, foi por nós: assim até a gota de sangue derramada no pequeno corte no prepúcio, por ocasião da circuncisão, foi em nosso benefício.

Vamos além? Só pelo fato de Encarnar-se, de tornar-se homem, é um sacrifício, uma humilhação. Será que podemos entender isso? Deus vem do palácio dos céus para morar em meio às misérias da terra, que não eram e continuam não sendo poucas. Só o fato de Deus tornar-se homem, limitando-se por assim dizer, é, em si mesmo, um sacrifício divino. A Cruz foi só o cume de toda uma vida sacrifical, e sacrifical porque obediente. Sacrifício e obediência estão intimamente correlacionados, trata-se de uma ligação íntima. Por isso é tão difícil seguir os preceitos da Igreja de Cristo (Católica Apostólica e Romana), porque se trata de sacrifício por meio da obediência.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

A Igreja perde fiéis ou infiéis?

Essa é uma questão que sempre me importuna. Afinal de contas, porque tantos se preocupam com quantidade sendo que a qualidade vem ficando cada dia pior?

Dizem que nove dos onze Ministros do STF se dizem Católicos. Percebe-se o nível de catolicidade deles quando votaram a pesquisa com células-tronco embrionárias. Façamos justiça, obviamente com o Ministro Menezes Direito, único Católico de verdade.

De Católicos assim quero distância. Claro que a Igreja não quer isso já que é Instituição Divina e quer que seus filhos estejam ao seu lado, mesmo que as vezes discordantes, contudo não consigo chegar tão perto dessa perfeição, espero um dia conseguir.

Na verdade eu prefiro distancia dos que continuam a querer minar a Igreja por dentro. Isso chega a ser desonesto e repugnante.

Por esses motivos é que, quando me dizem que um Católico deixou de ser Católico, ou mesmo quando saem essas pesquisas com manchetes do tipo “A Igreja Católica perde fiéis”, não fico nem um pouco abatido.

A verdade é que a Igreja não perde fiéis, ela perde infiéis. Nada mais correto do que sair da Instituição que não concorda (na verdade não entende; absolutamente nada).

A IGREJA não perdeu um só fiel para outras denominações, pois quem é fiel permanece. Católicos de IBGE temos aos montes, mas e o testemunho, "sou Católico mas a favor do aborto, acho que não preciso obedecer ao padre ao bispo e e vivo a fé conforme acho que tem ser" é assim que a gente ve ou não? Quem aqui não conhece alguém assim?

Na última visita que Bento XVI fez ao Brasil no ano passado, ficou claro que a imprensa (generalizando claro, me desculpem os honestos) se preocupa mais com a perda de (in)fiéis do que a própria Igreja que não está lá muito ai com isso.

É impossível amar e ser fiel àquilo que não se conhece, creio ser por isso que Jesus instigava os seus discípulos a discutirem sobre quem Ele era, porque Jesus queria o verdadeiro Amor por parte dos seus seguidores. A nossa Igreja é belíssima, é o Corpo Místico do Cristo, façamos então, como membros desta, o que Jesus fez, que é revelar a verdadeira face da Igreja de Cristo.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Aborto foi instrumento de opressão do nazismo e do comunismoFala o vice-presidente do movimento pró-vida polonês
Por Antonio Gaspari
VARSÓVIA, quarta-feira, 9 de julho de 2008 (ZENIT.org).- Muitos falam do aborto como expressão da emancipação feminina e fruto do progresso, mas na Polônia não se vê assim: o aborto legal foi imposto, primeiro pelos nazistas e depois pela ditadura comunista. E isso tem repercussões.
Em uma entrevista à Zenit, o engenheiro Antoni Zieba, secretário do World Prayer for Life e vice-presidente do Polish Federation of Pro Life Movements, pergunta-se por que a ONU e a União Européia pressionam a Polônia para que liberalize o aborto, sendo que se trata do país com o menor número de interrupções voluntárias da gravidez.
Apesar de ter uma legislação sobre o aborto muito similar à da Espanha, a Polônia tem um número baixíssimo de interrupções voluntárias da gravidez. Na Espanha, em 2006, houve 98.500 abortos, ou seja, 270 por dia, enquanto que na Polônia, no mesmo ano, houve apenas 360 abortos, menos de um por dia.
–Qual é o segredo desses resultados? Aplica-se a lei mais rigorosamente ou é que a cultura da vida é mais forte?
–Antoni Zieba: Não conheço com exatidão a situação na Espanha. O que posso dizer é que a sociedade polonesa está a favor da vida. Chegamos a este objetivo graças a décadas de orações e de obras de apostolado, realizadas também durante a dominação comunista. Dentro das estruturas da Igreja Católica, levamos a cabo uma intensa atividade em defesa da vida dos não-nascidos.
Esta ação apostólica se intensificou graças à atividade de vários movimentos e organizações de leigos que se formaram após o declive do comunismo na Polônia, a partir de 1989.
Com o fim da censura, pudemos distribuir material educativo sobre o valor da vida das crianças desde a concepção. Explicamos como reduzir os danos da síndrome pós-aborto e demos a conhecer a verdadeira história da legalização do aborto na Europa e na Polônia.
Os primeiros que legalizaram o aborto em nosso país foram os nazistas, em março de 1943. Eles queriam eliminar os poloneses com o aborto. Depois chegaram os comunistas e, com a promulgação da lei do aborto em 27 de abril de 1956, começou sua ditadura.
Para muitos poloneses, particularmente para os jovens, estes fatos deveriam suscitar uma reflexão e um reconhecimento de que o aborto foi legalizado, imposto e praticado na Polônia por seus inimigos: os nazistas e os comunistas.
Neste contexto, os livros, os folhetos, os opúsculos sobre o aborto, distribuídos nas igrejas, nas escolas e nas ruas tiveram um profundo impacto na sociedade polonesa.
A propósito disso, os ensinamentos de João Paulo II sobre a proteção da vida humana da concepção até a morte natural foram inestimáveis e decisivos para a situação na Polônia.
-Como a sociedade civil respondeu a essa campanha de sensibilização?
–Antoni Zieba: Na Constituição Polonesa, o artigo 38 diz: «A República da Polônia assegura a proteção legal da vida de todo ser humano». Alguns parlamentares poloneses apresentaram um pedido no qual solicitavam que se acrescentasse: «desde a concepção até a morte natural».
Infelizmente, a Câmara Baixa do Parlamento rejeitou a petição, mas segundo as pesquisas feitas pelo PGB Polka Grupa Badawcza (o melhor centro de pesquisa sobre a opinião pública), 52% dos poloneses estão a favor de reforçar a defesa da vida na Constituição, enquanto 35% se mostram contrários.
Mais de 506.000 pessoas fizeram um abaixo-assinado em apoio desse pedido, enquanto que menos de 2.000 manifestaram sua desaprovação.
–O senhor é secretário do World Prayer for Life. Que tarefa essa associação pró-vida desempenha?
–Antoni Zieba: Falando da proteção da vida, deve-se mencionar o grande e decisivo papel desempenhado pela oração.
Na Polônia se desenvolveu um movimento massivo de oração e de adoção espiritual das crianças não-nascidas. Uma verdadeira cruzada para a proteção dos concebidos. Estas orações mudaram o coração e a mente de nossos concidadãos e reforçaram o respeito à vida.
O World Prayer for Life promove a adoção espiritual das crianças concebidas. O movimento nasceu em 1980, quando ainda estávamos sob o domínio comunista.
A idéia da oração pelos não-nascidos foi inspirada diretamente pelo Servo de Deus o Papa João Paulo II, durante sua viagem à Polônia em 7 de junho de 1979.
No Santuário mariano de Kalwaria Zebrzdowska, o Santo Padre fez um importante discurso no qual pediu orações pelas crianças não-nascidas, explicando que o homem não vive só de pão, e que deve existir sempre um grupo de pessoas que reze ao Senhor.
–Quantas associações pró-vida polonesas existem? Como são coordenadas? Qual é sua relação com a Igreja Católica? Que tarefas assistenciais desempenham?
–Antoni Zieba: Na Polônia há cerca de 160, entre organizações, fundações e grupos informais a favor da vida por nascer e ativos na proteção das mães e das crianças.
A Federação Polonesa de Movimentos Pró-Vida está presidida pelo Dr. Pawel Wosicki e agrupa cerca de 130 organizações e grupos. (www.prolife.com.pl/federacja)
A cooperação entre a Federação e a Igreja Católica é esplêndida. Os encontros entre dirigentes leigos, bispos e sacerdotes são freqüentes. Atualmente, a Federação não tem relações com as Igrejas não-católicas.
–Na recente reunião dos movimentos europeus a favor da Vida, que aconteceu em Roma, o senhor propôs instaurar uma Jornada pela vida de caráter mundial, exatamente em 25 de março, dedicando-a à oração pela vida. Pode explicar melhor o sentido e a finalidade de sua proposta?
–Antoni Zieba: A oração é a pedra angular das boas ações. Na encíclica Evangelium Vitae, o Servo de Deus João Paulo II escreveu que «é urgente uma grande oração pela vida, que atravesse o mundo inteiro». Esta oração deve ser feita todo ano, mas estou convencido de que em 25 de maio, festa da Encarnação, da concepção de Jesus no corpo de Maria, deveria converter-se na Jornada mundial de oração pela defesa da vida.
A Jornada pela Vida já é celebrada em diversos países, em datas diferentes. Proponho fazer em 25 de março a Jornada mundial de proteção à vida, mas sem renunciar à Jornada pela vida nacional.
Este dia do ano, em que todo o mundo reza, reflete e faz apostolado pela proteção incondicional da vida de toda pessoa, da concepção à morte natural, pode representar um dia de unidade para todos os militantes pró-vida e para os homens e mulheres de boa vontade.
–Entre vários movimentos pela vida, já se apresentou a idéia de pedir a todos os países e às instituições internacionais de que haja pelo menos um dia sem abortos, precisamente em 25 de março.
–Antoni Zieba: Esta é uma grande idéia. Nós apoiaremos esta proposta e recolheremos assinaturas em um pedido dirigido às autoridades polonesas, pedindo-lhes que apóiem esta proposta quando for apresentada às Nações Unidas.
O recolhimento de assinaturas é uma boa ocasião para recordar a todos que as crianças que ainda não nasceram são seres humanos protegidos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, que no artigo 3 afirma que «todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança de sua própria pessoa».
–Enquanto na Europa há um aborto a cada 27 segundos e um divórcio a cada 30, na Polônia o aborto e o divórcio são mínimos. Contudo, certa cultura relativista, muito influente nas instituições européias, está pressionando a Polônia para que promova legislações radicais socialistas. O que o senhor pode dizer a respeito disso?
–Antoni Zieba: A Polônia foi o primeiro país do mundo que rejeitou democraticamente uma lei que autorizava o aborto e que introduziu uma que protege a vida humana desde a concepção. E, contudo, várias organizações como as Nações Unidas ou a União Européia estão pressionando a Polônia para que mude sua lei do aborto.
Estas pressões estão provocando objeções e desacordos por parte da população (sobretudo os mais idosos) que recorda que a primeira lei do aborto foi imposta pelos nazistas em 1943, e a segunda foi promulgada pela ditadura comunista em 27 de abril de 1956.
Como se pode pedir à Polônia que restaure uma lei favorável ao aborto, imposta pelas duas piores ditaduras do século XX?
Esta exigência é ainda mais inaceitável se pensarmos que em 15 anos de aplicação da lei a favor da vida houve resultados ótimos. O número de abortos se mantém em um nível muito baixo, 360 em 2006, enquanto nos anos 90 o número de abortos registrados era de 100 mil por ano, e durante os anos da ditadura comunista se estima que o total de abortos fosse de mais de 600 mil por ano.
A saúde das mulheres grávidas está melhorando continuamente, com a constante diminuição das mortes devidas ao parto. A mortalidade infantil e o número de abortos espontâneos estão em constante diminuição.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Leonardo Boff e Dalai Lama

Recebi esses dias, via e-mail, o seguinte texto:

“Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e Dalai Lama.
Leonardo Boff explica:
'No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:
- 'Santidade, qual é a melhor religião?'
Esperava que ele dissesse: 'É o budismo tibetano ou são as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo.'
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos - o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta - e afirmou:
- 'A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor.'
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
- 'O que me faz melhor?'
Respondeu ele:
- 'Aquilo que te faz mais compassivo (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...'
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável.


O discurso parece ser de uma sabedoria politicamente correta fora do comum, algo como: todos somos iguais independentemente do que pensamos de como agimos e quais nossos intuitos e crenças, desde que seja para o bem, ou seja, a velha máxima de Maquiavel: os fins justificam os meios. Não importa o que se faz e como se faz, interessa é no que vai dar.

Leonardo Boff e Dalai Lama formam uma mistura realmente explosiva de relativismo. As respostas serão sempre essas. Seja relativista a será sábio como um budista! Quer parecer sábio como um budista parece ser nesse diálogo? Faça o seguinte: toda vez que te perguntarem qualquer coisa sobre qualquer escolha, fique em cima do muro e diga que o melhor a fazer é o que o seu coração manda ou o que te faz sentir melhor ou algo parecido. Será aclamado como uma reencarnação de Buda. Essa é a sabedoria budista. Não crie confusão, diga o que as pessoas querem ouvir, mesmo que não concorde com isso, assim pode tê-las perto de você para poder manuseá-las quando e como quiser, inclusive convertendo-as ao budismo. Pronto chegamos onde ninguém queria chegar.

Me impressionou a forma como Leonardo Boff aclama o budista: Santidade! Interessante que o Papa ele resolveu não mais chamar assim e passou a atacar tudo o que tem um ar de liderança dentro da Igreja. Mas o Dalai Lama é digno do título Santidade.

Outra coisa interessante é o conceito de Deus. No diálogo o Dalai Lama responde que a melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. Isso mesmo, Deus maiúsculo, ou seja, o subscritor do texto resolveu que o deus budista é o mesmo Deus cristão, que, por ventura, também deve ser o mesmo deus induísta e de outras culturas até politeístas, porque não?

Quanto a Leonardo Boff, bom esse acho que os comentário são repetitivos mas inevitáveis. Não foi a toa que ele simplesmente foi excomungado da Igreja Católica e vomita ácido contra tudo o que vem do Catolicismo, claro que de uma maneira diferente dos protestantes. Enquanto os protestantes atacam se posicionando radicalmente contra, Leonardo Boff tenta minar por dentro. É muito pior.

Leonardo Boff tenta inserir no Catolicismo uma forma de "teologia da libertação" que, antes de fazer opção pelos pobres como a Igreja da América Latina faz, resolveu preferir os pobres a Cristo, simplesmente fez uma substituição, como se os ricos tivessem culpa por o serem e não simplesmente uma responsabilidade maior.

Sendo assim, o diálogo é uma loucura teologal. Nitroglicerina em uma sociedade que se agita cada vez mais por fazer o que lhe convém e não o que é correto.

Em tempo, gostaria apenas de informar que não tenho a mínima condição de saber se realmente o diálogo aconteceu ou se é só mais uma das milhares de correntes que recebemos em e-mails, mas que tem fundamento e poderia ser verdade, isso poderia.